Fanfic: Quando a Vida Escolhe ❥ | Tema: AyA

- Anahí -

Assim que entrei em casa desabei no chão encostada à porta. O choro parecia vir da alma, não estava agüentando mais esse sofrimento, será que eu merecia mesmo passar por isso? Minha tia Cam vivia filosofando que tudo o que passamos na vida já foi previamente escolhidos por nós mesmos antes de encarnamos, esse papo todo estranho que ela insistia em ter comigo e Maite quando questionávamos algo da vida parecia ser a única explicação para tanta desgraça na minha vida. Pelo menos conscientemente eu nunca fiz nada de mal para ninguém. Ok. Eu confesso que já fiz algumas fofocas maldosas sobre Dulce Maria quando ainda éramos pequenas, e que adorava cortar as minhocas ao meio vendo-as se debaterem na terra quando eu e Maite brincávamos no jardim de casa, mas creio que Deus não iria me devolver um castigo tão cruel por bobeirinhas de criança. É por isso que estou aceitando o fato que em vidas passadas eu fui uma grande filha da puta, e devo merecer passar por tudo isso agora. Só pode.

- Estou muito orgulhosa de você Any - escutei os saltos de minha mãe retinir sobre o mármore da escada.

- Mãe eu não estou bem, por favor, me deixe em paz - eu dizia entre soluços, ela devia estar adorando todo meu sofrimento.

- Pare de chorar Anahí, não vê que ele só queria se aproveitar de você? - agora o barulho dos saltos estava mais próximo. Eu tinha as pernas dobradas com os dois braços sobre elas e a cabeça baixa. Meu cabelo caia sobre os ombros.

- Marichello eu te imploro, me deixe em paz - não queria ouvir nada, só precisava sentir toda a dor que merecia, para que ela fosse embora o mais rápido possível.

- Sua tia já está sabendo que irá embarcar, tem exatamente quarenta minutos para se arrumar e se despedir de sua prima - ela dizia aquilo com tanta naturalidade que cheguei a ficar em dúvida se ela tinha mesmo um coração.

- E a vovó? - murmurei erguendo meu rosto.

- Irá ficar aqui por uns dias ainda - ela se inclinou esticando as duas mãos para que eu pudesse me erguer, segurei nela e peguei impulso me levantando.

- Eu não posso ir quando ela for mãe? - minha voz saiu tremula - por favor...

- Trinta e oito minutos Anahí, acho bom você se apressar.

Levei mais de trinta e oito minutos só para me despedir de Maite, o chororô foi total. Ela implorava para que eu ficasse mesmo sabendo que nada do que eu fizesse faria minha mãe mudar de ideia. Eu pedia para ela não ficar triste, porque isso iria me deixar ainda pior, e que logo iríamos nos ver. Maite era sempre tão segura de si e tão controlada, que ver ela desestabilizada com a minha partida me deixou ainda mais abalada emocionalmente. Eu iria ir com um jatinho particular da família de Manuel, por isso a história dos minutos que minha mãe havia dito era pura balela, só tinha prazer em acabar comigo. A despedida do meu pai também foi muito triste, mesmo sabendo que em menos de um mês ele estaria lá para me ver. Já minha mãe me deu um rápido abraço e me empurrou para que eu fosse logo. Subi aos prantos, e quando cheguei ao meu destino, ainda havia lágrimas escorrendo pelo meu rosto.