Fanfic: True Colors {mini web} | Tema: Portiñon

Conheci Anahí na faculdade, cursamos turismo juntas e já estamos no quarto semestre, Anahí era o oposto das mulheres por as quais eu me sentia atraída, loira, magra, baixa, devia ter no Maximo 1,60, tímida e extremamente delicada, mas seus olhos azuis me faziam sonhar acordada sempre que se encontravam com os meus. Anahí sempre foi a mais calada da turma, sempre no canto dela, nunca discutia com ninguém, e sempre concordava com tudo, preciso confessar que as vezes invejava a forma como tudo sempre estava bom para ela.

Já eu, era o oposto de Anahí, tenho cabelos ruivos e volumosos, sou alta, devo ter no mínimo dez centímetros a mais que Anahí, e timidez é uma palavra que definitivamente não existe no meu vocabulário, sempre fui a mais agitada da turma, sempre estava discutindo com alguém, ou me posicionando sobre minha forma de ver o mundo, gosto de ajudar pessoas a desconstruírem seus preconceitos, por isso sempre que possível gosto de dar minha opinião sobre política — sou a típica eleitora de esquerda, e gosto de deixar isso claro —, igualdade de gêneros — sou feminista, e não tolero misoginia —, direitos LGBT`s — sou lésbica e acredito que a sociedade em que vivemos ainda tem muitos preconceitos que precisam ser desconstruídos —, e por ultimo, mas não menos importante, sou vegetariana — não apoio o sofrimento animal, por isso deixei o meu amor por todas as espécies, falar mais alto que o meu paladar —, sei o que as pessoas pensam sobre mim e sobre minhas lutas, sei que sou considerada a chata da turma, sou a típica pessoa do politicamente correto que ninguém quer por perto, e se me permitem dizer, eu também não quero estar por perto de pessoas hipócritas.

Não sei exatamente o que me fez ficar tão obcecada pela Anahí, afinal, ela em nada se parecia comigo, nunca dava sua opinião sobre nenhum assunto, e como eu sempre lhe dizia citando uma das frases que eu mais gosto " O mundo não será destruído por aqueles que fazem o mal, e sim por aqueles que os olham e não fazem nada" e ela rebatia, inteligentemente me dizendo " O silencio é a maior sabedoria do homem", e então como sempre fazíamos, eu começava a falar sem parar, e ela me escutava, prestando atenção em cada palavra do que eu dizia, isso já havia virado rotina em nossas vidas.

Lembro quando Anahí me contou que também era lésbica, e lembro como isso havia me enchido de esperança — já que depois de quatro semestres estudando juntas, eu já estava louca por ela, mesmo ainda não entendendo o como isso fora acontecer —, foi em uma quinta feira, depois de uma discussão que tive com uma menina que estudava com a gente, Gabriele sempre fora dessas fanáticas religiosas, que se deixavam cegar por costumes antigos e falso moralismo.

- Desejo que toda essa sua raça morra, vocês são uma aberração, vão contra a ordem natural da vida, mereciam morrer. - gritou Gabriele, durante a discussão.

Lembro como eu havia ficado furiosa por isso, e como havia me segurado para não voar no pescoço dela — já que acredito que não se combate o preconceito com violência —, mas me lembro perfeitamente de como aquelas palavras haviam chocado Anahí, que minutos depois, voltando a pé comigo para casa — morávamos apenas a duas quadras de distancia —, me contara que também era lésbica, e que eram por pessoas como Gabriele que ela tinha medo de se assumir, e então voltamos com a nossa discussão diária, com frases de efeito, só que dessa vez, ao final da discussão, ao invés de Anahí dizer que não dava para discutir comigo, ou concordar com o que eu dizia apenas para que eu me calasse, ela me surpreendera.

- Acho que as vezes eu invejo você. - ela disse sorrindo, quando entramos na rua em que ela morava, e eu a olhei surpresa. - Queria ter a sua coragem.

Foi inevitável não sorrir satisfeita, e também foi inevitável não começar a imaginar um futuro entre nós duas, afinal, comigo realmente acontecia aquele clichê, de que lésbica não podem começar a gostar de uma menina que já se imaginam casadas, envelhecendo juntas em uma casa cheia de gatos, embora eu preferisse cachorros.

- E eu invejo a sua calma as vezes, gosto do jeito como não se mete em encrencas, e como consegue não deixar que algumas coisas te afetem. - ela sorriu, e eu gostaria de saber o que se passava na cabeça dela naquele momento.

lana_navarro: Bem-vinda, espero que goste da fic.