Fanfic: Renascer da Esperança | Tema: Levyrroni
— Semanas depois, ela me disse que tinha sofrido um aborto. Eu me senti... não sei o que senti. Triste, com a perda do bebê. Bem, para mim já era um bebê, não um amontoado de células. — William meneou a cabeça. — Para ser sincero, depois de tudo que passei, fiquei aliviado. Finalmente poderia terminar a relação.
— Mas ela não queria que a relação acabasse.
William deu uma risada amarga.
— Você é mais esperto do que eu fui então. Ela ficou histérica. Disse que eu tinha feito promessas, implorado para que passássemos a vida juntos.
— Mas você não tinha prometido nada.
— Exatamente. A única coisa que nos unia era o bebê. Certo?
— Certo. — disse Lucas, embora não precisasse ter dito nada.
William já estava contando tudo.
— Ela parecia ter se afundado em depressão. Ficava na cama o dia inteiro. Não comia. Disse que foi ao obstetra, que a aconselhou a engravidar novamente.
— Mas...
— Exatamente. Eu não queria um filho, não com ela. Queria sair daquilo. — William tomou outro gole de conhaque. — Ela implorou para que eu reconsiderasse. Vinha para o meu quarto no meio da noite...
— Vocês estavam em quartos separados?
Havia uma luz fria nos olhos de William.
— Desde o começo.
— Claro, claro. Desculpe. Você dizia...
— Mas ela era boa no que fazia. Tenho que admitir. Na maioria das noites, eu a despachei, mas teve uma vez... — Um músculo saltava no queixo de William. — Não me sinto nada orgulhoso disso.
—Não se torture, homem. Se ela o seduziu...
— Usei preservativo. Ela ficou louca. "Quero um filho seu", ela dizia. Então...
William ficou em silêncio. Lucas se aproximou.
— Então?
William respirou fundo.
— Então ela me disse que tinha ficado grávida. O médico tinha confirmado.
— Mas o preservativo...
— Ela disse que rasgou quando... quando o tirou...
— Ele limpou a garganta. — Bem, por que duvidar? Essas porcarias sempre rasgam. Todos sabem disso.
— Então... então ela estava grávida novamente.
— Não — respondeu William. — Não estava grávida. Ah, ela mostrava todos os indícios. Enjôos matinais, sorvete com picles no meio da noite. Mas não estava grávida. — A voz ficou grossa. — Nunca esteve. Nem antes, nem naquele momento.
— William, não pode ter certeza...
— Kay queria meu nome. Meu dinheiro. — William deu uma risada. — Meu título, essa coisa de "realeza" que nós dois sabemos que não passa de bobagem. Kay queria tudo. — Ele respirou fundo. — E mentiu dizendo que estava grávida para conseguir.
— Quando você descobriu?
— Quando ela morreu — respondeu William. Tomou o resto da bebida e encheu o copo novamente. — Eu estava em Atenas a negócios. Ligava todas as noites para saber como estava a gravidez. Depois descobri que ela tinha arranjado um amante, que estava com ele quando eu estava fora.
— Diabos! — resmungou Lucas.
— Estavam em Long Island. Uma estrada estreita e sinuosa no Estreito, ao longo da Costa Norte. Ele estava dirigindo, os dois tinham consumido álcool e cocaína. O carro passou por cima do parapeito. Nenhum dos dois sobreviveu. — William ergueu a cabeça, os olhos vazios. — Você falou de dor, Lucas. Eu realmente sofri, não por ela, mas por meu filho que não tinha nascido... até remexer os papéis de Kay, tentando organizar as coisas, e encontrar um artigo recortado de uma revista falando sobre todos os sintomas de gravidez.
— Isso não significa...
— Fui ao médico dela. Ele confirmou. Kay nunca esteve grávida. Nem na primeira vez, nem na segunda. Foi tudo mentira.
Os dois amigos ficaram em silêncio até o sol desaparecer no horizonte. Por fim, Lucas limpou a garganta.
Autor(a): romances_adaptados
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