Fanfic: Aprendendo a Viver | Tema: Chaverroni

     Maite acordou cedo aquela manhã e foi levar a irmã no hospital para fazer a quimioterapia, Anna odiava que ela ficasse perto durante o tratamento, não suportava a ideia de que Maite chorasse escondida por sua causa. Anna sabia que um dia iria partir e antes disso, queria ver a irmã feliz para ter certeza de que ela nunca estaria sozinha.

       As duas entraram no hospital e caminharam até a recepção, Anna sorriu para os funcionários que estavam ali, já conhecia a maioria e todos gostavam muito dela. Sentaram nas cadeiras vagas que haviam na sala, esperando o horário para qual Anna estava marcada.

– Você sabe que não é obrigada a ficar aqui, May. – Disse Anna revirando os olhos para a irmã.

– Tem certeza de que vai ficar bem? – A olha preocupada. Não gostava de ver Anna triste por causa dos efeitos que o tratamento.

– Vou, já estou acostumada a sentir os enjoos e a ver meu cabelo cair cada vez mais. – A jovem diz com um olhar vago e triste.

– Preciso pagar umas contas e ir ao supermercado, quando terminar me liga que eu venho te pegar. – Disse Maite dando um beijo na testa da irmã. – Eu te amo.

– Também te amo. – Sorriu amorosa para Maite. – Vai com Deus maninha.

       Maite sorriu pegando sua bolsa e caminhou para a saída do hospital até sumir do olhar de Anna, que ficou ali sentada a espera de sua médica. A menina estava morrendo de sono e quase dormindo na cadeira quando uma voz doce fala com ela a fazendo despertar rapidamente.

–  Doutora Saviñón. – Anna sorri para a mulher dos cabelos vermelhos que falava com ela. – Como está?

– Anna Julie mocinha, não é legal dormir na sala de espera. – Brincou a mulher. – Estou bem, e a senhorita?

– Bem, na medida do possível. – Sorriu um pouco triste.

– Deixa eu advinhar... Deu um jeito da sua irmã sair de novo não é? – A encara séria. – Sou sua médica e nunca cheguei a conhecer sua irmã, isso é estranho.

– Não gosto que ela me veja fazendo quimio Doutora Saviñón, desde que em uma das primeiras consultas, eu vi ela chorando logo após o termino do tratamento. Não quero que ela fique deprimida por causa da irmã mais nova que já está condenada a  morte. – Disse Anna com uma expressão indecifrável no rosto.

– Sabe que não é assim querida. – A ruiva respirou fundo. Não gostava de que seus pacientes jogassem a eles mesmos para a morte, principalmente casos de jovens como Anna. – É lindo da sua parte se preocupar com a sua irmã mas não se diminua, não mate a si mesma. Deixe que ela te apoie e que cuide da irmã mais nova, que aproveitem o tempo que as duas tem uma com a outra, antes que seja tarde para voltar atrás.

– Vamos? – Anna corta o assunto. – Quero que essa quimio termine logo.

– Vem comigo. – Sorriu e as duas seguiram por um dos vários corredores. – Hoje meu irmão está aqui, vou apresentá-los.

– O dono do hospital? – Arregalou os olhos e a ruiva assentiu positivamente. – Agradeço demais essa área para os menos favorecidos, se não fosse isso eu nunca teria como fazer o tratamento.

– Ele soube do seu caso e pediu para conhece-lá. – A mulher comenta enquanto ambas subiam para o andar onde ficava a diretoria do hospital e os consultórios para pacientes particulares.

 

     Dulce bateu na porta que ficava no fim de um dos corredores, após uma voz falar um "entre", ela abriu a porta sorrindo para o homem que estava sentado na cadeira atrás de sua mesa. Ele a olhou retribuindo o sorriso e Anna entrou envergonhada, se escondendo atrás da médica.

– Chris meu irmão. – Fechou a porta atrás delas e se aproximou da mesa. – Fiz o que me pediu.

– Obrigado Dulce. –  Acenou positivamente com a cabeça. Olhou a menina atrás dela e riu de sua timidez. – Anna, não precisa ficar envergonhada. Sente-se, por favor.

– Tudo bem. – Disse baixo e sentou em uma das cadeiras de frente para a mesa. – É um prazer conhece-lo Doutor Chávez.

– Pode me chamar apenas de Chris. – Olhou para a irmã que os observava. – Poderia nos dar licença Doutora Saviñón?

– Claro. – Riu indo em direção a porta, se virou e disse para ambos antes de sair. – Não demorem, ainda temos que fazer sua quimio Anna. Depois sua irmã deve aparecer para buscá-la.

– Claro, Doutora Saviñón. – A menina responde e Christian apenas balança a cabeça, concordando.

– Temos muito que conversar Anna Julie. – Disse o homem após Dulce sair, o sorriso deixou o rosto de Anna e a mesma se encolheu na cadeira.

 

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       Maite seguiu para o ponto de ônibus após sair do hospital, ficou pouco mais de 20 minutos esperando a condução que acabou não chegando. Odiava gastar dinheiro com táxi quando estava sozinha, mas tinha pressa. Fez sinal para um táxi vazio que viu de longe, assim que o carro parou, a mesma entrou e pediu que o motorista fosse para o Orfanato Santa Guadalupe. Havia dito a irmã que iria para outro lugar, não queria que a mesma soubesse que estava atrás de pistas sobre seus pais, não que tivesse vontade de conhece-los, mas Anna estava cada vez mais sem vontade de viver, talvez se encontrasse os pais, eles poderiam ter melhor condição que ela para pagar um tratamento bom para Anna.

   Maite desceu do táxi e respirou fundo antes se seguir pelo enorme portão do orfanato. Subiu os poucos degraus da escadaria da entrada, se lembrava muito bem de tudo ali, ainda estava tudo igual.                                                                                                     Bateu na enorme porta, em poucos minutos uma das freiras abriu a porta sorrindo amigável.

– Em que posso ajudá-la senhorita?

– Eu gostaria de falar com a diretora do orfanato, ela está? – Pergunta um pouco apreensiva.

– Ah sim, por favor me acompanhe. – Deu passagem para ela.

   Maite seguiu a velha senhora pelos corredores do lugar, várias  lembranças passavam em sua mente naquele momento. Diversas crianças corriam e brincavam quando passaram em frente ao pátio principal, ela sorriu ao ver que as coisas haviam mudado depois que fugiu de lá. Nem notou que já estavam em frente a sala da direção, a freira bateu na porta e entrou em seguida, saiu pouco tempo depois.

– Pode entrar senhorita.

– Muito obrigada, irmã Glória. – Sorriu agradecida. A mulher arregalou os olhos, nem havia dito seu nome, como ela poderia saber?

– Como sabe meu nome senhorita?

– Eu vivi aqui um tempo razoavelmente bom, tenho uma ótima memória. Não me reconhece? Sou a Maite, que fugiu daqui uns anos atrás.

– Menina Maite? – A expressão da freira era de surpresa, seus lábios se separaram e a boca se abriu em um perfeito "O".

– Sim. Sua benção irmã Glória. – Beijou a mão da senhora e sorriu.

– Deus te abençoe, menina Maite. – A abraçou ternamente. – Agora vá, a diretora a espera.

      Maite assentiu e entrou na sala. Havia uma mulher sentada em uma cadeira de costas para a porta, observava pela grande janela o jardim dos fundos, de onde podiam ser ouvidas sonoras gargalhadas e gritos infantis. Ela conhecia bem esse som. Teve maus e bons momentos naquele lugar, mas estava agora frente a frente com seu maior problema de quando viveu ali: A diretora Maris.

– O que deseja vindo até aqui, minha jovem? – Pergunta sem virar a cadeira para olhá-la. A voz da mulher fez Maite sair de seus pensamentos e respoder de imediato.

– Temos muito o que conversar, diretora Maris. – A mais velha gelou ao ouvir as palavras de Maite e se virou imediantamente, não acreditava em quem estava a sua frente naquele momento.