Fanfic: Estação 23 | Tema: Criação Própria
Escuro.
Silêncio.
Omnia, nefaru, memoriae. Spirtus imundices, expurgamos te.
Devidamente protegido, caro leitor, gostaria de alertá-lo. Estas memórias não são um mero escrito irracional da mente de um homem enlouquecido. Estas memórias não são, muito menos, um relato histórico de uma birra entre duas famílias rivais. Essas memórias podem te levar a loucura e ao mais perfeito contentamento em pouco mais de 3 capítulos. Once you start, you cannot stop, já diziam os profetas. Não esqueça, leitor, que você está protegido. Toda magia, ocultismo, simbolismo - tudo está banido. Pelo menos até o momento em que você parar de ler.
Entretanto, não se assuste. É claro que, para não confundi-lo, preciso me apresentar. Meu nome é Lafayette. Se você foi atento, e tenha certeza de que precisará ser se quiser acompanhar esta história, você deve ter notado que faltou alguma coisa em minha apresentação. Um sobrenome. Não me leve a mal, caro leitor, mas não lhe darei nenhum agora. Seriam necessárias muitas explicações anteriores para lhes fornecer um mero nome, mas preferi ocultar isto agora. Para saber, é preciso respirar; o que vivi, o que vi e o que aprendi.
Nossa história começa no pequeno vilarejo (ou seria uma cidade?) de Lyns, na França. Aquela cidadezinha compartilhava de uma característica que qualquer outra cidade francesa poderia ter; o cheiro de tabaco ecoava pelo vento. Dentro de minha casa não poderia ser diferente. Meu pai, sempre muito ocupado (devo a isso diversos problemas emocionais), sempre possuía um pequeno cachimbo em sua boca. O cheiro era, de fato, agradável. Meu pai era Hercule. Alto, branco como uma parede, mas duro e frio como um bom francês deveria ser. Suas feições finas eram características de toda a família, e nossos negócios iam muito bem na pequena cidade. Ah, e o sobrenome de meu pai era Poirot; Hercule Poirot.
Minha família sempre possuiu coisas na cidade de Lyns. Desde que me entendo por gente, morei na mesma casa e passei os mesmos verões no castelo ao redor da cidade. Acho que lucramos com a Revolução, ou com Napoleão, ou com a Guerra. De certa forma nossos negócios se baseavam em possuir toda sorte de coisas; de lojas a pessoas. Calma, caro leitor, não falo de escravidão. Falo de serviços. Mesmo assim, os negócios da minha família não são importantes agora. É preciso, hoje, que você conheça os personagens desta história.
Minha mãe era como meu pai; fria, calculista e ao mesmo tempo extremamente amável. Suas feições finas e magras de uma boa francesa dona de casa não mostravam o quão sagaz minha mãe poderia ser. Ela vendia como ninguém, negociava como um grande comerciante e fazia as melhores comidas da cidade. Já recebemos o governador do Vale do Luar para jantar; só por causa dos famosos croissants de minha mãe. Ela era a mais amável francesa que alguém poderia conhecer, e nos criou com bons modos e grandes valores. Mesmo assim, a mulher tinha apenas uma tristeza: a incapacidade de ter outro bebê. Quando me******, sua capacidade de conceber foi tirada, e por muito tempo a luz partiu dos seus olhos. Eramos apenas três: eu, minha mãe e meu pai. A família mais rica da cidade e apenas um herdeiro. Receita para o sucesso?
Na manhã do dia 15 de fevereiro, um grande e requintado trem chegou a cidade de Lyns. Ao ver o trem se aproximando por entre as colinas, a cidade inteira ficou nas janelas para observar quem haveria de ter chegado. O trem pertencia a alguém e foi especialmente desenhado para transportar uma família. Eram raros e caros, mas poderiam ser vistos em epocas de migração. Uma grande crise havia atingido Paris, e muitas famílias ricas haviam fugido para o interior em linhas de trem antigas. O trem parou na estação e as portas finalmente se abriram. Dela, um grupo assustado saiu.
Era a família Loubidoux. Ninguém os conhecia naquele Vale. Eram grandes comerciantes de Paris! Mas o que havia naquele trem? Porque eles estavam assustados?
Era essa a fofoca que corria pela cidade. Comerciantes de Paris haviam chegado em Lyns. Os Loubidoux logo viraram assunto de primeira página no jornal da cidade. Do trem, saltaram também 3 pessoas: Rafaelle Loubidoux, um homem ríspido, grande como um touro, que era famoso por comer toda a comida de um restaurante em Paris e pagar por tudo com um punhado de jóias. Pelo seu tamanho e caras arrogantes por si só, poderia se dizer que ele faz jus a própria fama. Saíram também Josette e Camille. Josette era a perfeita mulher para Rafaelle; loira, alta, elegante e extremamente esnobe. Quando minha mãe os viu chegando a cidade, logo suspirou. "Novos ricos", ela dizia. Josette não estava feliz por estar ali, mas logo se acostumaria. Camille era a que mais me intrigava. Alta, de cabelos loiros e olhos azuis cheios de bondade, parecia a mim que ela não cabia naquela família. Sua face era assustada e ao mesmo tempo determinada. Ela escondia alguma coisa, e isso era o que mais me deixava intrigado.
Mesmo assim, a cidade de Lyns organizou um jantar. Os anfitriões seriamos nós, os Poirot. Eramos amigos do povo e, portanto, a cidade toda foi convidada para a festa no palácio de recepção aos Loubidoux. A cidade de Lyns, depois do banquete, nunca mais seria a mesma.
Autor(a): luizfernandoassad
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