Fanfic: Contrato de Casamento-Ponny/Adaptada | Tema: AyA

Capítulo 12

É então que ele quebra o silêncio, levantando-se e retirando do bolso interno do paletó uma cai—Senhor Portilla — ele diz olhando para Sebastián — me concede a mão de sua filha?

Sebastián acena com um largo sorriso e, enquanto Alfonso tira as alianças, todos acompanham o momento. Ele segura as delicadas mãos de Sophia e coloca a aliança em seu anelar direito.

Surpreendida pelo fato de Alfonso ter se importado com as alianças, ela toma a dele em mãos para deslizá-la pelo seu anelar. Sorriem um para o outro e Anahi coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha. Nenhum dos dois sabem o que fazer e, mesmo que relutantes, se beijam brevemente, encenando o noivado.

Alfonso sente os lábios finos dela nos seus e um calor percorre seu corpo. Os presentes aplaudem, Alfonso com menos animação como os demais, e eles cessam o beijo.

Anahi está levemente corada e Alfonso não sabe como agir.

—Vamos fazer um brinde aos noivos — Ucker diz com um sorriso irônico nos lábios, se servindo de vinho e levantando a taça.

—Ucker, tem champanhe, seu idiota — Alfonso rebate e todos gargalham.

O funcionário trás as taças e a champanhe e eles fazem o brinde.

—Ao casal do ano.— Paul diz levantando sua taça — E ao Daniel, pra que ele não seja abandonado.

E diante disso, todos ficam calados.

***

Alfonso não se importou com seus modos. Nem com a família de Anahi presente ali. Ele estava dominado pela raiva e por isso não pensou direito. Quando se deu conta, suas mãos já agarravam o colarinho de Paul e iam de encontro à face dele. O impacto de seu punho fechado no rosto do atrevido Paul fez com que ele caísse sobre a mesa e todos se assustassem. A mesa desliza pelo piso com o impacto do corpo atlético de Paul e ele cai, batendo fortemente as costas contra o chão. Alfonso já avançava outra vez contra seu oponente, mas este já havia se levantado e obstruiu o golpe que acertaria seu nariz. Torceu o punho de Alfonso e acertou um soco contra seu olho, que ficou roxo quase que no mesmo instante.

Sebastián segurou Paul enquanto Ucker segurou o irmão. Mas Paul estava possesso e se desvencilhou, empurrando quem o segurava. Com os cotovelos, e cego pela fúria, Paul acertou Sebastián e foi de encontro ao Herrera, que também vinha até ele. Isabela, Anahi e Eva só faziam gritar, pedindo pra que eles parassem com a briga. Mas em vão.

Segundos depois Alfonso estava apertando o pescoço de Paul, este que revidou com uma joelhada na sua boca do estômago e deu um forte empurrão que o jogou sobre um armário de portas de vidro com algumas bebidas. O móvel veio ao chão e as garrafas se espatifaram. Vidros esvoaçaram para todos os lados e o piso foi manchado com os etílicos.

Apressadamente Eduardo e Ucker correram para dominar Paul, cada um segurando em um braço, mesmo com ele a esbravejar "me soltem".

Alfonso viu seu inimigo preso e incapaz, levantou-se tomado pela ira e tudo que enxergava era ele socando Paul. Avançava decididamente quando sentiu mãos tentando segurá-lo. Sem se dar conta, desvencilhou-se com um forte soco que deu com os cotovelos contra quem o segurava.

O cotovelo acertou o pequeno queixo de Anahi, que cortou a língua quando seus dentes colidiram contra ela. Caiu sentada no meio da confusão enquanto ainda via Alfonso furiosamente ir em direção à  Paul para agredi-lo.

Ele parecia dominado e não ouvia nem a Ucker nem a Eduardo dizendo-lhe para ter calma.

Subitamente Alfonso sentiu uma mão forte agarrar a gola de sua camisa e empurrá-lo fortemente contra a parede. Suas costas colidiram contra o cimento e ele teve quase certeza que seu pulmão sairia pela boca.

Encarou os olhos azuis e furiosos de Sebastián. Voltou à si quando o ouviu gritar estridentemente.

—Você machucou minha filha, seu grande filho da puta!

***

—Acho melhor você ir embora — Anahi ouviu Eduardo dizer à Paul enquanto a mãe a ajudava a se levantar, perguntando se ela estava bem.

A confusão que acontecera ali em sua sala a deixou com a cabeça rodando. Ucker e Eduardo seguravam Paul, que ainda tinha sua íris verde cheio de raiva. Sebastián prensava Alfonso contra a parede e havia cacos de vidro e bagunça jogados por todo os cantos.

—Pai, foi um acidente — tenta amenizar a situação de Alfonso sentindo sua língua arder pelo corte — Ele jamais faria isso em sã consciência.

Sebastián ouve a filha e solta Alfonso abrutamente, o encarando com uma expressão nada amigável. Pra ele não importa se foi ou não por querer. Ele machucou sua filha e era o suficiente para ficar nervoso. Sem esperar por um segundo, vira-se para Paul:

—Vá embora, Paul, já causou muita confusão! — exige com sua voz dura.

Paul olha para sua mulher que um dia foi sua noiva, e que agora tem Alfonso por perto pedindo desculpas pelo que fez. Respira fundo e alinha o blazer e sai em seguida pisando firme.

—Anahi  me desculpa. Eu não queria te machucar. Esse Paul me tirou do sério! — ele pede tocando seu queixo e levantando-o para analisar.

—Está tudo bem, Alfonso. Sei que foi sem querer.

—Tem certeza? Precisa de um pronto atendimento? Eu levo você.

—Não há necessidade, Alfonso, já disse. Eu estou bem.

Ele acena e suspira, ainda sentindo a adrenalina correr por suas veias. Todos na sala continuam atordoados com a briga deles.

—Por favor, me desculpem por esse meu comportamento. Normalmente eu sou calmo. Não sei o que aconteceu comigo. Eu realmente não queria causar essa confusão. — ele tenta se desculpar.

A família de Anahi apenas acena brevemente, e Sebastián é o único que mudou sua expressão de atordoado para furioso. Mesmo que soubesse que o que aconteceu foi um acidente, ainda estava nervoso com o ocorrido. Sentiu as mãos de Eva a afagar seus ombros e aos poucos foi se acalmando.

—Tem certeza de que está bem? — Sebastián pergunta à filha.

Ela confirma novamente e diz apenas que cortou a língua. Alfonso continua sem jeito por tê-la machucado, por mais que tenha sido sem querer. Praguejou-se mentalmente por isso. E tudo por culpa do imbecil do Paul.

Já com todos os ânimos mais calmos, a imagem de ele avançando sobre o Wesley  reprisa em sua mente e Alfonso quase pode sentir a ira se concentrar em seus punhos. Raiva essa que ele não entende por que está sentindo. Inspira e expira fundo para manter a calma.

—Pelo jeito o jantar acabou. — Ucker diz — Acho que é minha brecha pra ir embora.

—É melhor nós irmos também — Eduardo olha para os pais, que assentem com um maneio de cabeça.

—Você vem, Alfonso? — Heitor pergunta.

—Não. Quero ficar pra limpar a bagunça que causei.

—Não precisa se preocupar, Alfonso. Pode ir se quiser.

—Eu quero ficar. — afirma convicto.

Eles se despedem e Alfonso se desculpa mais uma dúzia de vezes antes de os Portilla e seu irmão irem embora de vez. O funcionário do buffet também é dispensado e os dois ficam sozinhos no apartamento revirado.

Alfonso se volta para Anahi, que já está agachada juntando os cacos da louça quebrada. Ele se aproxima a passos cautelosos e se ajoelha em sua frente, segurando os pulsos delicados dela. Seus olhares se encontram e os olhos verdes dela estão marejados.

—Você está chorando — ele murmura ao ver seus olhos molhados.

Ela funga e limpa rapidamente os olhos, balançando a cabeça.

Subitamente ela sente as mãos de Alfonso levantá-la e encaminhá-la até o sofá. Eles se sentam, mas Anahi está com os olhar cabisbaixo, negando-se a mirar Herrera.

—Me desculpe, Anahi. Eu juro que não queria ter te machucado. — ele toca o queixo dela e levanta seu olhar.

Os olhos estão vermelhos e ele pode perceber que Anahi está se segurando. Subitamente ela despenca e lágrimas e se abraça a ele, que hesitante envolve-a e afaga seus cabelos, tentando acalmá-la. A cena de vê-la aos prantos aperta seu coração e ele não sabe que reação ter.

—A culpa não é sua. — ela diz em seus ombros ainda chorando — Eu não deveria ter permitido que ele ficasse. Sou uma idiota. Eu estraguei tudo, como sempre faço — lamenta-se molhando o paletó de Alfonso com sua lágrimas.

Ele a afasta e segura seu pequeno rosto, enxugando as suas lágrimas com os polegares.

—Não diga isso. A culpa é dele que tem tentado de tudo pra nos provocar — sussurra tentando acalmá-la.

Nem percebe quando a traz novamente para seus ombros e acarícia suas madeixas ao passo que sente o coração dela voltando a bater em seu ritmo normal. A sensação que percorre pelo corpo de ambos é quase inexplicável; ela sente os grandes, fortes e calorosos braços de Alfonso a contorná-la. Suas mãos afagando seus cabelos e seu corpo tão próximo ao do dela a faz sentir-se segura. Alfonso era como um refúgio, um porto seguro, uma muralha que a protegeria de todo e qualquer mal.

Para Alfonso, vê-la frágil daquela maneira, entre seus braços, agarrado a ele, despertava nele um sentimento de proteção. Não queria que mais ninguém fizesse mal a ela. Ao mesmo tempo em que ter a pele dela roçando na dele,o deixava em êxtase e confuso. Por que ele se importava tanto com o fato de Paul provocá-los? Ele deveria apenas ter ignorado os comentários fúteis do Guimarães. Mas algo dentro dele gritou alto e a vontade de agredir o ex dela o dominou e ele acabou agindo sem pensar.

—Não está mesmo chateado comigo? — Anahi o despertou de seus pensamentos. Ela continuava com a cabeça repousada em seus ombros e suas mãos ainda afagavam os cabelos dela.

A voz dela parecia mais calma e ele teve quase certeza de que ela não chorava mais.

—Claro que não. Eu não teria por que ficar chateado contigo. — diz e ela se afasta, encarando-o nos olhos com um pequeno sorriso.

Alfonso leva outra vez seus polegares até o rosto dela e limpa as últimas lágrimas que caíram. Definitivamente ele não gostara de vê-la chorando.

—E você me perdoa por tê-la machucado? — sussurra escorregando seus dedos até seus lábios que se incharam um pouco.

Os olhos de Anahi desviam-se para o polegar de Alfonso recostando em sua boca. Não consegue dizer nada e apenas acena. Inconscientemente suas pequenas mãos alcançam um olho roxo dele e toca levemente. Devido à dor, ele se esquiva.

—Dói?

—Um pouco — confessa.

—Tenho kit de primeiros socorros.

—Não se preocupe com isso, não é nada.

—Desculpe, senhor Herrera, mas você não tem opção. Vou tratar isso aí — ela decreta e se levanta, mas é trazida de volta quando as mãos dele a puxam para o sofá outra vez.

—Antes de ir buscar o kit, quero te dar algo.

Anahi o encara sem entender. Se remexe no sofá, desconfortável. Vê quando Alfonso tira uma pequena caixa em formato de retângulo de dentro do bolso interno do paletó. Os olhos dela brilham diante à prata pura de um colar simples, mas totalmente elegante.

—Al... Alfonso— ela gagueja e o olha, desnorteada.

Ele tem um sorriso divertido nos lábios quando se levanta e a puxa pelos punhos fazendo-a levantar também. Vira-a de costas para si e afasta os cabelos louros, jogando-os para frente. Coloca a jóia no pescoço branco e delicado de Anahi e os dois se olham através de seus reflexos no vidro da janela ali perto.

—É tão linda — Alfonso murmura, contemplando-a.

Anahi sorri brevemente e leva as mãos até a singela e majestosa joia.

—Tem razão. É linda — confirma segurando o objeto.

Alfonso sorri pequeno e segura em sua cintura. Seus olhares continuam a se cruzarem através do vidro.

—Eu me referi a você.