Fanfic: Querida Mãe Criminosa... | Tema: Vondy

Capitulo 001 – Mamãe Desaparecida

O dia começara nublado, com ventos fortes naquela pequena cidade do interior, fazendo os cachinhos loiros daquela menininha de poucos dez anos voarem como uma bandana furiosa. Ela apertou bem forte a mão de seu pai, enorme e reconfortante na sua, quando sua pequenina escola de tintura amarela começara a surgir no final da rua, com janelas de contornos azuis e portão de ferro.

-Papai –Chamou ela, impedindo de olha-lo, concentrando os grandes olhos amendoados em sua sapatilha preta, querendo reprimir as lágrimas que queimavam em seus olhos.

-Oi, pequena –Ele respondeu, virando seu rosto para ela, e a menina teve a mesma sensação toda vez que ele dizia aquele apelido, com saudade e como se estivesse a ponto de cair em lágrimas, com a voz embargada.

-Hoje é dia das mães –Comentou, chutando uma pedrinha do caminho, como se fosse um assunto muito normal e casual para eles. A mão enorme de seu pai apertou com um pouco de mais força a sua, e ela se perguntou mais uma vez como ele conseguia pintar com elas, ou tocar piano, ou fazer suas cirurgias.

-Eu sei, Clary –Ele respirou fundo, quando finalmente pararam em frente a escola, estavam atrasados e a calçada e o pátio frontal estavam vazios, com folhinhas amarela rodopiando em pequenos tornados.

Clary fungou, passando as mãos nas bochechas, secando as lágrimas que rolavam sem freio. O motivo de estarem atrasados naquele dia, era porque ela havia chorando, batido os pés, cruzado os braços e feito cara feia, jogado a comida no chão, um grande espetáculo na frente da avó e dos parentes apenas para o pai chegar a abraçando chorando junto e murmurando palavras bonitas, dizendo que a entedia e que era melhor não complicar aquela história já complicada, por fim, ela subiu para seu quarto, pôs o uniforme e foi com ele de mãos dadas até ali.

-Não chora, meu amor –Ele disse, e apesar da grande estatura, do rosto bonito de homem feito, de estar com a maleta de médico apoiada no chão, chorou junto, deixando as lágrimas virem também.

-Eu queria que ela estivesse aqui –Falou Clary, meio fungando, meio tentando parar de chorar.

-Eu também, e eu não queria que tivesse que passar por isso –Seu pai falou e havia tanta dor e sinceridade ao mesmo tempo em sua frase, que Clary parou de chorar no mesmo instante, embora os olhos ainda estivessem vendo tudo nublado pelas lágrimas –É dia das mães, e você não tem sua mãe, mas tem a mim, a vovó Jenny, as Tias Angelina e Kim, o Titio Otto e Artur, e ainda seus primos e primas. Será que não basta? –Ele deu um meio sorriso, fazendo a menina suspirar.

-Claro que basta, mas e para os meus colegas? –Ela olhou para as paredes amareladas e pensou que seria como todos os anos anteriores, todos fazendo cartõezinhos rosa e cheios de glitter para as mães, e ela sentada em um canto afastada, escrevendo um simples “Feliz Dias das Mães, Papai” e chorando.

-Eles não importam –Seu pai respondeu, e quando olhou para ele novamente viu que estava chorando, e em seus olhos haviam tanta dor, tanta dor, e ela se sentiu mesquinha por estar chorando por aquilo, sabia que seu pai amava sua mãe, e ela os havia abandonado poucos dias depois de Clary nascer, o deixando com uma recém –nascida e sem a mulher que amava.

Ela fechou os olhos, enquanto respirava fundo, tinha uma família enorme, barulhenta, e amorosa, que a apoiavam e a amavam, que diferença faria uma mãe que não a queria? Tinha um papai maravilhoso e uma família sorridente. Seus colegas e sua mãe não importavam.

-Não –Concordou ela, e seu pai se abaixou, ficando na mesma altura que ela, e Clary o abraçou, bem apertado, daqueles que soltamos as pessoas, mas elas ficam mesmo assim –Só o que importa é você, papai.

-Ótimo –Ele arrumou o rabo de cavalo da filha, e deu-lhe um sorriso molhado de lágrimas salgadas –Tenha um bom dia, pequena.

Ele lhe deu um beijinho no rosto, daqueles bem de levinho e outro em seu nariz arrebitado, a fazendo rir e a olhou acenando, enquanto ela entrava e sumia pelos corredores.

Clary arrumou a mochila no ombros, apertou o rabo de cavalo, passou a mão pelo uniforme e entrou na sala, murmurando um pedido de desculpar para a professora e se sentando na cadeira, olhando a folha rosa e algumas coisas em sua mesa: glitter, hidrocores, e outros.

-É para fazer o cartão de Dia Das Mães –Falou a professora, uma sujeita de olhos azuis e cabelos coloridos –o que era meio estranho para uma professora de uma escola tão seria. –Mas se não quiser fazer, tudo bem.

A loirinha olhou para os lados, onde seus colegas riam e faziam seus cartões decorados e personalizados para as mães, e de vez em quando jogavam nuvens de pontinhos brilhantes que caiam em algumas meninas que reclamavam e revidavam. Ela fez uma caretinha e olhou para a professora, que dava um sorrisinho complacente.

Acenou, pegando os hidrocores.

-Eu quero fazer.

Alguns minutos mais tarde, Clary olhou para sua obra de arte: um cartão rosa, dobrando no meio, com florzinhas desenhadas em azul e amarela, com grandes letras em glitter rosa pink:

MAMÃE DESAPARECIDA, MAS ESTE CARTÃO É PARA MEU PAPAI, QUE É MEU PAI E MINHA MÃE. TE AMO, PAI.

Por fim, ela assinou seu nome com hidrocor lilás: Clarissa Von Uckermann.