Fanfic: Quando a Vida Escolhe ❥ | Tema: AyA

- Alfonso -

Nunca me senti tão humilhado, as palavras de Anahí estavam sendo um chute na boca do estômago. Parecia outra pessoa, não era a garota que eu havia me apaixonado e sonhado em ter ao meu lado pela vida toda. Ela estava sendo cruel, estava jogando sujo o tempo todo enquanto eu só lhe dava amor, enquanto eu só tentava ser o melhor para ela a cada dia. Eu esperava chegar aqui e ser recepcionado por ela com abraços e beijos, e que depois de conversarmos com os pais dela tudo ficaria bem. Talvez eu escutasse tudo o que ouvi, mas jamais pensei que seriam da boca dela. Estava surpreso, e acima de tudo menosprezado. Ela tacou na minha cara tudo aquilo que sempre tive medo. Ela zombou da profissão do meu pai, zombou da minha casa, da minha família, que sempre lutou contra o mundo para que hoje pudéssemos ter tudo o que tínhamos. É claro que não era muito, nem chegava perto do que ela tinha, mas foi conquistado com suor, dia a dia, e isso me enchia de orgulho. Enquanto ela dava as últimas palavras, lágrimas rolavam sem que eu pudesse conter, meu pranto era doloroso, lôbrego, infeliz. Se estivessem fincado uma faca no meu peito presumo que a dor seria mil vezes menor do que a que sentia com o desabafo que ela fazia. Minha vontade era de impedir ela de entrar em casa, apesar de toda magoa que eu estava sentindo, era burro o bastante por ainda amá-la do jeito mais puro que alguém podia amar alguém. Só queria saber como olhar a garota que eu amava e idealizava como mulher para a vida toda, e ter que aceitar que eu tinha que seguir em frente.

- Rapaz, vá embora - notei a mãe de Anahí na sacada quase em cima de onde eu estava - Escutou minha filha, ela não quer saber de você.

Não me dei ao trabalho de responder, baixei a cabeça novamente e me virei pronto para descer os lances da escada. Minha visão estava turva pelas lágrimas que não paravam de rolar. Meu pranto agora fazia meu corpo dar breves contrações involuntárias e convulsionava alguns músculos. Não sei como cheguei tão rápido na portaria, o caminho de volta pareceu curto demais se comparado à ida. Agradeci quando vi o carro de Dulce ainda ali. Ela desceu do carro com o semblante preocupado e caminhou em minha direção.

- Poncho o que foi? - não conseguia responder, abria a boca inutilmente tentando dar som a minha voz - A mãe dela te botou pra correr foi isso? Se quiser volto lá e teremos uma conversa de mulher pra mulher - ela disse graciosa arrancando um leve sorriso dos meus lábios.

- Não foi a mãe dela - disse já perto do carro, agora mais calmo - Foi a própria Anahí, ela me humilhou da pior maneira possível, me enxotou como não se faz com um cachorro.

- Sinto por isso Alfonso - Dulce deslizou o dorso da mão pelo meu rosto secando alguns rastros que o choro havia deixado - Ela nunca mereceu você de verdade, eu sempre soube.

Permanecemos em silêncio enquanto entravamos no carro e ela dava partida. Lembrei das palavras de Anahí, sobre o interesse de Dulce em mim. Nunca havia me ligado nisso de fato, sempre ouvia alguns boatos no colégio logo quando entrei, mas nunca dei bola, meu foco sempre foi Anahí. Agora, depois de toda essa confusão confesso que a única coisa boa disso tudo foi saber que uma garota linda e gente boa como Dulce pudesse se interessar por um pobre e sem nada para oferecer como eu.