Fanfic: Folhas ao Vento | Tema: Romance

             Fim de tarde, o sol começa a se recolher no horizonte. O manto sombrio da noite, cobre com sua massa escura a cidade e  tudo o que alcança. Os passaros vão em bando, procurar seus ninhos e os humanos, ou melhor, meus vizinhos, se amotoam na churrasqueira do condomínio pra coversar e beber cerveja. Há alguns ainda que vão fofocar, é o caso daquelas senhoras que estão acomodadas no jardim da propriedade; outros  vão jogar futebol, que é o caso dos meus amigos e eu. Porém hoje eu não fui. Talvez preguiça, indisposição ou somente saudades... Faz quase dois anos que eu me mudei do Rio, e migrei para Brasília com minha mãe. Não tenho do que reclamar: O apartamento é espaçoso, vou bem na escola, tenho saúde, amigos, Deus e tudo o que quero. Mas essa saudade me atormenta, me sufoca. Por isso que hoje fiquei em casa; alguns amigos me perguntaram pelo WhatsApp se eu não iria jogar com eles hoje, eu respondi que não, e inventei estar com diarreia. A tardinha estava linda, era sexta-feira e todos estavam eufóricos, cada um com seu motivo. Eu observava tudo da janela do "ap". 

                  "Bzzzzzzzzz", toca a campainha, vou atender. É a Larissa. Depois que cheguei, Larissa fez amizade comigo, ela é minha melhor amiga, e conhece praticamente tudo da minha vida e virse-versa. Sempre simpática, tem um cabelo longo e negro que chega a bater no bumbum, ela costuma usar "rabo de cavalo" e um aparelho dentário, como eu. A cor dos cabelos contrasta com a pele parda, e quase combina com os olhos castanho escuro, lindos. Quando sorri, se ri muito, parece uma porca; os lábios finos se esticam quase à orelha . 

- Entra ai. - Falei.

- Cadê a tia ? - Respondeu ela.

- Ela ainda não chegou do trabalho.

- E o que você está fazendo aqui? Não era pra está jogando futebol?

- Sim. Mas hoje tô meio indisposto. Sabe como é, preguiça...

- Saudades. -Falou ela me interrompendo.

        Larissa se tornou tão minha amiga, que já sabia o  que eu sentia antes mesmo de eu falar  pra ela.

- Bem isso... - respondi.

- Bem, eu vim aqui pra te entregar essa carta, o correio deve ter se enganado ao entregar  no meu endereço .

          Ela pegou a carta do bolso lentamente, e o envelope estava impecável, sem nenhum amassado. 

- É do Rio de Janeiro. -Continuou.

- Catarina?! - Perguntei.

- Deixa eu ver... Sim, é da Catarina. 

        Larissa me entregou a carta. Aquele papel, aquela cheiro... Catarina... Rasguei cuidadosamente o lacre do envelope.  Desde que minhas suspeitas de que quem havia redigido a carta para mim foi Catarina, meu coração bateu mais forte. Apesar de tudo o que sinto por Catarina, ela não é minha namorada. E sim uma amiga, como a Larissa, mas mora no Rio e tem uma amizade de longa data.

- Pedro, porque você e ela não se falam pelo Whats? Não seria bem mais fácil? - Indagou Larissa.

- Mas nós nos falamos pelo Whats. Ela envia cartas pra mim quando acontece algo de importante. E além disso, ela gosta de escrever cartas e eu de receber. Ela tem uma letra de dar inveja, e a ortografia é perfeita. - Respondi.

- Bem, já que é assim... Pedrin, tô com fome. 

- Tem biscoitos e suco na geladeira.

- Você não come essas gulosemas?

- Raramente.

- Por isso que está parecendo um palito de magro.

- E você parece uma leitoa de gorda.

- Filho duma p... Vou logo pegar esses biscoitos, antes que eu afunde minha mão na tua cara.

           Larissa foi na cozinha. Eu fiquei na sala, abrindo a carta e rindo desta situação. Mas mesmo assim, meu coração estava inquieto com o conteúdo da carta. O que Catarina teria escrito?