Fanfic: Querida Mãe Criminosa... | Tema: Vondy

Capitulo 002 – E Ela Deixou-me Morrendo

Christopher jogou a maleta no canto da sala, pegando rapidamente o interfone e dizendo para cancelar a primeira consulta daquela manha, sua secretária concordou rapidamente, antes dele desligar arrasado.

Sua pequena Clary. Sua frágil e dócil Clarissa.

Chorando, vermelha, soluçando e fungando por causa da inconsequente Savinõn, que mesmo dando á luz a menina não teve pena de deixa-la apenas com duas semanas de vida e sumir pelo mundo sendo a sem cérebro que sempre foi.

Quem dera, sentir raiva dela, ele pensou. Ele ainda lembrava dela: maluca, sorridentemente louca e com cheiro de flores. Ele poderia arcar com as escolhas erradas dele, claramente Dulce Maria era uma delas, mas não a deles dois.

Clarissa não tinha culpa de nada, ela apenas havia nascido, vindo ao mundo por um acaso, um tropeção deles dois. E agora, ela sofria, e ele ainda mais. Dulce, Dulce, Dulce...

Merda, haviam se passado dez anos e ele ainda pensava nela, sonhava com ela, afinal quem podia culpa-lo? Passava todos os dias pelas mesmas ruas que eles fizeram loucuras há tantos anos atrás, olhava para os mesmos olhos todos os dias e lembravam-se dos dias nublados que ficaram juntos.  Christopher passou as mãos pelos cabelos, respirando fundo, se sentindo sem ar, como se seus pulmões houvessem parado.

Com um susto, ele percebeu seu celular vibrando no bolso, encontrando o rosto maquiado de Jennifer Von Uckermann na tela, sorrindo maravilhosamente, com calorosos olhos castanho-dourados iguais aos seus. Ele atendeu, colocando no viva-voz rapidamente.

-Oi, mãe –Ele respirou fundo, mordendo a parte da bochecha dentro da boca, para ver se conseguiria não chorar novamente.

-Oh, querido, eu sinto tanto –A voz de sua mãe, preocupadamente reconfortante o fez suspirar –Clary está bem? –Perguntou, e ele já a imaginava mordendo o lábio inferior, preocupada com a netinha mais nova.

-Acho que sim, eu não sei –Ele pegou uma caneta, sabendo que não conseguiria ficar quieto fisicamente com aquele assunto como base da conversa –Ela está abalada, como todos os anos fica, mas acho que este ano está melhor –Explicou, queria que não houvesse necessidade daquilo todos os anos, mas tinha fé, muita fé que logo aquilo despareceria como fumaça no ar.

-Espero –Falou sua mãe, e ele escutou alguns barulhos como panelas se batendo –Vou fazer um bolo de cenoura para ela e talvez, só talvez um pudim de leite –Christopher sorriu, sabendo muito bem que aquele talvez era uma certeza, quando chegasse em casa com Clary um bolo e um pudim os estaria prontos.

-Certo –Ele pairou o dedo sobre a tela, com toda a certeza que iria desligar, mas algo entupiu sua garganta e ele falou: -Mãe, eu... Obrigado, por tudo.

-Oh, filho... –A voz de Jenny parecia meio embargada e ele xingou bem baixinho, não queria fazer mais pessoas chorarem naquele dia.

-Ela me deixou morrendo, você sabe, e mesmo assim me ajudou, ajudou com Clary e...

-Chega! –A mãe dele berrou, e Christopher se assustou, pulando um pouquinho na cadeira, ela nunca, falava assim com ele –Não me faça chorar, seu grande bobão, agora vá trabalhar. –Ele deu um sorriso e antes que pudesse dizer tchau, a luz na tela piscou e apagou. Desligou na minha cara.

A manhã passou rápido, naquele dia havia cancelado as consultas de tarde, pois era Dia Das Mães, pretendia passar o resto do dia com a família, sorrindo, gargalhando, aproveitando com a filha.

-Oi, filha –Ele pegou a filha nos braços, que corria afobada com uma folha rosa na mão até ele.

-Oi, papai! –Ele riu, e seus olhos estavam brilhantes, o que –como sempre –o fez lembrar de Dulce. Ela desdobrou a folha rosa, o entregando –Foi mal pelo rosa, queria azul, mas a professora disse que não tinha –Clary sorriu, envergonhada, as bochechinhas rosinhas, enquanto ele pegava a folha e um monte de glitter caia em sua roupa e voava pelo ar.

-Acho que tem glitter demais –Comentou, baixinho, meio rindo junto com a filha, que ficava mais vermelhinha. Mas parou ao ver o que estava escrito e antes que pudesse parar estava chorando emocionado no meio da rua.

-O senhor não gostou?! –Perguntou Clary, e ele podia ouvi-la a ponto de chorar.

-O que? –Ele sorriu, as lágrimas caindo ao redor do sorriso, deslizando suavemente pelas bochechas, deixando rastros para trás, e levou o cartão até a boca, beijando com carinho –Eu amei, meu amor, é a melhor coisa que eu já ganhei no mundo –Os olhos da menina brilharam novamente e seu bico de choro desfez rapidamente, enquanto um sorriso tomava o lugar, era linda, e era tão amável, doce, gentil, Dulce mal sabia o que estava perdendo –Não, estou enganado –Ele fitou Clary, enquanto o rosto da menina caia novamente para a tristeza –Você é a melhor coisa, a mais maravilhosa coisa que já ganhei no mundo. –Clary riu, vermelhinha novamente e o abraçou pela cintura.

-Eu te amo –Ela murmurou, e o olhou, inclinando a cabeça para trás para olha-lo.

-Eu também, meu amor, também te amo muito –Ele se abaixou, pegando-a nos braços e levantando-a no colo, enquanto começavam a andar suavemente pela rua.  –Vovó fez bolo de cenoura e pudim. –Comentou, sorrindo.

-Sério?