Fanfic: Bella Traición | Tema: Anahi Y Alfonso

 Dez Dias Depois

   Poncho: Se não queria chegar comigo, viesse depois.

   Ucker: Poncho, nós chegamos meia hora adiantados. - Ele mal conseguia manter os olhos abertos - Isso porque eu ainda enrolei em casa. Quê te deu, hein?

   Poncho: Nada demais. - Ele fechou o próprio armário e pôs o jaleco - Não posso acordar animado?

   Ucker: Pra trabalhar? Você não me engana, Poncho. Queria saber quem você quer enganar.

   Poncho: Você não acredita mesmo que eu tenha vontade de trabalhar? Ucker, você sabe que eu gosto disso tudo, apesar das reclamações.

   Ucker: Espero sinceramente que isso tudo não tenha nada a ver com a Anahí. - Ele fechou seu armário e encostou a cabeça nele, de olhos fechados.

   Poncho: Por que teria?

   Ucker: Maite me contou o que você fez na festa. Com ela.

   Poncho: Contou, é? - Ele sorriu. Any devia ter contado para a morena. Era bom. Se o beijo não tivesse mexido pelo menos um pouco com ela, Poncho duvidava que Anahí teria aberto a boca. E não importava se havia mexido com ela positiva ou negativamente. Pelo menos ele não era tão indiferente quanto as vezes ela dizia.

   Ucker: Depois, quando você se ferrar, não vem me pedir ajuda feito quando seus pais te tiraram tudo ou quando nós fizemos um escarcel nas coisas do professor pra mudar sua nota. - Ele virou o rosto para o amigo, ainda escorado no armário.

   Poncho: Quando você acordar pela manhã e der de cara com ela saindo do meu quarto nós conversamos.

   Patricio: Ela quem, Poncho? - Ele entrou no vestiário, com um copo de café na mão.

   Poncho: Uma mulher aí.

   Any: Estranho seria se fosse um homem. - Ela apareceu atrás de Patricio - Aliás, estranho é vocês dois estarem aqui. - Ela abriu o seu armário - Caiu da cama e arrastou o Herrera pra cá, Christopher?

   Ucker: Antes fosse. Quem caiu da cama foi ele. Eu vou cair daqui a pouco, numa maca ou num sofá da recepção. - Bocejou.

   Any: Maite chegou no prédio com essa mesma cara. Dia de semana não é o mais indicado pra virar a noite namorando.

   Poncho: Ah, então é por isso que você tá assim! - Ele deu um soco no ombro do amigo - Anahí tem razão, bro. Suas loucuras sexuais podem esperar pelo fim de semana.

   Any: E você, Herrera? Qual seu problema?

   Poncho: Por quê?

   Patricio: Poncho, você tá aqui há um ano, e nunca, nunca chegou tão cedo.

   Any: E tão arrumadinho. As batas indianas, onde estão?

   Poncho: Se você quiser posso voltar a usar. Mas pensei que causaria uma impressão melhor de camisa social.

   Patricio: É, parece que milagres acontecem mesmo. Nos últimos dias você tá mais focado no trabalho que todos os outros residentes juntos.

   Poncho: Digamos que eu tenho meus motivos pra isso. - Ele olhou para Any, que estava de costas para ele, mexendo em seu armário.

   Any: Vamos ver quanto tempo esses motivos serão suficientes pra você. Vamos vocês dois, já que estão com tanta vontade de trabalhar, vamos ver o que temos pra vocês.

Poncho a seguiu, mas ao perceberem que Ucker não havia ido junto, voltaram.

   Patricio: Acho que ele dormiu.

   Poncho: Ucker? - Ele balançou o amigo, de leve - Acorda, bro! UCKER!

O rapaz se sobressaltou, e olhou em volta, assustado.

   Any: Vamos, Christopher. Depois das primeiras visitas você pode ir descansar um pouco.

Ele assentiu, ainda meio perdido.

Anahí, Patricio, Ucker e outros residentes observavam Poncho examinar e questionar uma adolescente que havia chegado ao hospital com dores no abdome. Any, apesar de gostar muito do quanto Poncho estava produzindo nos últimos dias, sentia que aquela mudança tinha a ver com o que acontecera dias atrás. Na verdade, tinha quase certeza. Só não sabia se ele fazia aquilo para retratar-se ou para impressioná-la.

Ela não era tonta. Havia levado a sério as palavras de Maite - pelo menos algumas delas - e sabia que se Poncho não havia tentado mais nada, ainda tentaria.

E tinha medo disso. Tanto de resistir e ele fazer algo a força quanto de não resistir. Poncho emanava sexualidade e, Deus, ela sempre havia gostado de homens assim. Levi era assim antes do nascimento de Matias. E esse havia sido um dos motivos decisivos para ela dizer 'sim' no casamento, mas depois de um problema durante a gravidez Levi cismou que a atividade deles podia ser culpada e as coisas esfriaram. Ele morar longe ajudava muito também. Se viam somente nos fins de semana, e Matias teimava sempre em dormir com eles, o que reduzia a quase nada as relações do casal. Mas no fundo sabia que se Levi quisesse, se fizesse um esforço, eles poderiam disfrutar do que queriam. Ou pelo menos ela queria. Tantas vezes chegou até a questionar se ainda era desejável, se ainda era atraente, porque o marido não parecia sentir falta do seu corpo.

Ela sem sexo há dias e Poncho ali, verificando os batimentos cardíacos da garota, dando uma visão privilegiada de seu bumbum a Any.

É, a vida não era justa.