Fanfic: Marcas do silêncio | Tema: Violência, professor, estupro
Cloe
Acho que nem me lembro da última vez que estive tão transtornada daquele jeito. Minhas pernas não pareciam querer se manter erguidas, meus braços tremiam um pouco onde a única coisa que me mantinha ainda em pé eram meus dedos cravados na camiseta do professor Henrique. Ele abraçou meu corpo de lado e paramos em frente a casa dele, e as vezes eu até achava que ele estava cansado de ser obrigado a me oferecer ajuda toda a vez que nos víamos. Que lindo... Eu, Cloe Medson, ótima aluna, sem nunca ter dado um problema sequer, agora sendo carregada por meu professor de história por não conseguir dar um passo sem cair. O que ele devia estar pensando de mim? Os outros professores devem ter enchido a cabeça dele com apenas elogios e eu mostrando ser tudo exatamente o contrário. O que eu devia estar na cabeça quando quis vir pra essa festa? O que me deu na hora?
- Não fique se martirizando Cloe, tenho certeza que várias meninas da sua idade fizeram coisas bem piores do que ficar bêbada em uma festa...
Ele pareceu ler meus pensamentos, mas seu sorriso confortante me fez sentir melhor.
Entramos na casa dele, que na verdade, era muito bonita como todas as casas daquele bairro. Possuía três andares com um quintal suficiente para dobrar o tamanho dela, que a meu ver, cabia umas três casas iguais a minha lá dentro.
A sala de estar era espaçosa com um ar muito aconchegante, porém requintada... Não podia negar que para um professor de história ele até que tinha bom gosto.
- Eu vou pegar uma toalha pra você.
Henrique saiu em direção à parte de trás das escadas, me deixando sozinha na sala. Obriguei-me a tirar aqueles saltos, antes que eu definitivamente caísse naquele piso escorregadio. Apoiei meu corpo em uma estante perto da entrada e pude ver os lindos quadros de guerra, espalhados apenas por aquela parede. Pareciam recordações.
- Gosta da segunda guerra?
O professor apareceu ao meu lado, me fazendo concordar com a cabeça e pegar a toalha que ele me oferecia.
- O senhor serviu?
- Claro.
Ele se limitou a responder, e por sua expressão nem entrei mais no assunto, embora achasse aquilo muito legal.
- O banheiro fica lá em cima, na segunda porta a direita.
- Obrigada.
Eu assenti e subi as escadas, abrindo de vagar a porta do banheiro para ter certeza que era aquela mesma. Tirei meu vestido sem dificuldades, amarrei meu cabelo e entrei no boxe, deixando que a água quente escorresse pelo meu corpo. Deixei meus olhos se fecharem e a última coisa que queria pensar era se meus amigos estavam me procurando... Ou pior... DROGA!
E se eles tiverem ido até a minha casa atrás de mim? MINHA MÃE VAI ME MATAR!
Sequei-me rapidamente e joguei a toalha no cesto de roupas sujas, que alias, não tinha roupa alguma. Vesti o mesmo vestido e desci as escadas correndo, ainda tonta, me segurando no corrimão e quase tropeçando nos próprios pés.
- Que horas são?
Perguntei eufórica para o professor, que apenas apontou para o relógio em cima de mim... MERDA!
- São três e meia minha mãe vai me matar! – Quase gritei, fazendo Henrique soltar uma risada com aquela situação enquanto eu recolhia meus sapatos com dificuldade. – Eu preciso ir!
- Não! – Seu corpo foi jogado em minha frente, enquanto seus olhos me transmitiam um nervosismo que eu não entendi. – Apenas, deixe que eu leve você... Seria irresponsabilidade minha você andar sozinha há essa hora.
- Não precisa professor, eu pego um táxi em alguma esquina. – realmente não queria incomodá-lo, ele já fez muito por mim por uma noite. – Não quero te incomodar.
- Não Cloe. Você vai comigo e pronto.
Sua voz soou como uma ordem, me fazendo ter que engolir todas as minhas desculpas que havia planejado.
O professor caminhou para fora, e trancou a porta após eu sair, entrando na mesma caminhonete preta e me fazendo entrar no passageiro sem contestar.
Sua expressão estava terrivelmente séria, o que me limitou a trocar alguma palavra com ele no caminho. Realmente, ele devia me achar um fardo... Ser obrigado a me levar pra não se sentir culpado depois se alguma coisa acontecer. Assim como Mel me disse um dia... “Você não cansa de todos terem que cuidar de você toda hora?”.
- Desculpe professor... – sussurrei baixinho, mas não o suficiente para ele não escutar. Henrique me olhou sem entender, me fazendo desviar o olhar para as ruas escuras.
- Por que está se desculpando?
- Porque eu sempre incomodo muito as pessoas. – Cruzei os braços em meu próprio corpo, sentindo um pouco do frio que vinha pela fresta da janela. – É o que Mel sempre diz...
- Não está me incomodando. – Sua expressão voltou a ficar serena, e um pequeno sorriso surgiu em seus lábios. - Na verdade queria que ficasse mais um pouco, mas você insistiu em vir embora.
Fiquei feliz com aquelas palavras, pelo menos a noite não havia sido um completo desastre.
- Sério? – Não consegui esconder meu sorriso de criança em busca de atenção.
- Claro. – O professor acariciou meus cabelos loiros, e por incrível que pareça eu me sentia muito bem ao seu lado. – Dá próxima vez você fica mais...
Eu consenti com um sorriso, observando quando o carro estacionou em frente a minha casa, onde a luz da sala estava acessa e minha mãe provavelmente estava no sofá me esperando. Eu definitivamente estava encrencada.
- Obrigada por tudo.
Eu dei um beijo em seu rosto e sai do carro, tentando não cair com a tontura eminente ainda em minha cabeça.
Abri a porta de vagar e observei minha mãe cochilando, com a cabeça apoiada em uma das mãos. Fechei a porta a fazendo dar um pequeno rugido. Caminhei sem fazer qualquer barulho em direção à escada, mas só bastou colocar um pé para tudo desmoronar.
- CLOE MEDSON ONDE VOCÊ ESTAVA ATÉ AGORA?
- Mãe eu...
- VOCÊ TEM IDÉIA QUE HORAS SÃO? EU ESTAVA MORRENDO DE PREOCUPAÇÃO! – Minha mãe gritava sem me dar qualquer chance de falar, e essa mania dela me irritava muito. – EU QUERO UMA ÓTIMA EXPLICAÇÃO PARA CHEGAR EM CASA NESSE HORARIO!
- Mãe desculpe... Eu...
Vamos Cloe pense em algo que ela não vá te matar. Pensei, pensei!
- Um menino me tirou pra dançar... E ficamos conversando e passamos da hora. Desculpe!
A expressão de minha mãe se suavizou... Não que ela fosse daquelas mães liberais, porém minha mãe apesar de ser coruja ainda se comportava como uma adolescente. Adorava saber das coisas e que eu contasse tudo pra ela. Às vezes ficava até mais empolgada do que eu.
- Sente aqui. – Ela me puxou pelos braços, sentando comigo no sofá, não conseguindo esconder aquele sorriso dela. – Como ele era? Bonito? Vocês se beijaram?
- MÃE!
- Cloe, o mínimo que você deve contar a sua mãe é isso!
Eu sei que estava mentindo, mas definitivamente nunca poderia contar pra minha mãe que fiquei bêbada e quase fui presa.
- Tudo bem, nos beijamos uma vez.
Senti os braços da minha mãe me puxarem pra si, enquanto a expressão irritada dela se transformou na mais feliz do mundo.
- Ai meu amor, fico tão feliz por você. Quem é o gatinho?
- Mãe...!
- Tudo bem, não precisa me contar.
Eu apenas girei os olhos e levantei do sofá, indo em direção as escadas.
- Cloe, nunca mais chegue tarde sem me avisar. Tudo bem?
Eu apenas consenti, subindo as escadas segurando o corrimão com força para não tropeçar e cair, como era costume isso acontecer. Eu realmente tinha sorte de ter uma mãe como a minha... Acho que ela tentava me recompensar pela falta do meu pai, que ela nem sequer tocava no nome. E como era o primeiro ano que eu praticamente tinha amigos, e dei meu suposto “primeiro beijo” ela sentia como se eu finalmente me libertasse pra ser feliz... E nessa festa, eu realmente me senti assim, pela primeira vez.
...
O fim de semana passou voando, e eu finalmente pude me encontrar com Mel para saber o que tinha acontecido. Vesti o uniforme da escola, aquela saia esquisita quadriculada e a blusa branca, e me encontrei com ela na esquina.
- Cloe Medson, você tem muito que explicar! – Ela falou de uma forma divertida, cruzando seu braço no meu, e irmos andando para a escola.
- Eu? O Léo sumiu no meio da festa falando que ia buscar vocês e nunca mais voltou!
- Ah sim... – Mel murmurou, balançando a cabeça para se esquecer de alguma coisa. – Nós fomos para o outro lado quando vimos que a policia estava chegando, mas esperamos você na rua e nada.
- Eu fui pela rua de trás, a polícia estava na frente não tinha o que fazer.
Mel concordou, mas eu percebi na sua expressão que tinha algo errado, alguma coisa que ela não tinha me contado.
- O que aconteceu?
- Nada.
- Tem certeza?
- Sim Cloe, não foi nada!
Suspirei fundo e fiquei em silêncio, já que faltavam poucas quadras para chegarmos ao colégio.
- Como você foi embora? – Mel perguntou com um olhar curioso, e eu sabia que ela ia fazer um escândalo pro qualquer coisa que eu dissesse.
- O professor Henrique apareceu e me deu uma carona.
- Como é que é?
Mel parou de andar no meio da rua e me segurou pelos ombros e me sacudindo sem parar. Até eu conseguir me desvencilhar dela e ela sorrir pedindo desculpas.
- Ele só me deu uma carona, qual o problema?
- Cloe, você estava no carro daquele monumento lindo e não fez nada? Nem sequer um beijo?
Mel só podia ter um parafuso a menos na cabeça. Como se algum dia eu ia gostar de ficar com homens velhos, ainda mais com idade para ser meu pai.
- Claro que não! De onde você tira essas ideias?
Mel apenas deu de ombros e chegamos ao colégio, indo direto para o ginásio onde teríamos aula de educação física. Sim, eu odeio essa aula, muito pelo fato de eu não ter aptidão nenhuma para fazer qualquer esporte.
Nós e o resto das meninas fomos para os vestiários, colocando os uniformes correspondentes à aula, que eram uma bermuda curta mais soltinha e uma camiseta mais confortável. Prendemos o cabelo e saímos em direção à quadra de vôlei.
- Hoje não... – Aquela voz não era do professor Otávio, e sim do homem que havia me dado uma carona na noite em que eu estava completamente embriagada. – Hoje vamos jogar futebol!
Todos olharam para o professor Henrique de forma confusa, fazendo o mesmo se aproximar com uma roupa mais atlética e uma bola na mão esquerda.
- O professor Otávio teve que se ausentar hoje por motivos pessoais, então vou substitui-lo.
Ótimo. Se não bastasse ter passado a maior vergonha ontem bêbada com o professor, agora tenho que vê-lo toda a primeira e segunda aula.
- Vamos separar o time entre meninas e meninos...
O professor organizou os times masculinos e eles começaram a jogar, e logo fez o mesmo conosco. Como eu sempre sou a última a ser escolhida nem me importei em que posição ia ficar. Por fim, fiquei na defesa e Mel no ataque.
Até que depois de alguns minutos eu não estava jogando tão mal, até porque a bola dificilmente passava do meio de campo. E foi tendo esse pensamento idiota que Giovana passou e estava vindo em direção ao gol... E eu não sei o que me deu, Já que consegui tirar a bola dela e corri para o meio do campo. Mel gritava para passar a bola de forma descontrolada, e toda aquela cena pareceu ficar em câmera lenta pra mim. O professor estava auxiliando o jogo dos meninos, enquanto Giovana e uma outra menina chamada Denise vinham em minha direção como caçadores perseguem uma presa. Eu enxerguei Mel a poucos metros, e parei para chutar, já que obviamente não conseguia fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Foi quando senti apenas um baque em meu corpo, logo depois o senti praticamente sendo arremessada para frente e meus braços serem puxados para trás. Eu caí sem tudo no chão, batendo a joelho e a cabeça... Bem típico de seres atrapalhados... Mas dessa vez senti as risadas maldosas de Giovana e Denise. Isso me irritou muito, o que fez com que eu mesmo tonta levantasse do chão e empurrasse aquelas duas. Mel se colocou na frente e estava prestes a dar um soco lindo na cara da Giovana, até ver uma multidão chegar.
- Hei meninas! – Léo aparecia segundo Mel pela cintura, mas logo parou ao ver a minha cabeça, devia estar muito feia pra reação dele. – Merda Cloe, o que aconteceu?
- Essa idiota fez de propósito! – Mel quase gritou indo pra cima de Giovana novamente, mas foi impedida pela presença do professor que parou no meio das duas.
- Eu quero uma explicação agora do que aconteceu!
A voz de Henrique expelia raiva, e nesse momento era da mesma forma que eu estava.
- A Cloe ia fazer um gol e essas duas a empurraram... – Mel se manifestava rapidamente apontando para Giovana e Denise.
O professor Henrique por segundos me fitou, e sua expressão irritada chegou a deixar seu rosto vermelho. Por fim, ele se aproximou das duas, e eu percebi seu punho cerrado.
- As duas para a sala do diretor, e me esperem porque eu já vou lá!
Elas saíram sem dizer mais nada, fazendo minha raiva diminuir e a dor no meu joelho aumentar. Eu me desequilibrei, sendo segurada por Léo... Sentindo seus músculos se contraírem e ele sorrir. Nunca havia estado tão próximo dele, ainda mais com ele sem camisa. Foi estranho...
- Professor quer que eu a leve para a enfermaria? – Léo perguntou enquanto Joe se aproximava com a menção de que iria junto.
- Não, deixe que eu a levo e aproveito e ligo para a mãe dela...
Léo concordou com a cabeça e o professor me segurou, caminhando comigo em direção ao outro lado do prédio onde ficava a enfermaria.
- Você parece ter um imã para se meter em problemas...
Eu não disse nada, na verdade eu sabia que ele estava tentando me animar, mas eu estava com tanta dor naquele momento que acho que nada conseguiria me tirar desse transe. Minha cabeça rodava, eu sentia meus pés ficando mais fracos, e por segundos enxerguei tudo preto.
- Cloe! Cloe!
Ouvi Henrique me chamar, mas não conseguia abrir os olhos. Apenas senti sendo carregada, às pressas para algum lugar e quando retomei um pouco da consciência, já estava na enfermaria.
- Calma menina, já vai ficar melhor.
Ouvi a voz simpática da enfermeira Magali, enquanto ela me fazia tomar algum liquido com o gosto azedo. Depois tomei alguns goles de água gelada, e voltei e escorar minha cabeça na almofada enquanto a enfermeira se retirava. Passaram-se apenas alguns minutos e o professor entrou, sentando-se na maca em minha frente.
- Elas foram suspensas por dois dias, e seus pais foram comunicados.
Falou Henrique de uma forma doce, porém a minha raiva ainda não havia passado por completa.
- Ótimo. – Falei como se aquilo fosse o suficiente, fazendo o professor gargalhar.
– Você fica linda irritada.
Eu linda? Tudo bem... Não esperava por essa.
- Vou ter que fazer um curativo nesse joelho.
Henrique segurou minha perna e fazendo recuar e olhar de forma medrosa em seus olhos.
- Você sabe fazer isso?
- Claro Cloe, eu servi no exercito lembra-se?
Na verdade havia esquecido, mas foi bom o professor lembrar.
- É que vai doer e eu...
- Você confia em mim? – Ele me interrompeu.
Sim eu confiava nele. Confiava até mais do que deveria.
Eu balancei a cabeça positivamente e suas mãos atingiram novamente minha perna. Ele começou limpando o pouco de sangue que escorria do meu joelho. Eu fechei os olhos e esperei ele fazer o curativo, o que demorou bem mais que o esperado. Por fim, os abri, percebendo o quanto nossos corpos estavam pertos, na verdade, muito mais perto do que quando os fechei. Mas por quê? Os olhos dele estavam diferentes, senti um arrepio dos pés a cabeça, mas não ousei me mover. Alguma coisa me dizia que algo ruim aconteceria se eu fizesse isso... Que idiota Cloe! Apenas se mexa! Para de ser tão medrosa e burra!
Foi quando meu corpo involuntariamente recuou por ondem da minha consciência, e eu senti uma de suas mãos me puxarem novamente para frente, enquanto a outra tomou posse de minhas pernas com força. Ele mordeu os lábios inferiores, e me olhou de forma diferente... Como se esperasse outra coisa de mim... Como se ele fosse outra coisa...
- Não se mexa até que eu mande!
Seus dentes se cerraram de raiva. Algo estava errado...
Autor(a): eowyn19
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Henrique Ela estava parada em minha frente, com aqueles olhos azuis indescritíveis e a boca semiaberta, tentando entender porque meu humor havia mudado bruscamente. É claro que qualquer outra garota entenderia, mas ela não... Ela insistia naturalmente em manter o seu lado ingênuo, não percebendo sequer minhas reais intenç&oti ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 4
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toy Postado em 30/12/2015 - 20:20:57
Continua, tá ótimo!
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Postado em 20/12/2015 - 21:27:04
Continuaaaaaa!!!
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toy Postado em 16/12/2015 - 11:30:29
Divulga pra mim? http://fanfics.com.br/fanfic/51310/after-love-ponny Ficarei muito grata.. 😉
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toy Postado em 16/12/2015 - 10:26:18
Primeira Leitora... CONTINUA!!!