Fanfic: Bella Traición | Tema: Anahi Y Alfonso

   Horas Depois

   Poncho: Aproveitou as férias? Relaxou? - Perguntou na sala onde os residentes costumavam ficar quando não estavam na lanchonete ou trabalhando.

Era no mesmo andar da lanchonete. Havia ali sofás, cadeiras e num canto até um colchão que eles usavam quando o cansaço era demasiado. Perto de uma estante com alguns livros úteis aos residentes ficava um quadro, que esses utilizavam para desenvolver melhor seus casos. Aquela sala era praticamente a 2ª casa deles.

   Any: Sim, sim. Meu marido e eu tivemos bons momentos, mas não vamos falar sobre minha férias, não é?

   Poncho: Vai começar a me xingar agora?

   Any: Gosto de ouvir suas desculpas.

Ela as escutava há mais de um ano, desde que o jovem prepotente de cabelos negros encaracolados caíra sob sua responsabilidade. Alfonso, mais que qualquer outro residente, era incrivelmente cara-de-pau e inventava as mais diferentes desculpas para seus atrasos. Não era o tipo de pessoa preferido de Anahí, e provavelmente por isso implicava tanto com ele.

   Poncho: Tive que levar meus pais pro aeroporto.

   Any: Hum...

   Poncho: É sério. Eles passaram a semana aqui, e o avião pra capital saia cedo, mas todo mundo sabe que é difícil dirigir por lá no horário de almoço.

   Any: E isso justificaria seu atraso de quase uma hora e a roupa.

   Poncho: É. Pode até perguntar pro Ucker, ele vai confirmar que meus pais estavam aqui.

   Any: O Dr. Christopher já confirma suas histórias sem nem conhecê-las.

   Poncho: Dessa vez é verdade. Eu não posso ir a Buenos Aires há sabe-se lá quanto tempo, então meus pais decidiram vir. A uma hora dessas devem estar num hotel no DF, vão pra Argentina de madrugada. E por que você chama todos pelo nome menos eu? - Cruzou os braços e fez cara de emburrado.

   Any: Porque você é meu preferido, você sabe. Então, dessa vez a desculpa é aceitável, mas da próxima seria bom ligar pro hospital e avisar. Isso é, se você tiver um problema.

   Poncho: Sim, senhora. Bom saber que seu marido consegue acalmá-la. Você está mais calma, relaxada, feliz... até mais jovem, eu diria.

   Any: Eu sou apenas uns meses mais velha que você, Herrera. Não vamos falar de idade.

Sim, Poncho tinha 28 anos e ainda fazia residência. Motivo? Entrou na faculdade com vinte anos, e repetiu um ou outro período. Fizera Medicina a pedido do pai, que estava cansado de ver o filho a toa. A princípio não queria nem saber do curso, mas depois que seu pai lhe tirou o apartamento, a moto e quase pegou seu carro Poncho decidiu dar atenção às aulas, e graças a Ucker encontrou algo que lhe interessava na Oncologia.

   Poncho: Vamos falar de quê, então? Ah, me diga. - Ele sentou no encosto de um sofá - Quando o Levi vai pro DF? Preciso saber a partir de quando você vai voltar a me tratar como um cachorro. - Ele sabia que anahí não gostava de falar sobre sua vida no trabalho, e é lógico que por isso insistia tanto no assunto.

   Any: Trato cachorros de um jeito muito melhor que trato você, Herrera. E meu marido volta para a capital em poucos dias. Não que isso te interesse, é claro. Falemos sobre a Sra. Ramirez. Já descobriu ao menos porque ela está internada?

   Poncho: Dor de cabeça, dor nos olhos... Sem doenças na família... Os primeiros exames não apontaram nada. Pedi uma tomografia.

   Any: Vamos ver o que você vai me mostrar em algumas horas.

Ela saiu da sala ao mesmo tempo que Christopher entrou. Ele viu que Poncho fazia caretas para ela e se sentou no sofá em que o amigo estava escorado.

   Ucker: Ela pegou pesado com você?

   Poncho: Não. Chegou até a ser simpática. - Se virou para o amigo - Acho que essa história de que falta de sexo deixa as mulheres mal-humoradas é verdade. Ela sai de férias com o marido por dez dias e nem me xingou pelo atraso.

   Ucker: Você não devia falar dela assim. Anahí é uma boa pessoa. Deve ser difícil criar o filho com o marido morando em outra cidade.

   Poncho: Mas eu não tenho culpa, tenho?

   Ucker: Mai sempre me falou que ela sofre por levar a vida como leva. Trabalhando demais, com o marido longe, um filho de um ano que fica mais com a Maite que com ela...

   Poncho: Falando nisso, já conseguiu conversar com ela?

   Ucker: Ela não me atende de jeito nenhum. Eu ligo, paro em frente ao prédio, ameaço que vou entrar por uma janela... Nada. Ela não quer nem saber de mim. 

   Poncho: A morena ficou mesmo chateada, né?

   Ucker: E eu sei que ela tem um pouco de razão. Apesar de tudo ter acontecido antes da gente começar a sair, um filho é um filho e -

   Poncho: E é um filho com a sua prima de primeiro grau que mora com a gente. - Completou.

   Ucker: Nem me fala, Poncho. Minha vida tá um lixo. - Passou as mãos pelo cabelo.

   Poncho: A Megera não pega no seu pé, pelo menos.

   Ucker: Não tem comparação. Eu engravidei minha prima que mora com a gente. Nossa família nunca vai aceitar que ela tenha esse bebê se souberem que é meu, por causa do nosso parentesco. E justo quando eu finalmente comecei a sair com a Maite a bomba veio e ela não quer mais saber de mim. Se você ainda acha que a Anahí é pior que tudo isso, troca de lugar comigo.

   Poncho: A Dulce já contou pros pais?

   Ucker: Eles vão querer o nome do responsável quando ela contar.

   Poncho: Vocês não podem esconder isso por muito tempo.

   Ucker: Eu sei. Mas ainda estamos confusos com tudo. Nós só decidimos ter a criança há alguns dias. Se pelo menos tivesse um jeito de disfarçar a gravidez... ou pelo menos omitir a minha participação nela, enquanto o bebê não nasce. - Ele deu um tapa na cabeça - O que eu faço, cara?

   Poncho: Sobre sua família eu não sei, mas eu posso ir falar com a Maite.

   Ucker: Sério? - Ele encarou o amigo, um sorriso brotou em seus lábios.

   Poncho: É, sério. Meu plantão aqui acaba amanhã as seis da tarde. Eu posso ir lá.

   Ucker: Cara, eu vou ficar te devendo uma.

   Poncho: E eu vou cobrar. Agora vou atrás do Chris, pegar os exames de sangue que pedi da paciente que a irmã dele me deu.

   Ucker: Ela já tinha feito esses exames, não?

   Poncho: Eu pedi pra repetir. E tenho que pegar a tomografia dela também. Preciso resolver tudo isso até amanhã. A gente se vê. - Ele saiu da sala.