Fanfic: Afaste-se de Mim | Tema: (AyA)

CAPÍTULO 8

Dedicado a cumpleñera mais Jaguara desse Brasil, Rauchis <3

"Nada duele más que ser lastimado por la persona que creíste que nunca te haría daño.."

Na segunda, após a aula, Maite foi comigo até a minha casa buscar minhas coisas. A minha intenção é apenas pegar uma mala pequena, com as roupas que eu mais uso, afinal, não acredito que seja necessário eu ficar muito tempo por lá, só até a poeira abaixar, meu pai esquecer dessa loucura e eu consegui me levantar e recuperar depois do susto que eu passei. Peço para Maite esperar na porta, com medo de que meu pai estivesse em casa e sobrasse para ela também. Meu pai nunca gostou de Maite, porém depois que ela começou a namorar o Mane, a implicância dele com ela piorou bastante. Ela reluta em ficar, mas eu insisto e ela encerra o assunto dizendo:

- Ok, eu fico! – ela gesticula nervosa - Mas se você demorar mais de meia hora para sair, eu vou entrar e não me importa nada. – eu assenti, agradecida, afinal, se meu pai estiver em casa, ele vai vir feito bicho para cima de mim e é bom saber que não estou "sozinha" literalmente.

Sendo assim, eu entro, procurando fazer o máximo de silêncio possível, afinal ele pode estar no escritório. Mas minha calmaria durou pouco, quando subi os primeiros degraus da escada, fui interrompida.

- Resolveu aparecer? – diz duro atrás de mim. Eu respiro fundo, implorando aos céus que aquilo acabasse logo.

- Sim. – digo fria e tentando não dar nenhum sinal de medo – Estou aqui. – me viro para encara-lo.

- Você já tem noção do que você fez? – ele se aproxima de mim a passos lentos – Sua inconsequentezinha! – diz com desprezo .

- E você, papai? – devolvo o mesmo desprezo nas palavras – Você tem noção do que me fez? Do que você fez com a sua própria filha? – cuspo as palavras cheias de mágoa sem medir as consequências.

- Agora você se lembra que é a minha filha? – ele para tão perto de mim que sinto sua respiração agitada em meu rosto.

- E quando na sua vida que você se lembrou que é meu pai? – digo duro e com uma mágoa doída na voz – Você nunca foi meu pai. – meu rosto queima.

- Você é uma ingrata! – ele cospe as palavras com dureza, gritando na minha cara – Eu te dei do bom e do melhor a vida toda e assim que você agradece, sua insolente! – seu rosto está vermelho de raiva, ele fica cada vez mais nervoso e eu não abaixo a guarda - Era só você, fingir, atuar! Facilitar as coisas para mim! – ele abre os braços exasperado – Você tem que complicar tudo, eu não pedi nada demais! – ele fala com tanta frieza que eu de verdade acredito que para ele aquilo era "nada demais".

- Nada demais? – solto um riso debochado – Você só queria me vender, né? Só isso! – volto a encara-lo com raiva - Vender a sua própria filha em nome de um contrato, como se eu fosse uma puta para um de seus clientes. – me aproximo mais de seu rosto e grito em alto e bom som - EU NÃO VOU ME SUJEITAR A ISSO! – ele soa nervoso e eu não abaixo a guarda, com o cenho franzido.

- Você não tem noção do que você fez, do problema que você me meteu, do quão grave foi isso! – ele me segura pela raiz dos cabelos e me puxa com força, eu tropeço nas pernas, descendo a escada e grito de dor.

- Me solta! Me solta agora! - seguro seu pulso, arranhando com força, tentando me soltar – Eu fugi, eu fugi igual uma desesperada! – grito com raiva, ele iria me escutar agora - Ele ia abusar de mim e você ainda diz que eu estou errada! – começo a chorar desesperada e ele me empurra contra o chão.

- VOCÊ O MATOU, SUA IMBECIL! – ele grita na minha cara – VOCÊ MATOU O JOSÉ! – eu fico em estado de choque.

Não, não, não.. não pode ser!

Encolho-me no chão, apoiando na parede e abraçando meu corpo, chorando desesperada, sem parar. Ele continua me apontando o dedo e repetindo que eu o matei, que eu o matei, aquela palavras ecoavam na minha cabeça.. "você o matou, você o matou"..

- Eu não fiz isso. – digo de olhos fechados chorando – Eu não matei ninguém! Eu só fugi.. – digo em um fio de voz.

- Sim, você o fez! – ele grita -Você matou ele, sua estúpida! – ele me dá um tapa na cara e eu não tenho reação, só sei chorar.

Ele continua cuspindo seu ódio em palavras e ameaças, continua me tratando como assassina e culpada de tudo o que aconteceu, mas eu não vou, não posso deixar as coisas dessa maneira. Junto dentro de mim uma coragem que eu sei que não tenho, uma força que eu já perdi, a voz que eu não sei da onde e sai.. Me levanto do chão, seco minhas lágrimas e o encarando firme volto a responder.

- Se tem algum culpado aqui é você. – ele se cala e volta a me olhar duro – VOCÊ QUE ME VENDEU! – falo ponderada mas sentindo um dor absurda em encarar aquela verdade - Você que me obrigou a sair com esse homem, você que deixou que ele tentasse me estuprar, você que ignorou o fato de ser sua própria filha e me colocou na vitrine dos seus clientes como um produto qualquer em nome de um contrato, de um dinheiro imundo! – respiro fundo ao terminar e o silêncio reina.

Só que enquanto eu cuspia as palavras de raiva, mágoa, revolta e dor na cara do meu pai, que calado ouvia tudo, não percebi que Mane havia chegado da faculdade e estava ali, parado na porta do saguão, ouvindo tudo. Eu parei de falar quando notei grunhidos e quando olhei para o lado, lá estava ele, que tinha a expressão fechada de raiva e o olhar de desprezo olhando meu pai, meu mundo caiu. Maite, totalmente apavorada e perdida, segurava Mane pelo quadril, meio que abraçada a ele, para tentar impedir que ele fizesse algo contra meu pai, agindo por impulso e na flor da pele. Ela olha para mim, balançando a cabeça em negação como quem diz que tentou impedir, mas ele ouviu tudo. Eu fico quieta, ofegante, esperando a reação dele.

No rosto de Mane lágrimas silenciosas rolam sem que ele pudesse controlar, ele para de encarar o pai e olha para mim, voltando a encarar meu pai. Sua expressão é indecifrável.

- Você teve mesmo coragem de fazer isso? – diz finalmente com desprezo em um fio de voz – Como você pode chegar tão baixo? – ele se solta de Maite e vai se aproximando do meu pai – Eu tenho nojo de você, de ser filho de um ser humano tão desprezível. – troco um olhar apavorado com Maite, e ficamos prontas para separar qualquer briga que possa vir a acontecer – Como que você conseguiu fazer isso com a sua própria filha? – ele aponta para mim – Ela é uma menina! Olha para ela, pelo amor de Deus! Você vendeu ela! Colocou a vida dela em risco, destrói toda sua vida por dinheiro sujo! – ele e meu pai estão perto demais, alterados demais – Ela veio do seu sangue, é sua filha, seu bicho! Você não tem escrúpulos! – Mane alterado, chora, vermelho de raiva, gritando pro meu pai e eu sei que isso não vai acabar bem.

- Mane, calma! – digo quase em um sussurro e sou ignorada, porque Mane continua sem respirar.

- Você não merece a filha que tem, os filhos, não merece apoio de ninguém. – ele tá tão alterado, nunca vi o Mane tão descontrolado como agora - Como não mereceu também a esposa que teve, a vida que tem.. – ele diz por fim apontando na cara do meu pai.

- Que porra de filhos que vocês são, hein? – ele rebate Mane no mesmo grau de alteração – Que porra de vida é essa que vocês dizem que eu tenho!?! – ele olha para mim como total desprezo – Essa imbecil é uma inútil! Uma inútil igualzinha sua mãe foi! – e é nessa hora que ele toca na ferida que mais dói..

- VOCÊ NÃO FALA DA MINHA MÃE! NÃO FALA DELA! – eu parto para cima dele, batendo em seu peito, socando, chorando, depositando toda minha raiva, arranhando-o – VOCÊ NÃO TEM DIREITO DE FALAR DELA! VOCÊ ACABOU COM A VIDA DELA, VOCÊ MATOU ELA, VOCÊ NÃO VAI FALAR DELA, NÃO VAI! – digo enquanto desconto toda minha raiva nele que me da apenas um tapa, me jogando longe, eu levanto e volto para continuar batendo dele, mas Maite me segura pela cintura com força, me impedindo. Eu tento me soltar, mas ela me segura cada vez mais forte e não deixa eu ir para cima dele - NÃO FALA DELA! VOCÊ É UM MONSTRO! – digo gritando.

- Vem, Any! – Maite me puxa e eu continuo gritando histérica e nervosa – Vem comigo. – ela me abraça de lado e me segura, subindo comigo as escadas até meu quarto.

Subo enquanto escuto a briga entre Mane e meu pai continuar, mas eu só escuto gritos, fiquei tão revoltada que não consigo entender claramente o que eles falam, não computo nada, apenas choro em silêncio enquanto Maite me entrega um copo de água com açúcar e faz carinho em meus cabelos, me colocando na cama. Ela não diz nada, apenas fica em silêncio, me coloca deitada em seu colo e me acaricia os cabelos, me tranquilizando. Alguns minutos depois, longos por sinal, Mane abre a porta do quarto, totalmente alterado e emocionalmente desequilibrado. E quando eu o vejo entrando no meu quarto naquele estado, volto a chorar e ele vem correndo e me abraça apertado. Choramos juntos abraçados, ele não me solta um minuto, escuto ele dizer em um murmuro em meu ouvido.

- Por que você não me disse nada, Anahi? Porra! – ele segura minha cabeça com carinho, seus dedos mergulhados em meus cabelos – Você não podia passar por tudo isso sozinha! – ele me solta e segura meu rosto, olhando dentro dos meus olhos – Quantas vezes eu vou ter que repetir que você não tá sozinha? Eu vou te cuidar sempre, garota! Sempre! – ele me puxa outra vez para o seu abraço.

Mas óbvio que não seria Mane sem que ele brigasse comigo também. Quando nos acalmamos e as emoções ficaram brandas, ele voltou ao assunto me pedindo para lhe contar tudo. Sem pestanejar, eu lhe disse tudo que tinha acontecido e ele por fim, me encheu de perguntas. "Por que você permitiu que ele te vendesse e continuou calada, Anahi?", "Olha a gravidade dessa situação!", "Olha tudo que você passou!", "Poderia ter sido tão pior!", "Quanta coisa a gente poderia ter evitado!

- Mane, chega! – Maite quase implora, exclamando alterada – Ela não tá em condições disso! – eu abaixo a cabeça.

- Desculpas! – ele diz baixo.

- Desculpas digo eu, Mane. A todos vocês – olho para Mane e Maite – Eu não te disse nada porque não queria que se prejudicasse também, você sabe do que ele é capaz, só queria te poupar, para que ele não te castigasse também. – ele se senta do meu lado, me olhando ternamente – Eu fui ingênua, pensei que pudesse ter controle da situação, que isso não fosse acontecer. – reviro os olhos – Aquela esperança fajuta de que meu pai não fosse deixar que aquilo acontecesse, que ele só queria mesmo ajuda. – dou de ombros e ele me abraça de lado.

- Tá tudo bem, pirralha.. – eu me solto e olho ele, meio temerosa.

- Eu o matei mesmo? – Mane fica quieto – Me diz, Mane. – ele continua em silêncio – Eu só me defendi, eu juro! – o olho apavorada me lembrando naquele momento - Eu pensei que ele ia desmaiar e eu ia fugir, mas eu não queria matar ninguém. – ele volta a me abraça enquanto choro.

- Eu sei, tá tudo bem, eu vou cuidar disso tudo ok? – confirmo quieta – Se alguém tiver que pagar nessa história vai ser o papai e não você. – ele me acaricia os cabelos e Maite atrás de nós dois, nos envolve em um abraço. – Você precisa sair daqui. – ele respira fundo.

- Ela já saiu. – diz baixo e ele a olha – Ela está na minha casa. – ele confirma se lembrando que ela disse – Só viemos aqui buscar umas roupas, não esperávamos encontrar ele. – eles trocam um olhar cúmplice.

- Eu acho bom você ficar na casa da Maite de vez. – eu me solto, secando as lágrimas – Pelo menos enquanto eu não encontro nenhum outro lugar para morarmos juntos. – assenti quieta.

- Mane, eu não quero atrapalhar você com o meus problemas, não quero te atrasar a vida toda. – eu olho ele e olho para Maite – Vocês dois, não quero atrapalhar vocês dois como já está acontecendo. – digo fraca, mas firme.

- Para com isso! – ele se exalta – Você é minha vida, Anahi! Vocês duas são a coisa mais importante que eu tenho. Você não me atrapalha. – ele segura nossas mãos – Eu vou cuidar de vocês duas até o último dia da minha vida, ok? – Maite o abraça e o beija o rosto, demoradamente e ele me abraça em seu colo.

Arrumamos as coisas e saímos sem ver a sombra do meu pai pela casa. Antes de sair pela porta, dou uma última olhada na casa. Com todo o coração, vou sentir falta daqui. Do meu quarto, das minhas lembranças de criança com Mane e minha mãe, principalmente dela, essa casa ainda é o pedaço dela que me resta, das lembranças dela que tenho, e agora, isso eu também perco.

Ir morar com Maite foi certamente uma boa decisão. Nas semanas seguintes eu voltei a ter um pouco de paz. Mane e Maite viviam grudados e apaixonados para cima e para baixo, eu e Maite estamos mais confidentes e próximas que nunca, nenhum fato ou segredo foge de nós duas, é uma cuidando da outra, sempre foi assim e sempre será. Mane praticamente ficava aqui a tarde toda, quando saia da aula vinha para cá e só ia para casa dormir. Depois que contamos para mãe da Maite mais ou menos o que aconteceu, ela adotou de vez eu e Mane. O que não deixa de ser um pouco estranho o adotado namorar a filha dela, mas vamos aprendendo a lidar. Maite é puro coração, nenhum momento se incomoda ou se importa com o fato de estarmos ali, invadindo o espaço dela e eu me alojando em seu quarto, pelo contrário, ela me trata com tanto carinho e naturalidade que faz com que, aos poucos, eu crie uma nova identidade aqui como casa.

Não tive mais notícias do papai, ele não me procurou e eu menos ainda. Mane disse que estava cuidando de tudo, que conversou com ele e contratou um advogado para me defender. Disse que foi decidido deixar o caso como "assassinato", porém não será encontrado o culpado, logo o caso cai no esquecimento. Se a verdade viesse à tona, me prejudicaria sim, mas prejudicaria muito mais a eles. A papai e seus negócios, a família de José que continha políticos e pessoas de cargo públicos que perderiam credibilidade se o caso viesse à tona. O renomado José como um psicopata estuprador, não.. eles estavam longe de querer aquilo. Eu fiquei mais tranquila em saber que tudo foi resolvido debaixo dos panos e eu não precisaria ir prestar depoimento, nem me sujeitar a voltar a lembrar daquele dia. Tudo que eu gostaria era esquecê-lo, mas não é tão fácil assim, tenho dúvidas se um dia conseguirei supera-lo.

Foi no meio dessa confusão toda, em algum dia dessas semanas, que Rodrigo apareceu. Mandou uma mensagem, depois fez uma ligação, me buscou na escola. Como sempre ele aparece quando mais preciso, nos momentos que estou prestes a cair e volto a ter esperança, uma razão. Vou empolgada contar para Maite a cada menor sinal dele, mensagem ou ligação. Eu vejo nos olhos dela que ela não tá de todo feliz com isso, ela se esforça para parecer empolgada, mas eu a conheço bem. Sei que ela teme por mim, teme que eu me machuque, mas dentro de mim eu sinto que devo continuar. E é ai que voltamos a sair, Rodrigo sempre falando mais do que ouvindo, mas na situação atual eu acabo agradecendo, o que poderia falar de mim? Ele não sabe de nada do que aconteceu comigo, nem perguntou do motivo de eu ter ligado aquele dia. Só ficou sabendo que estava morando com a Maite quando foi me pegar em casa e disse que não estava mais lá. Nós transamos outras vezes, no carro, na casa dele, no carro principalmente, era sempre lá, ele parecia não gostar de me levar para casa dele, eu não entendia o por que, mas respeitava. Eu ainda sinto dores, passo bem longe de sentir prazer com aquilo. Me sinto fria, torço para que acabe logo, mas gosto de ver sua reação de êxtase, sentindo prazer, gosto como ele fica, me faz feliz ver ele pleno.

Enquanto isso.. Maite se aproveitava do fato que na escola é bem "popular" para conseguir as informações que sempre precisava sem nenhum esforço. E naquele momento o que estava tirando as noites de sono dela e a preocupando mais do que devia era Anahi e esse relacionamento doentio com Rodrigo. Ela só via a amiga se afundar cada vez mais e ir por um caminho sem volta com um alguém que pouco se importava para o que acontecia na vida dela. E não adiantava falar com Anahi. Ela estava totalmente cega, apaixonada e doente por ele. Maite compreendia, entendia o lado de Anahi, se colocava em seu lugar. Anahi sempre foi carente de atenção, sempre teve esse lado deficiente, sempre procurou alguém que a desse todo esse amor que ela sempre sonhou e que sempre lhe faltou. Não é que Rodrigo fosse seu príncipe encantado, ele era apenas a pessoa que estava no momento certo, na hora certa e na cabeça de Anahi isso era o destino sendo mágico e lhe dando a chance de ser feliz. Ela não selecionou, não se preocupou com seus defeitos, passado, nem como ele a tratava. Ela só o amou, puramente e intensamente, e agora, sabe lá como ela vai conseguir sair disso, ou o que esperamos todos, mudar o Rodrigo. Mas Maite não ia ficar parada esperando as coisas acontecerem, não mesmo. Seu sexto sentido dizia, gritava, para que ela alertasse Anahi, que fizesse com que ela se afastasse. Sentia que aquilo não ia acabar bem. Maite viu como Anahi ficou com o sumiço de Rodrigo, as noites chorando quieta a cada mensagem que ele ignorava, ou cada ligação não atendida. Ela queria protege-la, queria que ela encontrasse alguém que retribuísse toda essa entrega. Mas não tinha nada que ela conseguia fazer.. Foi quando ela se aproximou de Angel, que claro, por interesse, abriu todo o jogo com ela.

- Se quer que eu seja franca, Mai, serei. – ela diz despreocupada, tranquila - Avise Anahi para se afastar dele. – ele abaixa o tom se aproximando de Maite – Rodrigo tá longe de ser esse príncipe todo ai, só se mudou muito durante esses anos de faculdade, o que eu acho difícil. – ela solta uma risada debochada – Antes dele se mudar tinha uma namorada, coitada, ele tinha mil amantes, traia ela todos os dias com mil outras mulheres, só que era não era leviana, quando descobriu, queimou as roupas dele e fez ele ir para casa pelado. – ela gargalha lembrando – Foi o bafafá da época, Rodrigo ficou morto de vergonha e preferiu fazer a faculdade fora, meu tio tratava ele feito um moleque irresponsável. – ela ri - Que de verdade? É isso que ele continua sendo. – o sinal toca e ela se levanta – Sei que a Any tá bem na dele, não posso te dar certeza do que ele sente ou da vida dele por que de verdade não me importa.. – ela de ombros – Pouco tenho contato e nem me interesso em ter, mas eu não confiaria, viu? – ela alerta - Pelo pouco que o conheço, não confiaria de jeito nenhum. – Maite agradece e Angel se afasta.

Ela definitivamente precisava ajudar Anahi.

Cheguei bem tarde naquela terça feira, Maite já estava se preparando para dormir, penteando seus cabelos na penteadeira e eu estava com Rodrigo até agora. Ela estava quieta, pensativa, quando eu entrei no quarto e comecei a lhe contar tudo animada sobre a noite, ela sorria de lado enquanto eu falava. Até que eu comecei a achar estranho seu comportamento.

- Tá tudo bem com você, amiga? – ela se vira para mim e me olha nos olhos, cerrando os lábios.
- Mais ou menos, amiga. – ela se levanta e se senta do meu lado na cama – Quero conversar com você, mas tenho medo do que você possa pensar, ou como possa reagir. – começo a achar estranho o rumo da conversa e franzo o cenho – Não pense que estou me metendo da sua vida, ou sendo invasiva demais.. – ela enrolada para falar e fugindo de me olhar nos olhos – Eu só me preocupo com você.. – ela finalmente me olha, preocupada.

- Pode falar, Mai. O que está acontecendo? – lhe puxo as mãos e volto a olha-la nos olhos.

- Eu conversei com a Angel hoje. – ela respira fundo - Falamos do Rodrigo. – eu arregalo os olhos

Maite ia falando coisas que a Angel havia lhe contado. Coisas que eu sei que deveria saber. Eu me surpreendo com o que ela vai me dizendo, é um choque para mim, mas também olho para ele hoje.. E a pessoa que ela cita é tão diferente do Rodrigo de agora, as pessoas podem mudar, né? Se arrepender dos seus erros. Ele tem o direito de errar e de recomeçar também. Maite tem cautela e receio em tudo que vai me dizendo, acho que ela teme eu fazer um escândalo e brigar com ela, ou deixar de lhe contar minhas coisas, mas isso não vai acontecer. Eu apenas a agradeço por se preocupar, digo que acredito que Rodrigo mudou de verdade e que estamos bem juntos, que estou feliz. Que ela não precisa se preocupar, ele assente quieta e sorri para mim. "fico feliz, só precisava te falar isso.", ela se limitou e não aumentou mais o assunto.

Antes de dormir esse assunto me volta a cabeça..

Eu de verdade acredito em tudo que Rodrigo me diz, ele fala com tanta verdade, convicção. Ele talvez não saiba bem expressar o que sente, mas sei que no fundo gosta de mim, ele pode ter esse jeito fechado e fortão, mas aos poucos, aos poucos eu acredito que ele vai se rendendo com o tanto de amor que eu tenho aqui guardado para ele. Estamos melhorando, saindo mais vezes, ficando mais juntos. Tudo bem que esse tempo é resumido em ele falando da vida dele ou a gente transando, mas isso faz parte do processo de conhecer, né? Eu queria mesmo me declarar, de algum jeito fazer algo grande que ele enxergasse o tamanho do meu amor, para que não tivesse receios em retribuir, para que compartilhemos toda uma vida juntos.

Eu não queria viver naquele mundo onde precisava a todo tempo reprimir o que ela sentia, ter que viver como se fosse um jogo de xadrez, abusando da lógica e de estratégias. Eu tenho absoluta certeza que o amor não é um jogo e eu só quero mergulhar, me entregar, sofrer se fosse preciso mas sentir que era de verdade até a última gota. Não a sensação que fica sempre presa comigo, de palavras não ditas, de coisas não feitas. Mas não me culpe, você também às vezes joga esse jogo. Eu só não quero mais desejar boa noite, eu quero beijar a testa dele e vê-lo dormir. Eu só não quero mais ter que esperar um convite, eu quero busca-lo. Eu só não quero ouvir, eu quero falar. Eu quero contar do passado e das coisas boas que eu aprendi, dos lugares que fui e como sou estabanada. Eu quero fazê-lo rir e não apenas ter conversas esporádicas e breves nas quais me fazem afogar em expectativa. Eu quero não seguir o manual e quero apenas dizer que gosto tanto de estar com ele e que as coisas tem mudado muito dentro de mim desde que ele chegou. Mas eu me calo. E não quero mais me calar. Se ele está em busca dessa segunda chance, se mudou e está comigo, eu posso tentar fazer com que recomecemos juntos, posso fazer esse fim da história ser feliz.

Foi quando tive uma ideia.

~

E ai, galera???? Será que a Maite consegue colocar juízo nessa cabeça oca da Anahi? Rodrigo muda ou não muda? Tá acabando, mas ainda tem surpresas nessa primeira fase.. Capítulo 9 tá pegando fogo!

E quem ainda não tá no grupo me chama no whatsapp que quero todas vocês lá <3

Até sábado!