Fanfic: Convite de Casamento - Adaptada AyA | Tema: AyA Ponny

Descalça e grávida.

Poncho observava Anahí, em pé à porta da varanda, despedindo-se dos Wishart. Cruzou os braços sobre o peito. Horas atrás tirara o paletó e arregaçara as mangas da camisa até os cotovelos. Ela tirara os sapatos e estava ali, encostada ao parapeito da va­randa, esfregando o pé direito envolto na meia trans­parente. Com os olhos estreitados, Poncho estudava-lhe cada um dos movimentos. Anahí nem sequer ima­ginava quanto estava sensual.

—     Vamos, Susan. Já está ficando tarde. — Brad Wishart puxou a esposa pelo braço em direção à saída. — Fomos os primeiros a chegar e os últimos a sair. Mais cinco minutos e entraremos para o Guinness pela mais longa permanência numa festa.

—     Não precisam ir tão cedo... — disse Anahí.
Poncho lançou-lhe um olhar enviesado. Podia jurar que havia um tom de desespero em sua voz. Susan sorriu para o marido, deixando-lhe a decisão.

—     Venha, querida. Eles acabaram de se casar e desejam ficar sozinhos. Você encontrará Anahí todos
os dias, na escola. Aí então poderão colocar os assuntos em dia.

Susan abraçou a noiva e beijou Poncho no rosto.

—  Desejo-lhes muitos anos de felicidade. Boa noi­te, sr. e sra. Herrera.

—  Boa noite — disseram os dois, em uníssono.

Após a partida dos Wishart, Anahí fechou a pesada porta de madeira e recostou-se nela.

—  O que há? — indagou Poncho ao ver uma ex­pressão preocupada naqueles imensos olhos verdes.

—  Não gosto de enganar essas pessoas. Ficaremos juntos apenas alguns meses, e não anos. E quanto à felicidade...

—  Não precisamos ser infelizes, não acha? E tenho certeza de que vamos nos divertir bastante enquanto estivermos casados — disse Poncho, irritado.

—  Vamos nos divertir? Como assim? — indagou Anahí, cheia de suspeita.

—  Esqueça. Não vamos nos divertir. Esta é a casa dos horrores, onde existe apenas sofrimento. Como posso ter sido tão tolo a ponto de imaginar que dois amigos poderiam conviver normalmente?

Anahí sorriu, meio sem graça, e olhou em direção à sala, onde estavam os presentes que haviam recebido.

—  Sinto-me uma impostora. Não tenho coragem nem de abrir aqueles presentes.

—  Mas precisará ter. As pessoas esperam nossos agradecimentos. E não se pode fazer isso de maneira genérica. Temos de agradecer pelo faqueiro ou por qualquer outra coisa que nos tenha sido enviada.

—  Tem razão. Mas, se não se importa, eu gostaria de fazer isso amanhã. Boa noite.

—  Aonde você pensa que vai?

—  Para casa.

—  Esta é a sua casa — disse ele, mantendo os braços abertos.

—  Prefiro ir para a casa de hóspedes. Detestaria invadir sua privacidade.

—  Privacidade? Nada tenho a esconder.

—  Só porque nos casamos, não significa que seremos obrigados a morar juntos. Minha casa é con­fortável, bem-arrumada...

Poncho colocou as mãos no bolso da calça e tentou controlar a irritação.

—   Assim não vai dar certo.

—   Por que não?

—É óbvio! Recém-casados vivendo em casas separadas?

—   Ninguém saberá.

—   Há sempre alguém que percebe esse tipo de coisa. Já pensou no que acontecerá se alguém ligar querendo falar com você?

—   Você poderia fazer a gentileza de pedir para esperar um minuto e ir me chamar.

—   Ei, o que há com você, Annie?

—   Nada...

—   Ah, é? Se não há nada que a preocupa, eu sou a lady Di. Por acaso está com medo de dormir co­migo? Desculpe, não comigo, mas sob o mesmo teto?

—   Não diga bobagens! Por que eu teria medo de você?

—   Também não sei, só sei qúe está. Mas não se preocupe, você já está grávida.

—   Engraçadinho.

—   Se não está com medo de mim, então, o que é?

—   Nada. Acontece que tudo o que eu tenho con­tinua na casa de hóspedes, inclusive minhas roupas. Concordamos que nosso casamento duraria apenas alguns meses. Pareceu-me tolice trazer tudo para cá e depois levar de volta, quando nos separarmos...

—   Mal acabamos de dizer "aceito" e você já fala em separação? Está agindo como se eu estivesse com alguma doença contagiosa!

—   Desculpe. Não tive a intenção.

—   Se alguém começar a suspeitar què este casamento não é real, vai ser muito embaraçoso para nós dois.

—     Por favor, defina esse "real". — Anahí mordeu o lábio, os olhos repletos de dúvidas.

Jamais o fitara com outra coisa nos olhos além de confiança, e Poncho não gostou do que viu.

—  Primeiro vamos esclarecer uma coisa. Não sou como Doug, e jamais ocorreu-me tirar vantagem de você.

—  Oh, Poncho! — disse ela, aproximando-se. Pousou a mão sobre seu braço, pesarosa. — Desculpe se o ofendi. Não quis dizer isso. Sei melhor do que nin­guém que não é como Doug. Não é de você que tenho medo, é de mim... — Quando percebeu o que dissera, Anahí arregalou os olhos.