Fanfic: Adotada Por Vampiros - Adaptada | Tema: Vondy

Dulce Narrando

Acordei desesperada e quase pulei para fora da cama. Sentia dor em meu pescoço, dor que parecia não querer cessar.

Respirei fundo. Quando olhei em volta, vi que as garotas no quarto ainda se levantavam enquanto outras arrumavam a cama.

- Outro pesadelo? - Alguém perguntou.

Olhei para meu lado e encontrei os olhos de Anahí que me fitavam com preocupação.

Assenti com a cabeça.

- Você anda tendo muitos pesadelos ultimamente. Acorda com dores e parece sempre perdida em pensamentos. - Ela sussurou. - É melhor comunicar a  uma das madres sobre isso, talvez elas possam te ajudar.

Dei um sorriso irônico.

- Me ajudar como? fazendo rezas? Ou chamando um padre para me exorcizar?

Anahí suspirou.

- As vezes você me irrita com seus deboches. - Ela sussurrou antes de se levanta e começar arrumar sua cama.

Levantei-me com as imagens do sonho presente em minha mente, tirei a camisola ali mesmo, do lado da minha cama e pus meu uniforme que eu sempre deixava dobrado ao lado do móvel antes de dormir.

As 8 em ponto da manhã, eu e todas as 86 garotas que moravam no Orfanato Feminino de ColdCity descemos enfileiradas pelos três lances de escadas até chegarmos no salão de refeições no térreo, onde nos arrumamos aos bancos e esperamos em silêncio pela chegada de nossas mentoras, professoras e diretora.

Menos de dois minutos depois, uma fileira com 15 madres entrou, sendo 14 com idade entre 20 e 26 anos vestidas com seus típicos trajes pretos e uma outra cuja idade era de 34 anos e que usava uma blusa branca com blazer e saia cinza. Essa era a diretora.

Eu até perderia meu tempo explicando as características, nomes de cada uma delas para que você, meu caro leitor, pudesse imagina-las melhor, porém, não vejo necessidade de fazer isso, até porque isso não vai fazer diferença e também porque eu nem lembro o nome de algumas e de outras eu nunca importei em saber. Mas quero que saiba que a diretora se chamava Helenor, pois foi esta mulher que cuidou de mim ao me encontrar em uma cesta a sua porta quando eu tinha apenas semanas d e vida. Foi esta mulher quem me orientou por todo tempo que passei crescendo naquele lugar e seria ela o meu portal para o início da minha nova vida.

Ao se sentarem em seus devidos lugares, tanto as mentoras e professoras quanto a diretora, fecharam seus olhos e cruzaram suas mãos para começar a reza.

Todas as garotas naquele salão imitaram seus gestos e acompanharam em silêncio, as palavras ditas por Helenor.

- " Pai! Hoje é mais um dia que agradecemos por estarmos aqui e pelo pão que o Senhor nos abenõa..."

Eu deixei de ouvir na metade da reza, pois além de já saber recita-la de có, eu estava intrigada demais com as lembranças do sonho que ainda me atormentavam.

Pode achar que fiquei intrigada com o erotismo do sonho. Enganou-se, eu estava com a mente fixada no rosto do garoto a qual me tinha nos braços. Só de imaginar seus lábios tocando os meus, já me provocava arrepios por todo o corpo.

O café da manhã finalmente começou e enquanto eu me acabava em pães franceses bem recheados com queijo, Mary, uma de minhas colegas sentada em frente a mim, virou se para Anahí e sussurrou enquanto dividia sua atenção entre duas:

- Eu ouvi dizer que hoje seremos visitadas por uma família que deseja adotar uma garota que tenha nossa idade!

Anahí ficou boquiaberta com a notícia, mas eu apenas mordi o pão em minha mão outra vez e tomei um gole de suco de laranja.

Os fofos olhos cor de amêndoas de Mary me olharam confusos.

- Não parece animada com a idéia, Dul, Por que?

Coloquei o pão sobre o prato a minha frente e sustentei minha cabeça sobre minhas mãos enquanto a olhava fixamente.

- Por que uma família iria ter interesse em adotar uma garota da nossa idade, Mary? - Perguntei.

- E por que não adotariam? - Ela rebateu.

- Talvez seja pelo fato de que todas as famílias que por aqui aparecem, sempre desejam adotar bebês e não adolecentes de 16 anos - Respondi sendo bem direta.

- Dulce tem razão, Mary - Anahí pronunciou-se - Por que essa família deseja adotar uma garota que logo será adulta? Não faz muito sentido.

Tomei outro gole do suco na taça que eu segurava.

- Bem, eu não sei o motivo deles preferirem uma de nós a um bebê, mas sei que estarei bem arrumada para quando chegarem - disso com um brilho nos olhos - Eu soube também que são muitos ricos!

Ri.

- Ainda não sei que roupa usar - Anahí disse pensativa. Seus olhos então se direcionaram a mim - O que você vai usar Dulce?

Dei de ombros.

- Não sei... Não estou muito interessada nessa possível adoção.

- Só pode estar brincando! - Mary revirou os olhos - Agora vai me dizer que já não tem mais vontade de ser adotada?

Coloquei a taça sobre a mesa e a encarei diretamente em seus olhos.

- Eu gosto daqui, esta é minha casa, e só deixará de ser quando eu fizer dezoite anos e conseguir um emprego para me sustentar lá fora.

Ser adotada já não está mais na minha lista de desejos há muito tempo.

Mary estava espantada com minha respota, alguns segundos mais tarde abriu a boca para provavelmente questionar-me, mas eu a interrompi.

- Já terminei meu caf. Eu as vejo depois da aula de francês, licença - E me lavantei para em seguida deixar o salão.

Depois que as aulas da manhã acabaram e almoçarmos, Helenor comunicou a turma de garotas com 16 anos, incluindo a mim, que a tal família que Mary dissera iria visitar o orfanato aquela tarde e proporcionar a uma de nós uma nova vida com eles. Disse também que deveríamos nos vestir da melhor maneira possível, pois aquela não era uma simples família, pertenciam a uma classe muito superior as outras, e que a garota que fosse escolhida por eles naquela tarde, iria ser muito sortuda.

- Mas besteiras - sussurrei para Anahí - Aposto que nenhum de nós será escolhida no fim, eles apenas vão nos iludir ao dizerem que teremos um lar maravilhoso, um quarto apenas nosso, irmãos, e depois irão sumir como muitas outras famílias que já passarampor aqui.

Anahí me olhou com os olhos arregalados de esoanto com o que eu havia lhe dito.

- Por que acha isso? Não tem nenhum pouquinho de esperança de ser adotada?

Sorri, era pra ser um sorriso de deboche, mas saiu um sorriso de deboche, mas saiu um sorriso triste.

- Eu já cansei de esperar a família perfeita há muito tempo, minha cara amiga. Eu quero mais é que tudo se foda!

Meia hora antes do combinado da chegada da família, todas as meninas no quarto terminavam de se arrumar. Griselda e Grace se empurravam para conseguir se verem no espelho ao canto de umadas paredes, Mary penteava seu lindo cabelo liso castanho dourado, e Anahí...

Sorri ao ver minha amiga tão bela, o cabelo cacheado dourado estava preso pela metade com um rabo de cavalo em cima da cabeça e o resto solto deixando os cachos bem feitos a visão, estava usando um vestido lilás de tamanho médio e um bolero branco rendado por cima das alças do vestidos, além de uma sapatilha também branca.

- Esta tão graciosa - Lhe falei quando ela se virou para mim.

Anahí abriu seu doce sorriso meigo.

- Obrigado. Acho que ficaria melhor com um colar ou um brinco de pérolas?

Neguei com a cabeça.

- Esta perfeita assim, não há necessidade de acrescentar mais nada.

Ela sorriu por mais alguns segundos até que seu sorriso sumiu de repente.

- O que foi? - Perguntei estranhando sua mudança de comportamento.

- Você.

- Eu? Eu o que?

- Você ainda nem se arrumou!

Eu não tinha mexido um músculo desde que entrara naquele quarto e sentara na cama há uma hora atrás, ainda usava meu uniforme e não tinha a menor pretensão de tira-lo.

- Já disse que não me interesso pela adoção.

- Mas eu sim! Se você não quer ser adotada, eu entendo, mas precisa estar pelo menos apresentável para que eles não tenham uma idéia errada de todos nós por causa de uma pessoa.

Eu ia debater mas me calei, Anahí tinha razão, como sempre.

- Eu nem sei o que vestir ainda... Eu...

- Use aquele vestido de decote em V e mangas cumpridas.

- Aquele preto que tem a saia solta e quase chega aos joelhos?

- Esse mesmo.

Dei de ombros, eu não tinha idéia nenhuma do que usar mesmo.

- Está bem, então...

Pus o vestido e meu All Star preto de cano baixo que combinava perfeitamente com a roupa.

Soltei o cabelo o começei a pentear-lo. Demorei quase dez minutos penteando todo aquele cabelo ja que era bem cumprido.

Quando percebi que já não havia mais ninguém disputando o espelho, resolvi dar uma olhada no visual.

- Ficou bom - sussurrei para mim mesma olhando-me.

Peguei algumas mechas do cabelo e joguei para frente deixando um pouco atrás também.

- Adoro como a cor do seu cabelo faz sua pele destacar-se - Anahí disse ficando ao meu lado e passando a mão nas mechas que eu tinha jogado para a frente - Ele é tão negro e você é tão branca!

- Acha que fiquei bem assim? - perguntei enquanto passava a mão na saia do vestido.

- Aqui - e me passou um lápis de olho preto junto com um rímel de mesma cor - Vai destacar o verde dos teus olhos, mas não passe muito pras mentoras não perceberem.

Já prontas, todas as garotas se dirigiram a um pequeno salão e esperaram enfileiradas lado a lado.

Éramos um total de 16 garotas. Era possível perceber o nervosismo de todas, eu era a única relaxada, sossegada... apenas esperando aquela chatice terminar logo. De repente todas ficaram em silêncio e pudemos escultar murmúrios vindos da antisala.

Helenor abriu uma das portas do salão e com um sorriso no rosto, ela disse:

- Meninas, conhecam a família Uckermann!