Fanfic: 23 e outros anos. | Tema: Série Original

Eu estava apaixonada pela casa que havia alugado. Era um pequeno sobrado amarelo em frente a um parque cujo nome eu não sabia, mas dava para sentir o cheiro das árvores da sala de entrada, havia uma garagem para dois carros, um pequeno jardim na frente com uma árvore baixa. Dentro era muito bem dividido, tinha uma sala, em que eu mandara colocar os sofás e a televisão, uma cozinha americana com balcão e bancos, uma área de serviço que dava para o quintal, onde havia uma pequena piscina redonda e uma churrasqueira. Subindo eu tinha dois quartos (até hoje não entendi a utilidade do segundo quarto), uma suíte em que eu colocara meus móveis – a cama de casal, que era da casa da minha família, o guarda-roupa que meu irmão mais velho me deu e minha mesa de trabalho – o banheiro pequeno com uma banheira minúscula, onde eu tinha trocado apenas as luzes e por fim uma pequena varanda no segundo andar, onde eu poderia apreciar o parque, apesar de não sentir tão bem o cheiro das árvores daquele ponto.

Terminei de arrumar toda a casa já era de madrugada, mas também tudo estava na mais perfeita ordem. Éramos apenas eu e uma garrafa do meu vinho favorito (Carmine Granata). Coloquei uma música baixinha e comecei a beber e dançar pela sala com a taça nas mãos, não sabia se estava feliz ou nervosa, então inventei uma palavra para descrever o sentimento: nervoliz (nervosa+feliz),foi tão ridículo que comecei a rir enquanto continuava a dançar. Eu estava conversando sozinha e interagindo comigo mesma sem a intervenção de ninguém, apenas eu e minha mente e para ser sincera, eu estava amando aquele momento.

Acordei no tapete da sala com uma baita dor de cabeça. A garrafa de vinho vazia sobre a mesa de centro denunciava que eu havia bebido um pouco demais ao som de Frank Sinatra. Não sabia que horas eram. Eu levantei e cambaleei até o quarto, onde me joguei na cama e vi o mundo girar, meu celular tocou e parecia que ele estava tocando dentro da minha cabeça. Pigarreei para melhorar a voz na esperança que não fosse ninguém importante ou que tentasse uma conversa longa.

- Shannon Laurentis falando.

- Francesca? Você não avisa quando chega? Sai escondida e ainda não dá notícias...

- Mãe, não me chame de Francesca. Eu não saí escondida, saí cedo, pois a viagem era longa e não quis acordá-los, já havíamos nos despedido no dia anterior e não havia necessidade de fazê-lo de novo. Eu estou bem, cheguei e fui logo arrumar a casa.

- Ah! A casa! Como é a sua casa?

- É um sobrado pequeno, mãe. Amarelo, simples... Nada demais, acho que você não iria gostar.

Eu podia ver a cara de reprovação dela em minha mente só pelos sons de reprovação que ela fazia pelo telefone.

- Se você está feliz, eu imagino que seja bastante confortável. Está tudo em ordem já?

- Sim, organizei tudo ontem mesmo.

- Quando começa o trabalho?

- Na segunda feira. Ainda estão de férias por aqui, algum tipo de festival.

- Entendi. Não deixe de me ligar, Ellie pergunta sempre por você e está triste. Não consegue mais dormir sozinha.

- Mãe, só tem um dia que eu saí daí, não seja ridícula.

- Tudo bem, Francesca. Quando quiser falar com sua velha mãe, pode me ligar a qualquer hora. E pare de beber, você está com uma voz de ressaca horrível.

Ela desligou antes que eu pudesse responder e eu caí na gargalhada. Eu odiava os sermões de dona Isabelle, mas naquele ri, pois estava longe deles por tempo indeterminado e quando me cansasse era só desligar o telefone. Mas... Será que minha voz estava horrível mesmo? Corri até o banheiro e vi meu rosto no espelho, a cara até que não estava das piores. Escovei os dentes e fiz gargarejo com o enxaguante bucal, esperava que aquilo melhorasse minha voz. De repente me lembrei do tal festival que comentei com minha mãe ao telefone e resolvi procurar pela internet. Aquilo poderia ser a possibilidade de conhecer pessoas novas. Achei finalmente a página oficial do tal festival.

106º FESTIVAL DE CULTURA BURANESA

Parque Tompson Petrucelli – das 19h as 2h

             ENTRADA GRATUITA            

Atrações:

      Parque infantil;

      Shows de Stand Up Comedy (Nas Terças e Quintas);

      Música ao vivo (Todos os dias, a partir das 21h);

      Barracas com comidas típicas;

      Shows de danças regionais (Todos os dias a partir das 19h no Palco Anexo);

      Venda de artesanatos locais;

      Exibição de documentários sobre a história de Burano;

      Campeonatos diversos,

E muito mais!

Venha conferir nosso festival e se deliciar com a cultura da cidade mais aconchegante de Nipping

O que diabos seria a comida típica daquela gente, por favor? Fora isso, era um festival comum do interior, desses que o rei libera a verba para a população local esquecer os problemas do reino, como não tinha nada de melhor para fazer aquele seria o meu compromisso da noite: descobrir a cultura de Burano.