Fanfic: Os únicos! | Tema: Magia, Poder
Os conjuradores foram todos colocados em fileiras, enquanto o treinador ditava as regras, passando pela frente de todos de forma autoritária. Caio não cruzou olhares com a pessoa em sua frente nem por um segundo, mas pode sentir aquele olhar raivoso o encarando como se fosse o estraçalhar a qualquer momento. O loiro sorriu... Que ingenuidade.
- Vamos fazer o mesmo teste da semana passada. Vi que alguns de vocês já se recuperaram fisicamente. – Ele sorriu, fazendo Trent sentar e ficar observando todos atentamente. – Virem e comecem.
Caio não entendeu, apenas seguiu o que seus colegas faziam. Ambos viraram um para o outro, fazendo o loiro erguer o olhar e fitar o rapaz robusto que era seu colega de quarto.
- É pra fazer o que?
O rapaz chamado Fernando, aproximou-se rapidamente, dando um soco no rosto de Caio. O loiro deu um passo para trás abrindo a boca de forma dolorosa.
- Ta brincando! – O rapaz o olhou assustado. – Eu coloquei todo o meu poder nesse soco!
- Isso aqui é o nível dez mesmo?
Caio perguntou de certa forma entediado fazendo Fernando o olhar de forma raivosa.
- Nunca mais repita isso!
O loiro girou os olhos, virando de costas e caminhando para sentar-se novamente. Como das outras vezes tudo ficou lento, enquanto Caio sentira Fernando se aproximando pronto para o golpear por trás. O treinador ergueu os olhos.
- Fernando não!
Foi tudo tão rápido, que antes que Caio pudesse virar, Trent empurrou o rapaz para longe, ficando no meio de ambos.
- O nível dez cria guerreiros! – Trent aumentou a voz, fazendo Fernando levantar-se. – E não rebeldes! Se vocês tem alguma diferença, sabem como resolver...
Trent apontou para o meio do salão, onde uma cela era exposta.
- Vão para a jaula e se enfrentem, mas não na hora das aulas!
Caio se afastou, sentindo sua nuca formigar e suas mãos tremerem. Estava difícil se controlar ali dentro.
- Que seja!
O loiro caminhou em direção à saída, esbravejando.
- Aonde vai?
Caio não respondeu, apenas colocou as mãos sobre a maçaneta e tentou abrir a porta... Nada. Fez novamente força com os braços... A porta nem se quer rangia.
- Vocês só saem daqui quando eu ordenar. – O treinador se pronunciou fazendo Caio o fitar enraivecido, respirando fundo. – Isso vale pra todos.
O treinador se aproximou lentamente, com passos largos e as mãos nas costas. Caio girou os calcanhares, encarando os olhos negros do homem em sua frente.
- Volte para seu lugar.
Caio obedeceu, mas justamente porque as palavras de Valter assim como de Delgado pareceram perfurar sua cabeça. “Você vai voltar para a área de isolamento e nunca mais vai sair”... Eram possibilidades para qual ele nunca daria uma chance.
Caio se colocou na fileira de novo, mas em sua frente não estava mais Fernando, e sim Carter Trent... Vestindo as luvas de couro e fitando Caio com um sorriso no canto dos lábios. O loiro não demonstrou expressão algumas, apenas respirou fundo.
- Eu não sou igual a esses conjuradores Caio. Não me subestime.
- Na verdade você é sim. – Caio levou as duas mãos ao bolso, abaixando a cabeça. – Você fala de mais.
- PREPAREM-SE! - Gritou o treinador.
Trent não esperou o sinal, partindo pra cima de Caio com golpes simples. O loiro desviou dos golpes com extrema facilidade, não tirando sequer as mãos dos bolsos.
- Pare de brincar Trent! – O treinador os observou, fazendo Trent se reposicionar.
- Está bem.
O moreno sorriu, e para Caio foi tudo completamente diferente dessa vez. Alguma coisa em Trent não estava certa, algo em seu interior o fazia diferente dos outros.
Sem que pudesse revelar mais pensamentos, uma luz opaca rodeou o corpo de Trent fazendo Caio franzir o cenho. O loiro tirou as mãos do bolso, enquanto no mesmo instante Trent despareceu, aparecendo atrás de Caio em seguida, o lançando um chute nas costas. O loiro voou longe, mas não chegou a atingir o chão.
- Impressionante. – Carter sorriu, respirando fundo.
- Minha vez.
As pupilas de Carter se dilataram, havendo tempo apenas para tentar proteger as pernas o mais rápido possível. O chute de Caio foi como sentir suas pernas serem esmagadas, mas não chegou a quebra-las como achara, apenas parou quase vinte metros longe com fraturas nos braços. Carter bufou de raiva, levantando-se do chão completamente curado, fazendo Caio se afastar.
- O que?
- Eu sei. – O sorriso irônico de Carter foi mais do que irritante, foi provocador e disfarçado. Ele estava muito cansado, e mal havia se mexido.
- O que foi? Cansado já?
Trent pulou do chão, acertando socos no rosto de Caio enquanto o mesmo tentava se esquivar. Carter era mais rápido do que achava, e antes que pudesse defender-se um soco o atingiu na boca, fazendo o loiro cair longe. Carter levou as duas mãos aos joelhos, mal conseguia manter-se em pé.
- Chega! – O treinador se pronunciou, se colocando no meio dos dois, enquanto Caio levantava calmamente. – Já provaram o que sabem...
O clima estava mais tenso que o normal, e de certa forma longos treinamentos faziam Carter perceber isso, assim como o treinador. O moreno ergueu o corpo, observando enquanto aqueles olhos angustiados e profundamente assassinos o fitavam com fúria. O treinador virou para trás, fitando Caio, que com o rosto abaixado emendava uma aura quase vermelha, repleta de raiva. Os conjuradores se afastaram, enquanto o treinador o analisava precisamente.
- A luta acabou Caio. – Murmurou.
Caio deu um passo à frente, fazendo o treinador colocar a mão em seu ombro. Mas antes que pudesse fazer algo o mesmo foi lançado longe, indo em direção à parede de concreto.
- Seu tolo!
Carter grunhiu de raiva, indo para cima de Caio. Mas antes que pudesse tocá-lo duas cordas maciças de metal cruzaram o corpo de Caio e o puxaram para baixo, fazendo o mesmo cair.
- General! – Trent se aproximou de Valter, enquanto o homem não desviava o olhar de Caio.
- Afaste-se Trent. – Valter sussurrou. Enquanto Caio levantava do chão, fitando de canto o treinador. – NÃO CONVERSAMOS SOBRE ISSO CAIO?
O loiro franziu o cenho, saltando em segundos em direção ao treinador que estava caído no chão. Ele ia mata-lo.
- PENSE EM AMY!
O loiro parou onde estava e por segundos pensou na irmã que há anos não sabia nem onde estava. Caio abaixou a cabeça, fazendo Valter se aproximar.
- Eu não quero estar aqui Valter. Eu quero ir pra casa.
- Eu sei.
O general respirou fundo, no mesmo instante em que três tiros tranquilizantes eram disparados no braço de Caio. O loiro caiu em segundos, perdendo a consciência.
- O que foi isso?
Carter fitou o general de forma questionadora, fazendo Valter dar um longo suspiro.
- Não deve contar a ninguém o que ouviu aqui Trent... Para seu próprio bem.
Carter se colocou em sua frente, enquanto alguns seguranças levantavam Caio inconsciente.
- Me diga o que está acontecendo general!
- Não tente lutar contra ele Trent, é inútil. – O general o fitou sério, fazendo Carter sentir um frio na espinha. – Se eu não chegasse ele teria te matado Carter!
Carter soltou uma risada debochada.
- Ou eu o teria matado.
O general ficou em silêncio com aquelas palavras. Realmente não conhecia o verdadeiro poder de Carter Trent, mas já presenciou uma parte do de Caio uma vez... Algo que ele nunca quer que se repita.
- Quem sabe... – Valter desviou o olhar. – Caio é diferente Carter... Ele não está aqui por vontade própria.
- Eu não entendo...
- Ele está aqui porque é sua última chance antes de ir para o isolamento. – Valter falou de forma seca, mas suas palavras demonstravam preocupação. – Ele tem uma fúria incontrolável dentro de si, e é isso que ele veio aprender a fazer aqui... Controlá-la.
- Mas todos nós nos alistamos para estarmos aqui. Isso não faz sentido!
Valter soltou um meio sorriso. Pensou que pelo menos, o filho de JL saberia um pouco mais sobre onde estava realmente.
- Você e seu pai precisam conversar...
Valter girou os calcanhares, caminhando com precisão em direção à saída junto com seguranças que carregavam Caio.
- General? – Valter o olhou de canto, fazendo Carter engolir seco. – Quem é Amy?
O general respirou fundo, voltando a caminhar em passos lentos.
- Ninguém.
...
Não muito longe dali, aproximadamente no prédio a poucos quarteirões o presidente da companhia, JL, chegava na empresa com quatro seguranças atrás. Passou pelas portas redondas de vidro e pelo elevador, subindo até o último andar.
- Senhor presidente, a Senhorita Cecília convocou uma reunião na sala quinze.
JL balançou a cabeça positivamente, caminhando em direção à sala. Quando chegou, cinco homens e uma mulher se encontravam na mesma... Todos se levantaram.
- A que fins se destina a reunião? – O presidente arrumou a gravata e sentou, fazendo todos se acomodarem.
- Fiz essa reunião, Sr presidente, para discutir o futuro dos irmãos...
- Isso já não foi feito? - O presidente a interrompeu, fazendo Cecilia respirar fundo.
- Sinceramente, senhor, não estamos satisfeitos com o resultado.
JL levantou-se, caminhou pela sala alguns segundos e fitou Cecilia.
- O que sugerem?
Cecilia abaixou a cabeça, enquanto os outros membros observavam tudo de uma forma um pouco tensa, mas prontos para contra argumentarem.
- Em relação ao garoto, achamos que podemos implantar um chip e vamos controla-lo facilmente. – Cecilia levantou, olhando o presidente de forma corajosa. – Mas senhor, a maioria dessa mesa acha que a garota é um perigo para a humanidade...
- Você não é paga para achar nada.
Cecilia ficou em silêncio, fazendo um senhor robusto se pronunciar.
- Eu acho que aquela coisa é a nossa melhor arma, e podemos tentar controla-la com o 265... Afinal, nunca testamos nada assim nela antes.
- Sim, porque todas as outras falharam. Porque você acha que essa vai ser diferente? – Cecilia se pronunciou de forma irritada.
- Porque o 265 foi muito aprimorado... Acho que temos uma chance.
O presidente ficou pensativo por alguns segundos. Deslizou a mão sobre a barba e levantou-se.
- Ótimo, vamos tentar.
Cecilia abaixou o olhar com uma expressão de que tudo aquilo não ia acabar nada bem.
...
Os raios caiam sem hesitar naquele anoitecer turbulento. As cortinas das janelas serviam de proteção, mas muito mais do que isso, era o medo que entrava por entre sua transparência. Nada a fazia ficar tranquila. Nem mesmo os milhares de desenhos que fazia e pendurava nas paredes, ou os milhares de cadernos rabiscados, espalhados pela cama desarrumada.
A garota levantou-se rapidamente da cama, correndo em direção ao outro lado do quarto onde estava a janela. Segurou as cortinas com as duas mãos e as fechou. Correu novamente para a cama e abraçou os próprios joelhos, sussurrando para que aquela tempestade fosse embora. As luzes piscaram... Seus olhos azuis se fecharam... E um barulho na porta a fez correr em direção a mesma.
- Dr Briam? – Amy bateu na porta em sua frente, fazendo a janelinha se abrir.
- Vá para a cama Amy.
- Eu não quero ficar sozinha...
O doutor anotou alguns rabiscos e sua caderneta e voltou a olhar Amy. As luzes piscaram novamente.
- Precisa dormir Amy... Já fazem duas noites. – O doutor respirou fundo, a olhando de forma aconchegante. - Estamos cuidando de você, não vai acontecer nada.
O doutor virou de costas, fazendo Amy ficar na ponta dos pés e sussurrar seu nome novamente. Briam girou os calcanhares e a encarou.
- O que foi?
Amy abaixou o rosto, segurando com força o pedaço de papel amassado em sua mão esquerda.
- Nada.
A garota caminhou de volta na cama, ficando sentada na mesma, balançando de um lado para o outro os pés... Segurando o papel com força.
Por fim, olhou-se no espelho em sua frente, e desamassou o papel com as mãos, lendo o que havia escrito há duas noites atrás:
“Columbia 25 mortos”.
Suas mãos tremeram, o que a fez largar o papel no chão e deita-se na cama, abraçando o travesseiro entre as pernas. Ela fechou os olhos, tentando tirar de sua mente aqueles rostos, aqueles gritos, e todo o terror que sabia que iria acontecer naquela noite. Outro raio caiu mais perto do que o imaginado, fazendo Amy cerrar mais os olhos, enquanto uma voz em sua cabeça gritava dizendo que ela nunca conseguiria fugir daquele desespero... Daquela culpa.
- Sinto muito... – Amy sussurrou.
Autor(a): eowyn19
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Os olhos azuis do garoto se abriram rapidamente, onde o mesmo levantou em um susto. Não se lembrava direito tudo o que havia acontecido daquele dia, mas após fitar a face do general Valter em sua frente, pouco a pouco as lembranças voltaram. - Até que enfim acordou. – Falou Valter, fazendo Caio levantar e sentar-se na cama. – Como se ...
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