Fanfics Brasil - Suas qualidades só me trouxeram a paixão, foram os seus defeitos que me trouxeram o amor O safado do 105 (ADAPTADA)

Fanfic: O safado do 105 (ADAPTADA) | Tema: Rebelde


Capítulo: Suas qualidades só me trouxeram a paixão, foram os seus defeitos que me trouxeram o amor

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Acordei assustada na manhã de quarta-feira. Meu sono nunca foi muito pesado, por isso tive a
sensação de que havia alguém circulando pelo meu quarto. Só depois me lembrei de que quase sempre havia alguém no meu quarto, já que aquela parede e nada eram a mesma coisa.



Ouvi gemidos e congelei no tempo. Calvin não tinha levado nenhuma de suas vagabundas para casa durante aquela semana, e eu estava achando ótimo dormir na minha cama sem imprevistos.



Fiquei na esperança de que ele tivesse mudado um pouco depois da nossa discussão. Mas, pelo visto, estava enganada (só para variar).



Olhei o relógio do meu celular, meio sonolenta. Constatei que faltavam cinco minutos para as
sete da manhã, horário em que o meu despertador comumente toca. Desliguei-o antes que fizesse. Soltei um bocejo e agucei a minha audição, tentando saber o quê exatamente acontecia no quarto ao lado (sou curiosa mesmo, me processem por isso).



Os gemidos cessaram, porém consegui ouvir um soluço curto seguido por uma fungada. Sentei me  na cama prontamente, com o coração já batendo muito forte. Estava me transformando em uma mulher nervosa, prestes a dar chiliques. É fogo!



Ouvi mais fungadas e gemidos curtos. Por fim, outro soluço. Demorei a compreender que o que
eu escutava não era ruídos de sexo, mas sim alguém que tentava controlar o choro.



– Calvin? – minha voz saiu meio rouca. Limpei a garganta. – Calvin, é você?



Ninguém respondeu, mas não precisava. Eu sabia que era ele.



Alguns segundos de silêncio se passaram, até que uma sucessão de soluços deixou claro que ele tinha desistido de tentar se controlar. Entrou em um desespero completo. Compreendi o porquê de o Calvin estar tão arrasado: era o seu aniversário.



– Calvin...



– Pare de me chamar disso! – Meu Deus. Ultimamente estava ouvindo cada timbre estranho
partindo dele! Aquele era novo também. Foi um rosnado que juntava raiva e a mais completa tristeza.



A voz comumente doce se tornou uma amargura só.



Engoli o nó na garganta, tentando controlar os meus batimentos cardíacos. Estava cansada de
tantas emoções confusas... Minha cabeça não aguentava mais tanta instabilidade emocional.


Não via a hora de todo aquele inferno acabar.



– Eu não sei o seu nome... – murmurei.



Preparei-me para ouvir o nome daquele homem. Bom, na verdade fechei os olhos e prendi a
respiração como se fosse dar um longo mergulho. Esperei tanto para saber nomeá-lo que a minha curiosidade havia adormecido. No entanto, a maldita acordou superdepressa, e me vi louca da vida, ensandecida para conhecer a última coisa que precisava sobre ele.
Mas alegria de pobre dura pouco. Calvin não apenas não disse seu nome, como também foi
profundamente grosseiro.



– Você não sabe de nada... Nada!



Quanta aspereza! Foi horrível ser tratada assim, principalmente por ele. O pior é que não era só ignorância, parecia uma espécie de desprezo. Dor. Sei lá, só sei que quase tive um infarto. O meu vizinho ia me fazer parar no hospital algum dia, anote o que estou falando.



– Sei que está sofrendo.



– Quem liga? – Mais soluços. Coitado. Deu muita pena, pois o Calvin começou a abrir o maior
berreiro, mesmo que estivesse tentando abafar o choro, acho que com um travesseiro ou lençol.


– Eu ligo – admiti.



Bufou. Não respondeu nada. Tentou evitar mais alguns soluços, parecia fazer a maior força para isso, e mesmo assim não conseguia. Fiquei chateada por ele duvidar da minha capacidade de me importar com seu estado emocional. Resolvi dar um desconto, afinal, quando estamos tristes funcionamos de um jeito exagerado.



– Chego aí em cinco minutos... – avisei com firmeza. Calvin precisava entender que não havia
escolha para ele. – Deixa a porta aberta.



– Você precisa trabalhar – resmungou.



– Quem liga?



– Eu ligo.



– Problema seu. Você é mais importante.



Ouvi um resfolego que misturou um risinho debochado, todo desdenhoso. Claro que detestei. Ele não acreditava mesmo que eu estava preocupada?



– Grande importância...



– Sim. Enorme.



– Você nem sabe o meu nome!



– Quem liga? – voltei a questionar, e o Calvin ficou mudo desta vez. – Aguente firme. Estou
indo.



Praticamente pulei da minha cama. Ele continuou soluçando enquanto eu abria a porta do meu
guarda-roupa. Vesti um shortinho curto de Lycra e blusinha de alça, depois fui ao banheiro fazer minha higiene matinal.



Coloquei água para ferver enquanto ligava para o meu chefe. Inventei duzentas mil desculpas
para não ir trabalhar pela manhã, e ele acabou caindo em pelo menos uma delas. Não ficou satisfeito, claro, mas me liberou, e é isso o que importa.



Fiz chá de camomila na maior pressa. Despejei o conteúdo em uma garrafa térmica e peguei
duas xícaras pequenas. O aperto no meu peito só fazia piorar; estava aflita, bastante preocupada, quase entrando em desespero. Sempre fui péssima em consolar qualquer pessoa que seja, mas com Calvin era diferente. Tudo mudava quando se tratava dele.



Graças aos céus, ele havia me obedecido e destrancado a porta da frente. Entrei sem bater,
atravessei a sala e o encontrei sentado no chão de seu quarto, com a coluna apoiada na parede que nos dividia. Agarrava um travesseiro com muita força. Lágrimas saíam de seus olhos sem pausas, e a cabeça abaixada os fazia fitar o além da cerâmica que cobria o chão.



Seu estado péssimo me alarmou de um jeito irreparável. Quase berrei quando reparei seus
cabelos desgrenhados e o rosto vermelho, distorcido. Usava apenas uma samba-canção branca e a velha corrente de prata com o pingente, a mesma que eu tinha lhe presenteado.



Calvin começou a soluçar muito assim que percebeu a minha presença. Desesperada, coloquei a garrafa e a xícara em cima de sua mesa de cabeceira e me atirei no chão, bem na sua frente. Puxei sua cabeça para mim e, depois de pestanejar com teimosia, Calvin largou o travesseiro que apertava e veio. Abracei seu tronco enorme como pude. Ele chorou forte, molhando meu ombro com suas lágrimas. Nem me importei.



Esperei o nosso (nosso mesmo, porque eu também estava apavorada) desespero inicial ir
embora. Demoraram alguns minutos repletos de soluços (dele), afagos (meus) e lágrimas (minhas e dele). Tentei fazer carinho em seus cabelos, em suas costas, ombros, nuca... Chorei baixinho, sem alardes, só compartilhando aquela tristeza depressiva que o acompanhava.



Calvin parecia muito envergonhado por estar chorando daquele jeito na minha frente, porém
tentei deixá-lo o mais tranquilo possível através do meu toque. Queria que sentisse que eu estava ao seu lado para o que desse e viesse. Se dependesse de mim, a solidão jamais o atingiria de novo.



– Vai ficar tudo bem... – murmurei assim que ele deu uma acalmada. – Estou aqui.



– Ah, Dulce... – Apertou bastante os braços que envolviam o meu tronco. A voz saiu carregada
de dor, foi triste demais até de ouvi-la.



Calvin, de repente, puxou-me com força e me fez sentar em seu colo, tendo as duas pernas juntas e viradas para um lado só. Enterrou seu rosto lindo entre os meus seios, chorando ainda mais. Continuei lhe oferecendo afagos, carícias suaves e livres de quaisquer intenções.



Depois de alguns dias morrendo de raiva daquele idiota, tentando evitá-lo ao máximo e focando unicamente no trabalho, percebi que a única coisa que tinha ficado, além do meu ego ferido, foi apenas a saudade daquele cheiro, daquele toque, daquela pele. De pouco adiantou tentar nutrir desprezo pelo Calvin. Eu jamais seria indiferente.



Não era uma paixão tola. Infelizmente, não era. Eu não conseguia controlar aquilo. Sim, podia
controlar as minhas atitudes, e por isso o evitei com êxito, mas não dava para ignorar todo o restante. Eu queria o bem total daquele homem. Suas lágrimas eram o motivo das minhas. Sua dor era a minha dor, assim como a sua alegria era a minha. Sem querer, havia mais do Calvin dentro de mim do que eu ou ele podíamos calcular. Não sabia mais separá-lo do meu espírito, de tudo o que sou. Estava enraizado.



Às vezes um desejo profundo pode se tornar tão mais profundo que se transforma em uma parte de nós. Estava atingindo todos os meus limites naquela situação; o sentimento pulsava na máxima potência, e tê-lo não era mais uma necessidade do meu corpo ou do meu ego, mas da minha alma.



– Estou contigo... – murmurei entre mais lágrimas. – Estou aqui... Shhh...


– Ela preferiu morrer... Ela tinha escolha, e preferiu morrer! – Calvin começou a choramingar
como um adolescente. – A gravidez era muito arriscada, minha mãe estava definhando... O médico pediu para que abortasse, mas ela não quis!



Oh, meu Deus...



Segurei a cabeça dele e o afastei. Obriguei-o a me encarar. Um rosto distorcido de dor, quase
irreconhecível, ficou apontado na minha direção. Ele também segurou a minha face, enxugando minhas lágrimas com seus polegares. Foi lindo perceber que ainda se preocupava em não me ver chorando.



– Devo ser grata a ela, então – quase não consegui falar. – Se a sua mãe não tivesse te salvado, se não tivesse lutado pela sua vida, eu jamais teria te conhecido.



Os lábios dele começaram a tremer. O olhar ficou perdido, aéreo. Pensei em beijá-lo, mas eu não queria confundir ou complicar as coisas.



– A culpa foi minha! – soluçou alto.



– Não! Quem disse isso? – Apertei seu rosto ainda mais. – Quem te falou uma coisa dessas?



– Ninguém... – Tadinho, gente. Era um menino mesmo. Seus lábios ainda tremiam muito.



– Foi seu pai que disse isso? – Fiquei zangada. Era bem típico se o pai dele tivesse o culpado
pela morte da mãe. Típico e horrível, uma atitude lamentável da parte do único familiar que poderia oferecer amor àquele garoto.



– Não... Não. Ele nunca disse nada... Era muito bom pra mim. – Suspirei de alívio. Menos mal. – E eu matei a única mulher que ele amou! – Calvin iniciou nova sessão de soluços e lágrimas.



– Não... – Balancei a cabeça freneticamente. – Não. Amor de mãe é assim mesmo. Aceite as
escolhas dela e seja feliz. Por ela... Pelo esforço que fez por você. É o seu aniversário, não há por que ficar triste. Sua mãe não ia querer isso, e nem o seu pai.



Calvin nada respondeu, mas pareceu levar as minhas palavras em consideração. Ele já tinha me
alertado sobre isso antes, e consegui comprovar; tudo o que eu lhe falava era processado e julgado pela sua mente. Deve ser por este motivo que ele começou a se acalmar. Expirou e inspirou longamente.



Ajudei-o com o movimento respiratório até estarmos (ambos) bem mais calmos. Enxugamos as
lágrimas um do outro durante o processo. Por fim, Calvin ficou me observando, e seus olhos foram se transformando aos poucos. Não soube dizer o que queriam transmitir.



A confusão mental acabou fazendo com que eu me afastasse. Peguei a garrafa e as xícaras,
oferecendo-lhe uma delas. Sentei exatamente à sua frente.



– Chá de camomila – avisei, e ele sorriu de leve. Uma fagulha de alegria e esperança surgiu em meu peito. Sorri de volta.



Enchi nossas xícaras com o maior cuidado. O quarto dele foi tomado pelo cheirinho
reconfortante de lar. Calvin continuou sorrindo. Propus um brinde, chocamos as xícaras e demos goles bem generosos. Eu, particularmente, levei mais da metade do chá.



– Feliz aniversário – murmurei.



– Obrigado. – Fez uma gracinha no meu queixo.



– Trouxe isso... – Peguei a cartinha que eu tinha colocado por dentro do meu short. Sim, eu sei, escrevi uma carta para ele mesmo estando chateada. Fiz isso porque não consegui achar um presente legal. – Ainda não é seu presente oficial, certo?



Calvin pegou a carta e foi abrindo. Morri de vergonha. Pensei até em pegá-la de volta. Desviei o meu rosto para a mesa de cabeceira, e um porta-retrato me chamou atenção. Sério, quase gritei de verdade. Era a minha foto ali, a que eu havia lhe dado. Puta que p/ariu... Calvin tinha a minha foto em sua cabeceira. Sem brincadeira nenhuma.



Apontei para ela, chamando sua atenção. Não tive capacidade de falar absolutamente nada.



– Gosto do seu sorriso, Dulce. – Ele sorriu de um jeito meio amarelo, envergonhado. Meu
coração desmanchou como bolinha de sabão. – Mas, sim... Você falou que não era um presente? Como não? Já me presenteou hoje, vizinha. Obrigado.



O espertinho mudou de assunto de propósito. Continuei olhando para a minha cara sorridente no retrato. Acho que corei sem querer. Fiz uma caretinha que fingia inocência, sentindo-me meio dengosa.



Voltei a minha atenção para carta.



– Vamos, leia.



Calvin se esgueirou para abrir a primeira gaveta da mesa de cabeceira. Fiquei sem entender, até que retirou uns óculos de grau de dentro dela. Colocou-o e me olhou, sorrindo. Quase cuspi o chá.



Ele usava óculos? Sério, galera? Já pararam de apelação? Minha nossa... Que sexy que o filho da mãe ficava! A armação preta era bem charmosa, atribuindo-lhe um ar de intelectualidade que fazia dele um homem absolutamente comestível (na moral, eu podia pegar um garfo, uma faca e devorá-lo ali mesmo).



– “E uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de...” – ele começou e parou. Tomou fôlego, provavelmente por ter reconhecido a frase da tia Clarice. – “Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar...” – parou novamente. Voltou a me encarar. Gesticulei para que continuasse. – “Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para frente.” Clarice Lispector.



Eu tinha escrito mais coisas após a frase. Calvin ficou só me olhando, segurando a carta com as mãos meio trêmulas (ou era impressão minha?). Pedi para que prosseguisse antes que nós dois tivéssemos um troço em conjunto.



– “Apesar das desavenças, estou te escrevendo.” – Calvin ergueu a cabeça e franziu o cenho.
Prosseguiu: – “Desejando muitas felicidades, apesar do que te aconteceu. E apesar de levarmos vidas tão complicadas, você sempre poderá contar comigo. Afinal, apesar de tudo, te adoro mais do que imagina. Da sua vizinha, apesar de nunca conseguirmos ser uma só coisa, Dulce.”



Fiquei com vergonha por ele ter feito leitura em voz alta. Senti-me meio patética, abobalhada.
Infantil. O meu interesse por ele era uma coisa muito óbvia; ou isso ou o fato de saber que estou cada dia mais desesperada estava me impedindo de ver as coisas por um ângulo mais amplo. Calvin me olhou de um jeito engraçado, entretanto não esboçou qualquer outra reação.



– Eu também te adoro. – Meu coração bailou ao som do “Amor, I love you”, e cupidos
apareceram para cantar a parte do “uh!” em coral. Foi brega, clichê e ridículo até para mim, por isso comecei a rir sem pausas.



Só Deus sabe por que o Calvin me acompanhou. Gargalhamos juntos como dois condenados, até que ele roubou a minha xícara e a depositou, junto com a dele, na cabeceira. Levantou-se em seguida e me puxou com tudo. Ergui-me, mas fui logo de encontro ao seu corpo grande. Ainda rindo, Calvin nos jogou na cama desforrada, que exalava o cheiro dele em todos os sentidos. Parei de rir na mesma hora.



– Ei! – berrei.



O maldito não ligou para as minhas reclamações. Depositou seu corpo sobre o meu e parou com a boca a centímetros da minha. Ele ia me beijar, sei que ia, mas freou a si mesmo.
A decisão era totalmente dele, com toda sinceridade. Se avançasse, eu jamais recuaria. Não ia
conseguir... Não podia mais evitar. Estava cansada de ignorar o meu desejo, a minha carência, a vontade louca de tê-lo. Fiquei esperando e admirando seu rosto emoldurado pelos óculos sexy.


Estava pronta para ser dele de novo. Aliás, estava tão pronta há tanto tempo que acho que meu corpo já havia passado da validade.



Calvin suspirou alto, ficando sério de repente. Minha respiração igualmente alta se juntou com a dele.



– Você tem que trabalhar... – murmurou, parecendo estar em dúvida cruel sobre o que fazer. E
isso era estranho, pois o Calvin não era de ter dúvida ou freios em relação àquilo.



– Pedi folga pela manhã. – Ai, ai. Será que ele percebeu a minha ansiedade? Eu nunca daria o
passo definitivo, seria demais para mim, porém não via a hora de ele desistir de pensar muito.
F/oda-se o mundo, eu o queria.



– Por quê?



– Não podia te deixar, Calvin.



Fez uma careta. Poxa, eu não sabia mais do que chamá-lo. Ele ia mesmo ficar irritado por isso?
Então por que não dizia logo seu nome?



– Dulce...



Ele acabou se decidindo. Porcaria! Eu não tinha sorte, que merda! Se eu jogasse par ou ímpar
comigo mesma, com certeza eu perderia. Aliás, naquela história toda, eu estava fadada a perder feio. Mas foi melhor assim. Calvin estava com mais juízo do que eu (pelo menos uma vez na vida, né?), por isso se afastou totalmente, sentando-se na cama. Continuei deitada, meio irritada, ardendo de tesão e com uma carência horrível para dar conta sozinha.



Calvin riu, do nada.



– Só você mesmo para me fazer desistir de te f/oder. Não me aguento de tanta saudade dessa sua b/oceta, e não poder comê-la está me matando.



Revirei os olhos, aproveitando que ele estava meio de costas para mim. Gesticulei um palavrão
com os lábios e fui me levantando devagar. Parei ajoelhada, e me sentei sobre as minhas pernas.



Calvin se virou, porém seu olhar seguiu diretamente para o meu corpo.



– Pois é. Você nunca mais vai comê-la. Amigos, lembra? Aliás, nossa última discussão envolvia
o fato de você forçar a barra.



Ele riu. Nem parecia o mesmo moleque que tinha chorado como um pirralho há alguns minutos.
Um homem havia retornado a habitar dentro do Calvin.
Prossegui séria.



– Forçar a barra é você vir toda amiguinha pro meu lado, usando essas roupas.



Argh.



– O que é que tem? – Ele ia mesmo começar a encrencar? Fala sério. Eu não merecia aquilo.



– Olhe pra você, está pedindo pra ser f/odida – falou com raiva.



Uma coisa ruim subiu até o meu cérebro. Deve existir algum nível máximo que uma pessoa
possa ficar puta da vida. Foi a primeira vez que explodi o meu termômetro interno. Resultado: desferi um tapa tão grande na cara do sujeito que a minha mão ardeu na mesma hora.



– Me respeite! – urrei como uma leoa.



Foi difícil entender o que deu em mim, nunca fui violenta, mas me senti um pedaço de carne
com o comentário do estúpido. Totalmente decepcionada e desiludida, levantei-me da cama e saí de seu quarto sem conferir suas reações depois do tapa bem dado.



– Dulce!



Atravessei a sala e abri a porta da frente da casa do maldito.



– Dulce! – Affe! Calvin estava correndo atrás de mim. Não deu um segundo e suas mãos
pegaram o meu braço. Puxei-o de volta, livrando-me dele.



– Chega, Calvin. Já chega! O que pensa que sou? – Encarei-o com fúria. Ele estava exibindo a
sua melhor cara de menor abandonado. Não me comovi.



– Desculpa... Eu sou um idiota.



– É, sim! Dentre outras coisas que só não exponho agora mesmo porque hoje é seu aniversário. P/orra, não percebe que me esforço para ser legal contigo? Venho te ajudar na maior boa vontade, e você acha que quero te provocar?


– Eu não quis dizer aquilo...



– O que você quis dizer, então?



– Que eu sinto a sua falta! – Congelei. – Que não suporto essa vontade de ter você, Dulce. Essa droga não passa nunca, por mais que tente ser seu amigo... Você também não ajuda!



– Eu não te ajudo?



Era o fim da picada, e o mosquito nem tinha ido embora ainda.



– Neste sentido, não.



Arfei alto. Era isso o que eu queria, não era? Enlouquecê-lo, tirá-lo do sério, fazer com que
morresse de tanto desejo. Estava conseguindo. Calvin se encontrava completamente desesperado, mas, pela discussão que tivemos no sábado, era óbvio de que precisava de mais um tempo.



Ele tinha que começar a implorar por mim. Não bastava só isso, tinha também que desistir da
vida de safado, e enfim admitir que foi atingido tanto quanto eu fui.



– Dulce, para com isso, vai... Não quero brigar... – Alisou meus braços, e fui abaixando a guarda gradativamente. – Não hoje. Nem nunca.



Encarei a corrente que lhe dei.



– Eu também não, Calvin, mas é tão difícil.



– O que é difícil, me diz? – Segurou a minha bochecha, e depois escorreu as mãos pelos meus
cabelos. Quase falei que era difícil conquistá-lo, porém consegui manter minha boca fechada a tempo.



Permaneci muda, e ele continuou me tocando com suavidade. – Vá trabalhar, minha linda. Obrigado pelo que fez por mim hoje. Nunca vou esquecer, Raissa, falo sério. Foi o melhor presente de aniversário que ganhei... Quer dizer, não sei, compete com o carrinho de controle remoto que meu pai me deu quando eu tinha dez anos.



Rimos juntos.



– Não seja por isso, posso te dar mais tapas se quiser.



Agora sim, gargalhamos.



– Você é brava, hein? Doeu!



– Desculpa...



– Relaxa, eu mereci. – Sorriu de um jeito safado.



– Mereceu mesmo. – Rimos mais.



Calvin me abraçou forte, e acabei o abraçando também.



Eu estava fazendo alguma coisa muito errada. Aquele homem precisava acordar logo pra Jesus. Não percebia o que estava bem diante de seu nariz? Éramos tudo um para o outro. O cara tinha o meu retrato em sua cabeceira... gostava do meu sorriso, sentia saudade, ciúmes, desejo... e ainda me adora.



Calvin me ama e não sabe. Coitado. Ou melhor, coitada.


A mais f/odida sempre sou eu.



Até quando?


_________________________________________________


Próximo post é  a festa de aniversário do Calvin... Preparem-se...



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Autor(a): luvondul

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 41



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  • aucker Postado em 17/12/2020 - 23:29:30

    Como essa fic pode ter poucos comentários gente? Sério msm amei a história

  • dudinhah Postado em 16/11/2018 - 01:59:46

    Essa é a única web ,que eu li que não tem os outros rbds

  • manu_morais Postado em 28/12/2016 - 20:27:20

    https://m.fanfics.com.br/fanfic/55689/never-gonna-be-alone-vondy estou começando a escrever essa fanfic passem-lá

  • manu_morais Postado em 28/12/2016 - 20:25:24

    Simplesmente perfeita essa fanfic, amei d+ a história

  • stellabarcelos Postado em 06/04/2016 - 14:13:33

    Amei amei amei amei! Uma das histórias Hot mais incríveis que eu já li! Nunca ia esperar por isso

  • luvondul Postado em 24/03/2016 - 21:42:19

    Christopher Uckermann é um renomado advogado criminalista apaixonado pelo que faz. Além do sucesso inquestionável na carreira jurídica, também usufrui do impacto devastador que provoca nas mulheres a sua volta. E com a sua nova estagiária Dulce Maria não seria diferente. Recém-chegada de uma temporada fora do país, quando acompanhou o então namorado e cantor pop Dereck Mayer em turnê pelo mundo, a estudante de Direito está determinada a cumprir as horas de estágio para finalmente ganhar o diploma, nem que para isso tenha de resistir aos hipnotizantes olhos azuis do dr. Uckermann. Assim como o seu chefe, a jovem leva uma vida descompromissada, curtindo o sexo oposto sem romantismo ou grandes demonstrações de afeto. Passem lá na minha nova fic meninas ;) http://fanfics.com.br/?q=capitulo&fanfic=53091&capitulo=1

  • hanna_ Postado em 22/03/2016 - 15:46:44

    Foi tudo muito lindo ao modo safado dele mas foi hahahah...fiquei muito feluz de acompanhar essa fic. Cada frase da Clarice q tbm falou com nós leitoras. Ansiosa para sua próxima adaptação. Obrigada vc, bjôooo ;)

  • danihponnyvondyrbd Postado em 20/03/2016 - 21:13:55

    O comentário abaixo e meu

  • Postado em 20/03/2016 - 21:11:41

    N acredito q é o ultimo (to chorando um balde de água) n pode acaber é muito boa por favor não faça isso comigo o meu coração não aguenta. Postao próximo capítulo :-):-):-)

  • hanna_ Postado em 20/03/2016 - 01:06:00

    Q lindos! Ah eu amei a Clarice e o Ck tbm <3 ...Tá acabando :(


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