Fanfic: The Reason | Tema: Romance
A música alta embalava o ambiente noturno, o cheiro de bebida e o calor emanado da fricção dos corpos que dançavam me enjoavam. Mas precisava estar ali, a única coisa que me manteria na linha era um pouco de álcool e eu só encontraria isso em um bar, o Low’s. Isso não era uma boa ideia, principalmente para mim: a sempre certinha. Mas a velha Amelia Price estava escondida em uma parte de minha mente, tão envergonhada por tudo...
Eu descobri que estava sendo traída, isso mesmo, um chifre na minha cabeça. E o mais incrível era que todo mundo parecia saber, menos a tola aqui. Até minha melhor amiga, Molly parecia ter noção do quanto Travis era canalha, só que eu preferia acreditar que ele estava passando por uma fase complicada e que nosso amor venceria. Mas ele preferia se esfregar em uma mulher qualquer a me amar. Tomei mais uma dose do meu uísque falsificado e suspirei quando uma música do The Smiths começou a tocar, parecia que até o DJ estava disposto a me manter para baixo.
Larguei meu copo e cambaleei até o banheiro, algumas garotas saiam sorrindo e gritando algo como “eles estão aqui hoje”, imaginei que fosse alguém famoso, o Low’s era conhecido por ter apresentações ao vivo, mas minha fossa me impediu de reparar se algum show estava marcado para hoje. Entrei e retoquei o batom, depois sai e voltei para minha mesa. Pedi outro drink e fiquei escutando a música. Meu celular tocou e o rosto animado de Molly apareceu na tela, eu não poderia ignorá-la.
— Alô — atendi. Minha voz estava estranha.
— Mely, graças a Deus! Onde você está? Mas que merda de voz é essa? — ela gritou do outro lado.
— Estou no Low’s — respondi bêbada.
—Travis não para de me ligar, o que aconteceu?
— Estou bem.
— Estou indo te buscar — Molly falou com urgência.
— Estou bem.
Ela desligou.
Engoli todo o drink de uma vez e pedi outro ao garçom, ele me olhou desconfiado, mas foi buscar a bebida. Uma mulher não poderia agir desse jeito, era isso que eu sempre pensei. Mas foda-se se sou mulher, vou beber até esquecer tudo que o miserável me fez passar. Eu me odiava. Sempre fui tão regrada, tão dentro dos padrões, porque aquilo me fazia estar segura, como estava enganada.
O garçom estava de volta, peguei o copo e comecei a beber quando um homem apareceu do meu lado. Ele usava um jeans azul que lembrava a década de 60, uma camisa branca apertada que marcava seus músculos... Parecia a personificação dos sonhos da Lana Del Rey. Ele sentou na cadeira ao lado da minha e deu um sorriso hipnotizante.
— Uma mulher só bebe assim quando está irritada com um cara bundão. Estou certo? — ele perguntou. Aquilo era uma cantada? Eu ri com a abordagem dele.
— Na verdade isso não é da sua conta — falei lutando para manter a voz firme.
— Calma — ele riu — Não precisa fugir chapeuzinho. Eu não sou o lobo mau!
— Com certeza não, nesse momento o lobo mau está devorando outra mulher — falei amarga e depois ri de mim mesma.
— Eu estava certo — o cara falou — Que tipo de homem te deixa sozinha em um bar?
— Olha cara, não estou para papo. Só quero beber em paz e depois voltar para minha vida de merda. Agora se você me der licença — levantei e fui andando para o meio da pista de dança.
— Espera — ele gritou e segurou meu braço. Agora estávamos esmagados entre os corpos que dançavam, eu nem poderia sair sem que ele me alcançasse.
Oh, Destino cruel! Eu estava tão próxima daquele estranho que era quase impossível não encostar-se a ele, eu era jogada pra cima dele toda vez que alguém queria passar. Ele começou a dançar e me puxou para o ritmo, mas eu não dançava, nunca mesmo, nem mesmo no baile de formatura, quando Travis me levou a força. Fiz movimentos esquisitos. Não sei por que não saia dali, mas a mão daquele estranho era firme e fazia-me querer mais... muito mais. Esse pensamento não era adequado para uma mulher como eu, advogada de renome, associada em um dos melhores escritórios de advocacia do país. Só que naquele momento eu decidi não ser a mesma.
O estranho dançava de uma forma sensual, puta merda, aquilo era muito para mim. Talvez ele estivesse apenas se contorcendo, mas o álcool o fez parecer incrivelmente sexy. Coloquei minhas mãos na nuca dele e estiquei um pouco meu corpo para alcançar a boca, antes de beijá-lo, dei uma olhada em seus olhos castanhos e pude ver uma satisfação estampada.
Que beijo! Nunca experimentei algo assim, ele não parecia um depravado como Travis, mas também não era um puritano. Tudo estava na medida certa, um calor subiu pelo meu corpo e não tinha nada a ver com os corpos que se esfregavam em mim. O estranho soltou meu braço e passou a mão por minhas costas, descendo devagar e me deixando uma sensação de prazer diferente. Separamo-nos e ele voltou a dançar, mas desta vez sorria pra mim, um sorriso safado que me fez corar como uma idiota.
Ele pegou minha mão e me puxou para longe da multidão dançante. Fomos para a área reservada, cortinas e puffs compunham o lugar. O incrível estranho me agarrou com vontade, foi um beijo feroz e de tirar o fôlego, nada comparado com os beijos que recebia nos últimos dez anos. Ele tirava minha jaqueta... e meu celular tocou. Tirei o aparelho do bolso e vi a foto de Molly.
—Não atenda — o cara pediu com uma voz sexy irresistível, ele mordia minha orelha.
— Não posso — me afastei e atendi a chamada — Oi Molly!
— Estou na porta — ela falou — Você vem ou eu tenho que te buscar?
— Por que você veio?
— Você é louca? Da última vez que bebeu eu tive que te carregar para o hospital! — Molly estava preocupada porque eu tinha hipoglicemia, ou seja, não podia tomar bebida alcóolica ou ficar sem comer que as coisas desandavam.
— Não se preocupe!
— Amelia Price não me faça ir aí te buscar a força — essa era minha melhor amiga, tão preocupada comigo que agia como uma mãe maluca.
— Estou indo — falei por fim — Não estressa.
O cara estranho ficou me encarando com o mesmo sorriso, acho que ele esperava o segundo round.
— Tenho que ir embora — falei arrumando minha roupa e saindo.
— Espera, chapeuzinho — ele gritou — Quero te ver outra vez. Quem sabe te ajudo a esquecer do bundão.
— Impossível, você nunca mais vai me ver — falei indo para a saída.
— Meu nome é Tom Grint — ele gritou quando eu cruzei a porta. Molly estava parada com seu chevette azul. Sorri quando vi minha amiga, depois não me lembro de nada.
Autor(a): nandaherades
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