Fanfic: Sem Saída-Ponny | Tema: AyA

Era um alívio que Cara não suspeitasse que ela estava sendo vigiada, mas era 

preocupante que o chefe acreditasse nisso. Brody era um homem muito 

inteligente e não era fácil enganá-lo.

Any disse que tinha que comentar com Poncho assim que o visse.

Poncho passou na casa dela aquela tarde, taciturno e preocupado.

— Aconteceu algo — aventurou Any.

Poncho assentiu.

— Me ofereces um café?

— É obvio, vamos para cozinha.

Poncho se sentou em uma cadeira da cozinha e Any serviu uma xícara 

de café recém feito. Poncho o provou e ficou olhando-a.

— Kennedy voltou hoje à cidade. É o contato de Cara.

— Minha mãe! — murmurou Any pressentindo que aquilo não queria dizer 

nada bom.

— Chamei-o no meu escritório e falei que estava despedido e porque. Tenho

duas declarações juradas de duas testemunhas que quiseram atestar em troca 

de que reduzam as penas — suspirou Poncho — Kennedy me falou que sabia 

que você estava envolvida e que ia contar para Cara se continuássemos com 

isso.

— Não se preocupe — disse Any tentando dissimular o pânico. — Não 

podia deixar que prosseguisse trabalhando com vocês depois do que tem feito.

Poncho a olhou surpreso.

— Não deixa de me surpreender, Any. Como sabia que eu não iria em 

rebaixar?

Any sorriu com afeto.

— Não seria Poncho Herrera se deixasse que esse pessoal o atemorizasse.

— O problema com o Kennedy é que não será apenas uma ameaça.

— E o que fazemos? — perguntou Any um tanto desconcertada.

— Vai ter que morar com Maite uns dias, até que tenhamos este caso 

resolvido.

— Sua irmã sabe atirar, mas não muito bem.

— Chayce, o capataz, Levy e seus dois irmãos sim sabem disparar e neste 

momento estão indo para Jacobsville — explicou-lhe Poncho. — Não tive 

muito que dizer ao Levy, somente que Maite e você estavam em perigo para 

que aceitasse rapidamente.

— Sempre diz que não gosta muito dele — recordou-lhe Any.

Poncho encolheu os ombros.

— Eu não gosto da idéia de que minha irmã se case com meu primo, mas 

Derek parece não ter a mesma opinião que eu porque me contou algo que não 

sabia. Na verdade Levy não era filho de meu tio. Sua mãe teve uma relação 

extra matrimonial com um ex-noivo e ele nasceu dessa união. Era um segredo 

de família até ontem de noite. Isso quer dizer que não somos família.

— Você contou para Maite?

— Isso quem tem que contar é Levy — respondeu Poncho. — Eu já 

interferi bastante entre eles — acrescentou olhando a hora no relógio. —

Tenho que ir. Tenho um homem vigiando sua casa, mas amanhã mesmo diga a 

Brody que você precisa de uns dias livres para cuidar de um parente doente e 

vai diretamente para casa de Maite, entendido?

— Não posso deixar o trabalho de qualquer jeito!

— Esta jogando com a vida! — advertiu-lhe Poncho. — Isto não é um 

jogo. Essa gente não é idiota e não hesitaria em matá-la. Não quero vê-la 

morrer, Any, e muito menos por algo que eu a envolvi.

Any se deu conta de que aquilo era muito mais sério do que acreditava.

— Já falei que Cara sabe que está trabalhando com a DEA. Nos descobriu e 

você tem que se esconder. Não há mais nada que falar.

Any ficou olhando-o e se deu conta de que tinha sido pega. Jamais pedia 

dias livres, nem sequer quando estava doente, pois sabia que a política da 

empresa era extremamente estrita. Estava quase certa de que aquilo ia lhe 

custar o trabalho.

— Se demitirem você será uma bênção — disse Poncho como se lesse seu 

pensamento. — É muito boa para perder tempo trabalhando ali. Quando tudo 

isto terminar, vou ajudar a encontrar algo melhor. Estou disposto a pagar umas 

aulas para que tenha diploma em informática e logo procuraremos um trabalho 

melhor — acrescentou terminando o café. — Claro que também poderia haver 

outra alternativa…

— Qual?

— Falaremos disso outro dia. Tenho que ir.

Any o acompanhou à porta.

— Tome cuidado — disse.

Poncho abriu a jaqueta e indicou sua pistola automática calibre quarenta 

e cinco. Despediram-se com um beijo carregado de paixão que deixou ambos 

com a respiração entrecortada.

— E pensar que desperdicei todos estes anos brigando com você —

murmurou Poncho.

— Parecia que você gostava muito — respondeu Any.

— Não queria um matrimônio como o de meus pais e por isso mantinha às

mulheres a distância — confessou Poncho. — Ainda mais você —

acrescentou. — Você foi a mais perigosa de todas, não podia permitir que desse 

conta do tanto que eu gostava de você e vejo que fiz um bom trabalho. E, 

então, bebeu muito champanha naquela festa e fez o que eu temia que fizesse 

desde que terminou o colégio.

— Temia?

— Sabia que se a beijasse uma vez não poderia parar jamais — murmurou 

Poncho beijando-a. — Tudo o que me ouviu dizer a Maite foi o resultado de 

um ataque de nervos pelo que acabávamos de fazer. Aquela noite não preguei o 

olho.