Fanfic: #Segunda#Chance [Vondy]

Dulce suspirou contra o peito dele e desejou que pudesse sentir aqueles braços protetores para sempre. Devia ser aquilo o que uma criança sentia quando o pai a consolava. Com o pai ao lado, um filho sabe que pode conquistar o mundo todo. Uma sensação que Andy nunca teria. Não poderia entregar-se àquele sentimento. Assim, afastou-se devagar, falando: 

— Tenho de ir. Christopher não vai querer me ver aqui quando voltar. 

Todos ali protestaram, mas Dulce não poderia encarar Christopher de novo. Balançando a cabeça e abraçando Andy, nem tentou argumentar com eles. Afastou-se dali e foi para seu quarto. 

Christopher estava em pé, no curral, apoiado na cerca, cheio de tristeza. Como sua família pudera ser tão cruel? Eles o tinham ajudado quando Merilee e Christopher Júnior morreram. Por que agora se colocavam contra ele? 

— Sentindo pena de si mesmo? — Joe chegara perto, sem fazer ruído algum. 

Christopher virou-se em sobressalto, quase perdendo o equilíbrio. 

— Vocês não me torturaram o suficiente?! 

— Sim, ver fotos é a última palavra em termos de tortura, nos dias de hoje. 

— Está zombando de mim? Melhor pegar uma faca e me dar uma punhalada. Deixe-me morrer! 

— Certo. 

Christopher o fitou. O que havia com seu pai aquela noite? Será que enlouquecera? 

— E nós manteremos os olhos bem abertos em Dulce e Andy — Joe acrescentou. 

Christopher levantou o rosto, de repente. Não pensara sobre Dulce e Andy. Admitiu que estava apenas pensando em si mesmo. Em sua perda. Em sua própria dor. 

— Eu cuidarei delas — afirmou, com frieza, sem demonstrar emoção. Não ia contar ao pai o quanto ele o magoara. 

— Acho que não, Christopher... — Joe deu de ombros. — Parece que Dulce se culpa pelo que aconteceu hoje e está lá dentro fazendo as malas.

Christopher virou-se depressa, pronto para voltar à residência e impedir a partida de Dulce. Desta vez seria mais severo. Ela estava sendo ridícula. 

Joe segurou-lhe o braço. 

— Aonde vai? 

— Deter Dulce. Ela ainda não está boa para assumir a vida sozinha. Qualquer um pode ver isso! 

— Então você vai entrar lá e informá-la de que não pode partir? 

— Isso mesmo. 

— O que lhe dá o direito de mantê-la aqui? — Christopher não gostou da questão do pai.

— Eu sou o pai de Andy, lembra-se? 

— Mas não é o marido dela. Poncho disse que você terá de ir à justiça para requerer o direito a visitas se Dulce quiser dificultar as coisas. 

— Dulce não faria... Ora! Não importa. Nós vamos nos casar. Eu ia propor isso a ela esta noite. Se vocês não tivessem interferido, tudo estaria ajeitado agora. — Ouviu a própria agressividade em sua entonação e se sentiu envergonhado. — Eu não quis dizer que vocês não foram bem-vindos, mas pretendia me responsabilizar. 

Joe pôs a mão no ombro dele. 

— Filho, não duvidamos nem por um minuto de que você se responsabilizaria. Aquele sentimento deveria ter sido bom, mas algo não estava certo. 

— Se confiassem em mim, por que fariam o que fizeram hoje, papai? 

— Trata-se de sua felicidade. 

— Sobre o que está falando? 

— Você tem mantido esse luto por Meriiee e seu filho por muito tempo. Isso é compreensível, foi uma perda pavorosa. Mas precisa superar isso, se quiser ser feliz. 

— Já lhe falei que vou me casar com ela! — retrucou Christopher, irritado. 

— Quando propôs casamento a Merilee você lhe deu ordens? 

A pergunta de Joe não fazia sentido. 

— Evidente que não! Ela era muito decidida e não iria se submeter a ninguém, — Christopher recordava-se da noite em que a pedira em casamento e de como Meriiee sorrira. 

— O que o faz pensar que Dulce é menos merecedora de uma proposta de casamento de verdade? 

— Isso é diferente! — Christopher gostava cada vez menos do que estava ouvindo. 

— Como? 

— Há um bebê envolvido, papai. Dulce não deveria ter dado à luz por conta própria. 

— Concordo. E sei que você se ofereceu para sustentar a criança. Mas Dulce parece ser independente. Decerto porque só pôde contar consigo mesma desde a infância. Sendo assim, duvido que aceite uma exigência para se casar.