Fanfic: Creaturae | Tema: Colegial, romance, amor proibido
— Skye... — Ouvia Razvan chamando-me. — Skye, acorde!
A única coisa que consegui naquele momento foi gemer sonolenta.
— Acorde, mulher! — Como se não fosse suficiente me chamar, ele começou a me cutucar, coisa que eu particularmente não gostava nem um pouco. — Skye.
— O que foi? — Levantei minha cabeça para olhá-lo, não conseguia se quer abrir meus olhos.
Razvan prendeu o riso, mas não conseguiu por muito tempo.
— Desculpa, você está muito hilária. — Falou entre risos. — Seu cabelo.
— Cala a boca, eu estou com sono, quero dormir. — Passei meus dedos penteando meus fios loiros, sorri olhando o sorriso de Razvan. — Te odeio. — Brinquei pegando o travesseiro ao meu lado e jogando-o em seu rosto. — O que você quer?
— Também te amo, sua chata. — Ele me entregou o travesseiro e voltei a abraçá-lo. — Vai levantar não?
— Não. — Simplesmente falei. — Vai dormir, Razvan, me deixa dormir.
Alguns segundos depois senti a luz do quarto ligar e gritei o nome de Razvan, chamando-o atenção, ouvi sua risada mais uma vez.
Dormi novamente ao senti a luz se apagar e a porta bater.
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Ouvi um barulho alto e me assustei, levantando-me rapidamente na cama desajeitada e com o coração acelerado.
Senti meus pés firmes no chão e então coloquei minha mão no meu peito, sentindo meu coração e regulando minha respiração. Ouvi Lazlo latir e virei meu pescoço abaixando-o para olhar-lo.
— Sinto muito se te assustei, Lazlo. — Agachei-me e estiquei meu braço em sua direção. — Vem cá. — Lazlo pulou de sua caminha azul, que admitia que deveria comprar uma nova pois ele havia crescido muito, e veio ao meu encontro, acariciei seu pelo macio e branco. — Bom dia.
Lazlo é da raça samoeida, ganhamos de meu pai a um ano, o amei desde a primeira vez que o vi, tão pequenino e branquinho como um floco de neve quando filhote. Quem lhe deu esse nome foi Razvan, achei um nome legal então não falei nada.
Sorri e levantei-me ao ouvi novamente o barulho, que agora pareceu menos alto.
— Skye! — Ouvi a voz grossa e envolvente de Razvan me chamar ao longe e então vi a causa do barulho, bolhas de neve eram choradas no vidro de minha varanda.
"O que esse garoto quer?" Resmunguei andando até a varanda com Lazlo no meu pé.
Abri a porta de vidro da varanda bem no momento em que Razvan havia jogado outra bola, fazendo-a cai em Lazlo.
— Aleluia, senhor! — Razvan levantou as mãos ao dar alguns passos para frente. — Você dorme demais!
Lazlo latiu após se sacudir.
Virei-me rapidamente para olhar o relógio em cima de meu criado-mudo.
— Mas são dez horas! — Aleguei. — Você que acorda muito cedo!
— Te veste e desce! — "E você pensa que manda em mim, não é?" — Vem logo!
Suspirei e revirei os olhos, entrando novamente no quarto, fui direto para o banheiro enquanto Lazlo saia do quarto, tomei um banho para expulsar o sono e coloquei uma roupa simples de ficar em casa.
Desci para a cozinha antes de ir com Razvan no quintal e encontrei Maria tirando a mesa do café da manhã.
Maria era uma zumbi, e nossa empregada desde que me conheço por gente, ela é praticamente da família, todos nós a amamos, ela apoiou todos a cinco anos atrás quando... Quando aconteceu o acidente na nossa antiga casa.
— Bom dia, Maria. — Falei indo direto abrir a geladeira.
— Você ainda está aqui? — Uma coisa que nunca gostei dos zumbis era seu idioma, Maria sabe falar bem o nosso, mas ainda tinha um pouco do sotaque da língua morta, o que faz algumas palavras saírem incompreensivas.
Aprendemos língua morta na universidade, mas confesso que sou horrível e passo de ano apenas por causa de Yuki, que era da mesma classe que eu.
— Você já se quer ver livre de mim, Maria? — Levei minha mão sobre a boca, como se tivesse ofendida. — Que horror, me senti ofendida agora.
Ela se calou e riu da minha brincadeira, também ri.
— Pensei que só Razvan que não foi.
— O primeiro dia de aula é depois de amanhã, ainda nem arrumei minha mala direito.
— E aquela que está no corredor? — Ela perguntou assustada.
Eu ri.
— É minha. — Não achei nada que me atraísse na geladeira, então a fechei, decidindo esperar o almoço. — Mas você sabe como é, tenho muitas roupas.
— Não ia ser melhor levar um pouco de cada vez?
— Eu talvez precise de alguma roupa específica. — Falei saindo da cozinha porém fui impedida pela voz de Maria.
— Não vai querer algo, você tem que ter energia para o treino, ou irá desmaiar.
— Treino? — Não entendi. — Como assim?
— Toma um dos energéticos do seu irmão. — Ela foi em direção a geladeira, a abriu e pegou um enérgico de Razvan. — Acho que ele não vai se importar.
— Mas que treino? — Peguei o enérgico quando jogado em minha direção e o abri.
— Razvan sabe explicar melhor, só sei que Berttof vai almoçar aqui.
Franzi as sobrancelhas abrindo a garrafa e bebendo seu líquido laranja, era bom, tinha gosto de laranja, daquelas doces que só se tem na primavera.
— Isso é bom. — Comentei saindo da cozinha. — Maria, coloca comida para o Lazlo? E separa as coisinhas dele pois vou levá-lo comigo.
A University Of Creaturae aceita animais de estimação, vários alunos levam os seus, por que eu não levaria Lazlo?
Não ouvi sua resposta, já estava na sala de estar, abrindo a grande e larga porta de vidro que dava ao quintal da casa.
Realmente era um enorme terreno, a piscina e a academia ficavam a direta e uma mini-quadra de areia a esquerda. Suspirei ao ver tudo isso, mesmo que amanhã seja o primeiro... Segundo dia de aula depois das férias, iria senti saudade de tudo isso, apesar do campus da universidade ter tudo que precisamos, lá não é nossa casa.
— Razvan. — Me aproximava da quadra de vôlei em que ele tirava a cesta.
— Olá, Skye, dormiu bem? — Ele tirava o bastão de ferro com tanta facilidade que chegava a assustar.
— Que história é essa do Berttof?
— Qual história? — Ele levava o bastão para longe para colocá-lo no chão e resolvi ajudá-lo, soltando o outro lado da rede, colocando a garrafa de energético no chão. — A que ele está vindo?
— Sim.
Berttof era nosso treinador, toda semana ele vem nos ensinar algo para aperfeiçoarmos nossos poderes com a neve/gelo. As suas aulas eram bem legais, porém Berttof era muito chato, um primo distante de papai, porém não parecia, ao mesmo tempo que papai era bonito e elegante, Berttof era baixinho, gordo e careca.
— Como assim? — Franzi as sobrancelhas. — Pensei que ele não vinha já que vamos para a universidade.
— Papai que ligou para ele, amanhã é o domingo, então ele vem hoje. Simples. — Razvan arrumava os cones e afins para circuito na grama.
— Por que?
— Não sei, se eu soubesse. — Ele me olhou. — E mais uma coisa, ele vai ficar até às quatro.
— Quatro? — Perguntei sem acreditar vendo-o se aproximar. — Por que?
— Talvez pelo fato de que... — Ele olhou para a garrafa de energético no chão. — Por que está tomando um dos meus energéticos?
— Você precisa parar de ser egoísta. — Bati em seu braço musculoso de brincadeira. — Não tinha nada para comer e Maria me deu com medo de que eu desmaiasse.
Ele riu e levantou as mãos.
— "Você precisa para de ser egoista." — Razvan afinou sua voz na tentativa de me imitar. — Não estou sendo egoísta, posso comprar outro, só perguntei.
A campanhia tocou e nos dois viramos em direção a casa.
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Quarto horas correndo em um circuito pequeno, congelando coisas e nos defendendo de coisas que Berttof jogava em nossa direção, apenas parando para almoçar.
Estava sentindo-me totalmente esgotada, sem forças até para andar.
— Eu... Vou... Morrer. — Falei aos poucos debruçando-me sobre a mesa da cozinha. — Maria, me dê água.
Razvan estava sentado ao meu lado, sentado confortavelmente na cadeira com os braços cruzados.
— Você é muito fraca, Skye, sem brincadeira.
Virei meu pescoço para olhá-lo lentamente.
— Está falando isso porque é homem e talvez seu treino de futebol seja pior do que isso. — Peguei o copo de água que Maria deixou perto de mim.
— Sim, é sim, mas mesmo assim você é fraca.
Odiava quem me chamava de fraca ou algo do gênero.
— Está querendo implicar. — Saiu mais como uma afirmação a que uma pergunta.
— Talvez...
— Pois pare. — O sorriso em seu rosto desapareceu. — Você parece uma criança.
Antes mesmo que Razvan pudesse abrir a boca para falar algo, ouvimos a porta da entrada de casa bater e logo papai apareceu na cozinha.
— Boa noite. — Ele foi direto para a geladeira pegar um copo de água, sua pele estava vermelha, característica visível dos Snow quando estamos com raiva.
— Tudo bem, pai? — Perguntei após trocar alguns olhares com Razvan.
Ele me olhou rígido afrouxando a gravata.
— Eu quero conversar com vocês... No meu escritório o mais rápido possível.
Ele saiu da cozinha fazendo as ultimas palavras e me levantei após Razvan.
— O que foi que aconteceu? — Perguntei dando meus primeiros passos. — O que você fez, Razvan?
— O que eu fiz? — Razvan deu ênfase a penúltima palavra. — Por que eu e não você? — Subíamos as escadas. — Ou o trabalho? Papai está trabalhando muito esses dias.
Jonh Snow, meu pai, é um dos guardiões de nossa comunidade Creaturae, seu trabalho exigi muito dele, não me canso de vê-lo chegando tarde e cansado em casa.
— Eu não faço nada, Skye. - Ele continuou. - Você quem faz.
— "Eu não faço nada, Skye, você quem faz." - Engrossei minha voz imitando-o.
Suspirei e cada um de nós andamos a seus devidos quartos.
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Abri a porta do escritório de papai, não entrava muito nesse cômodo, apenas quando papai tinha algo muito importante para nos disser.
Estava diferente da primeira vez que entrei lá, as paredes continuavam brancas e os móveis de madeira escura, eles apenas estavam organizados de uma maneira diferente e havia mais livros na estante, papai adora ler qualquer tipo de livro.
— Desculpa a demora. — Demorava para tomar banho depois dos treinamentos, precisava tirar toda aquele cansaço que sentia.
Me aproximava da mesa e via os retratos que lá haviam: Um meu que fora tirado na formatura do colegial, um lindo vestido vermelho e laranja, no qual Razvan não gostou muito por lembrar fogo; Um de Razvan em um dos seus campeonatos, quando ele ganhou mais um de seus troféus; e o ultimo da família inteira em frente a nossa antiga casa, eu e Razvan crianças e mamãe... Ainda viva.
Quase não tocamos sobre esse assunto aqui em casa, mas todos nós morremos de saudades, mamãe era a cabeça da família, era tudo.
— Bom, — Papai suspirou ao sentar-me. — Como foi o treino?
— Exaustante. — Respondi de imediato.
— Um pouco puxado. — Razvan completou.
— Isso é bom, — Não acreditamos quando papai falou isso sorrindo. — Pois vocês talvez precisem muito desses ensinamentos esse ano.
— O que o senhor quer dizer com isso? — Razvan franziu as sobrancelhas.
— O que quero dizer meus filhos é que. — Ele demorou alguns segundos deixando-os apreensivos antes de jogar a bomba. — Os Ironbelly estão na comunidade.
Acho que naquele momento meu sangue frio esquentou, fiquei sem reação, engoli em seco imaginando.
Troquei olhares com Razvan.
As nossas diferenças com os Ironbelly sempre existiu, desde o começo dos tempos, papai nunca nos falou o motivo, mas sei que nossa briga com eles não é como a briga boba entre os vampiros e lobisomens, vai muito além.
Há cinco anos minha mãe morreu em um incêndio que, felizmente ninguém mais se feriu gravemente, desde estão nosso ódio aumentou.
Não gosto deles também, admito, ouvi falar coisas horríveis a família Ironbelly.
— Como assim? — Perguntei perplexa. — O senhor tem certeza?
— Por que eles voltaram, eles não estavam em na segunda comunidade?
Existem duas comunidades Creaturae secretas em todo o mundo, uma localizada no Canadá e outra na Irlanda.
— Tenho fontes que me confirmaram essa notícia. — Papai se aproximou. — Os filhos de Macon irão frequentar a mesma universidade de vocês.
Minha boca estava aberta.
— Olha. — Razvan estava revoltado. — Acho que eles não deveriam ter feito isso, digo, a universidade ter aceitado-os.
— A universidade não sabe? — Perguntei e Razvan respondeu:
— Impossível, até os humanos sabem. — Ele cruzou os braços. — Só acho que isso não está certo.
— Ah Razvan, cale-se! — Estava irritada. — Os humanos não sabem nada sobre nós... Nos abominam, por que acha que estamos presos a comunidade?
— Por acaso não acha uma boa ideia as comunidades?
— Razvan e Skye! Parem de falar dos humanos. — Papai nos interrompeu. — Estamos falando sobre os sangue quente. — Papai os chama assim por um motivo lógico, Os Ironbelly possuem um sangue extremamente quente em suas veias, ao contrário dos nossos, os Snow, que temos um sangue frio e azul... Literalmente. — Snow nenhum vai abaixar a cabeça para um Ironbelly, nenhum Ironbelly será tão superior quanto um Snow.
— Snow nenhum vai abaixar a cabeça para um Ironbelly, nenhum Ironbelly será tão superior quanto um Snow. — Razvan repetiu baixo.
— Eles podem ser expulsos, como qualquer outro aluno. — Levantei-me por conta de minha ideia. — Podemos fazê-los serem expulsos! Será fácil, temos uma grande influência nos outros alunos.
Razvan me olhava com as sobrancelhas arqueadas.
— Não podemos fazer isso, mas. — Ele olhou para papai. — Na universidade tem muitos torneios, um sempre sai ferido.
Sorri maliciosamente, os Ironbelly não são tão poderosos quanto os Snow.
— A ultima coisa que eu quero é os meus filhos perto deles.
— Claro que não, pai. — Respondi. — Somos Snow.
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Após papai nos liberar subimos ao meu quarto, lá ficamos falando o quando tudo isso era uma falta de respeito.
— Será que a direção da universidade é tão desatenta assim? — Razvan andava pelo meu quarto de um lado para o outro enquanto só estava sentada na casa.
— Com certeza ela deve ter advertido-os de tudo. — Falei.
Ele parou, olhou-me e veio rapidamente sentar-se ao meu lado.
— Skye. — Ele me olhou no fundo dos olhos. Seus olhos eram como os meus e de papai, azuis claros, quase branco. — Promete que vamos fazê-los voltar para o buraco de onde vinheram.
— Prometo. — Cruzei meu dedo com o dele e o abracei.
— Nossa mãe morreu por causa deles, Skye, minha perna está tem essa cicatriz ridícula por causa deles.
No dia do incêndio, Razvan queimou feio a perna, o que deixou uma cicatriz, não é muito visível, não acho que atrapalhe a perfeição de Razvan, porém ele se sente incomodado, então fora de casa usa apenas calça jeans, sem ser nos jogos de futebol americano, é claro.
Estou muito incomodada com a vinda dos Ironbelly, não nego, quero que eles vão embora, não quero ter que olhar para eles pelos corredores da universidade.
Olhei ao redor e vi Lazlo deitado em cima de minha mala. Voltei a olhar para Razvan.
— Mudando de assunto, tenho uma festa para ir agora, quer me acompanhar?
— Hoje?
— Sim, não vai ter tantas pessoas conhecidas por causa do começo das aulas, mas vai ser legal. — Ele se levantou.
— Tudo bem. — Também me levantei após pensar. — Vou me vesti e te encontro lá em baixo.
— Beleza. — Razvan abriu um grande sorriso saindo de meu quarto. — Só não demore.
Autor(a): paulameirelees
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Estava sentada na escada da casa com a cabeça apoiada em minhas mãos. Estava desanimada, nem um pouco disposta. Havia bebido uns cinco drinks no total e minha cabeça rodava. Não sabia se estava bêbada ou não, só sabia que estava sentindo como se tivesse, tinha acabado de vomitar no banheiro e decidi me sentar por um minuto. ...
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