Fanfics Brasil - Capítulo 4. A Canção De Dulce-Adaptada

Fanfic:  A Canção De Dulce-Adaptada | Tema: vondy


Capítulo: Capítulo 4.

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o corrimão da escada do alto alpendre que a protegia da brisa fria da noite, Dulce se acocorou atrás do azevinho, com as costas firmemente apertadas contra os alicerces de tijolo da casa. “Aqui estou a salvo”. Ninguém poderia aproximar-se as escondidas por atrás. Nenhuma mão poderia agarrá-la de modo inesperado. Tal e como estava só poderiam aproximar-se pela frente. Tentava ver através das lágrimas quentes que alagavam seus olhos, enquanto esfregava de maneira compulsiva suas pernas com o tecido de sua camisola branca. Sujo, pegajoso, feio. Não suportava que ninguém a olhasse, nem sua mãe, com a dolorosa tristeza que se refletia em seus olhos, nem seu pai, com aquela violenta ira. Não tinha feito nada errado, nada. Não obstante, a forma como a olhavam a fazia pensar justamente o contrário. Ali, na escuridão, não tinha que ver as expressões acusadoras de seus rostos. Respirou tremulamente e reteve o ar na garganta, para não soluçar.

Os ramos do azevinho se balançavam com a brisa. Os músculos do braço e as costas de Dulce se moviam nervosamente e formavam nós por causa da implacável tensão que a atormentava. A luz da lua banhava o jardim de frente com sua luz chapeada, dando às sombras um perfil fantasmagórico e fazendo com que tudo inocente parecesse ameaçador. Quando as marteladas fortes e sufocantes que sofria dentro de sua cabeça finalmente a obrigaram a respirar, aspirou profundamente, com o fim de afogar qualquer som que pudesse emitir involuntariamente. Alguém poderia ouvi-la, e então seu pai apareceria com sua correia para fazer com que se calasse. Já lhe doía todo o corpo. Não acreditava poder suportar que lhe dessem uma surra, aquela noite não.

Até o ar que rodeava Dulce parecia cheio de ameaças. Embora soubesse que era uma tolice, elevava permanentemente os olhos, pois temia que o homem que lhe tinha feito mal saísse do nada para lançar-se sobre ela. Assim foi como as coisas pareceram acontecer aquela manhã. Ela parou para olhar sua imagem na água, quando o rosto do homem apareceu de repente junto ao dela.

Deveria ter abandonado seu xale e saído correndo. Só agora compreendia isto. Tola, tola, Dulce. Possivelmente esta fosse a razão pela qual seus pais a olhavam daquela maneira. Estavam zangados porque ficou ali para resgatar seu xale. Naquele momento lhe pareceu que isso era o que deveria fazer. Depois de tudo, Alan estava ali. Posto que sua mãe estava acostumada ficar em sua casa frequentemente, ela se sentiu segura. Não havia nenhum motivo para que não fosse assim. As pessoas a incomodava com frequência, mas ninguém lhe tinha feito nunca mal.

Até aquela manhã.

Dulce estremeceu ao recordar a dor. Aquele homem. Mordeu os lábios. Já o tinha visto antes. Vivia em uma casa muito maior que a sua; aquela da colina, com todos aqueles cavalos pastando nos campos. De longe, tinha lhe visto montando sua besta. Não parecia um homem mau. Não tinha nenhuma razão para pensar que lhe faria mal.


 


Poderia estar ali fora, no meio da escuridão. Dulce queria fechar os olhos para afugentar as imagens com que lhe agoniava memória, mas não se atrevia. Seus olhos eram sua única defesa. Por que lhe tinha feito mal de semelhante maneira? Esta pergunta a perseguiu todo o dia e toda a noite, e não encontrava uma resposta. Ela não tinha feito nada errado, nada que pudesse fazer com que se enfurecesse com ela. Recordava o brilho de seus olhos. Bonitos olhos. Eram da cor do doce de mel de Natal de mamãe. E riu enquanto lhe fazia mal. Dulce não acreditava que nunca poderia tirar aquelas imagens da cabeça. Entrelaçou as mãos ao redor de seus joelhos dobrados. Doía-lhe o estômago, e sentia que por dentro tinha ficado completamente rasgada, como em carne viva. Embora sua mãe a tinha ajudado a lavar-se para tirar toda a pegajosa sujeira, ainda se sentia muito suja, como se o contato daquele homem tivesse deixado uma mancha que nunca poderia se tirar. Quando pensava nas coisas que lhe tinha feito, lhe dava vontade de vomitar.

Um movimento em meio a escuridão atraiu a atenção de Dulce. Inclinou-se para frente para dar uma olhada através das folhas espinhosas. A imprecisa figura de um homem a cavalo subia pelo caminho de entrada da casa. À medida que se aproximava, uma ladainha começou a ressoar dentro de sua cabeça. “Por favor, Senhor, não permita que seja ele. Por favor, por favor, por favor”. Tentou desesperadamente recordar as palavras das orações que sua mãe lhe tinha ensinado quando era pequena, mas todas se confundiram em sua mente. Como se as orações servissem de algo... Não tinham lhe ajudado naquela manhã.

O homem parou o cavalo perto do corrimão e desceu da sela. A ponta de uma de suas botas de camurça alcançou o chão enquanto mantinha o equilíbrio para tirar o pé esquerdo do estribo. Vestido com calça de montar de meio cano, de veludo cotelê da cor de uma torrada, e uma jaqueta de sarja cinza, e com o rosto oculto pela aba de um chapéu de feltro combinando, não era fácil identificá-lo imediatamente. Alto e largo de costas, tinha um físico parecido ao do homem que lhe fez mal, mas estava vestido de uma maneira muito mais informal. As costas de sua calça de montar eram de flanela de quadros vermelhos, as meias três quartos negros que cobriam suas musculosas panturrilhas eram de um algodão estriado bastante comum.

Enganchou as rédeas de seu cavalo no corrimão e, enquanto se dirigia ao alpendre com grandes passos, limpou a crina de cavalo que se aferrava a sua calça. Parou no pé da escada. Dulce viu seu peito expandir-se enquanto respirava fundo e endireitava os ombros, gesto que delatou seu nervosismo. Ato seguido tirou o chapéu. O brilho castanho de seu cabelo sob a luz da lua era inconfundível. O pânico sumiu da cabeça de Dulce e todo o pensamento racional. Só ficou olhando aquele rosto, que apareceria em seus pesadelos nos anos vindouros, esqueceu seus planos de permanecer escondida com suas costas protegida por todos os lados. Era ele! Tinha que fugir. Mas temia que a visse se começasse a se mover


 


 Como se houvesse sentido os olhos de Dulce sobre ele, estreitou os olhos ante a forte luz que saía das janelas e vertia sobre o alpendre. Seu olhar de cor caramelo escrutinou a escuridão que envolvia a jovem, e logo se inclinou ligeiramente para frente para olhar atentamente através das folhas do azevinho. A escuridão cobria parcialmente seu rosto e, quando falou, Dulce teve dificuldade para entender suas palavras. Como se tivesse compreendido que não tinha entendido o que lhe disse, ele se aproximou um pouco e voltou a falar. Quando se moveu, a luz que saía da casa iluminou seus lábios, e ela pôde vê-los.

— Olá!

“Olá?” Depois do que lhe tinha feito Dulce não podia acreditar que a estivesse saudando como se nada tivesse acontecido. Ao recordar quão rápido podia mover-se aquele homem; e a força de suas mãos, sentiu pânico, terror ante a possibilidade de que tentasse aprisioná-la de novo entre seus braços. Fechou os punhos na terra e cravou os calcanhares no chão para ficar de barriga para cima e caminhar de lado sobre suas quatro extremidades, imitando os movimentos dos caranguejos. O silêncio que lhe apertava os ouvidos se converteu em um tamborilar surdo quando ele estendeu os braços para separar os ramos que formavam um parreiral em torno dela.

“Não, não, não!” Dulce quase podia sentir seu peso esmagando-a até deixá-la sem fôlego. As manchas roxas que aquele homem lhe tinha deixado no corpo palpitavam com força enquanto o pulso se acelerava e fazia com que o sangue lhe subisse a superfície da pele.

Negou com a cabeça enquanto sua enorme mão se estendia para ela. Arrastando-se como uma louca ao longo dos alicerces de tijolo da casa, ignorou o arranhão que lhe fez no corpo um ramo de azevinho ao lhe atravessar a camisola. Apoiando-se sobre suas mãos e joelhos, abriu caminho a golpes através de um lance de roseiras, sem lhe importar que o cabelo lhe enganchasse nos espinhos. Tinha que fugir antes que a pegasse e lhe fizesse mal de novo.


 


 


 


 


 




 



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Autor(a): * Luna_portiñón *

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 26



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  • Padlock Postado em 07/05/2016 - 11:15:03

    :( :,O

  • Padlock Postado em 13/04/2016 - 17:02:08

    :,(

  • Padlock Postado em 19/03/2016 - 21:15:15

    Cade vc eu, posta mais

  • Padlock Postado em 18/03/2016 - 20:00:56

    Cade vc, vc deveria saber que não deve me deixar CURIOSA e esse ponto, POSTA LOGO PELO ANOR DE DEUS *-*

  • Padlock Postado em 14/03/2016 - 22:47:21

    Meu deus continua por favor posta logo tudo de uma vez rsrs sua fic tá perfeita cara :3

  • Padlock Postado em 12/03/2016 - 21:43:45

    cade vc por favor eu preciso de muito de capítulos continua por favor

  • Padlock Postado em 11/03/2016 - 13:15:56

    TUDO BEM CALMA EU NAO VOU ENTRAR EM PANICO EU NAO VOU ENTRAR EM PANICO MENTIRA EU JA ESTOU EM PANICO CARA CONTINUA QUE LIVRO PERFEITO E ESSE MEU DEUS E AINDA ADAPTADO PARA O MELHOR CASAL :3

  • Padlock Postado em 10/03/2016 - 19:32:19

    CADE VC MINHA FIA EU TO MORTA DE CURIOSIDADE AQUI

  • Dulce Amargo Postado em 09/03/2016 - 21:39:14

    Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

  • Padlock Postado em 09/03/2016 - 21:38:39

    Acho que vc tem mania de terminar o capítulo nas melhores horas so pode como alguém consegue me deixar tão CURIOSA meu deus anda logo eu quero muito mais tipo uns 50 dessa perfeição rsrs


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