Fanfic: Os únicos! | Tema: Magia, Poder
18 de junho de 1994
Aquela era uma noite fria.
Um garotinho de 12 anos desenhava no chão em frente à lareira enquanto acariciava os cabelos dourados da irmã mais nova. Ela dormia como se nada no mundo fosse a acordar, abraçada em seu urso, enquanto o irmão cantava baixinho uma música boba de ninar.
A menina se remexeu, fazendo Caio, o garotinho loiro a segurar nos braços e a levantar, caminhando em direção ao quarto ao lado. Ele a colocou na cama e sorriu, aproximando-se da irmã.
- Boa noite Amy.
Ele deu um beijo na testa da irmã, e antes que pudesse sair do quarto a mesma abriu os olhos.
- Mano? – O garotinho se virou, olhando nos olhos da irmã. – Quando nossos pais vão voltar?
- Já conversamos sobre isso Amy... Eles não vão voltar.
Amy abafou o rosto em baixo das cobertas, fazendo o garotinho sorrir e sentar-se na cama novamente.
- Já faz mais de seis meses que eles se foram.
- Foi por minha causa, não foi? – A garotinha choramingou, fazendo o irmão abaixar as cobertas que cobriam seu rosto. – Você sempre fala a mesma coisa. Mas eu sei a verdade...
Caio fez Amy sentar na cama, segurando suas mãos.
- Não importa o que aconteceu. O importante é ficarmos juntos. Tudo bem?
Amy balançou a cabeça de forma positiva, segurando seu urso com força, enquanto Caio tentava transmitir para a irmã o máximo de segurança possível.
- Eu sempre vou te proteger. Não importa o que aconteça... Eu sempre vou ficar do seu lado...
Caio parou de falar. Suas pupilas se dilataram, e em segundos, tudo ficou mais lento, de vagar. Ele fitou a janela, fechou os olhos... Sentindo a presença de mais de cinquenta soldados armados, pisando nas folhas secas das árvores.
E como um caçador, antes que as portas e as janelas fossem arrombadas, Caio segurou Amy, escondendo a presença de ambos. Seus corpos foram tomados por uma luz branca, ficando ambos, invisíveis aos olhos comuns.
O silêncio se tornou impossível após a casa ser arrombada. Homens de trajes militares portando as mais diversas armas avançadas preenchiam todos os cantos, procurando duas crianças. Não demorou a o general entrar, caminhando em direção ao quarto e respirando tranquilamente.
- A casa está limpa senhor. – Falara um soldado ao seu lado.
O homem, que parecia ter seus trinta anos, vestia roupas militares, coturno, com uma barba grossa que cobria quase toda a sua boca. Caminhou lentamente pelo quarto, ouvindo atentamente cada barulho imperceptível.
- Eu sei que está ai garoto. Não sou como o resto das pessoas... Consigo senti-lo.
Caio fez um sinal com o dedo para Amy continuar em silêncio, fitando a garotinha que suava frio.
- Não vai conseguir sair da casa. E logo não vai mais conseguir ficar dessa forma. – O homem sorriu, caminhando em direção ao canto do quarto, onde os dois se encontravam abaixados. – Mas devo dizer que estou impressionado. Um garotinho de a sua idade fazer algo que meus alunos só aprendem adultos...
Amy fechou os olhos, fazendo Caio a sacudir, fazendo um sinal negativo com a cabeça. O garotinho respirou fundo, levantando e erguendo Amy consigo.
- Vá embora! – Caio surgiu em sua frente, protegendo Amy, que se encolhia logo atrás. – Nos deixem em paz!
O general sorriu, olhando no fundo dos olhos azuis do garoto.
- Sabe que não posso fazer isso. – Ele engatilhou a arma, fazendo Amy tremer. – Só venham conosco, que tudo vai se resolver.
- Sabe que não posso fazer isso.
Caio estava sério, e antes que o general pudesse ter alguma reação, uma energia cobriu todo o corpo do garoto fazendo seus cabelos voarem para cima. Armas foram engatilhadas e apontadas para eles, fazendo Amy segurar a camiseta de Caio com força.
- Não importa o que aconteça Amy... - O garotinho sussurrou. – Não durma.
Caio afastou-se na irmã, lançando a arma do general longe com um chute. As balas vindas em sua direção eram paradas no ar, fazendo o garotinho se mover com agilidade, dificultando sua visão.
- AFASTEM-SE! – O general gritou, no mesmo instante em que Caio o lançou pra longe com um chute no peito. Seu corpo pareceu queimado, enquanto o general levantou-se, cansado sem fazer qualquer movimento. – Impressionante.
Caio parou de se mover, colocando-se em frente à Amy novamente.
- Você conseguiu roubar quase toda a minha energia vital com um chute? - O general respirou fundo. – Esse é seu poder? Consegue roubar a energia de qualquer pessoa?
Caio soltou um sorriso maroto.
- De qualquer pessoa não. De qualquer coisa.
O general sorriu, pegando lentamente uma arma atrás do cinto, enquanto Caio protegia Amy com seu corpo.
- É uma pena entregar vocês pra companhia. Acredite, eu não gostaria. Mas esse é meu trabalho.
- Companhia? – Caio repetiu aquela palavra com desdém, fazendo o general arrumar os cabelos que pingavam de suor.
- Vocês realmente não sabem de nada, não é mesmo? – O general respirou fundo. – É uma pena.
- Caio...
As pupilas de Caio se dilataram, no mesmo instante em que ele fitara a irmã. O corpo do general se estendeu para frente, enquanto o mesmo puxara a arma. Ele conseguiu sentir o pavor nos olhos daquele garoto, mas não era obra de sua arma engatilhada, e sim de uma energia terrível que preenchera todo o ambiente.
O tiro da arma tranquilizante saiu certeiro para o pescoço de Caio, enquanto o mesmo fitava a irmã. O garoto caiu, enquanto no mesmo instante o general olhou para a garota atrás. Amy estava imóvel, seus olhos agora estavam negros, e uma aura escura saia de seu corpo. Ela olhou o corpo de caio caído, e logo depois fitando com raiva os homens em sua frente.
- Corram.
O general não gritou, mas falou alto suficiente para todos ouvirem.
- O que? – Um soldado retrucou, fazendo o general girar os calcanhares e correr como nunca.
- CORRAM!
Não houve tempo. Uma luz forte preencheu a casa, e todos os móveis, assim como as pessoas na frente de Amy foram se desintegrando, pouco a pouco. O general ativou sua aura, sentindo seu corpo queimar e suas roupas derreterem. Gritou com toda a força de seus pulmões.
O helicóptero que chegava com mais homens e com uma mulher a bordo presenciou toda a cena. A casa caída, com apenas o general e duas crianças sobreviventes.
Amy pousou no chão, fechando os olhos e os abrindo novamente, voltando a si. A garotinha fitou o corpo de Caio em sua frente, agachando com tristeza abraçando o corpo do irmão.
- O que eu fiz... – Ela sussurrou. – Mano? Por favor, acorda. Não me deixa sozinha...
O general levantou-se, observando as duas crianças com uma expressão de horror, enquanto de todos os lados, surgiram mais militares e oficiais tão preparados quanto ele. O homem se enfurecera, correndo em direção a mulher que o mandara até ali.
- VOCÊ NOS ENVIOU PARA MORTE! – O general foi segurado antes de chegar até a mulher, que portava roupas elegantes, com os cabelos pretos amarrados em um coque.
- Você sabia os riscos dessa missão, e garantiu que seus homens estavam preparados. – A mulher o fitava de forma fria, fazendo o general se irritar.
- AQUILO ALI NÃO É HUMANO! NADA PODIA TER NOS PREPARADO PARA AQUILO!
Ela respirou fundo, enquanto o general tentava se acalmar.
- Quantos homens mortos?
- Cinquenta.
A mulher girou os calcanhares, fitando a menina que ainda acariciava o rosto do irmão.
- Tanto poder... Como isso é possível? – O general abaixou a cabeça, enquanto a mulher caminhara em direção as duas crianças.
- É o que vamos descobrir. – Ela sorriu, afastando-se do general. – Tire a semana de folga.
...
Amy podia sentir seu corpo ficando fraco, sua visão ficando cada vez mais turva. E antes que pudesse ter alguma reação, o mesmo tranquilizante que atingira o pescoço de Caio, atingiu o seu, fazendo-a desmaiar rapidamente. Os militares se aproximaram com cautela, segurando o corpo dos dois e os levando para dentro de um enorme camburão.
- Arrumem essa bagunça, e limpem as noticias. Não queremos nenhum escândalo.
A mulher saiu satisfeita, entrando rapidamente no camburão que saíra às pressas pelas ruas, rodeado de outras dezenas de carros.
...
Suas mãos estavam presas com grossas correntes de aço fundido. A cela de vidro possuía bloqueadores de força e energia por toda a extensão. O cabelo louro do garoto cobria seu olhar furioso, enquanto o mesmo tentava concentrar toda a sua força para quebrar as algemas. Caio respirou fundo.
- Não adianta tentar. É impossível quebrá-las.
A voz daquele homem lhe deu dor de cabeça. Enquanto o general se aproximava calmamente, acendendo um cigarro, Caio levantou a cabeça.
- Meu nome é General Valter, mas me chame como quiser.
- Onde está minha irmã? – A voz de Caio saíra rouca, mas incrivelmente forte.
- Ela está bem. Não se preocupe Caio, ninguém vai machucá-la.
O general sentiu os pelos do corpo se arrepiarem, no mesmo instante que Caio saltou da cadeira onde estava fazendo o pouco de sua energia bloqueada sair pela ponta de seus dedos.
- Se tocarem em um fio de cabelo dela eu...
- Só queremos descobrir de onde vem tanto poder.
Caio sorriu irônico, sentindo seu rosto arder de tristeza.
- Vocês não tem ideia do que ela pode fazer ou ser. – Inevitavelmente seus olhos se encheram de lágrimas, mas evaporaram antes de elas atingirem sua pele. – Se não me deixaram ficar perto dela, ela vai se perder pra sempre.
Caio abaixou o rosto, fazendo o general se aproximar.
- Por favor...
O louro sussurrou, fazendo o general respirar fundo.
- Vou ver o que posso fazer... Mas garoto... Isso está muito acima de mim.
...
A sala onde Amy estava era como um quarto. As paredes e os móveis eram todos brancos, enquanto todos os seus movimentos eram vigiados vinte e quatro horas por dia por câmeras. Ela estava sentada na cama, abraçando os próprios joelhos e analisando tudo ao seu redor.
- Como podem ter dito aquilo Sra Cecília? Ela é só uma criança...
O médico falara ao lado da fria mulher que pegara os irmãos mais cedo. Ao lado, também se encontrar o presidente da companhia. Seu nome nunca foi revelado, mas o chamavam de JL.
- Se você visse os cinquenta homens e uma casa evaporarem em sua frente não pensaria assim.
Ambos observaram as imagens do quarto, onde agora Amy levantara e caminhava até a porta. Batendo na mesma.
- Mande Juan ver o que ela quer. – A mulher falou no rádio, fazendo em poucos segundos surgir um homem na porta.
-Olá Amy.
A garotinha o olhava séria, fazendo o homem se curvar e sorrir.
- Qual seu nome?
- Juan.
Amy sorriu, fazendo Juan entrar no quarto e trancar a porta atrás de si.
- Juan, posso ver o Caio?
- Não Amy. Seu irmão está descansando agora.
A garotinha fez cara feia, deu de ombros e caminhou até a cama, sentando-se.
- Posso ter meu urso de volta?
- Não! – O homem irritou-se, mas ficou imóvel após os olhos de Amy se encontrarem com o seu.
- Não devia ter recusado.
Aquela voz saiu diferente, e antes que Juan pudesse dizer alguma palavra seu corpo pareceu levar uma facada. Pela câmera o presidente e diretora só puderam ver o corpo de Juan ser estraçalhado, sobrando apenas restos de sangue no chão. A menina voltou a segurar os joelhos com as mãos, virando o rosto e fitando precisamente a câmera na qual era vigiada. O presidente engoliu seco, não desviando os olhos na face da garota.
- Chame os melhores conjuradores do país.
A mulher concordou com a cabeça e saiu rapidamente da sala, enquanto o presidente acendeu um charuto, tragando e soltando a fumaça pelas narinas.
- Presidente, O general Valter solicita uma reunião. – O soldado entrara na sala batendo continência.
- Diga que fale logo o que quer.
- Ele está no telefone senhor.
O telefone foi estendido ao presidente, fazendo o mesmo o levar até a orelha. Escutou com atenção cada palavra pronunciada e por fim, soltou um “não” um tanto quanto agressivo. O presidente desligou, voltando a observar a garota pelo televisor.
- Eles são nossos... – Falou o presidente, com um sorriso malicioso nos lábios.
Autor(a): eowyn19
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