Fanfic: Segredo.

Porque quando aquilo com o que você tem sonhado parece ser inreversivelmente impossivel, e quando tudo o que você esperava parece não fazer mais sentido, quais são os motivos que lhe restam para não desistir?
Para mim era o suficiente.Astiei a bandeira branca  sem ressentimentos ou duvidas, prometendo a mim mesma que não devo me arrepender.
Começarei uma nova vida em Boston.California não é mais um lugar do meu agrado.Eu posso tentar ser feliz novamente.Eu devo me dar a chance.
O dia estava nascendo.O sol fraco brilhava no céu acizentado.Era mais um dia congelante de inverno.
Desci do ônibus na minha nova rua-nova entre aspas-Sempre vinha para cá passar as datas comemorativas com a minha mãe.
Sim, morar em california foi incrivel, incrivel até demais.Meu pai me dava toda a atenção do mundo.Até se apaixonar perdidamente por uma hostess.Meu santo não bateu com o dela.
É obvio que esse não era o unico motivo, mas foi suficiente para convencer a mamãe de que iria voltar para cá.
-Oi mamãe!-corri ao encontro dela, que me esperava na porta de casa.
-Meu amor como você está?Fez boa viagem?Entre, entre!
Ela me puxou para dentro de casa.MInha antiga e confortavel casa.Deixei minhas malas no corredor e sentei-me ao lado de minha mãe no sofá da sala.
-Me conte, você está bem?-ela sorria , provavelmente achando que eu estava sofrendo muito com o novo caso de meu pai.
-Sim mamãe, eu estou bem, e eu ficarei ainda melhor, já que estou aqui.-respondi ao sorriso dela, e tentei ser gentil.Não era fácil pra ela, aceitar que papai a esqueceu.Não mesmo.
-Oh minha querida, claro que tudo vai ficar bem!Ah!E eu já te matriculei na escola do bairro, vá para a escola mais cedo amanhã para pegar seus horarios na secretaria ok?-ela disse se levantando e pegando minhas malas no corredor-Venha ver o seu quarto, eu dei uma redecoradinha!
Ops.Eu conhecia a minha mãe muito bem para saber que sempre quando ela falava uma palavra no diminutivo, é porque não era uma coisa pequena.
Entrei no meu antigo quarto atrás dela e não o reconheci.As paredes estavam pintadas de um lilas suave e as colchas eram brancas, de cetim, cheias de babados e bordados.As cortinas eram do mesmo tecido, e a minha escrivaninha estava vazia, tinha apenas um telefone sem fio e uma caneca com uma rosa branca nela.Ah!E uma poltrona num tom mais escuro que a parede.
-Estou sem palavras.-disse por fim depois de um suspiro.Eu estava maravilhadamente surpresa.Geralmente eu tendia a odiar essas "mudançazinhas" de minha mãe.
-Ai querida que bom que gostou!-ela estava aliviada-Agora vou te dar um momento para se ajeitar e depois volto para irmos juntas ao mercado, o que acha?
-Sinceramente mamãe, vá sozinha, eu acho que vou demorar um pouco pra arrumar isso aqui e nós não queremos um jantar á meia-noite não é mesmo?
-Está bem querida, então eu vou indo, qualquer coisa me ligue ok?-ela deu um beijo na minha testa enquanto falava e depois saiu.
Suspirei e olhei pro meu "novo" quarto.Tinha muito o que fazer, e isso me deixaria ocupada.
Eu não queria sentir aquele terrivel sentimento de culpa me consumindo, machucando os meus ossos e pulmões.Eu tinha que recomeçar.
A minha mãe era a unica que não sabia do verdadeiro motivo de eu ter saido de california, ela sabia o que tinha acontecido, mas ela não sabia a verdadeira razão de ter acontecido.Meu pai e eu concordamos que assim seria melhor.Minha mãe tinha a boca muito grande e isso poderia escapar dela sem querer.Eu sei que eu não tinha motivos para me sentir culpada, mas era inreversivel.Se eu não tivesse saido correndo aquele dia, se eu tivesse feito as coisas de outra maneira.
Balancei a cabeça lutando contra as lágrimas.Mal pude olhar nos olhos da mãe dessa pessoa, mal podia olhar nos olhos de ninguém daquele lugar.
Sequei as lagrimas que haviam caido e respirei fundo.Eu tinha que recomeçar.Quase perdi o ano letivo por falta, e eu já tive as férias para tentar me recuperar, então eu tinha que mostrar ser forte.Era o meu dever, e não importa o que eu fizesse, aquela dor era minha.Minha punição, meu castigo, meu carma.Eu devo carregar isso comigo pro resto da minha vida.E sei que nem isso vai ser o suficiente.Porque nada pode voltar a ser o que era, porque eu não posso trazer de volta o que se foi.
Me levantei da cama e comecei a desfazer minhas malas.