AMOR CIGANO – CAPÍTULO 01 (Levyrroni)

SAN MIGUEL MÉXICO - PRAÇA – TARDE.

CENA MOSTRA VÁRIAS PESSOAS REUNÍDAS NA PRAÇA ADMIRANDO A CHEGADA DOS INTEGRANTES DO NOVO CIRCO DA CIDADE, O “ÁNGEL”, PALHAÇOS BALÕES AS CRIANÇAS, MÁGICOS INTERAGEM COM OS MAIS CURISOS COM SUAS BELAS MÁGICAS, MAS QUASE TODA A ATENÇÃO E OLHARES SE DESVIAM PARA A MAITE, A CIGANA MAIS BELA DO CIRCO, QUE VESTIDA COM UM LINDO VESTIDO JUSTO QUE COBRE-LHE COMPLETAMENTE ATÉ OS PÉS E TOTALMENTE ENFEITADA DE JÓIAS, ENVOLVE O PÚBLICO COM SUA DANÇA DO VENTRE, INCLUSIVE WILLIAN, QUE NÃO TIRA OS SEUS OLHOS AZUIS DOS OLHOS CASTANHOS DE MAITE, OS DOIS TROCAM OLHARES E RAPIDAMENTE EM MEIO DE TANTA GENTE, O WILLIAN A PERDE DE VISTA. PILAR, SUA SOBRINHA DE CONSIDERAÇÃO CHAMA A SUA ATENÇÃO.

PILAR – CURIOSA – Willian? Para onde olha com esse sorriso imenso no rosto? Aqui tem tantos palhaços, mágicos e ciganos, mas você olha para o mesmo lugar! Alguém conhecido?

WILLIAN – SORRINDO – Algum conhecido? – SEM GRAÇA – Não, Pilar... Somente vi uma coisa preciosa, algo que jamais tinha visto em minha vida, de uma beleza magnífica!

PILAR – ESPANTADA – Uma cigana?

WILLIAN – SEM GRAÇA – É melhor irmos para casa, não acha?

PILAR – IRRITADA – Mas já, Willian? Eu queria ver um pouco mais. Aqui na cidade, nunca mais surgiu um circo, aliás... Não lembro-me de nenhum!

WILLIAN – SORRINDO – Realmente, eu me lembro de um circo, há dezessete anos mais ou menos, assim que a minha mãe me colocou em um internato, mas não sei se ficou por muito tempo. Se veio outro ou não... Não pude ver, eu passei toda minha infância e início de adolescência em um internato, quando o meu irmão gêmeo João Miguel, desfrutava de todo o carinho da minha mãe e do Senhor Hilário!

PILAR – Mas porque não disse a dona Hilda, que nunca foi da sua vontade ir á um internato?

WILLIAN – TRISTE – Mas e oque adiantaria? O Hilário sempre pediu para ela me tirar de lá, mas como ele não é meu pai, oque poderia fazer? Não tinha direito algum! Mas vamos esquecer isso? É passado, não sei por que entrei nesse assunto!

PILAR – Talvez seja melhor mesmo voltarmos pra casa!

RESIDÊNCIA ACOSTA – ESCRITÓRIO – INTERIOR – TARDE.

CENA MOSTRA O HILÁRIO SENTADO Á SUA MESA DE TRABALHO, ELE REVISA ALGUNS PAPEIS, E A SUA ESPOSA HILDA ENTRA NO ESCRITÓRIO.

HILDA – SORRINDO – Marido, onde está a Pilar? Não a vejo em parte alguma!

HILÁRIO - LEVANTANDO-SE – SORRINDO – Não lhe contou? Foi á praça ver a chegada do circo á cidade, com ela foi o Willian!

HILDA – ASSUSTADA – Circo? Que circo?

HILÁRIO – SORRINDO – Chegou um circo novo á cidade, depois de muitos anos, acredita? E eles foram á praça ver alguns espetáculos dos palhaços, e mágicos. Ouvi dizer até que tem uns ciganos!

HILDA – BARBARIZADA – Tem ciganos? Que horror!

HILÁRIO – ESPANTADO – Porque toda essa repulsa á um circo?

HILDA – SEM GRAÇA – DESVIANDO O OLHAR – Não é isso... É que me surpreende que o meu filho Willian tenha ido ver certas coisas, esses seres que trabalham em circos não passam de macumbeiros mortos de fome, de uma seita diabólica que com seus shows de horrores fazem de tudo para atrair a atenção dos ignorantes, mas ainda bem que o João Miguel não se presta a certas coisas... É claro, ele prefere o teatro, que são espetáculos para pessoas da nossa classe. Apesar do Willian e o João Miguel serem irmãos gêmeos e idênticos em aparência, são totalmente distintos em personalidade, o João Miguel sempre terá o bom senso!

HILÁRIO – IRRITADO – Me poupe de seus comentários? Porque sempre compara o Willian ao João Miguel com o intuito de deixar o Willian como o vilão, e o menosprezado da história? Eu sempre soube que o seu preferido era o João Miguel, desde que há dezessete anos, na época que a minha filha Mabel estava grávida, você o colocou em um internato, o privando de ter uma vida normal!

HILDA – SEM PACIÊNCIA – Você nunca entenderá, não é mesmo? Se eu fiz oque fiz, foi para o bem dele. Entendeu? Para evitar que o Willian e o João Miguel fossem inimigos, como muitos irmãos por aí! – DESCONVERSANDO – Eu só vim perguntar isso mesmo, continue oque estava a fazer, com licença!

HILDA SAI DO ESCRITÓRIO, E COM FÚRIA FECHA A PORTA.

MAIS TARDE...

ATRÁS DO CIRCO ÁNGEL – TENDA DE ENSAIOS – INTERIOR – TARDE.

CENA MOSTRA O CIGANO CHEFE, ALFONSO SENTADO SOBRE UM BANQUINHO LENDO OS ROTEIROS DO CIRCO, A MAITE ENTRA NA TENDA E FICA SURPREENDIDA COM O VAZIO.

MAITE – SURPRESA – Chefe? Já é hora do ensaio para sabermos oque todos nós iremos fazer na estreia do circo aqui na cidade. Onde estão Dulce e Christopher? Eles nunca se atrasam!

ALFONSO – LEVANTANDO-SE – E você se importa? O importante é que nós dois estamos aqui – PASSANDO A MÃO SOBRE OS CABELOS DE MAITE – Nós somos os principais do circo, e estamos aqui, por minha parte ninguém mais viria ensaiar, e eu passaria essa bela tarde ao seu lado, somente ao seu lado e com ninguém mais!

MAITE – SEM GRAÇA – Chefe por favor, tire as mãos do meu cabelo, está se aproximando de mais e me deixando sem jeito. Respeite-me!

ALFONSO – OLHANDO FIXAMENTE NOS OLHOS DA MAITE – Qual o problema em minhas mãos percorrerem os seus cabelos ou até mesmo o seu corpo? – PASSANDO A MÃO NOS SEIOS DA MAITE – Esqueceu que eu sou o cigano supremo da tribo? A lei dos ciganos diz que o chefe da tribo tem total liberdade para escolher a sua futura esposa, ou suas esposas. Você sabe muito bem disso, não sabe? E você está prometida á mim, eu escolhi você, e quando você for maior de idade, será completamente minha. Entendeu?

A MAITE EMPURRA O ALFONSO E LHE DÁ UMA BOFETADA, ELE FICA IRRITADO.

MAITE – GRITANDO – Jamais volte a tocar em mim, eu conheço muito bem a lei dos ciganos, eu sou uma cigana. Esqueceu? Até eu ter a minha maioridade, não volte a tocar em mim, respeite a lei divina dos ciganos, ou queimará nas chamas do inferno!

ALFONSO – SEGURANDO O BRAÇO DA MAITE – Por acaso está pensando em ficar com um homem que não seja da nossa raça cigana? Você sabe muito bem oque aconteceu com a sua mãe, não é mesmo? Casou com um homem que não era da nossa raça, esse homem a abandonou a deixando grávida, a espera de uma criança que não era cigana, que tinha o sangue misturado, você não é uma sangue puro, por isso tenha agradecimento a mim, pois mesmo você não sendo uma sangue puro, lhe elegi para ser a minha esposa, será grata a mim pelo resto de suas vidas. Ou quer acabar como a sua mãe? Amaldiçoada!

A MAYRA ENTRA NA TENDE E ABRAÇA A MAITE, ELA INSULTA O ALFONSO.

MAYRA – ABRAÇANDO A MAITE – GRITANDO E OLHANDO NOS OLHOS DE ALFONSO – Lá de fora consegui ouvir os seus gritos, desgraçado. Quem acha que é? Respeite a minha neta, ouviu bem? E lave a sua boca antes de falar da minha falecida filha. Minha neta e eu somos ciente de que ao completar dezoito anos, ela será automaticamente a sua esposa, se quer que ela o respeite, ao menos se dê ao respeito. Você me entendeu? Ou as entidades lhe jogarão uma forte maldição, ou até mesmo uma praga, mas se elas não fizerem isso, eu mesmo trato de fazer!

MAITE – ASSUSTADA – Vamos embora daqui, vovó!

ALFONSO – GRITANDO – Saia daqui, velha bruxa! Saia agora mesmo!

CONTINUA...

CAPÍTULO ENCERRA COM A MÚSICA: TAL VEZ MAÑANA.