Fanfic: Noite de Prazer | Tema: gn
Joan entrou na sala de Giovanna e entregou-lhe a correspondência do dia.
— Acabou de chegar — ela informou.
— Obrigada, Joan. — Sorriu para a assistente de gerência. Uma semana se passara desde a demissão de James, e tinham contratado uma vendedora para substituí-lo. — Como a nova funcionária está se saindo no treinamento?
— Muito bem. Sara aprende rápido.
— Que bom. — Giovanna queria conversar com sua assistente e aquele momento parecia o mais indicado. — Joan... o que você me diz de assumir o cargo de gerente executiva desta loja?
Joan surpreendeu-se com a pergunta, mas seus olhos brilha_ram com velado interesse.
— Desculpe... eu não entendi.
— Eu vou explicar. Sente-se, por favor. — Giovanna esperou-a acomodar-se na cadeira de frente para ela. — Estou pensando seriamente em mudar-me para San Francisco e fixar residência lá. Continuarei me dividindo entre as lojas de San Francisco, Nova York e Chicago. Mas, nesse caso, esta butique precisará de um gerente executivo para cuidar da contabilidade, do es_toque, dos pedidos, enfim, para fazer tudo o que eu faço agora. Você é a minha primeira opção.
— Minha Nossa! — Joan exclamou. — Sinto-me tão lisonjeada!
—Você merece, e espero que pense na minha proposta. —
Reclinando-se na poltrona, Giovanna deu mais detalhes do cargo.
—Claro, com a nova função, sua carga horária excederá as trinta horas semanais que você trabalha agora. Em compensa_ção, terá um aumento de salário por conta da promoção.
— Estou muito entusiasmada com a sua proposta, Giovanna, mas eu gostaria de um algum tempo para pensar e conversar com meu marido antes de dar uma resposta definitiva.
-— Perfeitamente, Joan. Pense bem a respeito.
A assistente saiu da sala, e Giovanna começou a verificar a cor_respondência. Separou um envelope branco endereçado à bu_tique, mas aos cuidados dela, com as palavras PARTICULAR E CONFIDENCIAL em letras garrafais. No verso do envelope, não constava nome nem endereço do remetente.
Curiosa, Giovanna abriu-o e leu a mensagem escrita numa folha de papel:
Eu sei o que você está fazendo. Se for à polícia, vai se arrepender.
Giovanna sentiu enjôo de estômago, e uma terrível sensação de déjà vu envolveu-a, levando-a a retroceder três anos, quando recebera uma ameaça semelhante. Na época, reunindo toda sua coragem, ela contara tudo aos pais sobre a chantagem de Greg. Enfrentara o constrangimento de ver seu pai pagando ao ex-namorado uma quantia fabulosa em troca dos negativos das fotografias que ele tirara dela.
Mesmo sem haver assinatura, Giovanna não tinha dúvidas de que o autor da ameaça era James, seu ex-funcionário. Estava claro que ele não pretendia saldar a dívida e nem ir para a cadeia, a menos que ela ignorasse a ameaça e registrasse queixa de furto. Porém não poderia esquecer que, obviamente, James possuía formações que poderia usar contra ela.
Giovanna não sabia o que fazer. Ir adiante, registrar queixa contra James e correr o risco de um novo escândalo? Já fora vítima de chantagem antes e sabia muito bem que os valores exigidos eram em geral muito altos. Era lastimável que a fortuna e o nome tradicional da família a transformassem num alvo fácil para pessoas inescrupulosas.
Eu sei o que você está fazendo.
Não havia nada de específico na frase, mas a insinuação maldosa nas palavras escolhidas provocava-lhe arrepios na es_pinha. James saberia sobre seu caso com Alexandre? E se sabia, como descobrira?
Em pânico, jogou a folha e o envelope no triturador de pa_péis, como se desintegrando o pedaço de papel pudesse destruir também o terrível pesadelo, como se nada tivesse acontecido. Mas não seria assim tão simples. Chantagens e subornos não terminavam nunca. Pelo contrário, as ameaças e as exigências só aumentavam com o passar do tempo.
Respirou fundo, tentando acalmar-se e pensar com clareza. Poderia ir adiante com a promessa de denunciar James, caso ele não pagasse seu débito com a butique, e enfrentar o risco de um escândalo. Ou, então, poderia ceder à chantagem dele e manter seu segredo a salvo.
A segunda opção era a mais tentadora, mas Evan estava acompanhando o caso e esperava que Giovanna procurasse a polícia se James não pagasse a dívida dentro do prazo estipulado. Se ela liberasse James do pagamento ou se não o denunciasse à polícia, Evan desconfiaria e começaria a bombardeá-la com perguntas. E havia muitas coisas que Giovanna preferia guardar para si mesma.
Abominava a idéia de estar sob as ameaças e ordens de outra pessoa. Entretanto, não tinha idéia do caminho a seguir. Teria um mês para descobrir uma solução, para encontrar um modo de preservar sua reputação. Naquele ínterim, estava mais do que determinada a ficar bem longe de Alexandre para não dar a
James, mesmo involuntariamente, mais informações para se_rem usadas contra ela.
Alexandre olhou para as três amostras de cerâmica expostas sobre o balcão.
—Qual a cor que você escolhe para o piso do café? — ele perguntou a Liz, esposa do primo Steve e proprietária do The Daily Grind Café.
Liz acariciou a barriga de oito meses de gravidez e contem_plou novamente as amostras.
— Eu pedi a opinião de Steve ontem à noite e ambos esco_lhemos a terracota.
— Ótima escolha. — Alexandre anotou a cor e o modelo da cerâmica no pedido. — Vou confirmar as medidas e agendar o início dos trabalhos para o final desta semana.
— Steve comentou que você vai começar a reforma do St. Antonelli Hotel já na segunda-feira. Eu não quero atrapalhar seus planos.
— Não vai atrapalhar. Como vamos trocar o piso em apenas algumas áreas, e não no café inteiro, o serviço não levará mais do que dois ou três dias. Se for preciso, trabalharemos durante o final de semana.
Liz não parecia totalmente convencida.
— Tem certeza de que não vou lhe causar nenhum incon_veniente? — perguntou.
— De jeito nenhum — Alexandre garantiu, pegando a fita métrica presa no cós da calça jeans. — Receber um tratamento privi_legiado é uma das vantagens de pertencer à família. Portanto, aproveite.
— Obrigada, Alexandre. Eu me considero uma mulher felizarda por pertencer a uma família tão maravilhosa.
O sentimento era recíproco. Desde o momento em que a família Nero conhecera Liz, na festa de aniversário do pai de Steve, no ano anterior, todos se encantaram por ela. Liz era bonita por dentro e por fora, além de generosa e prestativa.
Enquanto Liz atendia alguns clientes, Alexandre pegou a pran_cheta com o bloco de anotações e agachou-se para começar a medir o piso dentro do balcão principal. Sempre considerara o primo Steve um homem de sorte por ter encontrado uma mulher incrível que o completava de várias maneiras. Uma que conseguira mudar a opinião de Steve sobre um segundo casamento.
Steve e Liz eram muito felizes, assim como seu outro primo, Eric, casado com Jill. Em breve, Adrian iria se casar com Chayse, a mulher que conseguira domar o mais rebelde dos homens da família Nero. Alexandre sentia uma ponta de inveja dos primos, que haviam encontrado as mulheres certas que os fariam felizes para sempre.
Continuou a tirar as medidas. Estava com 33 anos, e a idéia de casar e ter filhos começava a tornar-se mais atraente com o passar do tempo. Mas se preocupava com sua falta de sorte com o sexo oposto. Primeiro com Elaine, depois com Giovanna, a mulher em quem ele encontrara todas as qualidades para casar e constituir família.
Infelizmente, ela não pensava da mesma forma. Giovanna demonstrara com clareza seus sentimentos quando ba_tera em sua porta na noite de sexta-feira. Ele ficara furioso e sentira-se um joguete nas mãos dela. Dera-lhe o que Giovanna que_ria fisicamente, mas, sem dúvida, o relacionamento dos dois terminara com grande carga emocional. Seu ultimato acabara com todas as chances de continuarem o romance, justamente por causa da escolha de Giovanna. Ele pedira-lhe para ficar, mas ela se mostrara irredutível.
Se ao mesmo ele soubesse o que acontecera na vida dela para torná-la tão arredia e desconfiada! Por que tanto mistério? Com o pouco que sabia sobre Giovanna, jamais descobriria sua identidade. Para ele, ela seria sempre Apenas Giovanna. Ela não confiava nele o bastante para partilhar informações tão pes_soais. Sem confiança mútua, só restara mesmo o sexo, porém atração física não bastava para construir um relacionamento sólido. Alexandre aprendera a lição com Elaine e não pretendia re_petir aquele exercício de decepção e frustração com mulher nenhuma.
Ele queria tudo ou nada.
Alexandre balançou a cabeça, tentando não pensar mais em Giovanna. Queria esquecê-la a qualquer custo. Ainda de cócoras, voltou-se para Liz:
— A propósito, como vai Júnior? — perguntou referindo-se ao bebê que ela esperava. O exame de ultra-som revelara que seria um menino, para alegria de Steve, que já era pai de uma menina do primeiro casamento.
— Ele está muito bem, um pouco irrequieto nestes últimos dias. Parece que estou carregando um futuro atleta na barriga. Mais sei que quando eu o apertar nos meus braços, esquecerei todo o desconforto que estou sentindo agora.
— Você deveria estar em casa repousando, Liz, e não tra_balhando.
Ela suspirou, reabastecendo as vitrines com bandejas com tortas e bolos.
— Eu sei, eu sei. Steve vive repetindo a mesma coisa, mas preciso me manter ocupada, senão acabo enlouquecendo.
Como era inútil discutir com Liz, Alexandre tocou num assunto mais divertido.
— Você sabia que o pessoal já está apostando sobre quem vai ter bebê primeiro? Você ou Jill?
— Ouvi dizer. Com certeza meu marido também apostou, porque todas as noites ele acaricia a minha barriga e conversa com o bebê, animando-o a nascer antes do tempo previsto.
Alexandre riu.
— Claro que Steve entrou na aposta. Tenho certeza de que Eric faz o mesmo com Jill.
— Vocês são demais. — Liz lavou as mãos e enxugou-as. — Parecem crianças. Não vão envelhecer nunca.
— Isso é muito bom.
Alguém entrou no café, e Alexandre voltou sua atenção ao tra_balho.
— Bom dia, Giovanna — Liz cumprimentou a cliente.
— Bom dia, Liz.
Giovanna. Alexandre parou no meio de uma medição, seus ouvidos vibrando com o som melodioso e suave daquela voz tão fami_liar, tão próxima. Seu corpo ficou rígido e o coração batia forte e descontrolado no peito. Depois, balançou a cabeça, certo de que sua imaginação estava lhe pregando peças. Tinha a idéia fixa em Giovanna. Afinal, não parava de pensar nela vinte e quatro horas por dia.
— Café com leite, como sempre? — Liz perguntou.
A cliente riu, e todos os nervos do corpo de Alexandre reconhe_ceram o som cristalino que já fazia parte da vida dele. Não, não era imaginação. Era real.
— Meu Deus, eu sou assim tão previsível?
Alexandre esfregou os olhos fechados, incapaz de acreditar que Giovanna se encontrava tão perto dele apenas com um balcão separando-os.
— Não leve a mal. — Liz aproximou-se da máquina de café-expresso para preparar o pedido de Giovanna. — Em sua maio_ria, os meus clientes dificilmente trocam suas preferências.
— Fico contente por saber que não sou a única. Então, só para variar, acrescente mais café ao leite, por favor.
— Como foi seu final de semana? — Liz entregou a coman_da para Giovanna.
— Longo e difícil — ela confessou, pegando o dinheiro para pagar a conta.
— Oh, sinto muito, Giovanna. Vamos esperar que as coisas me_lhorem daqui para a frente.
— Tomara que sim!
Devagar, Alexandre levantou-se e, naquele momento, tudo pare_cia surreal para ele. Sobretudo a Giovanna que se encontrava diante de seus olhos. Sofisticada e elegante, com uma beleza graciosa que sugou o ar de suas narinas.
Ela estava distraída, olhando os bolos e tortas expostos no balcão de vidro, dando alguns segundos para Alexandre digerir aquela visão totalmente nova para ele. Apesar de Giovanna ter ten_tado esconder sua elegância natural desde a primeira noite no bar, Alexandre percebera que ela era uma mulher rica e de muita classe. O carro luxuoso que dirigia, o perfume caro, b jeito de falar, de andar, e outros detalhes revelavam que pertencia a um mundo diferente.
A roupa que ela estava vestindo não deixava a menor dúvida quanto a sua condição social e financeira. Em vez de minissaia e camiseta justa, Giovanna usava tailleur tom violeta e camisa de seda branca, sapatos e bolsa combinando, tudo visivelmente de grife e exclusivo. Os brincos e a pulseira eram de brilhantes que refletiam as luzes que pendiam do teto quando ela se movi_mentava. Os cabelos compridos estavam presos num coque na nuca, e Alexandre conteve-se para não puxar os grampos e soltá-los. Decididamente, Apenas Giovanna não era uma Giovanna qualquer.
— Giovanna? — ele a chamou, por fim, com voz tão estridente que nem parecia ser a sua.
Ao ouvir seu nome, ela se voltou com um sorriso simpáti_co que logo se transformou numa expressão de choque e in_credulidade.
— Oh, meu Deus! — Giovanna exclamou, empalidecendo. Sem esperar pelo café com leite, pegou a bolsa que deixara sobre o balcão e saiu apressadamente do café, sob o olhar es_pantado de Liz.
Alexandre deveria tê-la deixado ir, como fizera na noite de sex_ta-feira. Entretanto, por algum motivo que ele não entendia e nem podia definir, tentou chamá-la à razão.
— Giovanna, espere!
Lógico que ela ignorou o pedido. Praguejando em voz baixa, tentou ir atrás dela, mas Liz, com sua barriga de grávida, blo_queou-lhe a passagem. Eles perderam alguns segundos precio_sos dançando de cá para lá, numa tentativa de liberar o caminho. Alexandre teria rido da situação absurda, porém cada momento desperdiçado distanciava-o ainda mais de Giovanna.
Quando, finalmente, conseguiu sair de trás do balcão, ele correu para a rua, mas já era tarde. Giovanna já fora embora em seu BMW.
Não tão tarde. Alexandre ainda teve tempo de memorizar a placa do carro.
Ele enterrou os dedos nos cabelos e praguejou novamente. Que poder tinha aquela mulher para descontrolá-lo tanto e o que o fazia agir como um tolo sempre que se encontravam? A atração e a química entre eles era real, mas era o ar de mistério que a rodeava que tanto o intrigava e que a mantinha sempre em seus pensamentos, até mesmo quando ele não queria pensar nela.
Aborrecido e agitado, entrou no café e aproximou-se do bal_cão. Liz o esperava com expressão de perplexidade e a xícara de café com leite de Giovanna na mão.
— Aí tem coisa! — ela exclamou, tentando aliviar a tensão provocada pela cena entre Alexandre e Giovanna. — O que aconteceu, afinal, para ela sair desse jeito?
— Você sabe quem é ela? — Alexandre perguntou com esperança que Liz pudesse ajudá-lo a juntar as peças do complicado que_bra-cabeça chamado Giovanna.
— Seu nome é Giovanna e é cliente regular aqui do café.
— Você sabe o sobrenome dela?
— Não. Sinto muito, Alexandre. Eu conheço a maioria dos meus clientes apenas pelo primeiro nome.
Frustrado, Alexandre soltou os braços ao longo do corpo e cerrou os punhos.
— Droga, eu preciso descobrir quem é ela. — Ele não teria paz na vida enquanto não descobrisse a verdade sobre Giovanna e seus mistérios e segredos.
Por sorte, Alexandre era parente de um dos melhores detetives particulares de Chicago, um profissional que possuía capacidade, conhecimentos e conexões capazes de desenterrar a iden_tidade de qualquer pessoa e detalhes de sua vida particular.
— Há alguma coisa entre vocês? — Liz indagou, curiosa.
— Digamos que sim.
— E você não sabe o sobrenome dela? Não acredito! Alexandre achou graça da incredulidade da prima, mas não estava com vontade de rir.
— É uma longa história.
Liz assentiu com um gesto de cabeça, aceitando a resposta evasiva e ambígua.
— Entendo. — Ela começou a passar um pano úmido no balcão, mas a tarefa não a impedia de lançar-lhe olhares de curiosidade.
Alexandre esperou, desconfiando de que era só uma questão de segundos para Liz dizer o que tinha em mente. E não se enganou.
— Olhe, Alexandre — ela começou num tom casual enquanto enchia o recipiente com pó de café. — Eu não quero me in_trometer nos seus assuntos, mas Steve poderá ajudá-lo a des_cobrir o que você precisa sobre Giovanna.
Ele compreendeu que Liz estava realmente preocupada com ele, e contemplou-a com um sorriso agradecido, mesmo se en_contrando um passo a frente dela naquela linha de pensamento. Decidiu não desapontá-la.
— Obrigado pela sugestão, Liz. Eu memorizei o número da placa do carro dela. Já é um bom começo. Pelo menos, poderei descobrir seu sobrenome e endereço.
Depois de tirar mais algumas medidas, Alexandre recolheu seu material e foi até o escritório de Steve, determinado a colocar um ponto final nos mistérios e no anonimato de Giovanna.
Mesmo que ele não gostasse do que, eventualmente, viesse a descobrir.
Autor(a): GN
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Sentado no escritório do primo Steve, Alexandre entregou-lhe uma folha de papel com a descrição e o número da placa do veículo de Giovanna. Era a única conexão real que ele tinha com ela e sua iden_tidade. Agora, o processo de chegar aos detalhes da vida de Giovanna estava sendo colocado nas mãos capacitadas do primo. ...
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