Fanfic: Child Star (Terminada) | Tema: Vondy (Adaptação)

Dulce

Tudo que eu podia fazer era observar.
03h17
03h18
03h19
Os números mudavam diante de meus olhos, e eu não podia fazer 
nada, além de olhar, apertando os travesseiros debaixo da minha 
cabeça. Duas horas. Isso é quanto tempo tinha passado desde que eu matei... assassinei... minha mãe. Chris não tinha vindo para o quarto desde então, e eu estava com muito medo de sair. Eu tinha tomado um banho, mas eu não tinha certeza se era para eu me vestir. Minha cabeça parecia que estava girando, e ficar na cama parecia ser a minha única escolha. Mas no momento que eu me deitei, eu senti como se o mundo inteiro estivesse agora nas minhas costas, me sufocando. Eu chorei, e se minha garganta não doesse tanto, eu tinha certeza de que eu estaria chorando também.
Eu não queria.
Juro por Deus, eu não tive a intenção de matá-la.
Isso não importa, não é? Se eu queria ou não, um assassinato era um assassinato. 
Não havia como desfazer merda assim.
O que acontece agora?
O que eu faço agora?
Eu ouvi uma porta abrir e fechar - eu ouvi um monte de coisas. Mas, novamente, eu não me mexi.

03h29

— Dulce.

Pela primeira vez desde que eu deitei, meus olhos se deslocaram do relógio para ele. Ele entrou pela porta, vestido apenas cueca. Onde suas roupas tinham ido, eu não tinha certeza. 
Ele se aproximou lentamente, e eu estava grata por isso, por algum motivo. Deitando à minha direita, ele rolou para o lado dele, bloqueando a minha visão do relógio e me forçando a olhar em seus olhos.

— Você. Não. Fez. Nada. De. Errado.

Rle afirmou claramente, tão claramente eu quase queria acreditar nele.
Eu abri minha boca para discutir, mas nada saiu.

— Dulce, você não fez nada errado, — repetiu ele. — Se você tivesse chamado a polícia, eles teriam levado você. Você teria que passar através de um processo público e seria ridicularizada e dilacerada por cada personalidade da televisão, apresentador de rádio e blogueiro. Sua carreira estaria acabada. Mas no final, você seria considerada inocente. Eles diziam que foi autodefesa. Então eu não vejo nenhuma razão para você passar por tudo isso. Eu acho que você não é culpada e me recuso a deixar que isso te destrua.

— C-como... — minha voz falhou e ele levou um segundo para eu conseguir dizer as palavras. — Como você sabe? Você não estava nem mesmo aqui.

— Porque eu conheço você, — disse ele, sorrindo quando ele colocou a mão na minha cintura. — Dulce, você não é apenas uma boa pessoa - você é uma bela pessoa. Se você não fosse, não estaria tão perturbada no momento. Você precisa saber que você não é uma assassina. Você é uma mulher que lutou e venceu. Não há vergonha 
nisso.

— Ela era minha mãe, — eu disse, tropeçando no passado.

— Isso nunca lhe deu o direito de abusar de você.

Por alguma razão, esse comunicado foi como uma lâmpada sendo ligada em minha mente. Eu nunca teria que me esconder dela novamente. Eu nunca iria chorar por causa dela novamente. Eu estava livre. Aos poucos, toda a culpa, raiva, tristeza, tudo - apenas desvaneceu no fundo, e minhas lágrimas pararam.
Eu só tinha uma pergunta.

— O que acontece agora?

Ele rolou de costas, olhando para o teto. Igual a ele. Era como se ele não tivesse certeza do que dizer.