Fanfic: A Canção De Dulce-Adaptada | Tema: vondy
Possivelmente fosse a delicadeza com que ele a tocou ou o remorso que viu refletido em seus olhos, ou possivelmente simplesmente estivesse cansada de ter medo. Naquele momento, estava muito fraca pela falta de comida e muito magoada pelo abandono de seus pais para analisar as razões daqueles sentimentos. Só sabia que a calidez dos fortes dedos sobre sua pele a faziam sentir-se segura. Maravilhosamente segura. Era uma loucura, uma grande loucura, mas isso era o que sentia. Quando ele finalmente a soltou para voltar a sentar-se, Dulce estava tão absorta observando-o que apenas prestou atenção a Maddy, quem retornou tranquilamente à cama.
Aquela noite Christopher usava uma camisa branca de gola mais alta e punhos largos, parecida com aquelas que tanto gostavam a seu pai. Mas até ali chegava toda semelhança entre eles. Subiu a camisa sobre seus musculosos antebraços e em lugar de uma gravata, não tinha nada no pescoço, deixando ver uma parte de seu peito firme e bem formado. A pele dourada brilhava a luz do candeeiro, e seu tom escuro contrastava de maneira extraordinária com os olhos cor âmbar e os dentes brancos e perfeitamente parecidos.
A diferença de seu pai e de todos seus arrogantes amigos, Christopher Uckermann preferia a comodidade na moda no vestir, pensou ela; e seu estilo refletia uma indiferença natural. Não obstante, apesar disto, conseguia projetar uma presença imponente, elegante. A luz dos abajures de parede pulava sobre sua cabeça, fundindo-se com as alvoroçadas ondas de seu cabelo cheio de reflexos lavrados pelo sol. Com a cabeça ligeiramente inclinada, seus traços finamente cinzelados pareciam delineados em âmbar, e os planos de seu rosto sombreados; o qual fazia ressaltar o anguloso perfil de seu nariz, a forma quadrada da mandíbula e as profundas linhas que rodeavam a boca. Completamente cativada, olhou longo e fixamente seus lábios: o superior, gravado com toda nitidez, e o inferior, voluptuoso e úmido.
— Tentamos de novo? — perguntou ele.
Embora soubesse que tinha que ser sua imaginação, Dulce acreditou ouvir sua voz, seu timbre grave e profundo. Isto era algo que lhe passava com muita frequência: imaginava que ouvia coisas, o qual sabia que não era possível. Sons de mentira; chamava-os, mas, mesmo assim, pareciam completamente reais. Isto sempre acontecia com coisas familiares; a voz de sua mãe, o latido de um cão, uma porta batendo. A única explicação que lhe ocorria era que via como se produzia o som, conhecia-o de cor, e, como seu cérebro esperava ouvi-lo, ela pensava que em efeito o percebia.
Mas nunca ouviu a voz de Christopher Uckermann. A de seu pai era mais débil e menos rouca, de maneira que Dulce sabia que não estava recordando-a e fazendo uma simples substituição. Não. Por inexplicável que pudesse parecer, ela tinha imaginado ouvir a voz daquele homem. A daquele homem, não a de nenhum outro. Sentiu um formigamento percorrendo suas costas. Depois do que lhe aconteceu nas cataratas, ela não conseguia entusiasmar-se com a ideia de travar amizade com um homem. Apesar de que desejava confiar em Christopher, pareceu-lhe naquele momento excessivamente largo de ombros, uma enorme massa de músculos que se interpunha entre ela e tudo o que apreciava de verdade no mundo; a casa de sua infância, seus pais, os bosques que tanto amava.
Christopher voltou a agarrar o garfo, cravou outros feijões com ele e o levou a sua boca. Dulce olhou para Maddy com inquietação, esperando que ela pudesse intervir. Tocando-lhe brandamente a boca, ele reclamou sua atenção. A determinação fazia brilhar seus olhos.
— Agora está tratando comigo, Dulce, e eu digo que deve comer todo o jantar.
Preferia tratar com Maddy, muito obrigado. Desejou poder lhe dizer essas palavras, entre outras coisas. Acaso ele acreditava que queria ficar ali, presa naquele lúgubre quarto, um dia interminável depois de outro? Queria ir para sua casa. Para conseguir esta meta, tinha que ficar magra da próxima vez que sua mãe fosse vê-la. Ao recordar a força de suas mãos, ela engoliu saliva com nervosa consternação. Se ele decidia obrigá-la... Uma terrível sensação de dor se concentrou em seu peito, lhe recordando a ocasião em que comeu sem querer um pedaço de maçã sem mastigar. Encheram-lhe os olhos de lágrimas que lhe fizeram arder os olhos e piscou com fúria para tentar afugentá-las.
O rosto de Christopher ficou rígido. Um músculo de sua mandíbula se esticou e relaxou alternativamente enquanto apertava os dentes. Fugindo seus olhos de maneira deliberada, insistiu.
— Nada de tolices, jovenzinha. Não sou a classe de homem que se comove com facilidade ao ver lágrimas. Vai comer. Podemos fazê-lo da maneira fácil ou da maneira difícil. Isso depende totalmente de você.
Com a vã esperança de lhe fazer mudar de opinião, tal e como o tinha feito com Maddy, Dulce começou a inchar as bochechas. No instante mesmo em que ela fez isto, ele negou com a cabeça e atirou o garfo no prato. Ante este brusco movimento, a garota se levantou sobressaltada e em seguida se agachou, se por acaso Christopher tivesse a intenção de lhe dar um sopapo, como sua mãe costumava fazer. Imóvel e com a mão suspensa no ar, ele a olhou fixamente durante um instante. Logo, como que movendo os lábios, de uma maneira que indicava que possivelmente estivesse sussurrando, acreditou ver que dizia uma palavra que ela nunca antes tinha visto nem ouvido ninguém. Franziu o cenho em sinal de perplexidade.
Ao ver a expressão de seu rosto, ele resmungou. Logo, passou uma mão pelo rosto e piscou para voltar a fixar os olhos nela. Dulce tinha a desagradável sensação de que ele a via como um problema extremamente chato e que desejava de todo coração que desaparecesse milagrosamente. Queria poder agradá-lo e quando ele deixasse de piscar, já não estaria ali. Depois de respirar fundo, ele disse muito devagar e de maneira sucinta:
— Dulce, carinho, você não está gorda.
Se não estava gorda, então, como ele chamava aquele estado? Seu ventre ainda não estava extraordinariamente grande, mas, ao ritmo que estava crescendo, não demoraria em estar. Ao começo da época das borboletas, ao olhar entre seus peitos, ela podia ver os dedos do pé. Agora tudo o que via era seu ventre. E o que era ainda pior, seus vestidos parecia sujar-se sempre nesse lugar. Não era de estranhar que seus pais já não a quisessem.
— Tem que comer, carinho. — Tinha mudado a expressão do rosto, deixou de lado a severidade para voltar-se lisonjeador — Não o faria por mim? Não quero te obrigar a comer e estou seguro de que você tampouco quer que eu faça isso.
Inclinou-se para se aproximar ainda mais a ela e para surpresa de Dulce, pôs uma mão sobre sua bochecha. Sua mão era tão grande e tão maravilhosamente cálida que a moça sentiu uma forte tentação de ocultar a cabeça ali para que ele não a visse chorar. Naquele passo, ele iria pensar que não era mais que uma menina grande e chorona; e, por razões que não conseguia entender naquele momento, não queria que aquele homem pensasse isso.
— Me escute bem. Você não está gorda. — Sorrindo, ele repetiu as últimas palavras — Não está gorda! — Depois de dizer isto, afastou o prato de um empurrão e estendeu a mão para agarrar o bloco de papel de desenho. Queria evitar isto, mas parecia que não ficava mais remédio. — Preste muita atenção em mim, certo? Só demorarei um instante.
Quando ele começou a desenhar, uma profunda ruga sulcou sua fronte. Curiosa, a seu pesar, Dulce secou as úmidas bochechas e ficou reta em seu assento para poder ver. Embora sempre o tivesse feito em segredo, adorava desenhar. Christopher parecia estar fazendo a figura de um corpo inteiro de uma mulher vista de perfil. Enquanto o via desenhar, Dulce percebeu com a extremidade do olho um movimento de seus lábios. Levantou os olhos a tempo para vê-lo terminar a frase com estas palavras:
— Temo que não o faço muito bem.
Autor(a): * Luna_portiñón *
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 26
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Padlock Postado em 07/05/2016 - 11:15:03
:( :,O
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Padlock Postado em 13/04/2016 - 17:02:08
:,(
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Padlock Postado em 19/03/2016 - 21:15:15
Cade vc eu, posta mais
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Padlock Postado em 18/03/2016 - 20:00:56
Cade vc, vc deveria saber que não deve me deixar CURIOSA e esse ponto, POSTA LOGO PELO ANOR DE DEUS *-*
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Padlock Postado em 14/03/2016 - 22:47:21
Meu deus continua por favor posta logo tudo de uma vez rsrs sua fic tá perfeita cara :3
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Padlock Postado em 12/03/2016 - 21:43:45
cade vc por favor eu preciso de muito de capítulos continua por favor
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Padlock Postado em 11/03/2016 - 13:15:56
TUDO BEM CALMA EU NAO VOU ENTRAR EM PANICO EU NAO VOU ENTRAR EM PANICO MENTIRA EU JA ESTOU EM PANICO CARA CONTINUA QUE LIVRO PERFEITO E ESSE MEU DEUS E AINDA ADAPTADO PARA O MELHOR CASAL :3
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Padlock Postado em 10/03/2016 - 19:32:19
CADE VC MINHA FIA EU TO MORTA DE CURIOSIDADE AQUI
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Dulce Amargo Postado em 09/03/2016 - 21:39:14
Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
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Padlock Postado em 09/03/2016 - 21:38:39
Acho que vc tem mania de terminar o capítulo nas melhores horas so pode como alguém consegue me deixar tão CURIOSA meu deus anda logo eu quero muito mais tipo uns 50 dessa perfeição rsrs