Fanfic: * Casamentos Arranjados(Vondy)*Terminada*

Capítulo II

Christopher estava caminhando pelas ruas do vilarejo próximo ao castelo
Uckermann, sendo banhado pelos raios da manhã e sendo acompanhado também pelo
olhar das pessoas, as quais usavam roupas simples, algumas rasgadas e sujas,
pelas poucas condições de vida que possuíam naquela época tão cruel. Já estava
acostumado com aqueles olhares, afinal ele era um Uckermann e também porque
havia três guardas em seus calcanhares, para protegê-lo de qualquer coisa.

Colocando as mãos nos bolsos da calça que usava, Christopher começou a
fitar o solo, pensativo. Havia se passado mais um mês e seu noivado com Belinda
continuava... Sem sentimentos de sua parte, é claro. Mas seus pais não pareciam
dar a mínima para isso. Droga... A falta de consideração era deprimente.

Seus olhos escuros logo focaram uma aglomeração mais na frente, a qual
parecia meio aterrorizada, observando alguma coisa. Apressou o passo para ver o
que estava acontecendo, passando por algumas pessoas e vendo no meio do circulo
um menino sendo maltratado por alguns guardas, um dos quais havia dado um chute
no garoto e erguia um chicote no ar.

“Esses filhos da mãe são da família Chávez... É a segunda vez que
aquele idiota do Christian deixa esses guardas virem para a vila.” –
Christopher pensou, estreitando os olhos. Droga... Teria que falar com o loiro
mais uma vez. Mas antes disso tinha que ajudar aquela criança e já ia fazer
isso, quando uma jovem saiu correndo do seu lado para ficar na frente do
garoto.

As pessoas soltaram exclamações assim que a reconheceram, ao mesmo tempo
em que um dos guardas deu uma chicotada na garota, acertando seu ombro e um
pouco de sua bochecha, fazendo o sangue começar a deslizar pela sua pele
branca. Christopher viu o líquido vermelho manchar o vestido amarelo que ela
usava, e involuntariamente estreitou mais os olhos.

Antes que pudesse correr até ela, viu mais dois guardas, com um símbolo
nas fardas verde-escuras, aparecerem e partirem pra cima dos homens que estavam
maltratando a criança. Não se passou muito tempo antes dos “bandidos-guardas”
irem embora, um deles quase sem a perna, o qual foi atingido pela espada de um
dos guardas.

“Andem, andem! O que estão esperando para se dispersar?.!” – um dos
guardas de verde gritava para as pessoas, as quais obedeceram sem delongas. Christopher
notou que aqueles guardas deviam ser os protetores da jovem, a julgar pelas
roupas finas que ela usava.

O Uckermann observou-a e reparou que ela estava conversando com o
garoto, de forma amigável e gentil. Notou os cabelos compridos ruivos dela
balançando com a suave brisa, afastando a delicada franja dos olhos castanhos  reluzentes. Seu vestido de um tom amarelo
claro estava tingido de vermelho na área do ombro esquerdo e sua bochecha tinha
um pequeno corte, onde também sangrava.

Deus... Ela era linda...

Saindo de seu transe, Christopher viu a jovem colocar a mão no ombro
ferido, observando a criança sumir de vista. Em passos tranqüilos, caminhou
para onde ela estava.

“Você está bem?”

Dulce se assustou com aquela voz e rapidamente se virou para o dono
dela. Seus olhos castanhos encontraram um par de olhos escuros, cor de ônix. Sabia
quem ele era, mas mesmo assim analisou-o detalhadamente com aquelas roupas
formais que os homens usavam, ou pelo menos os homens que moravam em castelos.

“Sim, está tudo bem.” – sem aviso, o Uckermann levou uma mão para o
rosto delicado dela, aproximando do seu para analisar com cuidado aquele
ferimento. Nem se deu conta do que realmente estava fazendo, tampouco imaginou
que a faria corar de leve.

“Foi superficial, mas você está sangrando.” – Dulce estava incomodada
com aquela proximidade e apenas murmurou.

“Ah, i-isso não é nada.”

Christopher soltou o rosto dela e direcionou sua mão para a manga de sua
blusa, rasgando-a sem qualquer cerimônia. Dulce deixou de corar assim que ouviu
o barulho de tecido sendo rasgado e logo voltou seus olhos para o jovem
Uckermann, o qual falou num tom indiferente:

“Tome.” – E estendeu o pequeno pedaço de pano azul escuro. Dulce ficou
na dúvida, mas após alguns segundos aceitou, colocando o tecido contra o
machucado na bochecha. Por um momento, ele ficou admirando-a, até que seus
olhos se encontraram e ela sorriu docemente.

“Obrigada.”

O Uckermann sentiu algo que não desconhecia por muito tempo: seu rosto
começar a esquentar bem de leve e seu coração bater num ritmo mais acelerado. Desviou
os olhos escuros para o outro lado, odiando essa sensação que o sorriso dela
estava lhe proporcionando.

“Hm.” – Dulce continuou olhando-o, mesmo que este estivesse muito
concentrado em alguma coisa que ela não podia ver no momento.

“Você faz parte da família Uckermann, não é? – ele voltou a encará-la,
dessa vez intrigado.

“Como você-?”

“Todos sabem.” – A jovem sorriu e estendeu a mão para ele.

“Eu sou Dulce Saviñon.” – Christopher apenas apertou a mão delicada e
macia dela, ao invés de beijá-la, como era o costume da época, provavelmente
desconcertado demais para fazer isso. Agradeceu por ela não se importar com
esse detalhe e apenas voltar a falar.

“Muito prazer... er...”

“Chrstopher.”

“... Christopher.” – Dulce sorriu mais uma vez e esse ato foi definitivo
para que o jovem soltasse sua mão, embaraçado. Tinha que fazer alguma coisa
para afastar essa sensação que tanto o incomodava, então resolveu fechar os
olhos, falando:

“Da próxima vez tente não aparecer demais.” – A garota o olhou, confusa,
o sorriso começando a sumir.

“Aparecer...?”

“É, se jogando na frente do garoto.”

Dulce franziu o cenho lentamente. Sabia que ele estava sendo gentil
demais para ser verdade.

“Ora, mas ele estava sendo mal tratado. Eu não podia ficar só olhando.”
– Christopher encarou-a.

“Esqueça, você não vai entender.” – e começou seus passos tranqüilos
para longe dali. Dulce cerrou o punho, irritada e não conteve as palavras que
vieram em seguida.

“Ora, seu...! Da próxima vez não esqueça a educação em casa!” –
Christopher não se abalou com isso e olhou-a de esguelha, poucos metros
distante da mesma.

“Vou tentar.”

“Grrr...!” – Dulce nem sentia mais o ardume em seu ombro devido ao
machucado, apenas conseguia sentir raiva de Christopher. E já estava pensando
em chutá-lo, mesmo sabendo que poderia pedir para seus guardas cuidarem dele,
mas uma loira apareceu correndo e pulou no pescoço do jovem, sem aviso.

“Christopher! O que você estava fazendo aqui? Eu procurei você o dia
inteiro.”

Christopher suspirou. Por que ela tinha que aparecer?

“Nada. Vamos logo voltar para o castelo.” – Belinda sorriu e passou a acompanhá-lo,
andando calmamente ao seu lado, sentindo os guardas do Uckermann em seus
calcanhares. Olhou de esguelha para trás e viu a jovem de cabelos ruivos
virando as costas de punhos cerrados, num dos quais apertava com força um
pequeno pano azul. Em poucos segundos, ela já estava andando para outra
direção, com seus guardas atrás de si.

“Quem é ela?” – Christopher não desviou os olhos do horizonte, sem se
importar muito com a pergunta de sua noiva.

“Alguém que acabei de conhecer.”

“Christopher, não me diga que-“

“Não é nada disso. Ela é da família Saviñon e estava apenas protegendo
um garoto.”

Belinda rapidamente viu a manga da blusa dele rasgada e arregalou os
olhos, estupefata. Seria possível que aquela garota teria tentado agarrar
Christopher!

“Ela tentou atacar você...?” – Christopher estava se cansando daquele
interrogatório.

“Não, ela se machucou tentando proteger o garoto e eu dei um pedaço de
pano para ela estancar o sangue. Só isso.”

“Mas então-?”

“Belinda, chega de perguntas, ok?” – a loira suspirou.

“Certo, como quiser, Christopher.”

No entanto, não podia deixar de ficar desconfiada de Christopher ter
dado um pedaço de sua roupa para aquela jovem. Será que tinha acontecido alguma
coisa entre eles?

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O jovem de cabelos cor de mel deu um tapinha de leve no pescoço de seu
cavalo negro, após terem dado um pequeno passeio em suas terras. Adorava sair
do castelo para cavalgar no jardim enorme e rigorosamente bem cuidado da
família Uckermann. Provavelmente porque ficava sozinho e longe de todos, incluindo
seus pais, seu irmão e Belinda.

Não sabia quem lhe perturbava mais: Derrick ou a Schull. A única coisa
que tinha certeza era que ambos estavam numa disputa bastante acirrada.

“Christopher?” – O jovem Uckermann, ainda com a mão apoiada no pescoço
do cavalo, virou o rosto para trás, já acostumado com os raios fortes do Sol
naquela manhã. Seus pais logo entraram em foco e realmente não soube se isso
era algo bom ou ruim.

“O que foi?”

“Só vamos avisá-lo que você não irá mais se casar com Belinda.”

Christopher piscou uma vez.

Duas vezes.

Três vezes.

O cavalo balançou a cabeça, afastando a mão de Christopher e postou-se a
caminhar para longe dali. O Uckermann estava chocado demais para prestar
atenção a isso e apenas continuou olhando fixamente seus pais.

Alexandra chegou a pensar se seu filho tivera se apaixonado pela Schull
e ainda estava processando aquela notícia horrível. E após longos segundos,
Christopher conseguiu balbuciar, da forma mais educada que pôde.

“Como disse?” – seu pai suspirou.

“O seu casamento com Belinda não irá mais acontecer.”

Ótimo. Era bom saber que não estava sonhando, mas... Será que eles
sentiram remorso assim que viram que não estava satisfeito com o noivado e
resolveram acabar com seu desgosto?

“E por que não?” – Luis ergueu uma sobrancelha e respondeu.

“Porque os Schull estão perdendo suas posses e terras, e nós não
queremos um noivado desse tipo. Você sabe que a sua noiva tem que ser de uma
família tão nobre quanto a nossa.”

Ótimo. Sabia que não poderia ser remorso de qualquer forma. Mas aquela
última frase o fez sentir uma vontade imensa de rolar os olhos, afinal não se
importava nem um pouco com isso.

Espere. Se ele não iria mais se casar com Belinda... então queria dizer
que...

“Eu não vou mais me casar?” – Seu pai fechou os olhos.

“Vai sim.”

“Nós já arranjamos outra noiva para você e temos certeza de que você vai
aprovar.”

Christopher olhou do sorriso de sua mãe para o rosto impassível de seu
pai. Não tinha tanta certeza quanto a isso. Da última vez que eles disseram
aquilo não havia gostado nada da noiva. Observou sua mãe falar.

“E você vai ser apresentado a ela hoje de noite, então trate de parecer
apresentável, certo?” – O jovem revirou os olhos.

“Claro, pode deixar.”

“Então até mais tarde, filho.” – Viu os dois se virarem para ir embora
dali, mas logo lembrou que poderia pelo menos tirar uma dúvida.

“Esperem. Qual é a família dela?” – a Sra. Uckermann virou o rosto para olhá-lo
e limitou-se a piscar de forma misteriosa para o rapaz, sorrindo também.

“Surpresa.”

Droga. Odiava quando ela fazia isso.

Continua….

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MiH Uckermann XD