Fanfic: Quando a Vida Escolhe ❥ | Tema: AyA

- Anahí -

- Isso não é engraçado quanto parece ser para você - soltei irritada pela zombaria.

- Você nem sabe o que é amor Anahí! Quero ver onde vai achar o amor quando estiver com a barriga encostada em um fogão segurando um filho no braço e outro lhe puxando pela saia enquanto seu marido recebe uns trocados vendendo pão. Porque é esse seu futuro, é exatamente esse seu futuro se continuar com esse miserável.

Ela não mais gritava, mas sua voz saia clara e em um tom bem audível, me fazendo rezar mentalmente para que meu pai não aparecesse por ali.

- Eu não me importo com o dinheiro! - o choro já estava preso em minha garganta, mas eu não queria chorar, não queria ser fraca na frente dela.

- Não mesmo? - ela andou pelo meu quarto - É fácil dizer isso não é? É fácil dizer enquanto mora em uma casa como essa, enquanto tem um carro livre para te levar onde bem entende, enquanto tem um guarda roupa assim - disse abrindo todas as portas - cheio, com roupas lindas e caras. E os sapatos? Ah! - ela me encarou - Olha só para isso Anahí, olha só para o seu quarto, me diz onde está sua indiferença para o dinheiro? Você não é humilde nem no sabonete que lava os pés!

- Mas eu não ligo se tiver que perder tudo isso pelo Alfonso, porque pelo menos não vou ser infeliz igual você! - despejei em cima dela e senti meu rosto arder com o tapa que recebi.

Levei a mão por instinto onde ela havia deixado uma marca vermelha, as lágrimas que estava tentando segurar agora já rolavam pelo meu rosto. Eu queria sair correndo daquela casa, queria correr para Alfonso. Não me importava mais nada, eu só o queria.

- Nunca mais - minha mãe dizia entre dentes - Nunca mais repita isso.

- O que é? Dói escutar a verdade? VOCÊ É UMA INFELIZ - meu corpo convulsionava devido ao choro desesperado - PODE TER TODO O DINHEIRO DO MUNDO, CONTINUA SENDO UMA INFELIZ DESPREZIVEL! EU NÃO VOU DEIXAR FAZER O MESMO COMIGO!

Assim que terminei a frase virei o rosto e dei de cara com meu pai. Ele estava nos encarando, parado na porta. Era tudo o que eu menos precisava naquele momento. Desgraça pouca é bobagem.

- O que está acontecendo aqui? - ele pronunciou sério demais.

- Nada Enrique, nós já resolvemos - minha mãe disse sem desviar os olhos de mim - Comece a arrumar suas coisas Anahí - ela disse caminhando para a porta - amanhã mesmo irá embarcar para Nova Iorque, sinto muito não dispor de tempo para se despedir daquele pé rapado.

- Eu te odeio - murmurei fracassada - TE ODEIO, TE ODEIO - gritava amargurada, queria feri-la, queria que ela sentisse o mesmo que eu.

Deixei meu corpo cair sobre a cama enquanto tentava frear as lágrimas do choro alucinado que tomava conta de mim. Tinha que haver um jeito de sair dessa loucura, minha mãe não podia fazer isso comigo. Porque era tão difícil entender que Alfonso e eu nos amávamos? Porque ela não podia agir como uma pessoa normal, sem me jogar pro outro lado do mundo apenas para atender um mero capricho? Sentia meu corpo tremer em consequência da ira. Meu coração doía, tinha a impressão de que havia uma mão dentro de mim espremendo tudo o que encontrava pela frente, eu estava me sentindo um fiasco, estava totalmente derrotada. Estavam me separando de quem eu mais amava na vida, e eu não via um jeito de lutar contra isso.

- Ma-i - pronunciei soluçando quando escutei a voz da minha prima do outro lado da linha - ela vai me mandar pra longe dele, me ajuda.

- Calma Any, eu não consegui compreender nada - parei de chorar e respirei fundo tentando melhorar minha fala.

- Minha mãe - eu fiz uma pausa para que ela assimilasse o que eu dizia - ela vai me colocar em um avião amanhã mesmo, direto pra casa da tia Cam - eu dava voltas pelo meu quarto tentando de modo inútil tirar toda a adrenalina que estava no meu corpo.

- Nossa - escutei sua lamúria, Maite era além de Alfonso a única pessoa que iria sofrer tanto quanto eu - Isso é terrível.

- O que eu faço? Ela já deve estar fazendo a cabeça do meu pai agora, eu não terei saída, e nem vou conseguir me despedir de Poncho - fechei os olhos ao me lembrar desse detalhe - ele não vai me perdoar, eu mais uma vez não tive coragem de enfrentar tudo por ele, me ajuda Mai, o que acha que devo fazer?

- Any isso é tão delicado - continuei em silêncio para que ela prosseguisse - deve fazer o que sua mãe quer - Maite, de que lado você está afinal?! - vai, e espere que a raiva dela passe. E então converse com a minha mãe, ela vai te entender e vai dar um jeito de te mandar de volta para cá, sem causar fúria na tia Mari... Any? Você está meu ouvindo?

Não sei há quanto tempo meus pais estavam gritando, estava tão envolvida com Maite no telefone que não consegui distinguir o início do berreiro, mas agora a voz da minha mãe ultrapassava as paredes e estrugiam pela casa. Não era possível compreender com louvor o discurso que ela fazia, mas era perceptível que estavam brigando.