Fanfic: Convite de Casamento - Adaptada AyA | Tema: AyA Ponny

— Eu os declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva.

O grisalho juiz de paz olhou para Anahí e Poncho por sobre o óculos apoiado na ponta do nariz.

Anahí acabara de se tornar a sra. Poncho Herrera. Sentia-se mais uma impostora do que uma noiva; foi constrangedor prometer amar, honrar e cuidar de Poncho por toda a vida sabendo que tudo não pas­sava de uma farsa.

Encontravam-se nos jardins da residência do noi­vo, sob o arco de treliça coberto de hera. Anahí ob­servou o crepúsculo refletindo na relva muito verde, enquanto a brisa suave agitava-lhe a saia do vestido de chiffon perolado. Poncho estava mais atraente do que nunca no tradicional smocking preto.

Naquele momento, o que ela mais desejava era poder erguer a barra do vestido longo e correr para bem longe. Mas era tarde. Precisava pensar no bebê.

O juiz pigarreou para lembrá-la de que era hora de beijar o noivo. Poncho virou-se em sua direção e ergueu-lhe o véu do rosto antes de inclinar-se em sua direção, nos lábios um sorriso encantador.

Capturada na armadilha daquele sorriso, Anahí ouviu as batidas frenéticas do próprio coração. Aquele homem era um demônio de beleza! Quando se deu conta do que fazia, estava com os lábios colados aos dele.

Na verdade foi um beijo rápido, apenas um en­contro fugaz de lábios, uma troca de calor. Durou um segundo, não mais do que isso. No entanto, pro­vocou-lhe um arrepio por todo o corpo.

Quando aplausos e risos irromperam, Anahí sol­tou-se dos braços de Poncho e respirou fundo. Sorriu para os convidados.

A sua esquerda estava Susan Wishart, a madri­nha; o padrinho de Poncho, Cliff Bloomhurst, parecia radiante ao lado do noivo. Todos acreditavam que eles se casavam por amor. Anahí emocionou-se diante do pensamento.

Foi então que Susan lhe entregou o buquê de or­quídeas com que Poncho a presenteara pouco antes da cerimônia. Ela lamentava-se de, além de ter se esquecido de providenciar algo novo, algo velho, algo emprestado e algo azul, também não se lembrara de providenciar as flores. Devia agradecer a Poncho por ter pensado em tudo.

A voz do juiz a fez retornar ao presente.

—   Senhoras e senhores, tenho a honra de apre­sentar-lhes o mais novo casal de nossa pequena co­munidade: sr. e a sra. Poncho Herrera!

—   Sra. Herrera... — disse Poncho, oferecendo-lhe o braço.

Anahí o aceitou e permitiu que ele a conduzisse ao pátio coberto. Haviam convidado cerca de vinte amigos para a cerimônia, realizada às seis da tarde, e todos compareceram para saudar o novo casal.

Pouco depois, Poncho desculpou-se e foi conversar com um senhor que se encontrava na varanda. Logo em seguida os garçons começaram a servir drinques e hors d'oeuvres, bem como champanhe.

Anahí ficou surpresa. De fato, Poncho pensara em tudo; a cerimônia estivera perfeita e o mesmo acon­tecia com a recepção. Durante toda a semana ela se oferecera para ajudá-lo, e durante toda a semana ele sugerira que ficasse tranqüila porque estava tudo sob controle.

Anahí teria ficado tranqüila se não o ouvisse re­petir: "Nosso casamento será perfeito, até nos me­nores detalhes" quando ambos sabiam que tudo não passava de uma farsa. No entanto, suspeitava que Poncho andava injetando nele algo mais pessoal. Como aquele beijo. E o pensamento atormentou-a durante toda a semana.

Desejou ter tido a oportunidade de estabelecer onde cada um dormiria, mas infelizmente, quando cruzava com Poncho, ele sempre tinha coisas urgentes a providenciar. Agora, em poucas horas teria de de­cidir isso.

—   Qual é o problema? Você está com cara de quem acabou de se lembrar que deixou uma panela no fogo — disse sorrindo Susan Wishart. — Será que a responsabilidade do passo que acaba de dar já começa a pesar?

—   Não imagina quanto.

Susan era intuitiva demais para a paz de espírito de Anahí, que sentiu-se mal por precisar esconder a verdadeira razão daquele casamento.

—      O pior já passou, amiga. É hora de relaxar e se divertir. Isso parece estar delicioso — comentou Susan, pegando um salgadinho da bandeja que o garçom ofereceu.

Relaxar? Era fácil dizer, pensou Anahí. Passar a noite sozinha com Poncho não era bem sua idéia de relaxamento. Desde quando haviam decidido se ca­sar, vinha-o observando atentamente. Cada vez mais se dava conta de quanto era atraente, e como estava suscetível a seu charme esmagador.

Tudo se tornara tão confuso... Convivera com Poncho por vários anos e, tirando a paixão que sentira na adolescência, jamais pensara nele como homem. No entanto, ultimamente, não conseguia tirá-lo da ca­beça. Em especial naquele instante, em que o via atraente como nunca naquele smocking.

Lembrava-lhe o beijo, percebia-lhe a virilidade perturbadora e começava a se perguntar se, vivendo sob o mesmo teto, conseguiria manter os limites da amizade. Tinha medo de que o relacionamento se tornasse mais pessoal, mais sensual. Estava deter­minada a evitar tudo o que pudesse arruinar aquela amizade perfeita.

Tentava consolar-se. Se aquela forte atração fosse causada pela reação química de seu corpo, na certa desapareceria quando tudo voltasse ao normal, após o bebê nascer.