Fanfic: Laços Consanguíneos | Tema: Romance
Desde meus 17 anos iniciei uma vida diferente de qualquer garota, meu pai sempre foi completamente apaixonado por minha mãe, mais houve uma época que as coisas apertaram para nós, a febre do desemprego surgiu e trouxe dificuldades a muitos principalmente a minha família, nessa época minha mãe descobriu que estava grávida e desejou abortar o bebé, as brigas se tornaram constantes e eu ficava cada vez assustada.
Meu pai não conseguiu lidar com os problemas e tornou-se um alcoólatra, enquanto minha mãe o traia mesmo estando grávida de dois meses, quando seu amante descobriu a gravidez ela tentou enganá-lo dizendo que o filho era dele, mais ele foi esperto e nao acreditou nas mentiras dela, tive que largar a escola para colocar comida dentro de casa e cuidar do meu pai.
Não recebia noticias da minha mãe há meses e meu pai não parava de beber, houve épocas dele chegar todo ensanguentado sem ao menos conseguir pronunciar uma palavra, a vida exigiu que eu amadurece antes do tempo. 8 meses depois minha mãe apareceu com uma bebe no colo e descutia com meu pai dizendo que era uma obrigação dele cuidar da criança, nesse dia ela saiu de casa que nem ao menos a minha cara ela olhou. A comida estava pouco e o neném chorava o tempo todo de fome, quanto ao meu pai não parava um minuto sem beber, vendia as coisas da casa para trocar por álcool mais nunca nos abandonou, o dia da sua morte foi a mais dolorida, a ambulância veio buscá-lo na rua enquanto ele susurrava "Desculpa não ser o pai que vocês mereciam, se cuidem, amo vocês" desde este momento nunca mais ele tinha voltado. Os anos se passaram e tive que me tornar a mãe e o pai para Alice, muitas coisas teve que mudar, simplificamos nosso modo de viver completamente.
Quando Alice completou anos fui despedida do emprego, o aluguel do apartamento havia vencido, não tivemos outra opção a não ser nos mudarmos para um lugar nada seguro, o Complexo do Alemão, uma amiga do meu antigo trabalho havia dito que estava alugando sua casa, visto que a família não conseguia presenciar tamanha violência, mais era isso ou a rua. Combinamos que pagaria o primeiro mês assim que arranjasse um emprego, Laura foi um amor de pessoa, o que ela havia feito por mim seria difícil de pagar. Se não fosse por Alice, para mim não teria problema nenhum morar nas ruas, mais sou incapaz de colocar minha irmãzinha de 7 anos exposta a tamanha dificuldade.
Havia amanhecido e era dia de mudança, estava nítido em contraste no meu olhar a tristeza ao ter que me mudar para um lugar tão perigoso, meu desejo era dar uma vida melhor para Alice mais poucos são os luxos que tenho e posso oferecer a ela. Como já estava na hora, acordei Alice e adiantei o café da manhã pra levar ela a escola.
- Acorda Maninha.
- Ah não Clarinha... Eu quero ficar em casa, com você, as pessoas lá não gostam de mim porquê não tenho pai nem mãe. ela disse cobrindo o rosto.
- Oh maninha, não ligue pra eles, são uns bobos não sabem o que falam, ruim é não ter ninguém, e você tem a mim, não tem?
- Promete que não vai me abandonar?
- Alice, pare com isso maninha, nunca irei te abandonar. Vamos, levanta, não
- esqueça que hoje vamos mudar de casa.
Não posso dizer que é fácil cuidar de Alice, é muito complicado, e é impossível controlar o que vão dizer a ela. Tive a sorte de a vizinha passar para se despedir, pedir que ela levasse Alice já que ela mora próximo a escola. Aproveitei que Alice foi para escola para carregar nossas poucas coisas para o complexo, confesso que sair do bairro Ramos até o complexo foi cansativo, mais com ajuda de alguns vizinhos conseguir levar o pouco que tinha. Quando finalmente pensei que tinha acabado recebo uma ligação de Laura dizendo que havia conseguido uma entrevista de emprego, é muito importante que eu seja aprovada, isso aliviaria tanta coisa.
Saindo do complexo percebi um movimento estranho, me aproximei e percebi que os vizinhos prestavam atenção, havia uma criança do meu lado então aproveitei e perguntei
- Sabe dizer quem são?
- Bernardo e Lucas, minha mãe costuma dizer que eles são os donos da área.
- E o que eles estão falando?
- Alguns anúncios, isso sempre acontece por aqui moça.
Enquanto observava o garoto se retirar pude perceber que Lucas não tirava os olhos de mim, amedrontada me retirei imediatamente e seguir a caminho da entrevista. Me pergunto o que aconteceria se a nossa mãe não tivesse nos abandonado após a morte do nosso pai, as coisas seriam mais fáceis? teríamos uma vida melhor? Não posso permitir que essas perguntas me desanimem, tenho que ser forte e aguentar as dificuldades por Alice, tenho que proteger ela, além do mais ela é tudo que tenho.
Para minha alegria a lanchonete é na rua de baixo próximo a escola de Alice, não demorou muito até me chamam para a entrevista, fiquei muito nervosa, foram tantas perguntas que já havia perdido o ânimo, meu consolo era saber que o dono é amigo de Laura, e ela prometeu que iria me ajudar, e me ajudou, foi uma alegria imensa ouvir que fui escolhida para fazer treinamento, imediatamente liguei para Laura e contei o que aconteceu. Chegando em casa procurei o pouco de alimento que tinha e fiz uma macarronada para celebrar, olhei para o relógio e vir que estava quase perto do horário para buscar Alice. Enquanto trocava de roupa escutei batidas violentas na porta, me pergunto quem será e sigo até a porta.
TOC TOC !
- O que está acontecendo aqui? — São dois homens com olhar perverso, lembro de tê-los visto mais cedo ao lado dos traficantes, devem ser comparsas, mais o que eles querem aqui?
- Temos ordens do chefe, é bom saber que nessa área o comando é outro, quando a polícia bater aqui é bom você dizer que não vê e nem escuta nada , tá ligada?
- Escuta aqui vocês, eu falo o que eu quiser, e na hora que eu quiser.
- Sempre fui impulsiva e detestei a forma que eles se dirigiram a mim. Imediatamente eles pegaram a arma e pegou no meu cabelo de forma rude puxando e me machucado
- Escuta aqui loirinha, não discuta a ordem que vem de cima, ou você ta querendo amanhecer vendo sua irmãzinha levando bala na cabeça e logo depois em você? — aquelas palavras tocaram em mim da forma mais dolorida, como eles sabiam de Alice? Como podem me ameaçar dessa forma? Me distrai a medida que fiquei atemorizada, foi então que ele puxou mais ainda meu cabelo — Está escutando ou não Loirinha? — Balancei minha cabeça em confirmação. É exatamente assim que você tem que ser, obediente, é bom aprender isso logo.
Assim que eles saíram fui buscar Alice na escola, ainda apavorada, como isso é possível? Não havia ficado mais de uma hora e já fui ameaça, o que mais posso esperar? Quando cheguei na escola não conseguir esconder o pânico, tive que esperar por 30 minutos até que Alice fosse liberada. O caminho até a nossa casa havia mudado, no lugar de ladeiras agora era escadas, quanto as pessoas, eram agitadas, falavam alto, viviam sorrindo com o som alto e ao mesmo tempo demonstrava uma certa preocupação, um certo medo. As crianças não saiam para brincar, ou estavam na escola ou estava ajudando os pais por dinheiro dentro de casa. Assim que chegamos conversei com Alice e expliquei que a porta só deveria ficar trancada e que ela só podia sair comigo, deixei ela fazendo as atividades fui lavar a louça.
- Clarinha a professora passou uma atividade complicada, você me ajuda? —fiquei em silêncio — Clarinha?
- Oi maninha, desculpa estou distraída
- Está tudo bem? Você está distante.
- Oh meu bem, está tudo bem sim, sabia que passei na entrevista e vou fazer treinamento? As coisas vão mudar pra nós, vou poder comprar aquele presente que te prometi.
- Serio Clarinha? — ela falou com os olhos brilhando.
- Sim bonequinha.
- Vamos poder sair desse lugar? As pessoas aqui vivem assustadas e trancada dentro de casa, não deixa nem as outras crianças brincar.
- Eu já te avisei que é questão de segurança, mais vou juntar dinheiro pra saímos daqui sim.
- Vai ser muito legal. - ela me abraçou.
Autor(a): fraancesinha
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