Fanfic: Sem Saída-Ponny | Tema: AyA

— Não quer sair comigo para almoçar e não quer vir aqui. Nem sequer quer 

que eu volte a ligar. Sinto como se tivesse perdido uma irmã — comentou 

Maite com tristeza.

Poncho se sentia muito pior. A última coisa que queria na vida era que 

Any ouvisse o que ele falou naquela noite. Tinha reagido assim porque estava 

zangado consigo mesmo por ter perdido o controle.

Agora entendia por que Any parecia incômoda quando estavam a sós. 

Desejou poder voltar no tempo e não ferir aquela moça tão doce e meiga que 

havia gostado dele uma vez e que teve que suportar ouvir dizer que lhe dava 

nojo.

— Mereço a morte — murmurou.

— É seu aniversário — recordou Maite. — E todos os convidados vieram 

celebrá-lo com você.

Poncho não disse nada mais. Entrou na sala e deixou que todo mundo o 

felicitasse, mas não se sentia feliz. Sentia como se tivessem arrancado o 

coração.

Aquela noite, se meteu em seu escritório enquanto Belinda falava com Maite 

e chamou Any. Bebeu dois whiskies para tentar aplacar a dor.

— Você não veio — disse quando Any respondeu o telefone.

Any tragou saliva.

— O convite era falso — conseguiu responder. — Na verdade sei que você 

não queria que eu fosse.

— Não veio porque preferiu ficar com Brody? — perguntou Poncho com 

sarcasmo.

— Não — murmurou Any. — Não fui porque não penso em voltar a tentar 

me encaixar em sua ocupada vida social, com sua classe social. Eu não gosto 

desse ambiente. Eu não gosto das mulheres que enganam seus maridos e os 

maridos que enganam a suas mulheres. Certamente, essa não é minha idéia de 

uma festa divertida.

— Embora não acredite, tampouco é a minha — respondeu Poncho. — Eu 

prefiro comer um hambúrguer e conversar com meus companheiros.

Aquilo surpreendeu Any, que preferiu não acreditar.

— Não acredito que Belinda goste disso — apontou.

Poncho riu com frieza.

— Gostaria se isso fizesse com que eu casasse com ela. Sou rico, você não 

se deu conta?

— É difícil não se dar conta — respondeu Any.

— Belinda gosta de viver o presente. Quer diamantes e sair para jantar em 

restaurantes caros quatro noites por semana.

— Com certeza você também gosta disso.

— Ah, sim?

— Poncho, tenho coisas que fazer. Quer algo mais?

— Não sabia que tinha ouvido o que disse a minha irmã na noite da última 

festa — disse Poncho com dor. — Não sabe quanto sinto. Minha mãe bebia 

como uma esponja…

— Eu só bebi um pouco de champanha — interrompeu-o Any. —

Embebedei-me rapidamente, por isso peço perdão pelo que ocorreu.

— Eu adorei — admitiu Poncho.

Any não pôde responder.

— Fale alguma coisa! — grunhiu Poncho.

— O que quer que diga? O que digo é que tem razão. Não pertenço a sua 

classe social e nunca pertencerei. Disse que sentia nojo de mim e que estava 

farto de mim…

— Any ! Eu juro que não estava falando sério. Você nunca me deu nojo.

— Já é muito tarde — disse Any — Não penso em voltar para rancho, 

Poncho, nem por você e nem pelo Maite. Quero viver minha vida.

— E não quer que façamos parte dela?

— Não — suspirou Any.

— Mas esperará até que o caso esteja resolvido, verdade?

Any não gostava nada, mas recordou os dois meninos alvejados e assentiu.

— Esperarei.

— Obrigado.

— Poncho, onde está? — disse Belinda.

— Já vou, Belinda. Estou falando no telefone.

— Vamos abrir os presentes. Venha!

Any o ouviu amaldiçoar e sorriu.

— Acreditei que você estava contente na sua festa de aniversário —

murmurou Any.

— Não muito, porque meu melhor presente não está — respondeu 

Poncho.

Any sentiu que o coração pulsava rapidamente.

— Eu não sou o presente de ninguém, Poncho — disse. — Tenho que 

desligar. Felicidades.

— Completei trinta e quatro anos — continuou Poncho — A única família 

que tenho é minha irmã. Dois de meus companheiros acabam de ter filhos e têm 

a mesa cheia de fotografias de seus filhos e de suas mulheres. Eu só tenho uma 

de  Belinda.

— Com certeza seus companheiros casados trocariam com você…

— Não referia a isso. Eu não pus essa fotografia sobre minha mesa. Foi 

Belinda. Em lugar da fotografia de minha mulher e de meus filhos, tenho uma 

fotografia de uma mulher que quer comer o mundo.

— Isso é assunto seu.

— Por que não me dá uma fotografia sua?

— Não tenho fotos.

— Mas como?

— Porque não tenho quem faça isso. Nem sequer tenho câmara.

— Terá que solucionar isso — murmurou Poncho — Você gosta de ir ao 

parque? Poderíamos nos encontrar para correr na segunda-feira pela manhã 

nesse ao lado de sua casa.

— Não sei…

— Não há nada mais que o dizer. Busco você na segunda-feira… para pedir 

perdão a você…

— Isso seria um milagre.

— Falo sério. Me arrependo muitíssimo do que você ouviu.

Vindo do Poncho, aquilo era mais que uma desculpa. Ele jamais se 

desculpava por nada.

— Muito bem — respondeu Any depois de uma pausa.

— Poderíamos começar do zero — propôs Poncho.

— Poncho, vem ou o que? — insistiu Belinda.

— Não teria que falar com ela primeiro? — disse Any.

— Não, vou fazer algo muito melhor — respondeu

Poncho ficando de pé.

Any ouviu um ruído e uma batida na porta.

— O que você fez?

— Atirei um livro na cabeça dela, mas não se preocupe, não machucou.

— É um selvagem.

— Sim, e necessito de alguém que me domestique.

— Já tem Belinda.

— Não por muito tempo. Nos vemos na segunda-feira então?

— Muito bem — respondeu Any por fim.

Quando desligou, Any se deu conta de que sua vida acabava de tomar um 

rumo imprevisível e não soube porque.