Fanfics Brasil - Eu o amava quando o vizinho apenas tentava ser ele mesmo, e o amo ainda mais sabendo que finalmente O safado do 105 (ADAPTADA)

Fanfic: O safado do 105 (ADAPTADA) | Tema: Rebelde


Capítulo: Eu o amava quando o vizinho apenas tentava ser ele mesmo, e o amo ainda mais sabendo que finalmente

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Nem sei como consegui dormir. Acredito que a carga emocional contida na carta do Sr. Klein
pai me trouxe cansaço o suficiente para cair em um sono pesado, profundo e sem sonhos (amém, porque eu não aguentava mais sofrer as diversas modalidades de torturas ocasionadas pelos sonhos loucos com o meu vizinho).



Estava nos meus planos acordar bem cedo para começar a espalhar meu currículo nos quatro
cantos da cidade, porém quando abri os meus olhos já era quase onze da manhã. Grunhi de
insatisfação ao perceber que havia perdido uma manhã inteira, que poderia ter me custado um
emprego novo. Tomei um banho rápido, coloquei uma roupa bem apresentável, peguei uma pasta contendo os meus documentos e fui à luta. Não ia adiantar perder mais um dia, deixando-o cair na confusão mental e medos infindáveis.



Mesmo que eu realmente fosse embora (notou que a frase está carregada de dúvida?), viver na casa dos meus pais sem ter o meu próprio dinheiro era como chegar ao fundo do poço, ou voltar pelo menos uns dez anos no cronograma da minha vida. Toda vez que eu pensava nisso, tudo o que eu podia sentir era uma vontade absurda de chorar.



A minha primeira surpresa do dia aconteceu assim que abri a porta. Até soltei um gritinho de
susto e admiração quando percebi a minha varanda toda florida. Sério, quando digo florida é tipo... mesmo. Havia vasos de todos os tamanhos, exibindo as mais variadas flores, com perfumes, cores e charmes distintos. Fiquei impressionada. Mais ainda porque as cores pareciam conversar entre si.



Aliás, as próprias flores pareciam querer me dizer alguma coisa muito importante, e aos berros.
Meus olhos se encheram de lágrimas. Fiquei durante um tempão tentando identificar o conteúdo de cada vaso; posso dizer que encontrei rosas vermelhas, brancas, as reconhecíveis violetas, alguns modelos distintos de cactos (eles precisavam mesmo estar ali, faziam parte de tudo)... Já o restante, simplesmente não consegui.



Fiquei apaixonada por um vaso enorme com flores amarelas, parecidas com lírios. Acho que
eram mesmo. O conjunto da obra me fez ter a ideia de que a minha varanda havia se tornado uma coisa muito além do que se via. Parecia a alma de alguém: a do meu vizinho... A minha. A nossa alma unificada e traduzida em cores, essências e texturas.



Levei uma mão à boca, tentando conter a grande emoção que sentia. Demorei tanto a me
recuperar dela que quase não percebi que havia pisado em um envelope branco pequeno. Cheia de expectativa, e com o coração doendo de tão forte que batia, agarrei o bilhete como se fosse a minha vida. Abri o envelope, retirando de dentro dele um cartãozinho decorado com desenhos belíssimos de flores.



Aquela frase, escrita à mão e com uma letra horrorosa, fez-me rir e chorar ao mesmo tempo:
“Decifra-me, mas não me conclua, eu posso te surpreender.” Tia C.L.Do simplesmente SEU, porque não aceito devolução de mim mesmo.


 


Desde que conheci aquele cara, estive inúmeras vezes prestes a ter um ataque cardíaco. Contudo, nada se comparou àquele momento. Minha vista até escureceu, e precisei entrar em casa novamente. Sentei-me no sofá aos prantos, esperando o controle retornar ao meu corpo. Não havia comido nada, por isso decidi pegar um copo de iogurte na geladeira e, entre lágrimas, bebi tudo.



Respirei como se estivesse em trabalho de parto até finalmente me acalmar. Guardei o cartão na bolsa, retoquei a maquiagem leve e tentei atravessar o jardim com calma. Tinha certeza de que se o visse ali me atiraria em seus braços sem pensar em mais porra nenhuma. Aliás, atirar-me nos braços dele era pouco: eu estava quase arrancando minhas roupas e correndo pelada até ele.


Quando o encontrasse, beijaria aquela boca até lhe engolir o cérebro e daria até que não sobrasse va/gina para contar a história (cruel, mas a verdade nem sempre é bonitinha).
O lado manipulador que existia em mim ainda olhou ao redor para ver se o Christopher estava à espreita. Não o encontrei. O alívio se misturou com a decepção. Entrei no meu carro rezando para que o quebra-cabeça da minha vida se encaixasse logo. Estava difícil montar as mil peças que compunham a complexidade das minhas ideias e daqueles acontecimentos perturbadores.



Meu dia de desempregada adepta aos classificados foi angustiante. Pulei de galho em galho
igual a macaco, procurando uma oportunidade, um fio de esperança qualquer. A única coisa que consegui foi marcar uma entrevista para o dia seguinte em uma empresa de pequeno porte. Eu compareceria, claro, mas caso conseguisse um cargo ali, sabia que não poderia continuar mantendo a minha casa. Não estou querendo menosprezar a empresa (do jeito que eu estava desesperada, aceitaria qualquer negócio), mas as minhas contas são proporcionais ao que eu ganhava antes.



Era fim de tarde quando estacionei na frente de casa. A angústia só havia se amplificado; o meu tempo estava cada vez mais reduzido, e a esperança, idem. Busquei forças enquanto cruzava o jardim. Tudo o que eu precisava era de algumas horas no tapete da Sra. Klein, mas cometi a grande burrice de devolvê-lo. Sentia-me órfã, sem um porto seguro, ausente de expectativas. Até que me senti um pouco animada ao observar a minha varanda decorada, mas tudo foi por água a baixo quando entrei no quarto e vi a parede riscada.



Deitei na cama sem me dar o trabalho de trocar de roupa, jogando a bolsa e a pasta com os
documentos para os lados. Foi então que o meu celular tocou. Era de uma empresa nacional de desenvolvimento de softwares, o sonho de consumo de qualquer pessoa que trabalhe na área. Quase não acreditei quando fui informada que eles estavam interessados no meu currículo (e eu realmente não me lembrava de ter enviado nada para eles). Queriam uma entrevista comigo na manhã seguinte para um suposto contrato imediato.



Não sei que tipo de sorte foi aquela. Fiquei tão aérea que respondi às perguntas da moça dos
Recursos Humanos achando que se tratava de um trote. Em nenhum momento achei que estivesse acordada, por isso permaneci tranquila e bem séria. Depois que desliguei, precisei de alguns minutos para processar a informação. Caramba... Eu tinha uma entrevista decisiva!


Uma real oportunidade de emprego, e em um lugar que me faria ganhar o dobro do que ganhava antes. Nem dava para acreditar nos extremos que o humor de uma mulher pode alcançar em um único dia, só sei que minha primeira reação foi abrir uma garrafa de vinho. Estava pronta para jantar macarrão instantâneo pela milésima vez desde a demissão, mas a esperança merecia algo mais elaborado. Abri o armário e acho que saíram morcegos de dentro dele. Não tinha nada comestível por ali. A geladeira estava deprimente, dava vontade de chorar de tão vazia.



Tive uma ideia genial. Ou de jerico, vai saber. Guardei o vinho e resolvi ir jantar fora. Mais
especificamente no restaurante onde certo vizinho com sorriso safado costumava ser o Cheff. Ele ia gostar de me ver lá, e eu mais ainda. Precisava agradecê-lo pelas flores, e desfazer as minhas ideias ruins daquele lugar. Não sabia o que podia ser de nós, mas o esforço que ele tinha feito naquela manhã me permitiu tomar aquela atitude.



Passei uma hora me arrumando. Sério, passei hidratante em cada partícula do meu corpo,
caprichei na maquiagem, sequei meus cabelos... Fiz tudo o que tinha direito para estar mais diva impossível. Senti-me poderosa quando saí de casa; uma mulher de verdade pronta para ressarcir tudo o que tinha perdido. E dane-se o sentido; não queria nem saber dos motivos que eu tinha para desistir.



Daria uma de doida mesmo.



Fiquei toda contente quando cheguei ao restaurante. Estava lotado mesmo sendo terça-feira,
tinha até fila para entrar. Pedi uma mesa para uma pessoa (que tipo de ser surtado pede uma mesa para uma pessoa? Dulce, claro!), empolgando-me por ter sido paquerada por um monte de carinhas (o manobrista, o rapaz que organizava a fila e uma turma de amigos que estava na fila também). Nem parecia que há exata uma semana eu estava aos prantos, desesperada e arrasada.



Não gosto nem de lembrar.



– Dulce? – fui chamada atenção. Fiz cara feia e soltei todo o ar dos pulmões ao ver a Karenquenga, acompanhada pela Gisele Bündchen paraguaia, aquela que estava na festa do Christopher. Estavam bem atrás de mim na fila.



– Oi – falei e me virei para frente de novo. O que a maldita fazia ali? Será possível que não tinha nem um pouquinho de “se mancol”? Certeza absoluta de que daria um jeito para se encontrar com o Christopher. Isso se já não tivessem voltado a manter contato.



– Como você está? – perguntou.



– Não te interessa.



– Credo, Dulce... Não faz assim. Olha, conversei seriamente com o Christopher e...



Fechei os olhos e rosnei de raiva. Foi imediato.



– Claro que conversaram. – Virei-me para ela de novo. – Deixa-me adivinhar: ele te perdoou.



A cara de quenga dela pareceu bem desanimada. Isso me desarmou por alguns instantes.



– Desculpa, está bem? Eu realmente achei que ele estivesse brincando contigo.



– Conta outra.



– É sério, Dulce. Nunca faria nada com você, só estava brincando. O Christopher vai te explicar melhor. Foi ele que te chamou para o nosso encontro, não é?



Franzi o cenho.



– Que encontro?



Karen não respondeu. Mordeu o lábio inferior e pareceu bem desconcertada. O protótipo da
Gisele olhou para ela como se fosse matá-la, e uma parte do meu cérebro processou aquilo tudo como uma notícia ruim. Christopher havia marcado um encontro com aquelas duas? Para quê? No ambiente de trabalho? Fala sério! E aquela história toda de ser meu?



Bufei e saí da fila, caminhando irritadíssima na direção do estacionamento. Karen correu atrás
de mim e segurou a minha mão.



– Dulce, sei que vocês estão meio brigados, mas não faça isso. Vim aqui com o único intuito de
ajudá-los a ficar juntos. Acredite em mim... Por favor, não vá embora. Ele vai amar te ver aqui.



– O quanto você sabe sobre isso? O que ele andou te contando? – perguntei com desdém,
morrendo de ódio daquela maldita. Não conseguia sequer olhar para a cara de vadia da sujeita. Ela não me respondeu, então rosnei baixo: – Ajudar? Só pode estar de brincadeira. Sei muito bem o que quer com ele.



– Isso mudou,Dulce... – Ela fez cara de puta arrependida. – Ele te ama... Caramba, sou amiga
dele, quero que seja feliz.



– Eu não sei o que você pretende, Karen, e nem o que ele pretende contigo, mas eu não entro em lugar algum que você estiver.



Ela aquiesceu devagar e chamou pela amiga, que tinha ficado na fila. A mulher desfilou
sensualmente até nós. Ficou nos observando.



– Tudo bem, Dulce. Vamos fazer assim, eu vou embora e você fica.



Bufei e ri ao mesmo tempo.



– Deixa quieto, Karen. Vá para o seu maldito encontro. Aposto que vai acabar bem até demais. – Olhei para as duas com desdém enraizado.



Ela pareceu indignada.



– É absurdo que você desconfie tanto assim do amor dele – disse baixo, com decepção evidente. – Deli errou contigo,Dulce, foi tudo muito ridículo. Quase não acreditei quando soube de tudo... Mas... Cara, você não está ajudando.



Ela meio que deu um tapa na minha cara com aquelas palavras, porém jamais deixaria que isso
ficasse evidente.



– Você, definitivamente, não ajuda. Seria mais fácil se saísse de nossas vidas.



– Quer que eu deixe de ser amiga dele para que se sinta segura? Acorda, garota! Aquele homem te ama e não há mulher alguma que mude isso, muito menos eu. O que está faltando para que pare de agir como se ele fosse te trair a qualquer momento?



Segundo tapa na cara. Karen-quenga 2 x 0 Dulce.



– Eu não sei... – Abri os braços, com os olhos cheios de lágrimas. – Ele deve ter encontrado
alguma coisa que eu perdi.



Ela sorriu.



– Entre naquele restaurante. – Apontou para a fila. – Esteja lá para ele.



Balancei a cabeça negativamente.



– Não vê o quanto tem razão, Karen? Como ficar com alguém sem ter confiança? Eu te vejo aqui e pronto... É o bastante para achar que vocês vão transar. Meu Deus, não posso viver assim. Fiz de tudo para não borrar a minha maquiagem. Olhei para o céu a fim de enxugar as malditas lágrimas.



– Ele não te deu a confiança de que você precisa, é normal que se sinta assim. A culpa não é
sua... Mas Deli está mudando, vai te dar essa segurança, você vai ver. Tenha paciência.



Karen 3 x 0 Dulce.



Desta vez, aquiesci. Tomei seu conselho como se fosse um comprimido. Ela estava certa. Eu
vivia naquela insegurança por causa do passado, mas as coisas podiam mudar. Era só ter calma. Tudo na vida requer tempo, certo?



– Obrigada – murmurei.



Karen sorriu novamente.



– Agora, continue com as mesmas ideias que te fizeram vir aqui hoje.



– Acho... Acho melhor ir embora. Não... Não estou pronta. – Dei alguns passos para trás.



– Tudo bem... Eu não digo que esteve aqui. Vai ser melhor... Acho que ele vai ficar muito
perturbado se souber que foi embora. Combinado?



– Uhum... Valeu. – Olhamo-nos por alguns instantes. – Pode me dizer o que veio fazer aqui?



– Hum... Ele vai te dizer em breve. Pode ser?



Concordei. Estava morta de curiosidade, mas fazer o quê? Mal conseguia raciocinar direito.
Receber conselhos da Karen parecia tão inacreditável quanto um apocalipse zumbi. Só faltava todo mundo do estacionamento começar a cantar e dançar a mesma música, como em Glee, para que a coisa ficasse mais esquisita.



Dei mais alguns passos para trás.



– Valeu, Karen... Valeu. – Fiz um sinal em forma de “V” com os dedos e saí de fininho.



Será que um dia eu chegaria a entrar naquele lugar?



Passei em um drive-thru e comprei comida suficiente para alimentar pelo menos umas três
pessoas. Voltei para casa ainda sem saber o que pensar sobre o que tinha acontecido. Depois de devorar quase tudo, simplesmente desisti de tirar alguma conclusão. Precisava focar na entrevista da manhã seguinte, por isso separei uma roupa legal, reorganizei os documentos e me preparei para dormir cedo.



Na manhã de quarta-feira, só saí de casa quando fiquei parecida com uma executiva bem
sucedida. Queria causar impacto, por isso vesti saia de alfaiataria cinza-escura, blusa branca e um blazer da cor da saia. O sapato alto bege, quase da cor da minha pele, fechou o meu visual “sou séria, estou pronta para trabalhar e para ganhar bastante dinheiro”. Satisfeita, tomei fôlego enquanto observava as flores da minha varanda. Prometi a mim mesma que só voltaria com um emprego.



Ergui a cabeça, encolhi a barriga e desfilei como uma top model até que um trambolho se pôs na minha frente, bem no meio jardim. Bati a minha testa com força, e soltei um grito de susto. Ouvi gargalhadas. Meu cérebro fritou, o coração acelerou e o mundo ficou mais colorido quando consegui visualizar uma fileira perfeita de dentes brancos.



– Bom dia, vizinha! Você está bem?



– Es... Estou. – Tentei me reabilitar. Aprumei a saia e tirei os tufos de cabelo que haviam
grudado no meu batom. Só então reparei nele. Havia retirado todos os curativos do rosto, ficando apenas com uma pequena faixa no nariz. Os ferimentos estavam bem melhores. Só o olho esquerdo que andava meio roxo ainda. Meus olhos logo escorreram na direção do chão, e uma área sugestiva que era acolhida pela minha calcinha sacudiu mais que baiano em pleno carnaval. Christopher estava usando apenas uma CK, desta vez preta. Todo o seu tamanho intimidante e absolutamente delicioso me fez suspirar alto.



– Você está linda... – murmurou roucamente, e soltou um daqueles suspiros-gemidos que sempre foram capazes de me deixar pronta para dar. – Você é linda.



Ele se aproximou mais ainda, porém dei um passo para trás. Não insistiu.



– Tenho que ir, Christopher...



– Eu sei. É que eu...



– Obrigada pelas flores... – interrompi-o, tentando não encarar seus olhos de muito perto. – São lindas. Perfeitas. Amei.



Ele ergueu uma mão e tocou o meu queixo. Encarei-o. Meu coração sofreu queda livre dentro de um abismo. Devo ter corado.



– Combinam contigo – murmurou. Largou-me, mas continuei sentindo seus dedos quentes em
mim. – Tenho uma coisa para...



– Não posso me atrasar.



– Vai ser rápido, prometo. – Com a outra mão, ele ergueu uma caixinha preta aveludada.


Quase morri de vez. Acho que só não aconteceu porque a caixinha não tinha um formato arredondado próprio para anéis; era um pouco maior, feita provavelmente para abrigar um colar. Fiquei um tempão olhando para caixa sem ousar me mexer. – Pegue, Dulce.



Saí do transe e o obedeci. Abri logo de uma vez, suspirando como uma maníaca compulsiva.
Lágrimas se formaram em meus olhos ao visualizar uma corrente linda de ouro, com um pingente maravilhoso com a inicial “D”. Depois de um tempo só tentando não chorar, percebi que era igual à que eu tinha lhe dado, com a única diferença de ser dourada, e não prateada. Uma olhada na caixa me fez responder à minha primeira pergunta: Christopher tinha comprado a corrente na mesma loja que eu comprei a dele; havia o logotipo dela incrustado na parte inferior da caixinha.



Ele não disse nada. Pegou a corrente em minhas mãos e virou o pingente do outro lado. Soltei
um meio-soluço quando vi o nome “Christopher” gravado atrás, em letras bem miúdas. Minha primeira reação foi olhar a corrente dele. Christopher sorriu e me mostrou: havia escrito o meu nome nela. Abri a boca, espantada.



– Você...



– Posso? – perguntou, já abrindo o fecho da corrente.



Só consegui aquiescer com a lentidão de uma idosa de cem anos.



Ele logo se posicionou atrás de mim. Ergui os meus cabelos soltos, e quase pirei quando seu
corpo se encostou totalmente ao meu. Sério, o topo da minha bunda sentiu o que estava escondido naquela cueca. Arquejei, porém continuei imóvel. Christopher passou a corrente pelo meu pescoço e a fechou sem pressa, fazendo questão de me tocar o máximo possível.



Assim que terminou, soltei meus cabelos. Ele não saiu de trás de mim. Percorreu suas mãos
pelos meus braços, subindo pacientemente, até chegar ao meu pescoço. Afastou meus cabelos para um lado só e afundou seu rosto contra a minha pele.



– “E acima de todas as pessoas do mundo está você, que eu não comparo com ninguém”... – Sua voz rouca me fez fechar os olhos. Um gemido escapuliu da minha garganta. Que tesão dos infernos!



As mãos dele voltaram a descer, desta vez ganhando ainda mais sensualidade. Senti-as pela
minha cintura, apertando-me a carne com posse.



– Christopher... – falei quase choramingando. – Eu realmente preciso ir.



– Eu sei, meu amor. – Ai, meu Deus! Eu não aguentava ouvir aquele homem falando essa
palavra. – Vai dar tudo certo. Seja apenas você.



Fiz careta. Droga. Ele já sabia que eu estava sem emprego? Com certeza Carlos já tinha lhe
dito... O que será que haviam decidido sobre a casa? Minha nossa senhora... Ele já sabia que eu queria vendê-la?



Aliás, como raios o sujeito sabia que eu tinha uma entrevista?



– Como você...?



– Vá, Dulce. Estou torcendo por você como torço por nós: exageradamente. – Vale ressaltar que os lábios dele ainda estavam sobre meu ouvido. Pirei o cabeçote.



Tentei me afastar, mas ele continuou segurando a minha cintura. Esfregou-se um pouco em
mim, e senti sua ereção enorme ganhando vida. Ofeguei e gemi ao mesmo tempo.



– Estou torcendo por você com firmeza... – rosnou. E que firmeza, meu filho! – Torço com
jeito... Torço como você quiser, vizinha... – Senti o grau de safadeza no seu timbre.
Senhor! Frases dúbias àquela altura do campeonato?



De repente, Christopher se afastou por completo. Senti-me como se estivesse bêbada. Até bambeei um pouco para frente. Sua ausência abrupta me deixou desnorteada. Virei-me para encará-lo. O maldito sorria. Não era um sorriso qualquer, era o sorriso safado pelo qual eu havia me apaixonado.



– Vá, Dulce. Posso não responder por mim se demorar mais uns... cinco segundos. – Dei um
passo para trás. – Cinco... Quatro... Três...



Dei meia volta e saí correndo. Ouvi suas gargalhas ao longe. Depois, claro, ri de mim mesma
durante todo o percurso até chegar à empresa fodona que eu nem acreditava que tinha se interessado pela minha pessoa.



Fizeram-me esperar durante meia hora em uma sala pequena e meio sufocante. Usei todo o
tempo para divagar sobre as inúmeras formas de transar com o meu vizinho no meio do nosso jardim (foi uma coisa selvagem no estilo Adão e Eva no paraíso), portanto mal senti o tempo passar.



Uma senhora loira me convidou para ir até a sua sala, e então o questionário completo foi
realizado. A mulher só faltava me perguntar a cor da calcinha que eu estava usando. Perguntou, inclusive, sobre coisas que estavam no meu currículo como se nunca tivesse o visto em parte alguma.



Desconfiei imediatamente. Como a empresa tomou conhecimento sobre mim? Tive receio de
perguntar. Guardei a minha curiosidade para outro momento.
Após um tempão de conversas intermináveis, em que eu ficava cada vez mais nervosa por
compreender que a mulher realmente estava gostando de mim (ainda não conseguia acreditar que estava tendo uma chance naquela empresa), fui jogada para outra sala, igualmente pequena e sufocante. Esperei por quarenta minutos, contados no relógio (deu tempo de imaginar o Calvin e eu usando apenas uma folhinha para cobrir nossos sexos).



Por fim, a mesma mulher se sentou ao meu lado e disse que, a partir de segunda-feira, caso fosse do meu interesse, participaria de alguns treinamentos na empresa. Caso meu desempenho fosse satisfatório, eles teriam “o maior prazer” de me contratar, palavras dela.


Falou ainda que eu não me preocupasse, pois esses treinamentos costumavam ser simples e que eu estava praticamente contratada por causa do meu bom currículo.



Agradeci como se ela fosse a inventora do chuveiro elétrico (alguém precisava agradecer a essa pessoa, sério), e saí de lá com um sorriso de orelha a orelha. Minha felicidade foi tanta que a primeira coisa que fiz foi ligar para casa. Mamãe ficou contentíssima com a novidade, e prometeu espalhá-la para o restante da família. Tentei ligar para o Christopher, mas seu telefone se encontrava desligado. Melhor assim. Eu acho...



Disposta a comemorar, porém sem saber como por estar sozinha, decidi passar em uma loja de
construções. Não me pergunte o que deu em mim; comprei um rolo daqueles de pintar parede e mais um pincel simples. Comprei também uma tinta cor-de-rosa, do mesmo tom que eu sempre quis que estivesse na parede do meu quarto, e meus pais nunca permitiram.



Minha comemoração se resumiu aquilo: terminei a garrafa de vinho que tinha aberto no dia
anterior enquanto, trajada só com uma camisa larga de mendigo e uma calcinha velha, pintei a parede da Clarice. O resultado final ficou uma porcaria por causa do acabamento. Sujei o chão, as paredes ao lado e até mesmo o teto (sem contar que quase caí da escada de alumínio, morrendo de medo de me equilibrar naquilo). Bom, mas pelo menos foi divertido e eu não tinha mais uma parede que traduzia as raízes da revolta.



Fiquei tão cansada depois do trabalho árduo que peguei no sono assim que escureceu. Acordei com o Christopher me chamando no quarto ao lado. Minha cama estava afastada da parede, por isso fiquei um pouco desnorteada antes de entender o que realmente acontecia.



– Dulce?



– Hum...



– Desculpa te acordar... Mas estou muito curioso, como foi a entrevista?



Sentei-me devagar, olhando a parede cor-de-rosa diante de mim.



– Acho que deu certo... – respondi sonolenta. Bocejei.



– Excelente! Sabia que conseguiria! Estou muito feliz por você.



Sorri.



– Obrigada. – Só depois que notei a estranheza se intensificando. Juntei A mais B e tive certeza de que alguma coisa que eu não sabia tinha acontecido. – Agora me conte tudo.



– Contar o quê? – Sua voz saiu apreensiva.



– O que você fez. Primeiro uma empresa que não entreguei currículo me liga... Depois você sabe que eu tinha uma entrevista marcada... Vamos, Christopher, conte-me a verdade.



– Tudo bem. Eu ia te contar mesmo. Nunca mais vou te esconder nada, Dulce, relaxa. – Meu
coração ficou do tamanho de um amendoim. – Então... Depois de raciocinar um pouco, lembrei-me de que os pais da Karen são donos de uma grande empresa de desenvolvimento...



Puta merda!


– É o quê? P/orra, Christopher, não acredito!



– Calma, meu bem. Espere que eu conclua, por favor. – Fiquei calada, sem saber o que sentir.
Christopher prosseguiu: – Precisamos conversar sobre ela, mas está tarde e não quero te importunar. Por enquanto, o que precisa saber é que nós conversamos bastante e que ela ficou disposta a nos ajudar.



Não sabíamos se daria certo, foi um tiro no escuro... Não precisamos convencer ninguém, Dulce, ela me disse que só pediu aos pais para que lhe dessem a chance de uma entrevista. O resto foi contigo.



Esfreguei os meus olhos. Ainda estava sonolenta, e aquelas informações me deixaram ainda
mais confusa.



– Não precisavam ter feito isso... Poxa vida.



Suspirei. Agora, já era. Ele só queria me ajudar. E conseguiu. Certo?



– Está muito chateada?



Dei de ombros.



– Não sei dizer.



– Tudo bem... O importante é que deu certo. Você me enche de orgulho, vizinha.



Abracei a mim mesma e sorri. Pai amado...



– Obrigada – murmurei. – Por tudo. De verdade.



– Não há o que eu não faça por você, Dulce. Fica tranquila.



Do nada, senti vontade de chorar. Meus nervos estavam à flor da pele, sei lá. Podia ser TPM. Ou amor. Acho que eu sofria de amor em excesso.



– Por que a mudança? – perguntei aos sussurros.



Christopher demorou muito a responder.



– Não mudei. Só deixei de não ser eu. Agora eu sou.



– E quem é você?



– Pensei que soubesse. – Acho que ficou um pouco chateado.



– Sei quem você é... Só queria saber se você sabe.



Christopher riu de leve. Suspirei de alívio. Não queria que ficasse irritado comigo.



– Não importa o que sou, apenas o que faço. Somos as nossas atitudes.



– Isso foi uma frase?



Riu.



– Não...



– Christopher Lispector!



Gargalhamos juntos.



– Eu odeio essa parede – comentou, de repente.



Encarei a maldita.



– Eu também.



– Na minha casa ou na sua? – perguntou com a voz rouca, já transformada pelo desejo.



Entrei em desespero.



– Christopher... Não.



– Por quê?



– A gente terminou, lembra?



– E terminamos por que, mesmo?



Dei de ombros.



– Não... Não pensei sobre isso ainda. Por favor... Preciso de um tempo. – Ri sozinha. – Estou
sendo muito... chata, não?



– Não. Está sendo responsável. Eu amo isso em você... – Ah! Alguém me traz um desfibrilador,
por favor? – Pense bastante, vizinha. A gente se magoou muito, eu sei. Faz tão pouco tempo...
Faz? Pareceu ter acontecido no século passado.



– É. – Acreditar que o Christopher estava sendo paciente foi complicado. Ele estava agindo com maturidade, calma, controle... Inacreditável. Em condições normais ele estaria esperneando, arranjando um modo de terminarmos juntos naquela noite. O pior de tudo é que ele conseguiria.



Ficamos calados por alguns minutos.



– Boa noite, vizinho.



– Boa noite, vizinha... Estou lendo um pouco, ando sem sono.



Voltei a me deitar na cama.



– Leia para mim.



– Sério?



– Sim. Até eu dormir.



Christopher riu e começou a ler em voz alta. Devo ter dormido depois da terceira frase, sem entender bulhufas do que a Clarice queria dizer. Não importa. Só queria ter a chance de dormir com aquela voz doce inflamando os meus sentidos.



Deixei qualquer raciocínio lógico para depois.



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Autor(a): luvondul

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– Dulce? – Pisquei os olhos, meio atônita. – Dulce, você já acordou? Por um instante não soube nem quem me chamava. – Hum... Não – respondi mesmo assim, e então comecei a entender quem eu era e o que estava acontecendo. – O que houve, Christopher? – Você está demorando a ac ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 41



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  • aucker Postado em 17/12/2020 - 23:29:30

    Como essa fic pode ter poucos comentários gente? Sério msm amei a história

  • dudinhah Postado em 16/11/2018 - 01:59:46

    Essa é a única web ,que eu li que não tem os outros rbds

  • manu_morais Postado em 28/12/2016 - 20:27:20

    https://m.fanfics.com.br/fanfic/55689/never-gonna-be-alone-vondy estou começando a escrever essa fanfic passem-lá

  • manu_morais Postado em 28/12/2016 - 20:25:24

    Simplesmente perfeita essa fanfic, amei d+ a história

  • stellabarcelos Postado em 06/04/2016 - 14:13:33

    Amei amei amei amei! Uma das histórias Hot mais incríveis que eu já li! Nunca ia esperar por isso

  • luvondul Postado em 24/03/2016 - 21:42:19

    Christopher Uckermann é um renomado advogado criminalista apaixonado pelo que faz. Além do sucesso inquestionável na carreira jurídica, também usufrui do impacto devastador que provoca nas mulheres a sua volta. E com a sua nova estagiária Dulce Maria não seria diferente. Recém-chegada de uma temporada fora do país, quando acompanhou o então namorado e cantor pop Dereck Mayer em turnê pelo mundo, a estudante de Direito está determinada a cumprir as horas de estágio para finalmente ganhar o diploma, nem que para isso tenha de resistir aos hipnotizantes olhos azuis do dr. Uckermann. Assim como o seu chefe, a jovem leva uma vida descompromissada, curtindo o sexo oposto sem romantismo ou grandes demonstrações de afeto. Passem lá na minha nova fic meninas ;) http://fanfics.com.br/?q=capitulo&fanfic=53091&capitulo=1

  • hanna_ Postado em 22/03/2016 - 15:46:44

    Foi tudo muito lindo ao modo safado dele mas foi hahahah...fiquei muito feluz de acompanhar essa fic. Cada frase da Clarice q tbm falou com nós leitoras. Ansiosa para sua próxima adaptação. Obrigada vc, bjôooo ;)

  • danihponnyvondyrbd Postado em 20/03/2016 - 21:13:55

    O comentário abaixo e meu

  • Postado em 20/03/2016 - 21:11:41

    N acredito q é o ultimo (to chorando um balde de água) n pode acaber é muito boa por favor não faça isso comigo o meu coração não aguenta. Postao próximo capítulo :-):-):-)

  • hanna_ Postado em 20/03/2016 - 01:06:00

    Q lindos! Ah eu amei a Clarice e o Ck tbm <3 ...Tá acabando :(


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