Fanfics Brasil - Capítulo 10 Olho por olho - Portiñon - Finalizada

Fanfic: Olho por olho - Portiñon - Finalizada | Tema: Rebelde, Portiñon


Capítulo: Capítulo 10

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Dulce tirou seu casaco pesado e deixou-o atrás da porta do escritório. O inverno estava chegando com força e a constante chuva era um bom lembrete daquilo.


Depois de seguir outra esposa infiel pelas ruas lotadas e frias, Dulce só queria um copo de café e casos que pudesse resolver com alguns telefonemas, mas, infelizmente, todos os que estavam em sua mesa precisavam de alguma investigação no campo. Ah, como ela sentia falta dos carros de polícia com ar condicionado e os uniformes que a deixavam entrar em qualquer lugar para fugir da chuva.


“A senhora Perci ligou. Disse que não pode sair nessa chuva.” Raven declarou ao entregar um copo de isopor com café da lanchonete na frente. “Disse que virá quando parar de chover ou que você pode enviar o que conseguiu por correio.”


Dulce suspirou. “Ela não se convence que os filhos estão bem? Suas esposas não são assassinas, pelo amor de Deus.”


Raven lhe deu um leve sorriso de pena. “Uma mulher ligou, quer almoçar com você.”


Isso chamou sua atenção. Quando alguém ligava para marcar um almoço só podia ter dois motivos. E nenhum dos dois era bom. “Ela disse quem era?”


“Não. Quando eu insisti ela desligou o telefone. Mas não antes de avisar que tem uma mesa reservada no Nepolitan para amanhã meio-dia.”


“Mantenha isso em mente caso a polícia ache meu corpo.”


Raven arregalou os olhos. “Você vai? Nem sabe quem é!”


“Senhorita Borel, quando uma moça lhe chama para almoçar no melhor restaurante da cidade, você não recusa.” Dulce lhe deu um leve sorriso. “Pode limpar minha agenda de amanhã? Não sei quanto tempo este almoço vai durar.”


“Claro.”


Dulce começou a repensar sua decisão naquela noite. Algo lhe dizia para ir, algo bem profundo em sua mente parecia achar uma excelente ideia, algo imperdível. Mas a parte racional do seu cérebro começara a repensar e analisar tudo que podia dar errado. Pelo que ela sabia, seria uma mulher louca, talvez uma das mulheres que foi descoberta por ela a pedido de seus maridos ricos que agora buscava vingança. Ela apenas manteve em mente que deveria ficar afastada de possíveis armas que pudessem ser usadas para matá-la. Porque ela iria mesmo assim. Não sabia o exato motivo, mas algo a empurrava para fazer aquilo.


Ela reconheceu algumas personalidades ricas que havia visto nas revistas de Raven algumas vezes assim que entrou no restaurante. O barulho não era tão alto, mas discussões distintas podiam ser ouvidas sobre o tilintar de pratos e talheres. Ela não sabia o que deveria dizer ao maître, mas não foi realmente preciso.


“Senhora Espinosa?” Ele questionou após um breve olhar sobre seu vestuário. Ok, ela não ganhava milhões por mês, mas sua roupa não estava assim tão ruim. Caramba. “Mesa 7.”


Dulce segurou uma replica e apenas seguiu sua indicação. A mesa um estava ocupada por alguns empresários que discutiam uma futura viagem à China. Seus ouvidos eram bem treinados para captar informações que possam a ser pertinentes em algum momento, mas, infelizmente, não tinha um botão de desligar e, por isso, sempre acabava ouvindo conversas que não lhe interessavam. A mesa dois era ocupada por dois irmãos que discutiam a sanidade do pai. A terceira mesa era composta por esposas que se gabavam de gastar o dinheiro dos maridos ricos em joias e roupas que nunca usariam. Na quarta mesa, um homem comia sozinho e em silêncio enquanto lia um jornal de medicina. A quinta mesa trazia uma mãe e seu filho sem qualquer interesse em suas companhias. Na sexta mesa ela viu um homem falando ao celular enquanto tentava manusear os talheres. E, finalmente, na mesa que lhe foi indicada havia...


Deus.


Ela contou as mesas certo?


É claro que contou. Sua matemática também era impecável.


Talvez tivesse vindo pelo lado errado. Mas o maître teria lhe impedido, não deixaria alguém como ela caminhar entre seus clientes mais ricos.


E o olhar no rosto da mulher deixava bem claro que estava certa.


Hora de preparar sua bochecha, detetive. Pensou consigo mesma.


Dulce puxou a cadeira na frente da mulher e se sentou não muito confortável. Um garçom veio anotar seu pedido de bebidas e logo foi buscar sua água. Um olhar por cima do cardápio lhe deixou saber que nem um mero suco era barato por ali.


“Admito estar surpresa por ter vindo.”


“Admito estar surpresa por ter me convidado.”


Houve um silêncio pesado. Dulce não estava ansiosa pela conversa e Anahi não parecia saber o que falar agora que a detetive estava na sua frente.


Dulce aproveitou para observar o cardápio enquanto a mulher desfazia os nós em sua mente. Optando por um frango grelhado, um pouco de arroz, e uma salada com algo que ela nunca ouvira falar, fez seu pedido ao garçom, tomou um gole de sua água e continuou aguardando com os olhos fixos em sua companheira de mesa.


Já haviam se passado quatro dias desde o dia em que deixou a foto na casa de campo de Herrera, ela estava esperando seguir em frente mais uma vez. “Preciso que me explique uma coisa.” A mulher falou finalmente.


“Farei o possível.” Dulce respondeu prontamente.


“O que quis dizer com ‘você não disse a ela’?”


“Que ele não te contou uma peça importante da história.”


Anahi franziu a testa. “O que?”


“O que ele lhe disse?” Dulce tinha certeza que a mulher havia começado a questionar todo seu casamento apenas ao olhar para seus dedos girando sua aliança. Era algo comum para alguém que pensava como seria tirá-la.


“Que esta mulher veio atrás de dinheiro.”


“Minha ex-mulher já pegou todo o dinheiro que eu tinha, não se preocupe com esta questão, senhora Herrera.” Dulce tentou quebrar um pouco o clima estranho, mas não parecia estar ajudando. “Ela não quer dinheiro. Ela quer que seu marido esteja presente na vida do filho.”


“Por que? Já se passaram dois anos, por quê ela nunca falou sobre isso antes? Por que agora?”


Dulce mastigou o interior da bochecha, pensando com cuidado em suas palavras. “Quando toda aquela história aconteceu, eu dei entrada no divórcio.” Começou sem muita certeza do que falar a seguir. Esta mulher havia lhe batido duas vezes, não era de extrema confiança. “Maite estava muito ocupada me perseguindo para tentar me fazer mudar de ideia para se tocar que seus enjoos matinais não eram normais. Então quando ela ficou com raiva de mim ela começou a tentar tirar tudo que eu tinha. Ela não estava muito preocupada com alguns minutos de vômito todo dia.”


“Aonde quer chegar?”


“Fui eu que desconfiei. Ela estava gritando comigo um dia e deixou escapar que a culpa por ela estar doente era minha. Decidi perguntar o que estava acontecendo e ela me contou. Para alguém que fez faculdade em uma boa escola, ela não parecia prestar muita atenção em suas próprias palavras. Mandei-lhe procurar um médico e ele logo viu o que era, assim como eu. Maite me culpou.”


O rosto de Anahi se contorceu em confusão e descrença. “Como?”


“Ela disse que se eu não trabalhasse tanto nada daquilo teria acontecido. Parece ter se esquecido momentaneamente que era meu trabalho que nos sustentava. Seu advogado conseguiu me deixar sem casa, sem carro e sem um local pra trabalhar, além de me fazer pagar uma pensão que eu sei que não era realmente necessária na época. Quando ela descobriu, já estava no sexto mês. Ela não engordou muito, com certeza. Por este tempo, seu marido já estava longe. Ela não havia nem pego um sobrenome, por Deus, fui que lhe disse meses depois. Eu lhe disse que era melhor avisá-lo, deixá-lo saber que ia ser pai, mas ela parece fazer ao contrário tudo que eu digo desde o dia que assinamos o divórcio. Não me importei, deixei o assunto de lado. Ela era minha ex e essa criança não significava nada para mim.”


“Essa criança foi concebida enquanto ainda estavam casadas.”


“Mas não por mim.” Dulce lembrou-a com um sorriso amargo. “Ela podia pegar esse bebê e ir criá-lo no Ártico por tudo que me interessava. O problema é que a criança nasceu com um problema de saúde que acabou se convertendo em leucemia posteriormente. Eu sei disso porque ela insiste em seu queixar que minha pensão não é o suficiente para pagar os médicos. Eu tenho uma geladeira de 20 anos em casa porque ela fica com tudo o que sobra do meu salário, então eu não presto muita atenção nas coisas que ela diz. Alguns meses atrás ela apareceu no meu escritório e me pediu que localizasse Alfonso Herrera. Eu sabia que não deveria mexer com fantasmas do passado e que nada bom viria disso. Conheci seu marido, ele apareceu na minha porta depois que você foi embora. Não é um sujeito muito simpático.”


Foi a primeira menção do que aconteceu com elas desde o primeiro dia que se reencontraram. Até então, apenas a traição de Alfonso fora mencionada, mas lá estava ela, lembrando do fato que ambas havia dormido juntas como forma de vingança às traições de seus parceiros.


“Sabia que ele ia querer essa criança tanto quanto eu.” Dulce completou. “Mas Maite queria que eu o achasse e eu fiz isso em nome de Robert.”


“A criança que você não tem nenhum tipo de sentimento.” Anahi comentou com a voz recheada de ‘eu sabia que estava mentindo’.


“O ponto é que o menino está morrendo. Qualquer pessoa com um pouco de coração iria tentar deixá-lo mais confortável nessa situação. Maite só quer que ele conheça o pai.”


Anahi mordeu o lábio inferior e Dulce aproveitou o momento para comer. Já estava meio frio, mas ela não se importava. Sobrevivia de sobras a maior parte da semana, o fato de ter comida fresca na sua frente era algo admirável.


“É verdade?”


Dulce se questionou por um momento se havia cara de quem brinca com os sentimentos alheios, mas já tinha essa resposta. Detetives particulares não são bem vistos na praça. “Posso te levar ao hospital. Já está na UTI a três meses.”


A mulher loira mordeu o lábio mais uma vez e balançou a cabeça em descrença. “Poncho me disse que fez o teste de DNA e que havia dado positivo. Disse que iria dar o dinheiro que ela queria para que parasse de se meter em nossa vida.” Ela fungou. “Nem sequer pediu desculpas.”


“Se ele não pediu a dois anos, é provável que nunca mais peça. Esse é o problema dos homens. Acham que tem o direito de dormir com quem quiserem só por serem mais fortes por causa da evolução.”


“Há uma explicação. Dizem que remota dos tempos de Adão e Eva. A mulher seria considerada frágil por ter caído na tentação de comer a fruta e traidora por dar-lhe a Adão, que é considerado forte e mais merecedor por ter aguentado a tentação por mais tempo e que acreditam ter sido enganado por Eva com seu charme feminino.”


Dulce deixou seu garfo parado no ar por alguns segundos enquanto lançava um olhar admirado e curioso para sua companheira. “Adão é considerado puro e Eva a grande traidora, por isso os homens sempre foram considerados seres melhores.” Ela concluiu. Podia parecer bobagem, mas ela sempre imaginou Anahi trancada em casa com nada para fazer enquanto seu marido trabalhava e dormia com mulheres aleatórias. “Impressionante.”


“Bom, senhora Espinosa, eu fiz faculdade também.” Anahi se defendeu, parecendo ofendida com sua surpresa.


“Eu não fiz faculdade.” Dulce deu de ombros enquanto comia o último pedaço de frango.


“Não?” Agora era a outra mulher que parecia curiosa. “Mas não é preciso fazer para ser detetive?”


“Não necessariamente.” Ela sorriu. “Você só tem que ser uma boa observadora e saber reunir provas o mais rápido que puder. Ouvir também é uma característica importante.”


“Ouvir?”


Dulce se inclinou sobre a mesa e ficou momentaneamente feliz ao ver Anahi fazendo o mesmo. “Mesa dez. Ele está discutindo com seu colega de trabalho sobre um caso. São médicos. Alguém errou na hora da cirurgia e o paciente morreu, estão se acusando. Na minha opinião, os dois são culpados.”


Anahi olhou por cima do ombro, então de volta para a mulher. “Por que? Um erro médico é perfeitamente normal.”


“É por isso que você fez faculdade.” Dulce brincou. “O homem sentado de costas está com a roupa amassada e a barba não está bem feita, seu cabelo está maior que o normal, segundo marcas anteriores de cortes, e seus ombros estão caídos. Ele está exausto e, mesmo assim, foi fazer uma cirurgia ao invés de tirar férias. O outro está segurando o copo com dificuldade e já o vi derrubar o arroz algumas vezes, sua respiração está pesada e sua voz está esganiçada, seus dedos não estão tão firmes e sua gravata está manchada com algo que eu imagino ser geleia. Ele está doente.”


Anahi parecia impressionada. “Como você...”


“Prática.” Dulce ajeitou o corpo na cadeira e terminou sua água.


“A quanto tempo é detetive?”


“Tempo suficiente para saber que o dinheiro não entra no banco como as contas entram pela porta. Como detetive particular tenho 4 anos, mas são mais 3 na corporação.”


“Wow.”


Dulce sorriu. “Espero ter respondido suas questões, senhora Herrera. Maite não quer o dinheiro, só quer que o filho tenha o apoio do pai. Infelizmente para ela, seu marido não tem coração.”


“Como é?”


“A verdade dita por outra pessoa é sempre mais cruel e verdadeira.” Dulce comentou com conhecimento enquanto tirava uma quantia de dinheiro do bolso. Anahi não havia pedido nada, ela teria que pagar sua conta. “Sinto muito por você ter um marido como ele. Você merece muito mais. Tente convencê-lo a ir ao hospital. O garoto não tem muito mais tempo segundo o que ouvi.”



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Autor(a): chavinonyportinon

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“Uma verdade não pode ser mais verdadeira se dita por outra pessoa.” Dulce sorriu involuntariamente. Ela já estava em sua cama e a luz do relógio indicava que passava da uma da manhã. “Vejo que guardou meu número, senhora Herrera. Temo que terei que trocá-lo agora.” Ela fez uma pausa esperando uma resposta, m ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 24



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  • Scorpion_Blue Postado em 20/06/2020 - 06:37:15

    Caraca, eu amei essa Fic mana❤️😍❤️

  • Julia Klaus Postado em 03/04/2016 - 17:48:41

    Enfim q pena q acabou! Adorei ler! Parabéns pela escrita =) !!!

  • Julia Klaus Postado em 03/04/2016 - 17:43:10

    Más caramba essa Anahi é porreta hein...xonou a primeira vista na Dul...Uau... oO

  • Julia Klaus Postado em 02/04/2016 - 20:45:26

    Uau...Christian safadenho querendo a grana hauhauahauhau q amigo hein... Dulce é demais, fera hein hehehe

  • Julia Klaus Postado em 31/03/2016 - 08:47:38

    Más gente Dulce já quase elucidando o caso...Anahí no desespero kkkk. Dul fez direitinho a 3 anos. =)

  • anna_aya Postado em 30/03/2016 - 15:04:46

    OIII, Er' amei sua fic!!! Favoritei hoje cedo e já li toda. kkkkkk Quero saber se posso adapta-la para Portirroni..

    • huntfeld Postado em 17/07/2022 - 13:44:14

      Ela autorizou?

  • buttahbenzoayd Postado em 24/03/2016 - 13:09:52

    Eu não acredito que já ta acabando :(

  • Julia Klaus Postado em 23/03/2016 - 15:08:23

    Não duvido q a Maite tenha matado o Alfonso... foi tarde este traste kkkk. Enfim Anahí não é totalmente eliminável, nem sei se essa palavra existe kkkk Enfim adorando *_*

  • Julia Klaus Postado em 20/03/2016 - 17:49:50

    Estou fascinada com a escrita hahaha. Adorando... E continuaaaaaaaa *_*

  • Julia Klaus Postado em 20/03/2016 - 16:30:42

    Uau q historia legal hahahaha


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