Fanfic: Olho por olho - Portiñon - Finalizada | Tema: Rebelde, Portiñon

Dulce ligou para seu médico no dia seguinte e perguntou se alguém havia tido acesso à sua ficha. Com a resposta negativa enfática, ela estava um pouco mais curiosa para saber como Anahi havia descoberto seu pequeno segredo.

Ignorando os casos, ela decidiu fazer uma nova visita a todos os endereços no nome do casal. Nada, em nenhuma das casas. A mulher estava na cidade, obviamente, mas ela não tinha certeza se ainda era sua localização.

Tentou todos seus contatos, mas nenhum deles pode lhe ajudar. Raven também já havia tirado todas as informações possíveis da internet. Foi quando ela decidiu tomar uma decisão drástica demais para a situação.

Christian Chavez parecia surpreso ao vê-la sentada em seu escritório depois de voltar da corte. Ele venceu, ela ouviu pelos corredores. Ia ganhar uma promoção.

“Anahi Herrera é sua melhor amiga, não?” Ela perguntou sem lhe dar chance de falar algo.

Ele levantou uma sobrancelha e fechou a porta. Tomou seu tempo, deixando a pasta no armário e tirando o blazer com cuidado, antes de responder. “Foi o que eu disse, não?” Ele havia se sentado, finalmente.

“Sabe onde ela está?”

“Como?”

“Se é seu melhor amigo, ela deve ter dito onde está.”

“Também me disse que você poderia vir perguntar.”

Dulce acenou brevemente. “Não foi você que disse que odeia o marido dela?”

“Detetive, eu aprecio sua tentativa de tirar informações de mim, mas, como a senhora mesmo destacou, Anahi é minha melhor amiga, ela me deu um relatório de tudo que aconteceu. Sei que seu caso com o senhor Herrera já acabou. Não sei o que pode querer com ela agora, mas tenho instruções de não lhe dizer nada.”

“Entendo.” Dulce suspirou. “Pode me dizer uma coisa, pelo menos?”

“Depende. Você pode tentar.”

“Que faculdade a senhora Herrera fez?”

Ele parecia surpreso novamente. “História, especializada nas grandes guerras.”

Isso não lhe ajudou muito. Ela pensava que podia ser medicina ou enfermagem, iria explicar como ela chegou ao seu histórico médico, mas poder nomear todos os generais da Primeira Guerra não lhe ajudava na obtenção destes arquivos.

“Muito obrigada, senhor Chavez. Boa sorte em seu novo emprego.”

“Novo emprego?” Ele questionou confuso.

“Creio que Anahi deve ter mencionado minha excelente audição em seu relatório. Ficaria curioso em saber o que seus colegas acham de você.” Dulce se levantou, abotoou seu blazer e se virou para sair. Mal havia chego na porta quando Christian voltou a falar.

“Ela está fascinada por você e eu não faço ideia do motivo.” Admitiu um pouco hesitante.

Aquilo mexeu com algo dentro de Dulce. Algo bastante inexplicável e estranho. Ela apenas sabia que precisava encontrar Anahi. Pelo menos para mais uma conversa.

“Não se preocupe, senhor Chavez, eu vou descobrir.”

Três dias mais tarde, Dulce recebeu outra ligação da senhora Herrera. “Você falou com um dos filhos do meu médico. Ele é advogado e associado do seu marido.” Declarou com sabedoria. Havia passado os últimos dias tentando ligar os pontos e, finalmente, havia chego a uma explicação plausível.

“Para uma detetive, você não resolveu o quebra-cabeça muito rápido, não é?”

“O que me deixa confusa, no entanto, senhora Herrera, é o motivo de ter feito isso. Por que perguntar para um homem que conhece seu marido sobre mim? Por que correr o risco do senhor Herrera descobrir e ficar com raiva? Mas, mais importante, por que se interessar por mim?”

“Eu poderia lhe perguntar a mesma coisa. Você costuma fazer tantas pesquisas sobre alguém que não está envolvida com nenhum caso seu?”

Dulce, mais uma vez, parecia surpresa, mas foi mais rápida em perceber de onde surgiu a informação. “Sua universidade ligou.”

“Eles costumam fazer isso quando alguém pede o histórico de um ex-aluno.”

Dulce sorriu. “Justo. Por que está me ligando?”

“O que aconteceu com o seu olho?”

“O que aconteceu com seu diploma?”

Houve um longo silêncio, onde ambas pareciam pesar as perguntas e analisar a melhor resposta. “Está guardado.”

“É só isso que vai me dar? Sendo assim, meu olho está bem.”

Ela ouviu Anahi bufar do outro lado da linha e sorriu de novo. “O que aconteceu com sua visão?”

“Por que não exerce sua profissão?”

Mais silêncio. “Acho que posso ter escolhido a carreira errada para mim.”

“Eu a perdi.”

“Não seja idiota. Sei que perdeu sua visão. Quero saber como.”

“Não acha que é uma pergunta muito pessoal?”

“Nós já nos vimos nuas, acho que já passamos das fases iniciais.”

Foi a primeira vez que Anahi mencionou sua noite de transa vingativa. “Diga-me a verdade sobre não trabalhar e eu lhe responderei com honestidade sua pergunta.”

“Boa noite, senhora Espinosa.”

“É o seu marido, não é?” Dulce questionou antes que a linha ficasse muda. Houve uma pausa, um suspiro, e nada mais, apesar da respiração pesada continuar contra o aparelho. “Não me diga que passou anos na faculdade para deixar seu diploma mofando em alguma gaveta escura apenas porque seu marido quer que você fique em casa.”

“Não sabe do que está falando. Já lhe disse que está errada sobre meu marido.”

“E eu já lhe dei uma premissa sobre isso.” Um silêncio pesado. “Me dê o seu número.”

“Boa noite, detetive.”

“Não quero esperar sua próxima ligação. Não sei quando é a próxima vez que seu marido vai sair de casa.”

“Está enganada mais uma vez.”

O telefone desligou e Dulce considerou jogá-lo contra a parede para descontar sua frustração, mas optou por ir contra essa primeira ideia.

Esta mulher podia lhe fascinar e a perturbar ao mesmo tempo.

Ninguém nunca conseguiu isso.