Fanfic: Um Anjo Caiu do Céu ♡ AyA | Tema: Ponny

Um a um foi saindo do quarto, e assim que se viu sozinha com Alfonso, Anahí sentou-se a atrás dele e lhe tocou o ombro. 

Se para ela que conviveu por pouco mais de cinco meses com Júlia estava sendo doloroso, Anahí não conseguia imaginar a imensidão da dor que Alfonso sentia em ver a filha sem vida deitada sobre aquela cama.

Ela abraçou-o forte, contornando as mãos em sua cintura, encostou a cabeça em suas costas. Alfonso sentiu-se amparado, sabia que não estava sozinho, que ela estava ali para lhe apoiar e não permitir que tenha um surto depressivo.

Nada precisava ser dito, ele abraçou as mãos dela e chorou como uma criança. Anahí apenas ficou ali abraçada a ele, chorando baixinho. Compartilhavam da mesma dor, dos mesmos sentimentos por aquela menina.

Agora era apenas os dois e aquela dor, saudade e boas lembranças. A dor aos poucos iria diminuir e passariam a se acostumar, aprender a seguir em frente sem Júlia.

Apesar de ser um momento dificil, uma decisão precisaria ser tomada logo. E sobre isso teria que conversar com ele.

- Poncho, podemos conversar? – Anahí perguntou carinhosamente.

- Se for para que eu permita que desliguem os aparelhos pode retirar-se. - ele disse sem olhar pra ela.

- Ei, olha essa agressividade toda. – bronqueou lhe dando um soquinho de leve nas costas dele, depois beijou-lhe demoradamente ali – Temos tanto o que conversar, tenho tanta coisa pra te dizer, mas nesse momento o que mais importa é a Júlia.

- Ela vai acordar, vamos ser uma família: eu, você, ela, Duda, Nanda. – o moreno falou choroso, Anahí afastou-se um pouco e respirou fundo.

- Poncho? - chamou-o, ele girou o corpo para olhá-la – Júlia não vai acordar. – disse calmamente e ele negou com veemencia  – Eu sei que está doendo, que é dilacerante perder alguém que tanto amamos. – ela lhe fez um carinho no rosto, ele segurou a mão dela e a beijou - Uma dor inexplicável, de uma imensidão sem descrição, um vazio no peito. – enxugou a lágrima que escorreu pela bochecha dele – Em mim dói demais, estou me esforçando ao máximo para não desabar aqui. – disse com a voz embargada – Mas você precisa aceitar a realidade, aceitar que a nossa pestinha não está mais conosco.

- Não me peça isso, por favor. Minha filha... – olhou para Júlia voltando a chorar, Anahí o abraçou novamente, beijou delicadamente seus cabelos várias vezes.

- Ela está bem agora. – ela entrerrou a mão em seus cabelos - Não há dor, não há tristeza, não há agulhas a picando de hora em hora, medicamentos amargos ou algo do tipo.

- Porque a minha menina?

- Não sei Poncho. – Anahí pausou para tragar a saliva - Mas não podemos nos revoltar contra o mundo por isso, não trará a Júlia de volta.

- Eu vou matar aquela mulher.

- Justiça com as próprias mãos te levará ao mesmo destino que ela, a prisão. E eu não vou visitar ninguém na cadeia. – brincou arrancando um pequeno sorriso dele, segurou seu rosto entre as mãos – Nós vamos ficar bem, toda essa dor, angústia, medo vai passar.

- Eu desligo os aparelhos. – falou em um sussurro.

- Vou avisar o médico. – avisou levantando-se, Alfonso apressou-se e a segurou no pulso.

- Não vá, quero que fique aqui comigo até... – ele travou, comprimiu os lábios não conseguindo completar o final da frase.

Anahí assentiu.

- Não sairei daqui meu amor, estaremos contigo sempre.

Alfonso respirou fundo, foi até a máquina e a desligou. Um silêncio se instalou no quarto, uma paz imensa, sem aqueles barulhinhos chatos e estressantes. Sentou-se na cadeira que antes estava e segurou a mão de Júlia. Agora era apenas esperar alguns minutos para que ela desse seu último suspiro.