Fanfic: Pelos olhos de Grace. | Tema: Drama familiar.

Os olhos demoraram para acostumar-se aquela claridade que os cegou por uma porção grande de segundos, mas não demorou quase nada para que Grace perdesse seus pensametos em meio à imensidão esbranquiçada do teto. A realidade parecia ter lhe puxado pelos tornozelos quando a irmã mais nova, Adelline derrubou alguma coisa dentro do quarto. As pálpebras estavam mais pesadas que o normal, talvez pela noite mal dormida ou pelo fato de que Ade, como era chamada, acordasse todos os dias tão cedo. — Por que você tem que ser assim? — Resmungou, ainda que soubesse que não haveria resposta, raramente a irmã respondi alguma coisa ou alguém, vivia em um Mundo tão paralelo que às vezes, fazia Grace pensar que ela não era humana ou sequer preocupava-se com o fato de que existiam resposabilidades.

O café da manhã havia sido como todos os outros, enquanto os pais ocupavam-se com os jornais, Grace saboreava seu cereal e Ade, bem ela ficava pensando se comia sua maçã ou observava algum animal que caminhava na rua, parecendo-se mais interessada em observar o que acontecia fora dali.

O que nunca entrou na cabeça de Grace é porquê a irmã simplesmente não conversava com ninguém, qual a razão para tanto silêncio. Os pais diziam que Adelline era uma criança normal, havia ido em vários médicos e todos poderiam dizer à mãe o que ela não tinha, porque de fato, ela era saudável.

— Você vai se atrasar. — O pai disse em um tom seco, típico dele que talvez quisesse manter a pose, dentro daquele terno bem cortado e alinhado ao corpo másculo, volumoso e grande. A mãe perfeitamente maquiada e esbelta dentro daquele vestido nem parecia mãe de duas adolescentes e muito menos dona de 40 verões.

Enquanto Grace caminhava em passos largos pela calçada, aproveitando o fato de morar perto da escola para só sair de casa quando fosse realmente necessário, a irmã caminhava à sua frente, alisando as mesmas flores, folhas e placas, como fazia todos os dias, como um ritual. Em pouco tempo aquele corpo pequeno se perdia em meio à multidão de crianças que iam tomando conta da frente da escola, os cabelos loiros voavam com a brisa que tomava conta daquela manhã, o sol brilhava forte naqueles fios que pareciam feitos de ouro. Por alguns segundos a irmã mais velha foi tomada de pena, compaixão e sentiu uma imensa necessidade de ajuda-la, protege-la. "— Ainda bem que isso passa rápido.—" Pensou ela.

O que os professores sempre diziam era que Adelline sentava-se em frete à mesa do mestre para que assim não precisasse responder à chamada; nas aulas, não fazia uma única pergunta, não trocava uma única palavra com ninguém, suas notas estavam sempre entre as melhores - ainda que ninguém nunca a visse estudando em algum livro -, o que todos tinham dela eram apenas seus sorrisos, dados em momentos que ela julgava oportunos. Por ironia do destino a pessoa que menos recebia esses agrados era Grace, o que a deixava de certa forma frustrada. Seria ela alguém que a irmã não gostava? Seria ela o problema ou quem sabe a solução? Não sabe-se ao certo, tudo que podem dizer é que Grace nunca havia defendido a irmã nos momentos em que ela havia precisado e a loira lembrava-se disso, das vezes que havia caído no chão em meio à toda escola e sua irmã havia ficado observando-a de longe, como se nem a conhecesse. Mas onde havia começado essa mania de viver em outro Mundo? Bem...