Fanfic: Contrato de Casamento-Ponny/Adaptada | Tema: AyA

Anahi chegou cedo ao prédio da Suice`s Chocolate. Foi muito bem recebida pelo próprio Alfonso que lhe cumprimentou com um aperto de mão caloroso, a saudando mais uma vez. Por um pequeno instante ela se deu ao luxo de reparar em seu mais novo chefe. Alfonso Herrera deveria ter aproximadamente uns 1,85 metros de altura, corpo malhado sem exageros, olhos claros que alternavam entre o azul e o verde. Tinha cabelos curtos e volumosos alourados, muito bem penteados e firmados com gel. O maxilar exibia uma barba rala que lhe conferia um ar de virilidade. Alfonso era um homem extremamente bonito entre os 28 e 30 anos.

            —É bom revê-la, senhorita Portilla. Parabéns pelo cargo e bem-vinda ao grupo Suice`s Chocalate – ele a cumprimentou.

            —O prazer é meu, senhor Herrera, e obrigada pela oportunidade e confiança,

            —Não me agradeça por isso. Eu tenho uma reunião agora – e olhou em seu Rollex – estou meio atrasado, mas Thamires irá fazer um tour com você pela empresa, para que você conheça nossas instalações, os outros funcionários e departamentos, o modo como trabalhamos e como a empresa funciona. Espero que se adapte e fique conosco – dito isso ele agarrou sua mala de couro e saiu, entrando em um dos elevadores.

            Thamires pediu a Anahi que ela a acompanhasse, e a nova secretária a seguiu conhecendo o prédio onde seria o seu trabalho. Passou pelo RH, enfermaria, refeitório, comunicação e telemarketing, departamento pessoal, copa, almoxarifado. Conheceu as salas de videoconferência, reuniões, setor jurídico, logística e informática.

            Já em seu andar, Thamires lhe apresentou a sala da presidência, vice-presidência, a recepção e a sala da secretária executiva do presidente. A sala dela.

            Anahi estava maravilhada de como ela era grande.

            —Você pode dar uns toques mais femininos depois, deixando mais a sua cara. O senhor Herrera não se importa. Ele até gosta que o ambiente de trabalho dos funcionários seja aconchegante. Então aqui é seu lugar, pode fazer o que quiser com ele.

            Anahi sorriu, mas não teve muito tempo de se deliciar em sua sala, Thamires já a convocava para ir à sala de treinamento, local que, durante os dois primeiros dias, Anahi ficaria recebendo o treinamento para ser a secretária executiva de Alfonso Herrera.

***

Anahi se adaptara logo ao mundo corrido dos negócios da Suice`s Chocolate Brasil. Após seu treinamento de dois dias, iniciou o seu ofício de secretária executiva, e realmente gostava de trabalhar na empresa. Tinha vários benefícios, o salário era alto, seus colegas eram simpáticos e atenciosos, Alfonso era educado e um bom chefe. Já havia quatro meses que ela estava na empresa e conseguira passar pela experiência de noventa dias, e agora ela era, definitivamente, a secretária executiva de Alfonso Herrera.

            Com o bom salário que estava recebendo conseguiu alugar um bom apartamento e já não estava mais no vermelho. Pôde, ainda, comprar um celular novo, já que ela teve de se livrar de seu antigo por causa do localizador GPS que seu pai instalara nele. Já no primeiro mês comprou roupas novas casuais e para o trabalho, utilizou do cartão exclusivo que a empresa cedera – um dos benefícios de ser a secretária executiva. Comprou móveis novos e confortáveis, para, de uma vez por todas, deixar a vida de quarto de hotéis para trás. Sua geladeira e armários estavam recheados e fartas de comida e ela não comia tão bem como quando vivia de um lado a outro.

            Anahi, simplesmente, estava feliz, por principalmente não ter mais que depender do dinheiro do pai, nem se submeter a um casamento para poder sobreviver.

Acordou cedo para mais um dia de trabalho. Arrumou-se, preparou o café e saiu em seguida. Ao chegar na empresa acomodou-se em sua sala e iniciou seu trabalho do dia. Era quase horário de almoço e ela precisava verificar a agenda de Alfonso. Estava pronta a fazer isso quando o telefone em sua mesa tocou.

            —Suice`s Chocolate Brasil, Presidência, Anahi falando, em que posso ajudar? – ela atendeu de pronto.

            —Gostaria de falar com senhor Alfonso Herrera, por favor

            —A quem devo anunciar?

            —Antônio Vargas – disse a voz.

            Sophia lhe pediu um instante e apertou o ramal do patrão.

            —Senhor Herrera, Antônio Vargas na linha um. Devo passar a ligação?

            —Sim, senhorita Portilla, obrigado.

            Ela o fez, e voltou a seu trabalho.

            Minutos depois, Alfonso bateu a sua porta.

            —Temos um almoço de negócios importante de última hora. Cancele meus próximos compromissos e remarque. Sairemos em uma hora.

***

            Alfonso estava sentado no banco de couro da sua limusine. Juntamente a ele, Anahi, que segurava um tablet nas mãos, ainda atarefada em atualizar a agenda eletrônica do chefe. Só o que ela sabia até ali é que Alfonso havia uma reunião de última hora com uma construtura. Pelo que ela o ouviu ao telefone a reunião era com um dos Engenheiros mais bem sucedidos do país. O que ela não sabia era que o tal engenheiro era Luiz Guimarães de Orleans, pai de seu ex-noivo.

            Dono da  LG Construtora, Luiz fez sua empresa crescer e ser  uma das mais renomadas no ramo, famosa por ser pontual em suas entregas, obras de qualidade com material de primeira mão. Também era conhecida por ser uma das empresas mais satisfatórias em se trabalhar.

            Herrera precisava de uma pequena expansão de sua fábrica na filial brasileira, e gostaria de contar com uma Construtora competente para tal serviço, já que a própria empresa era mundialmente conhecida. E quando a SCBR anunciou que estava a procura de uma construtora, contratos e propostas tentadoras caíram-lhe aos pés. Mas Alfonso não estava se importando com o preço, e sim com a qualidade do serviço e comprometimento da empresa em entregar as obras no prazo estabelecido em contrato. É claro que ele negociaria o valor se julgasse necessário, mas o preço realmente era a última coisa que lhe importava.

            A LG Construtora e ConstruPortilla eram as mais famosas do país, e a empresa de Herrera, recebera proposta das duas. Analisando os contratos, propostas e depois de algumas reuniões, Antônio Vargas, advogado e representante da LG Construtora, entrou em contato naquele dia, aceitando o acordo entre as duas empresas e Alfonso finalmente iria fechar contrato com eles.

            Alfonso e Anahi chegaram ao restaurante onde se encontraria com Luiz, pontualmente. A hostess procurou seus nomes na lista de reserva e após confirmar, o encaminhou até a mesa onde Luiz estava.

            Anahi desligou o tablet e o guardava na bolsa após finalmente terminar seu trabalho. Quando levantou os olhos divisou Luiz sentado à mesa, rindo e bebendo, acompanhado de mais dois homens. Ela estacou como se estivesse visto um fantasma.

            Alfonso continuava a caminhar quando reparou que Anahi não mais o acompanhava, virou-se e a viu como se estivesse paralisada, em choque. Voltou-se a ela.

            —Anaha. Anahi? – ele a chamou e vagarosamente a secretária o olhou, branca feito papel – Você está bem? Está pálida. O que houve? –  perguntou parecendo meio preocupado.

            Anahi pestanejou e olhou a mesa de Luiz novamente de relance.

            —A reunião é com a LG Construtora? –  por fim ela se pronunciou.

            —Sim, algum problema?

            No mesmo instante, Anahi entregou as coisas que carregava a Alfonso, este segurou os objetos pasmo confuso e ao mesmo tempo boquiaberto enquanto ouvia ela se desculpar.

            —Me desculpe mil perdões, senhor Herrera, mas eu... Eu não posso ficar para a reunião. – e então ela começou a chorar, lágrimas rolavam e Alfonso ficou sem entender e sem reação.

            Por que ela está chorando? Ele a encarava confuso e desnorteado por aquela ação. E de repente a mulher correu, o deixando ainda mais pasmo, mais confuso. Sem demora ele foi em sua direção, deixando as coisas junto à recepção, alcançou-a no outro lado da rua, segurando ela pelos braços. A virou para que a encarasse, e Anahi tinha os olhos inchados.

            —Senhorita Portilla, pode me explicar que atitude foi essa? E por que está chorando?

            —Me desculpe senhor Herrera, mas eu não posso ficar nessa reunião. E estou chorando por perder meu emprego, por perder um bom emprego e principalmente por tê-lo decepcionado.

            Do que é que essa garota está falando?

            —Senhorita Portilla, você ainda é minha funcionária e não me decepcionou. Só quero entender o porquê de sua atitude.

            Anahi balançou a cabeça e mais lágrimas rolaram. O destino só poderia estar de brincadeira com ela. Por que a SCBR tinha logo que fechar contrato com a LG Construtora? Por que não outra?

            —É algo que eu não posso lhe dizer senhor Herrera. Eu sinto muito, mas não posso participar dessa reunião. E entenderei quando estiver assinando minha carta de demissão.

            Ela se preparava para sair, quando Alfonso a impediu, novamente.

            —A senhorita não irá a lugar algum, não enquanto me explicar o que está acontecendo. Eu já entendi que tem a ver com o Luiz, mas o quê? Você é uma das melhores secretárias que eu já tive e isso já me provou, e não quero ter que demiti-la sem saber o motivo.

            Anahi enxugou as lágrimas. Talvez fosse melhor contar a Alfonso sua situação, quem sabe ele fosse compreensível e não a demitisse? Se ela nada contasse perderia o emprego e voltaria à vida que estava levando antes, quem sabe até pior.

            —Eu conto, mas é uma longa história, preciso de tempo e o senhor Guimarães o espera.

            —Eu preciso da minha secretária na reunião.

            —Eu sei – ela o olhou – Vou participar da reunião junto ao senhor, mas pode dizer que somos... noivos?

***

            Alfonso a olhou sem entender.

            Noivos? Essa garota está louca?

            Anahi o olhava ansiosa, mordendo fortemente o lábio inferior.

            O que ela quer? Que eu faça ciúmes no velho Luiz? O que há entre esses dois? Eu só vou descobrir se aceitar essa loucura.

            —Tudo bem, mas depois vai me contar toda essa confusão.

            Anahi acenou e os dois voltaram para dentro.

            Ao se aproximarem da mesa, enquanto Alfonso puxava a cadeira para ela, ele pôde ver a expressão de surpresa em Luiz Guimarães.

            —Senhor Guimarães – Alfonso sentou-se e esticou as mãos para cumprimentá-lo.

            Herrera percebeu que Luiz ainda estava boquiaberto com a  presença de Anahi, esta que olhava constantemente para as próprias mãos e Alfonso sentiu a tensão entre os dois.

            Luiz voltou à Terra e, ainda sem se recuperar do golpe, apertou a mão de Alfonso.

            —Jovem Alfonso Herrera – pronunciou-se alternando a olhar entre ele e Anahi forçando um sorriso.

            Herrera cumprimentou os outros dois homens que acompanhavam Guimarães, um deles era Antônio Vargas, o outro era seu secretário. Olhou rapidamente para Luiz quando o ouviu cumprimentar Anahi.

            —Boa tarde, Anahi Portilla.

            Anahi sorriu fracamente e acenou:

            —Boa tarde, senhor Luiz.

            —Vocês se conhecem – Alfonso interveio, mais afirmando do          do que perguntando.

            —Sim, Alfonso – pronunciou Luiz – Nos conhecemos, mas há tempos não nos víamos. É bom revê-la, Anahi.

            Ela nada disse, estava apreensiva demais para responder.            Ele irá contar ao meu pai. Eles irão me forçar novamente a esse maldito casamento.

            —É sua secretária, Alfonso? – Luiz perguntou sem tirar os olhos de Anahi.

            —Sim – respondeu e completou em seguida – e minha noiva.

            E neste exato momento Guimarães o olhou, e Alfonso sentiu ser metralhado por seus olhos.