Fanfic: Segredo.

Acordei toda dura na manhã seguinte, vesti um jeans velho e um moleton.Fui pro colégio, seguindo minha nova e  monotona rotina.
A manhã passou ligeiramente rápida e na hora do intervalo, me sentei novamente sozinha, num canto afastado do refeitorio.Mas enquanto como destraida a minha maçã e um pedaço de pizza, alguém se senta ao meu lado, me cumprimentando.
-Oi.-ele sorrio com sua bandeija na mão.
Levantei os olhos, dei um meio sorriso, e me afastei mais pro canto do banco.Sim, era o nerd do molho.
-Tá frio né?-ele continuava sorrindo, me olhando.
-Aham.-balancei a cabeça confirmando e continuei comendo.
Pelo canto do olho, vi que ele continuou me olhando por um tempo,e depois dessistiu de puxar papo e começou a comer.
Hoje ele trouxe uma salada com frango grelhado e purê de batatas.Ele me pegou olhando pra sua lancheira de novo.
-Quer um pouco?-ofereceu, sorrindo.
-Não.-eu disse envergonhada.E quando levantei o rosto, vi os seus olhos verdes, brilhando intensamente.
Não pude evitar, franzi a testa e o encarei.
Mas quando ele ia dizer algo, um grandalhão, de cabeça raspada, com uma jaqueta de couro escura, chegou  enfiando a mão suja no purê do nerd que me encarava.
-E aê, Poncho.Cadê o meu dever de quimica?Eu preciso dele pra amanhã, espero que você não tenha se esquecido.-ele disse, se encostando na mesa, lambendo os dedos melacados de purê.
-E..e...eu...-ele tremia, tentando dizer alguma coisa.
O grandalhão, olhou impaciente e se levantou, limpando sua mão no ombro do garoto do molho de queijo.
-Amanhã na aula de quimica!- e saiu andando.
Olhei enfurecida, mas um caso bullying.Isso me irritava, na california eu participei de uma campanha na escola contra esse tipo de coisa.
-Você tá bem?-perguntei me levantando e pegando meu guardanapo pra ajudar a limpa-lo.
-Com licença. -ele se levantou se esquivando de mim, pegou suas coisas  e saiu caminhando para a saida do refeitório.
Juro que estava morrendo de pena desse garoto.Aquele grandão idiota e covarde!Grrrr!
Eu havia perdido a fome.Isso sempre acontece quando eu fico nervosa, então apenas me sentei e esperei o sinal tocar.
Os ponteiros do relógio rodavam freneticamente, e eu estava saindo da minha penultima aula, á caminho da ultima-álgebra.
Quando estou prestes a entrar na sala, trombo com alguém, e todos os meus livros caem no chão.
-Ôu!Cuidado!-digo me abaixando pra pegar as minhas coisas, antes que alguém pise em cima de meus livros.
-Me desculpa, eu não te vi.Desculpa.-ele se abaixou também, me ajudando a recolher minhas coisas.
Me levantei, disposta a encarar o ser de cara feia, quando reconheço aquele par de olhos verdes.
-Ah..é você. - o garoto do molho.
-É.-ele sorri timidamente.-Desculpa.-ele disse me entregando algumas folhas que cairam do meio dos livros.
-Tudo bem.
Então entramos, e eu fui sentar na minha cadeira no fundo, enquanto ele se sentava na primeira carteira no meio da sala.
Quando a aula acabou, eu não havia entendido nada da matéria-odiava números- estava caminhando para a porta, quando vejo que alguém me esperava.
Alfonso.Graças a chamada, eu me recordei do nome dele e não precisaria passar pela indelicadeza de perguntar de novo.
-A aula de hoje foi construtiva.-ele puxou conversa, caminhando ao meu lado.Concerteza ele não sabia que achar a aula de álgebra legal  não era um bom assunto pra começar uma conversa.
-Ah, eu não achei.Na verdade não entendi nada, nada mesmo.
-Sério?Mas foi fácil, o Sr.Fielding explicou extremamente detalhado.
-Pra mim, ele estava repetindo a mesma coisa, e dando circulos, sem chegar ao ponto exato.Odeio álgebra.
Entramos no ônibus e ele se sentou comigo.
-Se você  quiser eu posso te ajudar com a matéria.-ele propos.
-Não, obrigada, eu vou tentar me virar...-recusei a ajuda.Eu não queria fazer amigos, muito menos uma amizade tão estranha, com esse garoto nerd, incrivelmente bonito.
-Tudo bem, mas se precisar, não hesite em me chamar.- ele sorri.
O assunto havia morrido, então ficamos em silêncio, até ele recomeçar.
-Você é de Boston?
-Sim.Nasci aqui.-não queria entrar em detalhes da minha vida.
-Eu nasci na california.Mas só vou pra lá nas férias de verão.Eu gosto muito de lá, não que eu não goste daqui.Já foi pra lá?-ele perguntava curioso, e quando olhava pra ele, seu rosto ganhava um leve tom de rosa.
-Meu pai mora lá.
-Ah, que legal!Você vai muito pra lá então?
Comecei a me perguntar porque esse garoto extremamente timido e estranho, insistia em conversar comigo.
-Hoje no almoço...-eu mudei de assunto-Quem era aquele garoto arrogante?
Agora ele hesitou, fez uma longa pausa e suspirou.
-Ele é Paul.Temos quimica juntos, e ele me conhece desde os 14.
-Porque ele te trata daquele jeito?-questionei, curiosa.
Ele apertou os lábios, uns nos outros, mecheu um pouco no ziper de sua mochila, e então falou.
-Paul é assim, o jeito dele.
Percebi uma coisa sobre Alfonso.Ele não gostava de parecer fraco.Ele não gostava de que sentissem pena dele, por isso saiu, quando tentei ajuda-lo na hora do recreio.
-Você não pode deixar ele te tratar assim.È desrespeitoso.Quem ele pensa que é?Seu chefe?Seu dono?Dê a ele uma boa lição!
Ele permaneceu calado, olhando pra frente.Depois disso, não voltou a puxar assunto comigo, nem a me encarar.
Quanto a mim, fiquei observando-o, e me peguei distraida em suas feições, quando ele se vira pra mim.
-Eu desco na próxima.Tchau, até amanhã, na álgebra!Não se esqueça do dever.-ele dá um pequeno sorriso, e caminha até a saida do ônibus.
Ascenei.