Fanfic: * Casamentos Arranjados(Vondy)*Terminada*

Capítulo IX

A janela de seu quarto estava aberta, deixando entrar uma fraca brisa e
também a pouca iluminação da Lua cheia, a qual era observada por olhos
extremamente castanhos, de forma pensativa. Em pé, apoiando os braços no
parapeito da janela, a jovem podia sentir a brisa balançar de leve seus cabelos
ruivos e compridos, afastando a franja de seu rosto.

Dulce usava uma fina camisola, a qual ia até acima de seus joelhos e
acentuava ainda mais as curvas de seu esbelto corpo. Estava tão perdida em
pensamentos, que não se importava com o frio por estar usando aquela roupa com
finas alças, deixando seus ombros descobertos.

Christopher...

Suspirou assim que esse nome ecoou em sua cabeça.

Não conseguia entendê-lo. Uma hora ele está todo carinhoso, ou pelo
menos tentando não ser tão frio, e depois fica todo irritado. No final, tudo
acabava em briga, como sempre. Aliás, havia achado um verdadeiro milagre terem
se acertado por pelo menos alguns minutos naquele dia, os quais foram marcados
por apaixonados beijos.

Seus olhos voltaram a se fixar na Lua, sentindo a face ferver
lentamente.

Os beijos de Christopher... Daria de tudo para estar beijando-o naquele
momento. Não entendia como os beijos dele poderiam tirá-la da realidade de uma
hora para outra... E quando se perdia em seu olhar ou quando ele sorria
fracamente...

“Ai, Dulce, pare com isso.” – Ela murmurou, fechando os olhos e
balançando a cabeça. É melhor que eu vá dormir logo...

Fechando a janela e cobrindo-a com as cortinas de veludo cor de vinho, a
jovem Saviñón se encaminhou para a cama, apagou as luzes do quarto e se
embrulhou com o lençol branco, pronta para cair no sono e afastar aqueles
pensamentos de sua cabeça.

No entanto, ela não lembrou que a vela sobre sua escrivaninha estava
acesa, iluminando alguns papéis sobre a mesma, na maioria cartas de sua família
e amigos. Tampouco imaginou que havia uma linha amarrada na vela, a qual
passava por debaixo da janela fechada. Robert havia apoiado uma escada na
parede do castelo até o quarto da jovem e naquele momento, analisava tudo com
seus olhos amarelos, segurando a ponta da linha.

Um sorriso vitorioso surgiu em seus lábios. Pronto. Dulce estava
dormindo e era só puxar um pouco aquele fio em sua mão para que a vela caísse e
começasse a queimar tudo, até que a jovem não pudesse sair e morresse queimada.
Era um ótimo plano. Resolveu não perder tempo e puxou o fio, fazendo a vela
cair e começar a incendiar os papéis.

Desceu da escada e correu para fora do castelo, assim que viu também as
chamas acabarem com a escrivaninha, concluindo que a partir daquele momento,
seria difícil escapar do quarto.

Dulce piscou os olhos várias vezes, atordoada com o cheiro que adentrava
suas narinas e também com o calor. Retirou as cobertas de si e rapidamente viu
as mesmas serem alcançadas por chamas. Arregalou os olhos. O que diabos é
isso?.!

O local estava todo coberto de chamas, as quais já haviam acabado com
sua escrivaninha, o lençol, as cortinas e estava começando a saborear os pés da
cama, fazendo a jovem dar um pulo do local. Dulce olhou para a porta, a qual
estava quase caindo devido à sua madeira ter sido queimada. Droga... Havia
apenas um jeito de escapar...

Aproveitando que a madeira da porta estava fraca, a jovem deu um chute na
mesma, fazendo um buraco, no qual teve que dar um jeito de passar. Ainda estava
na frente da porta, quando viu a mesma querendo ceder pelo chute que havia
dado, então sem demoras, se arrastou pelo chão, vendo os pedaços de madeira
caírem alguns centímetros à sua frente.

O barulho pareceu ter surtido algum efeito porque em seguida, apareceu
uma criada correndo, espantada.

“Dulce, o que acont-?” – A moça parou de falar e arregalou os olhos ao
ver o quarto pegando fogo e Dulce sentada no chão, apoiada pelas mãos, usando
sua fina e curta camisola, a qual estava expondo totalmente suas pernas. –
“E-Espere, eu vou trazer um casaco para a senhorita e ajuda também.”

E saiu correndo, deixando a Saviñón estática. Estava tão espantada com
tudo aquilo, que nem conseguia fazer movimento algum, nem se importar com a
roupa que estava usando e nem com os arranhões nos braços que ganhara por
passar pelo buraco na porta. Aquele incêndio havia sido tão súbito...

Sem se mexer, Dulce observou alguém correr em sua direção. Christopher.
Notou que ele também parecia surpreso com o quarto em chamas porque ficou
olhando para o aposento, perplexo, ajoelhado ao seu lado.

“O que diabos aconteceu aqui?.!” – Depois seus olhos se encontraram.

“E-Eu não sei...” – Dulce respondeu, numa voz atordoada. Apenas nesse
momento, o Uckermann analisou-a melhor e notou a roupa da jovem, observando que
além de ser mais fina que o normal, ainda deixava as pernas dela em exposição.

“Dulce, o que você acha que está fazendo com essa roupa no meio do corredor?.!”
– Ela o olhou, incrédula.

“E você acha que daria tempo pra eu trocar de roupa antes de sair
dali?.!”

“Aliás, por que diabos você estava usando isso?.!”

“Eu estava dormindo, sua anta! Por acaso você quer que eu durma com
aqueles vestidos?.!”

Christopher trincou os dentes, sentindo uma veia saltar em sua testa. Droga...
Agora só podia rezar para que nenhum guarda ou criado passasse por ali e visse
sua noiva daquele jeito. Até porque, somente ele podia fazer isso.

Levou um susto assim que viu alguém correndo até onde estava com Dulce,
mas descobriu ser apenas uma criada, trazendo um casaco nos braços. Não hesitou
em cobrir o corpo da jovem com aquilo, rapidamente puxando-a para si também,
como se estivesse tendo certeza de que ninguém podia vê-la com aquela fina
camisola.

“C-Christopher...” – Dulce corou com o ato dele, mas não fez nada
em protesto. Em poucos segundos, vários criados estavam correndo para lá, com
mangueiras nas mãos, começando a apagar o fogo. Os pais do Uckermann e Joaquim
também chegaram correndo ao local, atordoados.

“O que aconteceu aqui?” – Joaquim indagou, vendo o casal no chão e as
chamas do quarto tentando resistir à água. Alexandra se abaixou ao lado de
Dulce, retirando o casaco por cima de um de seus braços para ver os arranhões
que residiam ali. Nem mesmo isso, fez Christopher largar sua noiva.

“Dulce, o que foi isso...?” – A Sra. Uckermann perguntou, surpresa. Luis
notou que a jovem Saviñón ainda estava atordoada com tudo, então se virou para
seu filho.

“Explique logo isso, Christopher.”

Os três adultos esperavam ansiosos a resposta para aquela situação e
Christopher apenas respondeu:

“Eu não sei. Quando cheguei aqui a Dulce já estava no chão e o quarto
estava em chamas.” – Alexandra, ainda agachada ao lado da Saviñón, apoiou a mão
na testa dela, perguntando:

“Você está se sentindo bem, Dulce?”

“Sim... Está tudo bem, não precisa se preocupar.”

Dulce esperava que aquilo servisse de indireta para fazer Christopher
soltá-la e livrá-la daquele rubor no rosto, mas não funcionou.

Alexandra chamou um dos criados e mandou que lhe trouxesse os devidos
utensílios para cuidar daqueles arranhões nos braços da jovem, enquanto que
Joaquim e Luis tinham olhares pensativos, provavelmente sobre o motivo daquele
incêndio. Christopher estava ocupado demais em esconder o corpo de sua noiva
dos olhares de outros indivíduos do local, sem saber que estava fazendo-a corar
com aquilo.

“Aqui está, senhora.” – o criado voltou em pouco tempo e entregou tudo
para Alexandra, a qual se virou para seu marido e Joaquim.

“Que tal irmos para uma sala e poderemos discutir sobre isso enquanto eu
cuido de Dulce?”

Os dois apenas assentiram. Alexandra olhou Dulce e Christopher enquanto
levantava.

“Apenas sigam-nos.” – Os mais velhos já caminhavam na frente e Dulce
achou que enfim poderia se soltar de Christopher, mas sentiu ele carregá-la nos
braços, levantando do chão. Seu rosto enrubesceu drasticamente e resolveu
murmurar:

“C-Christopher...! O que diabos você está fazendo?.!” – Ele retrucou no
mesmo tom baixo.

“Fique quieta.”

“M-Mas eu já posso andar...!”

“E você acha que eu vou deixar esses caras te verem com essa roupa?”

“Mas eu estou usando um casaco por cima...!”

“Não vou correr o risco.” – Ele falou, fechando os olhos, como se desse
um ponto final na discussão.

Ai, meu Deus... Por que ele está me fazendo passar por isso?

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Sentada numa cadeira estofada, Dulce parecia ligeiramente aliviada por
ter se livrado de Christopher. Enquanto Alexandra estava cuidando de seus
arranhões, pensava consigo mesma que por um lado não queria ter se livrado do
rapaz. Afinal ele estava sendo tão possessivo... Tinha que admitir que havia
gostado muito daquilo. Ainda mais quando vinha de Christopher Uckermann, a
pessoa mais fria que conhecia naquele mundo.

Luis estava sentado numa das cadeiras, com Christopher ao seu lado, ambos
com olhares pensativos.

Joaquim havia acabado de entrar no aposento e estava fechando a porta da
sala, após ter ido ver se encontrava algo a salvo no quarto de Dulce, a pedido
da mesma. Todos voltaram os olhos para ele.

“Nada.” – Falou, balançando a cabeça, com uma expressão triste no rosto.
Dulce rapidamente ganhou esse mesmo semblante na face. Pelo menos seu bracelete
ainda estava a salvo. O bracelete que ganhara de Christopher no dia da festa de
comemoração de noivado. Provavelmente os pais dele haviam insistido que lhe
dessem, mas mesmo assim havia gostado da jóia. Ainda bem que havia esquecido de
tirar do braço antes de dormir.

“Até mesmo as minhas roupas...?”

“Não se preocupe, Dulce.” – Alexandra falou, sorrindo. – “Nós vamos
providenciar novas roupas para você.”

Abandonando um pouco a tristeza no olhar, a Saviñón conseguiu sorrir
fracamente.

“Obrigada...”

“Mas afinal como foi isso?” – Joaquim indagou, sentando ao lado de
Christopher numa outra cadeira. Luis e o jovem Uckermann saíram de seus
pensamentos, voltando a se concentrar naquela pergunta. Dulce apenas os encarou
e disse:

“Realmente não tenho idéia. Eu estava dormindo e acordei quando senti o
cheiro de fumaça...”

“Será que alguém entrou no seu quarto e colocou fogo?” – Joaquim opinou.
Christopher balançou a cabeça, retrucando.

“Não. Quem quer que fosse teria que passar pelos guardas dos corredores
para chegar até o quarto dela.”

“E a janela?” – Luis perguntou.

“Eu tranquei.”

Todos ficaram em silêncio depois da resposta de Dulce, e voltaram a
refletir sobre o assunto, até mesmo Alexandra que estava cuidando dos arranhões
da jovem. Os barulhos dos criados limpando o que havia sobrado do quarto
conseguia atravessar a porta e ser a única fonte de ruído naquele silêncio
profundo. Até que
Dulce franziu o cenho, parecendo compreender algo.

“Só se...” – Todos voltaram os olhos para ela, esperando-a continuar. –
“só se fosse a vela...”

“Vela?” – Christopher indagou, cético. – “Não acredito que você esqueceu
de apagar a vela.”

“Eu só esqueci hoje, ok?” – Ela retrucou em um tom irritado.

“Você ia ser queimada por sua própria burrice, Dulce. Não acredito
nisso.”

“Não foi burrice...! Eu apenas esqueci... E os humanos ainda erram, se
você não sabe.”

“Não desse je-”

“Já chega, vocês dois.” – Luis falou, cruzando os braços e suspirando. Alexandra
suspirou também, e Joaquim estava entretido demais com seu Paraíso Dos Amassos
para notar qualquer coisa.

“De qualquer forma, onde eu irei dormir?” – Dulce indagou, evitando
Christopher por estar irritada com ele.

Joaquim guardou seu livro e notou os olhares que Alexandra e Luis
trocaram. Será que eles vão mesmo...?

“Nesse caso, Dulce, você vai dormir no quarto do Christopher.” – o Sr. Uckermann
falou.

"O QUE?.!`

Continua…

Comentem !!

MiH Uckermann XD