Fanfic: Contrato de Casamento. | Tema: Laliter ♥

Capítulo 68 - Contrato de Casamento.

Assim que fechou a porta, Lali recostou-se sobre ela sentindo as palavras de Eugenia martelando em sua cabeça. Ele está arrependido. Tem uma foto sua no escritório. Peter ainda está usando a aliança.. Ela tocou o dedo anelar da mão esquerda onde até pouco tempo sustentava ali a bela aliança de casamento junto com o anel de diamantes que ganhara pelo noivado. Cobriu a mão com a outra e colocou-as junto ao peito. Era difícil permanecer indiferente a Peter. Pouco mais de um mês havia se passado e ela sentia seu coração ir se apertando aos poucos pela falta que ele fazia em sua vida.

O choro de Luan fez com que ela acordasse daqueles pensamentos e aproximou-se rápido do bebê-conforto em que o filho estava deitado. Pegou-o no colo para acalmá-lo e beijou-lhe a cabeçinha.

- O que foi, meu príncipe? Acho que preciso trocar sua fraldinha. – pegou a bolsa que deixara na sala já com o intuito de ter que trocar os filhos e pegou uma fralda limpa, estendendo uma fralda de pano sobre o sofá e deitando o filho logo em seguida.

Luan foi se acalmando enquanto Santino permanecia deitado colocando a mãozinha na boca algumas vezes mantendo os olhos castanhos fixos na mãe. Lali trocou a fralda do filho e deitou-o novamente no bebê-conforto indo jogar no lixo a que estava suja. Sua maior alegria em meio a dor do que acontecera em sua relação com Peter, era poder cuidar dos filhos e ter aqueles dois garotinhos lindos ao seu lado para lhe lembrar que saíra daquele casamento com um motivo para sorrir. Santino e Luan eram as maiores bênçãos que poderia ter recebido e sabia que Deus estava preparando para ela algo ainda melhor.

A véspera de Natal havia começado com bastante neve e pelas notícias na TV, continuaria ao longo do dia com muita intensidade. Lali acordara para tentar preparar alguma coisa para a ceia daquele dia aproveitando que os filhos estavam dormindo tranquilos em seus berços. Pensou no que tinha aprendido durante as aulas de culinária que frequentara e nos diversos programas culinários que assistira na TV durante aquele mês em que ficara em casa cuidando apenas dos filhos. Seria capaz de conseguir cozinhar um peru?

Respirou fundo, prendeu os cabelos em um coque e começou a pegar todos os ingredientes para começar a ceia. Conseguiu colocar o peru no forno e começou a preparar o purê de batatas e os legumes, deixando a torta de abóbora por último. Algumas vezes tinha de parar para cuidar dos filhos e amamentá-los, o que fez com que demorasse um pouco mais para terminar de cozinhar todos os pratos. Assim que o peru terminou de assar, quase no início da noite, Lali correu para tomar um banho sentindo-se exausta, mas satisfeita por ter feito tudo. Lembrou-se de quando cozinhou para Peter quando aprendera seu primeiro prato, agora ela gostaria que ele pudesse experimentar aquela ceia e fazer com que fossem uma família de verdade.

Mordeu o lábio e se secou, ficando nua de frente para o espelho vendo que seu corpo não sofrera nenhum tipo de mudança radical por conta da gravidez. Sabia que era atraente e lembrou-se do desejo de Peter enquanto ainda tinham relações sexuais. Ele mudara tanto no último período da sua gravidez e o desejo que sentia já não existia mais. E agora? Será que seria capaz de se tornar atraente novamente aos olhos dele? Será que ainda estava com aquela mulher? Saiu da frente do espelho rapidamente, tentando afastar os pensamentos que começavam a se formar em sua mente.

- Esqueça isso, Mariana. O casamento acabou. – recriminou-se.

Não queria pensar nele, queria apenas aproveitar o Natal ao lado da sua família sem ficar pensando em Peter e no quanto ele lhe fazia falta. Por mais magoada que tivesse ficado, não conseguia esconder a tamanha saudade que estava sentindo. Passara a chorar com menos frequência, mas alguns dias parecia mais sensível e um turbilhão de lembranças fazia com que se entregasse às lágrimas. No fundo, torcia para que um dia pudesse estar ao lado dele novamente. Colocou um vestido verde simples e ajeitou a saia dele passando as mãos sobre ela.

A campainha tocou assim que ela terminou de vestir os filhos com macacões verde escuro e toucas vermelhas. Estava colocando-os no bebê-conforto quando ouviu o barulho de que alguém estava na porta.

- Já vou! – disse num tom de voz alto o suficiente para ser ouvida e carregou os filhos até colocá-los sobre a mesa de centro de frente para o sofá.

Lali colocou a mesa sem nenhum enfeite por cima para que pudesse acomodar o bebê-conforto para vigiar os filhos enquanto estivesse assistindo TV. Ajeitou os cabelos deixando-os presos em um rabo e correu para a porta com a suspeita de que fosse o pai apesar de estar um pouco cedo. Ele deve estar ansioso para ver os netos. Pensou antes de abrir a porta e ter uma surpresa.

Peter estava parado sobre o capacho segurando duas sacolas, uma branca e uma azul. Usava uma calça jeans e um sobretudo preto sobre um suéter de lã vinho. Estava com um ar diferente e o olhar menos brilhante. Na mesma hora as palavras de Candela e Eugenia martelaram em sua mente e seu coração se aqueceu vendo a imagem do homem que amava ali parado à sua frente sem a pose de homem de negócios com quem havia se casado. Peter estava parecendo um homem comum, passível aos problemas do mundo e com uma expressão que não denotava toda sua força.

- Boa noite, Mariana. – ele disse com a voz rouca, porém menos firme.
- Boa noite. – respondeu tentando não transmitir nervosismo na voz.
- Estava indo jantar com minha família e resolvi passar aqui para deixar o presente dos meninos e dar um beijo neles.
- Claro. Pode entrar. – abriu um pouco mais a porta e deu um passo para o lado dando passagem para o ex-marido.

Ele entrou e assim que passou por ela, Lali pode sentir da colônia masculina que tantas vezes ficara impregnada em seu corpo. Fechou a porta devagar e viu Peter deixar as duas sacolas no pé da árvore junto com os outros presentes. Estava curiosa para saber o que um homem tão rico teria comprado para os filhos, mas não cederia à curiosidade até a manhã do dia seguinte. Viu que ele se aproximou dos filhos e agachou-se em frente aos dois ficando de costas pra ela. Lali pode notar a aliança dourada no dedo dele e lembrou que Eugenia lhe dissera que o irmão ainda a usava. Por quê?

- Oi, campeões. – ele disse baixinho enquanto os filhos o olhavam com os grandes olhos amendoados, parecidos com os do pai – Não ia deixar de vim aqui dar um beijo de Feliz Natal em cada um de vocês.

Santino balançou os bracinhos de maneira divertida, mostrando empolgação por ter o pai ali. Lali não conseguiu deixar de sorrir e cruzou os braços na frente do corpo alisando um deles com a mão como se estivesse com frio. Aquela cena poderia ser repetida todos os dias se seu casamento tivesse dado certo, mas como Candela lhe dissera assim que deu à luz aos gêmeos, aquele contrato era um sinal de que algo daria errado.

Peter levantou-se e se debruçou sobre o Santino pegando-o no colo, ajeitando-o devagar sobre um dos braços, deixando o filho deitado. Olhou para trás e viu que Lali o observava deixando-a um pouco sem graça por ter sido flagrada olhando-o tão fixamente.

- Pode me ajudar com o outro? Quero segurar os dois ao mesmo tempo. – ele disse de um jeito tão amoroso que quase não conseguia mais reconhecê-lo.

Sem dizer nada, ela se aproximou de Louis e pegou-o no colo entregando a Peter que aconchegou o outro filho em seu braço como fizera com Santino. Os meninos pareciam satisfeitos por ter o pai ali, olhavam-no com olhos brilhantes e estavam perfeitamente ajustados aos braços dele. Lali se lembrou de quando era envolvida pelos braços musculosos, quando sentia as carícias dele deixando-a arrepiada e começou a ficar nervosa sentindo vontade de abraçá-lo e matar a saudade do calor de seus braços e da proteção que sentia quando seus corpos estavam grudados.

- Lali... – ele chamou-a em um tom de voz bem suave.

- Diga. – olhou-o abraçando o próprio corpo novamente e deslizando uma das mãos pelo braço.
- Sinto sua falta.

Aquela confissão a desarmou e pegou-a completamente de surpresa. Não esperava que Peter dissesse algo parecido, fazia mais de um mês que haviam se separado e ele nunca chegara perto de dizer que sentia saudades ou que se arrependia do que fizera enquanto ainda estavam casados. Ela mordeu os lábios sem saber o que responder, mas apesar daquela confissão ter lhe dado conforto emocional, ainda estava bastante balançada com o que acontecera em relação à traição dele. Olhou-o nos olhos e Peter se mantinha apreensivo para que ela dissesse alguma coisa. Lali suspirou e olhou para o lado sem conseguir sustentar aquele olhar que mexia tanto com seus sentidos.

- Não sei o que dizer. – disse bem baixinho olhando para um ponto fixo na parede.
- Eu entendo. Só que achei que precisava saber disso.
- Eu preciso de um tempo. – olhou-o novamente – Me pegou de surpresa isso. Não esperava que me dissesse algo assim depois de um mês.
- Achei que esse era o melhor momento. – ele pareceu ficar um pouco nervoso – É melhor eu ir.
- Sim. – balançou a cabeça e pegou um dos gêmeos do colo dele, deitando-o sobre o bebê-conforto logo eu seguida.

Peter fez o mesmo com o outro filho e se levantou colocando as mãos dentro dos bolsos. O clima na sala ficou bastante pesado e Lali não sabia o que fazer e nem mesmo o que falar. Seu coração implorava para que se jogasse nos braços dele dizendo que também sentira sua falta, mas sua razão lhe dizia que o melhor a se fazer era pensar sobre o que acabara de ouvir e organizar os pensamentos em relação a Peter.

- Estou indo.
- Vou abrir a porta. – ela se adiantou um pouco nervosa ainda sem saber como agir.
- Feliz Natal, Lali. – Peter a acompanhou e girou os calcanhares quando parou na porta.
- Feliz Natal.

Ela o viu se aproximar e por um momento chegou a pensar que ele lhe daria um beijo nos lábios, mas Peter encostou os lábios em sua bochecha em um gesto carinhoso que foi capaz de fazê-la estremecer. Ambos se olharam logo em seguida e ficaram em silêncio, dizendo muita coisa com o olhar profundo que lançavam um para o outro. Peter virou-se e desceu as escadas deixando-a ali parada, com a porta aberta e sentindo o coração bater mais acelerado se sentindo balançada com o que acabara de acontecer. Fechou a porta e sentiu vontade de chorar. Nunca iria esquecer aquele homem e cada dia que ficava afastada parecia aumentar o sentimento que tinha por ele.

- Mariana, você sempre vai amá-lo. – cobriu o rosto com as mãos.

Não aguentava mais fugir daquele sentimento, precisava de Peter. Queria tentar novamente ao lado dele, precisava saber o motivo daquela traição, nunca lhe dera a oportunidade de se explicar com medo do que poderia ouvir. Um choro fez com que afastasse os pensamentos por um momento e foi até os filhos ver que Santino começara a chorar provavelmente sentindo fome.

Continua........ - Capítulo 69. Domingo -  Comentem