Fanfic: #Segunda#Chance [Vondy]

— Ela aceitará. Família é muito importante para Dulce. Além disso, quer o melhor para Andy. É lógico que vai aceitar. 

As palavras de Joe estavam destruindo sua confiança. Mas Christopher planejara tudo. Daria certo, sem dúvida. Seu pai devia estar enganado. 

— Dulce vai ficar agradecida, papai. E irei falar com ela agora mesmo. — Christopher se liberou das mãos de Joe e se encaminhou para a casa. 

Joe Uckermann ficou ali, na escuridão noturna, rindo de tanta tolice. Não achava que a aproximação do filho fosse ter êxito, mas pela primeira vez em anos, Joe esperava estar errado. 

Tanto Leigh como Any tentaram convencer Dulce a não partir. 

— Apreciei muito o apoio que vocês me deram, mas estou mais forte e acredito que é muito importante que eu saia do caminho de Christopher. 

Leigh abriu a boca para contestar, porém, Dulce ergueu uma mão. 

— Acredito que isso é importante também para Andy. Não permitirei que minha filha seja mais uma derrota no coração do pai dela. 

— Tenho certeza de que ele amará a filha — Leigh afirmou, angustiada. Rochelle tentou sorrir, mas foi difícil. 

— Nós ficaremos bem. Economizei dinheiro bastante para cuidar dela, sobretudo depois que Christopher pagou todas as minhas contas de hospital e médico. 

Não tinha muitas coisas para arrumar, pois não usara mais do que algumascamisolas e o robe, desde que voltara. Na verdade, aquele era o primeiro dia em que se vestira. 

— Acho que isso é tudo. Se vocês crêem que Christopher não se importará, levarei estes pacotes de fraldas descartáveis comigo. 

— Leve tudo o que precisar, minha filha. E eu levarei comida para você amanhã e alguns pacotes de fraldas a mais. 

— Sra. Uckermann, não quero causar problemas entre vocês e Christopher. Ficarei bem, juro. 

— Sim, você ficará, porque eu estarei por perto para me certificar disso. E me chame de Leigh. 

— Tem certeza de que não se importa de me levar até a cidade? 

— Poncho e eu a levaremos. Mamãe e papai ficarão com Alfonso. 

— Any, quer mesmo fazer isso. Não está cansada? 

— Estou ótima. A única coisa que não está bem é saber que meu irmão está tão cego que não consegue ver o que está perdendo. 

Dulce a abraçou. 

— Não é culpa de Christopher se não nos ama, Any. Não fique com raiva dele. 

A porta do quarto se abriu e Christopher entrou. 

— Dulce, você não vai embora. 

Para surpresa de Dulce, Leigh se meteu entre ela e o filho. 

— Essa decisão pertence a ela, Christopher. Não pode mantê-la aqui como prisioneira. 

Christopher franziu o cenho. 

— Dulce não é prisioneira! Só não há necessidade de partir. Nós vamos nos casar.

Dulce quase desmaiou. Então, grossas lágrimas toldaram-lhe a visão. Aquele era seu sonho sendo servido de bandeja. Tudo o que precisava fazer era dizer “sim”, e então teria uma família para si e para Andy. Um pai para sua menininha. Entretanto, precisava recusar, porque a oferta não tinha substância. Christopher não as amava, nem mesmo as queria. Não esquecera Merilee e Christopher Júnior, os verdadeiros donos de seu coração. 

— Nós nos casaremos assim que você estiver pronta, Dulce. Por mim, podeser na semana que vem, mas se preferir esperar para fazer uma grande festa, concordarei. 

— Não. — Com toda a calma, apanhou uma das malas que arrumara. 

— Não carregue isso, Dulce, deixe que Poncho o faça — sugeriu Any. 

— O que quer dizer com “não”? — questionou Christopher. 

— Não posso aceitar, Christopher. Any, poderia chamar Poncho, por favor? Estarei pronta para ir assim que pegar Andy do berço. 

Christopher bloqueou a saída. 

— Pensei que era casamento o que queria. Nós seremos uma família. Você afirmou que sentia falta de pertencer a um lar. 

O pranto rolou pelo rosto de Dulce. Estava encarando um homem teimoso, que se negava a ser honesto com ela e consigo mesmo. Se não deixasse tudo esclarecido, teria Christopher à soleira de seu apartamento na manhã seguinte. E queria acabar com aquele sofrimento de uma vez. 

— Por que está me oferecendo casamento, Christopher? 

— Essa é uma pergunta tola. Nós temos uma filha. 

Any suspirou, e Dulce teve vontade de fazer o mesmo. Era bom que tivesse se dado conta de como Christopher se sentia. 

— O matrimónio é mais do que responsabilidade. Não pretendo esconder Andy de você. Mas não me casarei sem amor, nem mesmo por ela. Eu já sabia que você não a queria. E não lhe contei sobre a gravidez porque tive medo que insistisse em um aborto. 

Todo mundo se sobressaltou, exceto Dulce. 

— Quando tomei essa decisão, sabia muito bem que significava que eu teria de ser responsável por minha filha. E prometo que Andy será feliz. Você não tem de se preocupar. 

Tentou passar por ele, mas Christopher a segurou pelo pulso. 

— Está sendo ridícula, Dulce! Nós podemos fazer isso. Porque eu amo... Porque fui casado antes não significa que não posso me casar de novo. 

Dulce observou aquele homem bonito e bom, parado a sua frente. Amava-o muito, mas ele não sentia nada por ela, e uma união nesses termos não daria certo. 

— Espero que você se case de novo um dia, Christopher, quando encontrar alguém que possa amar. Mas, antes disso, eu não o aconselharia. Agora, se me dá licença, estou cansada. 

A expressão de incredulidade dele fez com que Dulce tivesse vontade de abraçá-lo e assegurar-lhe que faria qualquer coisa que ele quisesse. Mas não podia. 

— Christopher? 

Ele fitou Leigh como se não soubesse quem era. Dulce aproveitou a oportunidade para passar por Christopher e chegar ao corredor. 

Andy dormia, embrulhada em seu pequeno cobertor cor-de-rosa. Dulce pegou a filha e a cobriu com uma colcha maior. Em seguida, pegou a sacola de fraldas e se virou. 

Christopher, parado à porta, a observava. 

— Não a leve embora — pediu, com extrema delicadeza. 

— Tenho de levá-la, Christopher. Andy não pode crescer competindo com um fantasma. Ela não é aquele seu belo garotinho, mas é um bebê lindo também. O meu bebê, e quero que Andy saiba disso. 

— É minha filha, também! 

— Apenas se quiser que ela seja. Terá de decidir isso, Christopher, mas não a manterei longe de você. Se quiser vê-la, sabe onde moro.