Fanfic: Afaste-se de Mim | Tema: (AyA)

CAPÍTULO 9

"Todo lo que pasa, sea bueno o malo, tiene el potencial de transformarse en algo de valor"

No dia seguinte chamei Angel para conversar no intervalo. O aniversário de Rodrigo seria em poucas semanas e ele comentou que estava desanimado, que não queria ver ninguém, nem fazer nada. Depois do que Maite me contou, entendi que talvez ele ainda estivesse meio brigado com a família, com um clima pesado e talvez uma festa surpresa fosse deixa-lo muito feliz. Ver todos que ele ama lá por ele, ver que eu organizei tudo, a família dele ver que ele tem alguém e não é mais o moleque irresponsável de anos atrás. A ideia era perfeita, só dava resultados positivos. E também eu teria a oportunidade de conhecer toda sua família, tornando nosso "lance" de uma certa forma oficial para todos. Isso me empolgou. Quando Angel me perguntou se eu tinha certeza daquilo, tive raiva, qual o problema deles darem uma chance a ele? Será que não enxergam a pessoa maravilhosa que ele é? Mas eu insisti e ela deu de ombros dizendo que se era tão importante para mim e eu queria de verdade fazer aquilo, ela me ajudava.

Eu me encarreguei de preparar tudo, ela ficou de convidar toda a família e conseguir a chave do apartamento de Rodrigo para mim. Como o pai dele tinha a cópia, seria fácil para ela conseguir alegando a festa surpresa. Tudo ia dar certo.

Comecei a planejar cada pequeno detalhe da festa, estava empenhada de verdade naquilo. Maite foi contra, tentando me alertar que eu não devia fazer aquilo que ele não merecia, para eu olhar tudo que ele estava fazendo. Mas evidentemente rebati ela e argumentei dizendo que era a minha chance de mudar as coisas. Então ela apenas respirou fundo, forçando um sorriso e dizendo que me ajudava no que precisasse. Maite é de fato, uma grande amiga, mesmo ela não aceitando, nem concordando com as minhas decisões, ela me respeita e me apoia como irmã de verdade.

Angel na semana seguinte me contou que já havia conseguido falar com a família e que no dia pegaria a chave do apartamento dele para eu organizar tudo. Aquela noticia me deixou ainda mais empolgada, cuidarei da decoração, comes e bebes, queria que ele se orgulhasse de mim e que ficasse tudo perfeito.

Enquanto o tempo passava e passava, eu comecei a sentir umas coisas estranhas, com mais frequências, comecei a ter uma fome de leão, enjoos com os perfumes da Maite e vontade de dormir mais que o normal. Até então podia ser qualquer efeito hormonal, mas aí veio o elemento que faltava: minha menstruação não desceu por dois meses. Maite ficou apavorada quando eu lhe contei.

- Anahi, eu não acredito que você não usou camisinha! – ela andava exasperada pelo quarto, se mexia sem parar, como se fosse minha mãe – E agora? Meu Deus, Any! Você tem noção que provavelmente está grávida? – eu confirmo quieta, sem conseguir esboçar reação – E pior, você nem tem nada com ele, não tem estrutura para criar essa criança.. Meu Deus, o Mane vai te matar. – ela leva as mãos na testa, desesperada.

- Não conta nada para ele ainda. Por favor! – eu a puxo, quase implorando – Nem sabemos se é certeza ainda. – ela me olha com deboche, afinal, era quase certo eu estar mesmo – E sobre Rodrigo, não temos nada ainda. – sorrio – Talvez não seja tão ruim a ideia de ter um filho com ele. – digo com empolgação.

- Any, por favor, não se iluda.. – ela quase implora.

- Eu quero ser mãe, amiga. De verdade. – me sento do lado dela e esboço um sorriso – Nessa festa as coisas vão mudar, a família dele vai me conhecer, ele vai me ver como alguém para compartilhar a vida, tudo vai ficar mais sério. – ela me olha com receio – Vou contar para ele na festa. Tenho certeza que ele vai ficar feliz, vamos começar uma nova vida juntos. – meus olhos chegavam a brilhar, uma família, era tudo que eu queria.

- Amiga, você já parou para pensar no quão é sério isso? – ela me encara, séria – É uma criança, uma vida. Você vai precisar se dedicar a ela 24h por dia. Você sabe cuidar de uma criança? E a faculdade? Como que vai ser sua vida daqui para frente. – ela se levanta, voltando a andar de um lado para o outro igual barata tonta – Só de pensar me dá calafrios, Any, você não tá pensando nas consequências disso. – ela me olhava tão apavorada, como se procurasse magicamente uma solução.

- Você tem razão, amiga. – digo tranquila – Não vai ser fácil, terei que abdicar de muitas coisas, mas a ideia de ser mãe não me causa desconforto, mesmo a situação não sendo nada favorável para mim. – sorrio, olhando para ela com ternura – É meu bebê, sabe? – ela me olha quase chorando – Eu finalmente terei alguém, finalmente vou poder ser a mãe que eu tive e perdi. Eu não me importo com as consequências, nem sei como vou conseguir fazer tudo, mas eu sei que vai aparecer um jeito. – ela balança a cabeça, apavorada – Fica calma, amiga. Nem eu estou nervosa, apenas se prepare para ser madrinha. – ela respira fundo piscando demoradamente os olhos.

- Você é completamente maluca, Anahi. – eu me levanto e a abraço sorrindo.

Fomos à farmácia no começo da noite e fizemos o teste em casa. Era oficial: eu estava grávida. Contando da minha primeira vez com o Rodrigo até hoje, um pouco mais de 2 meses. Maite está apavorada, mesmo ela prometendo não contar nada com o Mane, ela fica em desespero toda vez que olha para mim e pensa que daqui há alguns meses eu estarei com um barrigão. Realmente eu sei que não vai ser nada fácil, nem sei como vou fazer com essa criança. Queria que a minha mãe estivesse aqui, queria que ela fosse a primeira a saber disso, que brigasse comigo por ser irresponsável mas que depois me abraçasse e ficasse feliz com o fato de ser vovó. Queria que ela me ensinasse tudo, trocar as fraldas, colocar para arrotar e fazer dormir, que fosse comigo nas consultas e me ajudasse no nome, queria poder contar com ela nessa fase. Me dói saber que não terei seu apoio nesse momento tão importante. Nem dela, nem do meu pai. Esse é outro que nunca tive, mas agora, agora eu perdi de vez.

Sozinha? Talvez eu pense estar na maior parte das vezes. Mas eu ainda tenho gente que me ama e me quer bem e sei que me darão as mãos e não me deixaram sozinha mais. Maite e Mane, eu sei que mesmo brigando comigo serão os padrinhos mais babões que meu filho pode ter. E Rodrigo! Que alegria poder finalmente começar a ter uma vida ao seu lado, sei que é isso que vai acontecer, sei que ele vai ficar radiante com a notícia. Ele vai ser um bom e dedicado pai. Sei que a partir do momento que ele souber que tem um pedaço dele comigo vai mover o mundo para estar do nosso lado em todos os momentos. Ficaremos juntos e daremos um jeito, seremos 3! Contarei para ele na festa, cada dia mais minha ansiedade para essa festa aumenta. Quero agora mais que nunca que tudo seja perfeito!

Enquanto isso, problemas eram criados com outra pessoa.. O fim do ano estava próximo e com isso, Mane terminando a faculdade, era hora de seguir os planos, os grandes planos que meu pai planejou a vida toda para Mane. O filho mais velho. O herdeiro. Homem. Cursando Administração. Cuidaria de todos os negócios. Mas isso foi antes, antes de tudo, antes dele enfrentar o pai daquela maneira, antes de xinga-lo e ameaça-lo. Enrique era um homem frio demais, totalmente calculista e sem escrúpulos. Não importava quem ele precisaria tirar do caminho para conseguir o que quer, não se importava com os vínculos afetivos, ele só pensava no próprio progresso. E naquele momento, Mane era uma ameaça.

Foi ai que chamou Mane para conversar em uma manhã, antes dele sair para faculdade e ele ir para o escritório. Mane de muito mal humor e vontade vai até seu escritório, deixando claro que está atrasado, mas o pai, tranquilo, se limita a dizer que será rápido.

- Mane, só quero te comunicar que com o fim da sua faculdade espero que você já comece a se preparar para assumir a superintendência administrativa da sede de Londres da Puente Corpority. Já comuniquei o Pablo que vai te dar toda assistência e ensinamentos nos seus primeiros meses lá, não só na empresa como na cidade. – Mane tem a expressão de espanto, pálido, frio – Ele vai te apresentar tudo, cuidar para que se sinta em casa. – Enrique se levanta e se aproxima de Mane, tranquilo, fingindo orgulho e no fundo debochando da reação do filho – Finalmente você vai começar a tomar conta do que é seu, vai poder administrar todo nosso patrimônio. – ele dá dois tapinhas no ombro do Mane e sorri – Bem, você termina a faculdade no fim do mês, acredito que deva estar atolado de trabalhos e provas mas acho que já pode ir organizando suas coisas no tempo livre. – ele se afasta, pegando um whisky na cômoda – Você embarca no dia 3 de dezembro. – ele volta a se sentar na mesa e a encarar o filho – É só isso. – ele tem uma expressão divertida.

Mane respira fundo, mal conseguia processar as informações, mal conseguia esboçar uma frase de resposta, uma reação que fosse, estava completamente em choque. Ele não queria ir, queria ficar e cuidar na empresa no México, era aquilo que ele esperava. Sua vida já estava toda planejada na sua cabeça. Terminaria a faculdade, começaria a trabalhar na Puente Corpority no México, procuraria um local para morar com Anahi até ela conseguir se formar e se sustentar, casaria com Maite e os dois iriam morar juntos, construir sua família e ter seus filhos. Nada poderia estragar aqueles planos perfeitos, os dois planejaram juntos, sonharam juntos, nada era mais importante para ele naquele momento do que viver tudo isso ao lado de Maite. Ele não podia deixa-la, mas também não poderia abandonar aquela empresa. Aquilo tudo, era dele, era de Tysha, era o que ela deixou para ele e Anahi, e já que Anahi não assumiria, ele precisava cuidar do patrimônio deles.

- E se eu não quiser ir? – em rapto de coragem, disse firme – Nosso plano sempre foi eu cuidar da empresa na capital, não pretendo sair do país. – o pai ri.

- Eu sinto muito, filho. – diz com deboche – Estamos com problemas na sede de Londres e eu só confio em poucas pessoas para administrar minhas coisas, acredito que você terminando a faculdade agora é o momento ideal para finalmente assumir as pontas da empresa lá e mostrar o grande administrador que é. – diz com falsidade, tentando convence-lo.

- Minha vida toda tá aqui. – ele balança a cabeça sem acreditar – Não posso abandonar tudo, não quero.. – Mane estava totalmente atordoado.

- Bem, você que sabe. – ele beberica o whisky, tranquilo – Eu já dei minha palavra, se você não quiser ir, procure um estágio qualquer em alguma empresinha de quinta por ai. – ele debocha – Pensei que você se interessasse em ter um grande futuro, em ser alguém de sucesso e não mais um fudido e mal pago por ai. – Mane esboça resposta, mas o pai o corta – Se você não for para Londres só terá acesso à herança quando eu estiver debaixo da terra e não tem conversa. – Mane abaixa a cabeça, encarando o chão – Acho que você está atrasado para faculdade, não é? Já pode sair. – Mane não o encara, apenas pega a mochila e sai da sala transtornado.

A diretora entra na sala me chamando, eu estava tão concentrada na explicação, na matéria que só me toquei quando Maite me cutucou, me chamando de volta. Eu olhei para ela, para diretora na porta, que sorriu para mim pedindo para que eu a acompanhasse. Odiava sair no meio da aula, porque sempre ficava perdida, ainda mais hoje que era aula de história e era uma das matérias que eu mais amava.

Quando saímos da sala ela me informa que meu irmão está me esperando na porta da escola, que precisa falar comigo urgente e depois posso voltar para aula. Franzo o cenho em espanto. Mane nunca falta a faculdade, nunca vem aqui para falar comigo, ele poderia muito bem passar a tarde na casa da Maite e falar comigo, então se ele fez isso tudo para vir aqui é porque o assunto é realmente sério. Caminho até a entrada pensando em mil coisas, mil problemas e já previamente assustada, mas quando vejo Mane pálido igual um fantasma e com a cara mais desesperada do mundo, fico realmente nervosa.

- Meu Deus! – ele me olha – O que aconteceu? – eu o abraço – Você tá pálido, Mane! – ele me solta.
- Estou te atrapalhando muito? – pergunta receoso – Pode conversar comigo uns minutos? – eu reviro os olhos.

- Isso é coisa que se pergunte! – digo firme – Sou sua irmã, sempre tenho tempo para você. – pego ele pela mão – Vem, me conte tudo. – o olho com carinho.

Ele me levou para o carro e eu já presumi duas coisas: primeiro, é um assunto sério e delicado e segundo, ele ainda não quer contar para Maite, por isso veio me chamar aqui. Ele respira fundo quando entra no carro e me olha.

- Você tá me deixando preocupada. – o olho receosa – O que houve? – pergunto sentindo meu coração bater apressado.

- Papai vai me mandar para Londres. – diz direto, sem rodeios.

- O que? – levo um susto – Como assim? Ele não pode fazer isso? – me revolto.

- Ele pode, pior que ele pode.. – diz com desapontamento.

E ele começa a me explicar desde o começo, do acordo que tinha com ele, da mudança no acordo, na proposta que ele lhe havia feito e do que ele precisaria fazer e abrir mão se aceitasse. Mane estava desorientado, completamente perdido, não tinha certeza mal de seu nome naquele momento e antes que eu pudesse falar qualquer coisa, apenas o abracei. Eu sabia que aquilo era um castigo do papai por ele ter me defendido, sabia que estava punindo Mane por algo que queria me punir. Por isso que eu não queria contar a ele, por isso que eu não queria envolver ele nessa história. A culpa disso é minha, vou acabar causando sofrimento tanto a ele, tanto a Maite..

- Não é culpa sua, Any. – ele diz seguro quando eu digo em voz alta meus pensamentos – Ele sempre vai arrumar um jeito de atrapalhar nossa vida. – ele coloca uma mecha de cabelo minha para trás – Papai sempre foi contra meu namoro com a Maite, ele mais cedo ou mais tarde iria fazer algo para tentar me afastar dela. – ele bufa – Mas não vai conseguir. – diz duro.

- O que você pretende fazer? – ele apoia a cabeça no banco e respira entrecortado.

- Não faço a menor ideia. – eu o olho com ternura e respiro fundo.

- Bem.. – ele me olha – Se você quer ir, assumir essa empresa, se é o melhor para você e para seu futuro.. Vai. Eu te apoio. – ele segura minha mão – Mas não se renda as ameaças dele. Se você quiser ficar, quiser construir sua vida aqui, nós dois juntos, daremos um jeito. Com certeza. – digo segura.

- Não posso abrir mão do que é meu, Any. – ele diz decidido – É o que é nosso, o que a mamãe nos deixou. – ele bate no volante – Não quero ser um assalariado, um fudido quando tenho um patrimônio para cuidar. – eu confirmo quieta – O bom disso vai ser eu nunca mais precisar olhar na cara dele. – ele diz com raiva.

- E a Maite? – ele apoia a cabeça no volante e fica minutos quieto.

- Eu não posso desistir dela, Any. – ele diz num fio de voz – Eu a amo demais. – eu o abraço, beijando seu ombro – Nós planejamos tanto o futuro juntos, não tinha como dar errado. – o solto e ele ergue o corpo, me olhando – O que eu faço? - respiro fundo.

- Às vezes a vida gosta de bagunçar nossos planos, mas algo que é destinado a ser, vai ser. – ele sorri – Vocês vão encontrar uma solução, conversando, vendo o que vai ser melhor para vocês dois daqui para frente. – ele assente – Você precisa se abrir com ela, eu sei que ela vai entender e te ajudar a encontrar uma saída. – ele me olha agradecido – Podem contar comigo, sempre. – ele me abraça, afagando meus cabelos.

- Obrigada, pirralha! ­­– eu sorrio.

Mane tentou adiar o máximo que pode falar com a Maite sobre essa possibilidade de ser mudar para Londres, eu fiquei quieta referente ao assunto, mas quando olhava os dois juntos de longe, percebia como o Mane a abraçava, receoso de perdê-la, como se segurasse seu mundo inteiro, a ela falando com empolgação sobre ele se formar e do que eles fariam depois. Pressionei o Mane a conversar logo com ela, que quanto mais ele adiasse aquilo era pior. Eu tinha que conversar com Mane sobre minha gravidez, mas resolvi esperar, esperar para contar primeiro a Rodrigo e também para dar tempo para que ele decidisse sua vida sem se preocupar com meu bebê, Mane tem o direito de fazer suas escolhas e eu não quero ser um peso em sua vida.

Na sua última semana na faculdade, a semana de provas foi quando ele saiu cedo e passou na escola para buscar Maite, ele a levou em um restaurante vegano próximo a escola para eles almoçarem. Maite amava aquele restaurante e Mane mesmo odiando comida vegana, fazia de um tudo para agrada-la. Maite falava sem parar, como era típico, ela estava feliz, empolgada mais que nunca, mas sabia que algo não estava certo.. Há dias ela colocava Mane contra a parede porque ele tinha ficado diferente de uns dias para cá, quieto demais. Ele sorria e falava que estava tudo bem, mas ela sabia que não estava e chegou o momento dela saber de tudo.

- Mai, preciso falar com você. – ele a interrompe e ela para de falar, focando nele toda sua atenção – É importante. – Maite sente seu coração acelerar.

- O que houve? – diz segurando sua mão e olhando para ele preocupada.

- Meu pai veio conversar comigo. – ele engole a seco – Ele quer que eu vá para Londres, cuidar da empresa lá, ficar lá de vez. – ele abaixa a cabeça. Maite claramente leva um choque com a notícia, como um tapa na cara, seu corpo se move para trás como em defensiva e seu olhar se perde em alguma parte do enorme restaurante – Ele tá tentando me castigar, isso é óbvio. – ele balança a cabeça – Eu não sei o que faço. – ela volta a olha-lo, perdida em pensamentos – Ele disse que se eu não for vou perder direito a tudo, a empresa, a herança, a tudo.. – ela respira fundo e depois de um torturante silencio ela diz:

- Você quer ir? – a voz baixa, quase em sussurro

- Eu quero administrar a empresa, quero ficar com você. – ele a olha no fundo dos olhos – Não me importa o lugar. – isso era a única certeza que ele tinha.
- Mane, eu não posso decidir por você.. – diz firme – É a sua vida, suas escolhas. – ele a olha. pedante – Sem chances de você tentar reverter essa decisão dele? – ela pergunta já sabendo a resposta mas ainda tentando ter esperanças.
- Eu já tentei. – bufa – Não tem jeito. – ela confirma quieta.

Mane pega as mãos de Maite e as beija, a olhando no fundo dos olhos, quase implorando ela com o olhar.

- Vamos comigo? – ele segura suas mãos com a força de seu coração que implora para que ela não desista dos planos deles – Todas as coisas que planejamos juntos, eu quero realiza-las todas ao seu lado, não me importa se aqui, na Argentina, ou em Londres. Quero estar com você. – Maite olha para baixo – Vamos comigo, você e Anahi. – ele sorri – Podemos recomeçar por lá, longe de tudo. Posso dar um futuro bom a vocês duas. – ela tira suas mãos da dele.

- Eu não posso ir, Mane. – diz decidida – Eu amo você, amo demais, mas eu não posso ir. – ela o olha nos olhos se segurando para não chorar.

- Por que? – a voz baixa, desolada.

- Porque essa é a sua vida, sua escolha, não a minha. – lhe doía dizer aquilo, mas era a verdade - Meus sonhos são outros, minha vida toda está no México, eu gosto de viver aqui. – ela sorri de lado. – Você sabe como termina a história se eu for com você. – diz triste.

- Como termina? – eles se encaram.

- Eu e você brigando por tudo, cheios um do outro. Eu arrependida de ter largado minha vida para te acompanhar, você de saco cheio dos meus estresses. Seu pai nunca vai aceitar nosso namoro e vai tornar nossa vida um inferno mesmo a km de distancia. – ela suspira - Nenhum de nós dois vai ficar pleno com essa decisão. – desabafa apressada, respirando fundo no fim – Decida por si. – ela olha para baixo.

- Não consigo enxergar a diferença de aqui e de lá – ele se mexe desconfortável na cadeira, incomodado com a ideia de perdê-la.

- A diferença está na realização pessoal de cada um, Mane. – ela o puxa para encara-la outra vez – Tudo que havíamos sonhado realizava os desejos dos dois, estar juntos sim, você seguindo sua carreira, eu fazendo minha faculdade, perto da minha família. – ela sorri de lado – Era uma coisa que construiríamos juntos. E lá não, lá não vou estar feliz, realizada. É o seu sonho, seu projeto, não meu. – ela pega as mãos dele, segura firme e ele a olha quase chorando – Se você quiser ir, vá. – diz com dor da voz – Você não faz ideia de como vai me doer a ideia de ficar sem você, de te ver partir e ter que seguir minha vida sem seu olhar sobre mim, sem sua atenção e amor em todos os momentos. Mas eu não quero que fique aqui para ser infeliz, nem quero ir para ser infeliz. – ele chora quieto e ela lhe acaricia o rosto – Não se pode ter tudo. – ele confirma quieto – Da mesma forma que eu não posso abdicar meus sonhos por você, sei que você também não pode fazer o mesmo por mim, por mais que esse amor que sintamos seja tão forte ao pouco de consumir cada célula do nosso corpo. – ele volta a encara-la, chorando – Temos que ser racionais nas decisões. – ela se odiava por cada palavra dita.

- Eu quero te dar o mundo, Mai. – ele começa, desolado – Quero ser alguém, ser o melhor para você. – ela lhe acaricia o rosto sorrindo – Nunca foi meu planos sair do país, mas.. mas tudo fugiu do meu alcance. – ele a olha arrasado – Não quero que nós dois acabe. – ela o abraça, sem mais dizer.

Maite acalmou Mane, lhe disse para pensar melhor e refletir sobre o que era melhor para a vida dele agora. Ela se manteve firme, forte, não derramou uma lágrima e lhe deu confiança. Ela estava certa de cada palavra que disse a ele.. Mas por dentro ela só queria chorar e lhe implorar para não ir, para não a deixar. Que ela não se importava com o dinheiro, não queria o mundo, só queria o amor dele, ele lhe abraçando e o resto ele conquistariam juntos. Mas algo a impediu de dizer, talvez aquela tal de razão que dentro dela contava que ele era ambicioso demais para abrir mão de seu patrimônio e que seria infeliz se não obtivesse o sucesso que sempre desejou. Ela entendia isso no seu lado racional, mas o outro lado, só entendia que queria estar do lado dele. Não era justo com nenhum deles abdicar os sonhos em nome do outro e ela estava segura disso, só que não é tão fácil para o coração aceitar essas escolhas.

Maite chegou em casa e eu estava estudando, ela entrou no quarto sem falar nada, se jogou na cama, virada para parede, afundou a cara no travesseiro e começou a chorar. E eu apenas observei quieta, lhe dei seu tempo, respeitei sua privacidade. Olhando-a assim, quebrou meu coração em mil pedaços. Eu não sei o que eles decidiram juntos, qual foi a escolha de Mane, mas imagino.. O que eles dois construíram ao longo desses meses foi um amor de raiz, puro. Ambos se entregaram e mergulharam nesse sentimento sem se importar com família, idade, opiniões e com os "nãos" que a vida lhes impôs, mas algo naquele momento não se podia ignorar: o futuro. O futuro de cada um se dividia, seguia rumos distintos e eles teriam que arcar com a consequência de uma escolha, independente de qual fosse, sempre ia haver uma consequência.

Até que ponto vale tudo por amor? Até que ponto devemos mergulhar na intensidade de um sentimento? Quanto tempo dura o para sempre? A única coisa que sei é que o sol vai nascer amanhã e a vida vai continuar, sofrendo ou não, a vida sempre continua.

Maite vai se acalmando aos poucos e eu me levanto, sento ao seu lado na cama e a abraço de lado, fazendo carinho em seus cabelos. Ela volta a chorar um pouco e permaneceu quieta. Minutos depois, ela se vira, me olhando, se senta na cama e seca o rosto.

- Você já sabe, né? – confirmo quieta.

- Ele pediu para não te contar, que queria te dizer. – ela assente – Ele tinha esse direito. – digo cabisbaixa.

- O que você acha que ele vai escolher? – respiro fundo – Esquece.. Eu sei que ele vai. – ela soluça.

- Mane é ambicioso. – suspiro - Nasceu para ser homem de negócios. – sorrio lembrando – Sempre sonhou com isso, sabe? – ela confirma – Ele está em uma sinuca de bico, é o sonho dele frente ao grande amor da sua vida. – nos entreolhamos.

- Não acho que ele esteja errado em ir. – coloco uma mecha de cabelo dela para trás – A gente tem seguir nossos sonhos, né? – assenti – Mas eu não consigo imaginar como vou viver sem ele. – ela volta a chorar e eu a abraço, afagando seus cabelos.

Acredito que as pessoas costumam dizer que o verdadeiro amor é eterno por essa razão: por mais que ele se vá, ele sempre permanece. Permanece dentro de cada um de nós, nas lembranças e em cada momento do cotidiano te fazendo lembrar e amar ele ás 19h de uma noite chuvosa de verão só porque ele te avisou para nunca sair sem guarda-chuva. Ou em todas as coisas boas e ruins que ele te ensinou, no seu processo de maturidade e na madures do próprio sentimento. Definitivamente sempre teremos uma parte dele com a gente e não importa se durou um dia ou um ano, a intensidade que determina o que foi pleno. Porque na verdade, não importa qual será o próximo passo que eles darão nessa história, eles já deram o primeiro. E independente das escolhas, nada, nem ninguém, tirará isso deles dois.

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Quem tá chocada com o capítulo???

Pois bem, se preparem que o capítulo 10 é O CAPÍTULO da primeira fase. São 12 capítulos mesmo, então já está chegando a segunda fase [AAA]

Dica para quem quer spoileeeer: quem lembra do trailer da fanfic??? do vídeo de apresentação?? Lá tem um mega spoiler sobre o que vai acontecer nessa capítulo 10, quem vê já mata a charada.

(o video tá no primeiro post aqui da web)

Link: https://www.youtube.com/watch?v=QhFe6d5ynVI