Fanfics Brasil - uma sela, um garoto, o cavalo voador Guardiões do Paraíso e a Lança do Destino

Fanfic: Guardiões do Paraíso e a Lança do Destino | Tema: o tema é de inteira posse do criador (eu)


Capítulo: uma sela, um garoto, o cavalo voador

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Sem sonhos. Foi como passei por três dias. Como eu sabia? Não sei. Só sabia. Momento filosófico a parte, eu acordei no que parecia um quarto de pousada. Não havia tecnologia esbanjando naquele lugar, no máximo um abajur, uma prateleira ao meu lado direito e uma escrivaninha a esquerda. Minhas roupas haviam mudado, agora eu estava com uma blusa de manga longa, a cor cinza desbotado e bermuda jeans meio azul. O meu cabelo estava preso em um rabo de cavalo. Ótimo, agora eu estava parecendo uma garota. Quando levantei as mãos para tira-lo eu vi a marca que ficou da aparição do meu pai.


          Y


         Aquele símbolo não significa nada. Era apenas um épsilon qualquer.  Eu ainda queria bater nele  e cumprir minha promessa. Só que agora eu teria que me esforçar mais. Eu não me acostumaria tão rápido assim.


         Ei, pensei comigo, aquilo poderia ter sido só um sonho. Fechei os olhos e comecei a repetir que tudo estava bem e que tudo era só um pesadelo. Repeti tantas vezes que por um momento eu estava quase acreditando. Até que eu cometi o erro de abrir os olhos. Ao meu lado direito a porta estava aberta e quem entrava nela era Gabriel. Ele veio até mim como o mesmo sorriso no rosto.


         - Olha não é porque você repete muito uma coisa que ela é real. Sério, eu já fiz muito isso.


         - Gabriel, - disse-lhe. – é muita coisa pra assimilar, ninguém esta pronto pra esse tipo de realidade. Principalmente eu.


         Ele me olhou de relance e depois se sentou na minha cama, por sorte não encima do meu pé.


         - Sabe, - comentou ele. – o seu pai é o patrono da humildade. Você deve ter herdado isso. Andrew você é mais forte que muitos de nós, só tem que acreditar. Mas cortando o papo motivacional, você esta bem?


         - Só muito confuso – respondi. – mas tudo bem.


         - Então sai dessa cama – ele disse puxando o cobertor de mim. – tem muito que aprender aqui Andrew, e não vai aprender nada em livros. Tudo na pratica.


         Eu também estava cansado, mas ele nem ia prestar atenção. Eu tive que me levantar. Apesar de o Éden ser um lugar primitivo e muito antigo eles tinham um belo estoque de converses no armário, o armário, segundo Gabriel, era o lugar de reposição de roupas, era meio que tenebroso,  tipo roupas antigas de gente antiga e morta, bom aquilo não era muito legal. O Éden pelo que Gabriel me contou, era uma ilha flutuante e ambulante que viaja por toda a terra. Mas curiosamente ninguém a vê.


         Então caminhando por um dos bosques do Éden que tinha arvores em todos os lados e um caminho trilhado no meio, eu o questionei acerca disso.


         - Os humanos não veem o Éden?


         - Sim – respondeu ele comendo um saquinho de batata chips. – tipo, a terra não merecia mais o Éden nela...


         - E por isso a transformaram em um refugio para os Nefilins existentes.


         Ele parou e olhou para mim. Sua sobrancelha esquerda estava levantada e vários farelos de batata estavam em sua boca. Sua expressão era quase de espanto.


         - O que foi? – perguntei, inocente. – eu só raciocinei rápido.


         Ele fez cara de desdém e continuou a seguir o caminho e a me explicar diversas coisas. O clima dentro daquela floresta era tão gostosa, úmida e relaxante que quase perdi o que Gabriel estava falando.


         -... você esta me ouvindo? – perguntou ele.


         - não.


         - Cara, para um filho de Miguel você é bem desatento. – disse ele cruzando os braços e parecendo mais velho que eu (mesmo sendo menor).


         - Cale a boca! – exclamei. – quem é seu pai para falar de mim?


         Ele fez que ia retrucar mas parou no meio do caminho, e guardou a batata chips no bolso. De um sorriso bobo  e amigável a expressão dele se tornou sombria e melancólica. Então eu percebi que fiz cagada. Toquei na ferida dele algo no seu passado que o condenava. Mas o que tinha a ver com seu pai?


         - Você iria descobrir uma hora ou outra. – disse Gabriel. Ele começou a tirar a camiseta azul dele e então se virou. Em suas costas duas cicatrizes paralelas abaixo dos ombros. Pareciam as cicatrizes de uma ave que perdeu as asas que eu havia visto na escola uma vez. Então minha mente pode assimilar tudo: Gabriel, loiro, olhos verdes...


         - Você é Gabriel...quero dizer o Arcanjo Gabriel. – disse eu maravilhado.


         - Eu era... – respondeu ele. Ele colocou a camiseta novamente e permaneceu com o mesmo olhar que fazia seus olhos verdes parecerem lodo.


         - O que aconteceu?


         - Por favor – disse ele em tom de clemencia. – não me peça para lhe contar isso.


         Ele nem sequer olhava para mim. Ele simplesmente fechou os olhos prendendo as lagrimas dentro de si. Eu não sabia o que fazer. Não sabia o que falar. Nem como controlar a situação.


         - tudo o que posso lhe dizer é que deixei de ser um anjo por um tempo mas voltarei a ser um.


         Eu coloquei minha mão em seu ombro para demonstrar a ele segurança e que ele podia confiar em mim. Com uma olhar vazio ele me encarou. E com um sorriso idiota ele fez outra de suas piadinhas.


         - Você sabe: o que acontece em Vegas, fica em Vegas.


         - É eu entendo.


         Do topo das arvores a cima de nós ouvi um bater de asas bem forte e algo bem pesado caiu ao nosso lado, por sorte. Era um homem bem vestido com calça e sapato social. Uma blusa branca por baixo de um colete cinza escondia músculos fortes de um homem de 2 metros de altura. Era o Sr. Só que mais social.


         - E eu também. – disse ele. – queira desculpar a intromissão, mas há treinos para você Andrew.


         - Espera ai “treinos”? – perguntei-lhe. – você mesmo disse a Gabriel que eu devia aprender sobre esse lugar.


         - E você vai. – disse o anjo. – só que mais na pratica.


         - Domação de cavalos? – perguntou Gabriel, e Rafael concordou com um aceno.


         - Eu já domei um cavalo antes. – disse tentando aparecer entre a conversa deles.


         - Então vamos ver como se sai com um de fogo.


 


 


...


 


Certo. Eu menti. O “cavalo” na qual eu mencionei era na verdade um pônei do rancho do tio Dannie ( a única vez que pude sair da catedral). Mas querer aparecer na frente das pessoas é humano e bem, eu sou um humano...pelo menos parte minha.


         Uma de minhas primeiras impressões do Éden é pensar que ele é infinito. Não adiantava, para qualquer lado que andasse você ficaria horas andando. Gabriel disse que era idiotice, que o Éden tinha sim um fim só que, como o lugar era 80% arvores então demoraria um pouco para se achar o fim.. Passando por uma serie de arvores, chegamos então ao estabulo a noroeste do centro de treinamento. O estabulo era cercado por cercas de mais ou menos um metro e meio e a área dentro do cercado era de mais ou menos 400 metros quadrados. Eu, Gabriel e o Sr. R chegamos até a porteira. La dentro já haviam alguns adolescentes e jovens, todos com armaduras de prata, bronze e...


         - Paládio. – disse o Sr. R, completando o meu pensamento.


         Eu olhei para o Sr. R estranhando isso. Ele me olhou de volta com um pequeno (pequeno mesmo) sorriso. Gabriel estava sentado encima da cerca e não parava de rir enquanto via o meu rosto.


         - Ele só esta te zuando, Andrew! – disse Gabriel balançando as pernas.


         - Ah... – disse eu com um ar desconfiado.


         - A primeira pergunta deles sempre é essa. – disse Rafael. –“ do que são feitas as armaduras?”.


          Sério essa nunca seria a minha primeira pergunta ao chegar em um pedaço de terra flutuante cheio de arvores que tem garotos metade humano metade anjo. A minha primeira pergunta seria “ se tudo isso é real Deus existe?” ou, também:” eu vou ser um adolescente normal ou eu vou criar asas?”.


         Sr. R abriu a porteira e acenou para eu entrar. Eu hesitei para entrar mas no final eu fui. Quando menos percebi a minha armadura de prata já havia tomado o meu corpo e a espada estava na bainha no lado direito do meu cinto. Os garotos e garotas de lá também tinham armaduras e roupas velhas. Eles todos olharam pra mim. Alguns riram e outros trocaram um comentário sussurrado. Eu não gostei nada daquilo: pessoas falado mal de mim pelas costas, e principalmente zombando de mim. Minha mão já estava fechando, minhas veias já estavam quase estourando no pescoço, os dentes rangendo uns contra os outros. Mas então outra voz surgiu no meio das conversas paralelas. Era um cara baixinho, parecia um cantor de punk, só que velho. Ele usava um óculos escuro com se não gostasse de andar por ai fora de moda, o que ele fazia muito mal: andando com uma blusa que dizia: “eu amo Vegas!” e um chinelo gastado. O mais estranho era que ele estava sentado encima de um leão. É, um leão de verdade! Eu me juntei aos outros na fila, todos pareciam ser mais altos que eu. Todos estavam bem sérios, alguns deles tinham faixas no corpo e curativos mas pareciam bem fortes. O cara baixinho encima do leão começou a andar em nossa frente de todos nós e nos observava como se nos analisasse. O leão era ainda pior: aproximava o focinho das pessoas, farejava e depois soltava um pequeno ronronar. Eles pareciam ansiosos com a aproximação do leão. Então ele chegou em mim. O leão bocejou abrindo a grande boca na minha cara eu virei o rosto para não sentir o bafo quente dele.


         - Oh, Apollo – disse o cara baixinho. – não recepcionamos novatos assim.


         - Espero que o próximo “oi” seja melhor. – disse insultando-os.


         O leão pareceu não gostar da zombação e soltou um belo rugido em mim que me jogou para trás. Meus ouvidos não tinham recuperado o som quando dois garotos me levantaram. O som agudo atravessava o meu ouvido e ia de ouvido a ouvido. Eu balancei a cabeça e o som foi sumindo. O cara baixinho se acomodou de barriga pra baixo, apoiou os cotovelos no leão e as mãos na cara e deu um sorriso cínico.


         - É assim que ele da um “olá”.


         Não gostei nem um pouco dele nem de Apollo, o leão maravilha. Somente dei um sorriso sarcástico. Apollo voltou a andar entre os garotos, mas desta vez o homenzinho ficou em pé em suas costas e começou a discursar.


         - Olá pequenos Nefilins! – disse ele alto. – para quem não me conhece, – disse ele olhando para mim, pensando bem, todos olhavam para mim. – eu sou Ariel, o patrono dos leões, das feras mais temíveis da natureza.


         Caramba, Ariel. Porque o nome dele tinha que ser Ariel? Agora todas as vezes que eu o olhasse eu veria a pequena sereia.


         - Agora, - continuou ele. – quero que o novato, Andrew Blake, se apresente. – ele estendeu a mão, apontando-a para mim.


         - Por quê? – questionei a ele. – você já disse o meu nome. Agora todos já sabem.


         A expressão punk dele sumiu, as asas dele surgiram e ele voou tão rapidamente que meus olhos, mesmo brilhando, não puderam acompanha-lo. Mas, apenas com os reflexos saquei a espada e esperei não ser atingido. Quando abri os olhos novamente, ainda segurava a espada ela estava na horizontal e ele apenas com o dedo mindinho pressionava a minha espada contra mim mesmo. Meus músculos estavam fracos desde a luta contra Rafael, então estava muito fraco mas mesmo assim ele não expressava nenhuma cara de força.


         - Olha garoto, - disse Ariel se aproximando de mim. – eu não sai do Céu junto dos meus amigos, da minha família pra ser desrespeitado por um garotinho como você. Eu poderia te destruir agora, mas eu tenho algo melhor pra você. Agora se não for incomodo apresente-se. - após ele dizer isto ele se moveu tão rápido que eu não percebi. Mas ele reapareceu encima de seu leão. - Como dizia, o novato vai se apresentar!


         Eu me levantei com facilidade guardei minha espada e fui ao lado dele. Não tinha vergonha de falar, mas na frente de pessoas na qual eu nunca vi e que eram filhos de anjos, cara! Era uma coisa que me faria sentir vergonha.


         - Bem... – comecei a falar. – meu...meu nome é Andrew Blake, como já ouviram – disse eu olhando de relance para Ariel. – sou filho de Miguel, o cara do relâmpago se vocês não viram ele a alguns dias.


         Eles soltaram algumas gargalhadas e houve alguns cochichos alheios mas depois de um tempo todos voltaram ao normal.


         - Volta pra lá moleque relâmpago. – disse ele me dando um empurrão. – agora a sessão de domagem de cavalos vai começar. Cada um de vocês vai receber uma sela e vai domar um cavalo de fogo.


         Quando menos percebi eu olhei para baixo e lá estava: a sela na qual ele havia falado eu agachei e peguei. Era uma cela comum pelo que sabia. Levantei-me, mas ao procurar Ariel, ele estava voando em seu leão a três metros do chão.


         - Boa sorte rapazes! – disse ele do alto.


         - Você não vai nos ensinar nada? – questionou o garoto do meu lado que eu reconheci como Nickolas, ele não era veterano, mas parecia experiente.


         - Não, mas muito obrigado – respondeu-lhe Ariel. – estou me poupando de um trabalho inútil.


         Após dizer isso ele apontou as mãos para o estabulo e fez com que as portas se abrissem. De lá saíram sete cavalos o que era uma ironia por que estávamos em oito no total. Todos os outros saíram correndo atrás de seus cavalos de fogo alados e eu fiquei atônito demais para fazer alguma coisa, pois prestava atenção nos que já haviam domado os seus e estavam a voar pelo céu azul. Quando o ultimo havia capturado seu cavalo, eu ouvi um som forte vindo do estabulo. Pisadas fortes que fizeram o gramado se estremecer do escuro de dentro do estabulo eu pude ver os olhos roxos escuros que passaram a me encarar. O cavalo saiu do estabulo e eu pude vê-lo completamente. Um garanhão de pele branca com chamas de cor azul-escuro.


         Os outros adolescentes e jovens já estavam voando em seus cavalos rindo e pensando o que iria acontecer com aquele pequeno pedaço de carne para aquele predador. O cavalo bateu o casco dianteiro direito no chão deixando o gramado torrado. Eu sabia o que tinha que fazer me agachei devagar e peguei a sela. O cavalo percebeu, relinchou e começou a correr em minha direção. Eu me levantei rápido e por instinto comecei a correr na direção dele também. A adrenalina tomou conta de mim e quando percebi, eu já havia dado um grande salto que tinha como destino as costas do animal. A aterrissagem não foi uma das melhores pois cai de pernas abertas mas só fui sentir a dor um bom tempo depois. Em uma guinada de cabeça eu prendi as rédeas em sua boca. Nervoso, o cavalo começou a balançar e a correr, correr e correr tão rápido que o ar parecia rarefeito. Estava mais concentrado em ajeitar a sela naquele cavalo louco, mas quando olhei para baixo percebi porquê o ar ficou rarefeito: estávamos voando de verdade! Quando olhei para trás vi o rastro de fogo que as pegadas dele faziam.me segurei a seu pescoço firmemente enquanto ele fazia uma manobra perto do rochedo do Sinai( o rochedo do Sinai era o único lugar que podia nos levar para o Céu, pelo menos para ir la um tempo, resolver algumas coisas e depois voltar),espera, como eu de tudo isso? Gabriel nunca me falou nada sobre aquilo. Eu nem sabia como estava conseguindo pensar, aquele cavalo maluco estava voando ainda mais alto do que o Éden, a sensação devia ser parecida com um foguete subindo para o espaço.


         Esta me subestimando garoto disse o cavalo.


         Como assim? Cavalos falam? Tudo ficava cada vez mais difícil de assimilar.


         - Cavalos não falam! – gritei, pois na velocidade em que subíamos era dificil de eu ouvi-lo imagina ele me ouvir.


         Nefilins falam todas as línguas, Raca! Agora me largue e eu te poupo a vida. Só um ser montou em mim e assim será!



Raca é um tipo de xingamento em hebraico, porfavor não fiquem achando que eu vou colocar palavrões em minhas fanfics



         Então ele deu uma guinada para baixo e começamos a cair como se fossemos um parafuso. Me agarrei ao cavalo para não ficar muito zonzo, mas agora que o tinha em mãos não o deixaria ir tão fácil. Estávamos chegando cada vez mais perto do Éden. De uma manchinha verde ela começou a aumentar até ficar em seu tamanho original.


         - Você vai se matar! – exclamei a ele.


         Só a você, respondeu o cavalo, eu posso me regenerar, você não.


         Então era isso. Minha hora havia chegado, não podia larga-lo senão eu morreria e se eu continuasse agarrado a ele também morreria. Então continuei grudado a ele.


         700 metros.


         600 metros.


         Você não ouve mesmo não é? Perguntou o cavalo retoricamente, já disse um só ser me montou e assim será!


         400 metros.


         - Quer ser, quem foi o idiota?


         Miguel, o príncipe dos Arcanjos.


         300 metros.


         - É mesmo? Por quê ele é meu pai .


         100 metros.


         50 metros.


         Fechei os olhos sem esperança de ele ter me ouvido. Mas após alguns segundos eu os abri novamente não acreditando não acreditando no que via. Ele estava voando só que mais calmo, suavemente ele plainava sobre as nuvens eu pude ver a cara dos outros lá embaixo, perplexos de um novato ter conseguido tal proeza.


         Como posso ter certeza de que é filho dele? perguntou ele.


         A minha espada começou a brilhar em minha bainha, quando a tirei de dentro da bainha eu a mostrei a ele.


         Esta...esta é aggelos a espada que seu pai usou na guerra.


         Quando olhei para a espada o brilho refletindo em mim parecia falar comigo as palavras suavemente, ela dizia: “procure os Três Profetas”



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Autor(a): matheusvnarcizo

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).




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