Fanfic: Olho por olho - Portiñon - Finalizada | Tema: Rebelde, Portiñon

Um coco apareceu na sua linha de visão e, com um sorriso, Anahi segurou-o. Um pequeno guarda-chuva colorido estava pendurado na borda e ela revirou os olhos para o detalhe desnecessário. A bebida era forte e queimou seu caminho através de sua garganta, mas ela apreciou cada segundo disso.

“Ansiosa?”

Dulce zombou um pouco e rodou a garrafa de cerveja na mão. “Não realmente. Minha primeira experiência com casamento não foi muito boa.”

Anahi sorriu e olhou por cima de seus óculos escuros para a mulher ao seu lado. Elas estavam sentadas em uma cadeira de praia, o cheiro do mar queimava seu nariz e o guarda-sol fazia pouca coisa para manter os raios de queimar sua pele. “A segunda vez pode ser a vez da sorte.”

“Vale para você também?”

Anahi considerou a pergunta com um leve franzir de sobrancelha. “Alfonso não era um crápula completo como marido.” Admitiu. “Também não era o melhor, mas, tirando as amantes, não há outras coisas de que possa me queixar.”

“Por que nunca se importou com isso? A maioria das esposas ficaria louca com as traições.”

Ela deu um meio sorriso que dizia muita coisa e Dulce não demorou muito para ligar os pontos.

“Você também tinha amantes.”

“Sempre fui muito mais discreta que o meu marido, com certeza, mas, de fato, os meus números nunca chegaram nem na metade dos dele.”

Dulce bufou. “Tenho que tirar o chapéu para isso. Te investiguei durante meses e nunca descobri nada sobre amantes.”

Anahi sorriu. “Costuma ser mais fácil quando você não transa com uma pessoa diferente todo dia. Cheguei a considerar dar umas aulas para Alfonso.” Ela deu de ombros. “Se eu gostava das traições dele? Com certeza que não. No começo era a pior sensação do mundo. Eu me sentia inútil por ele ter que procurar em outro lugar. Mas, depois de um tempo, percebi que o problema não era eu. Foi quando comecei a me vingar dormindo com algumas pessoas aqui e ali. Acontecia sempre que alguém além de mim descobria as amantes do meu querido marido. É claro que ter tantas amantes o deixou propenso a me dar coisas que acalmariam sua culpa. Ele não era o pior marido do mundo.”

“Nunca me disse o que aconteceu com seu diploma.” Dulce lembrou-a.

“Eu distribuí alguns currículos antes de me casar em algumas escolas, mas nenhuma me chamou. Alfonso disse que ganhava o suficiente para nos sustentar e que eu não precisava me preocupar com o trabalho. Ele nunca me proibiu de trabalhar, não era totalmente a favor, verdade, mas nunca deu uma negativa.” Anahi deu de ombros. “Ninguém queria contratar uma professora de história inexperiente que recém saiu da faculdade.”

“Só isso?” Dulce parecia verdadeiramente surpresa.

Anahi soltou uma risada divertida. “Eu disse que estava errada sobre meu marido.”

Dulce resmungou alguma coisa sobre a respiração e balançou a cabeça. “Ele nunca te prendeu em casa?”

“Não realmente. Como eu disse, ele queria que eu ficasse, mas nunca me obrigou. É claro que ele ainda esperava que eu fizesse a comida e limpasse tudo para quando ele chegasse, então ele queria me ver com as pernas abertas e disposta para lhe satisfazer. Quando eu contratei uma empregada e comecei a ter dores de cabeça constantes, ele começou a procurar suas amantes.” Anahi tomou mais um gole de sua bebida. “Nunca me importei, na verdade. Percebi que tinha cometido um erro ao me casar assim que disse ‘aceito’. Ele era um bom namorado, bonito, inteligente e ambicioso, mas, por dentro, era quase podre.”

“Nunca pensou em pedir o divórcio?”

“Ele podia não ser o homem mais machista do mundo, mas ele tinha seu orgulho acima de todo o resto. Além disso, a rotina não me incomodava. Eu tinha crédito ilimitado para comprar livros que me interessassem e nossa empregada realmente fazia um trabalho ótimo. E antes que me pergunte, não, ele nunca me bateu. É claro que ele gritava e ofendia e era assustador quando fazia isso, mas nunca me bateu. Eu sempre lhe disse que, se encostasse um dedo em mim para me machucar, eu teria certeza que ele fosse apodrecer o resto da vida na cadeia. Como eu disse: ele não era o melhor marido, mas eu podia ter escolhido muito pior.”

“Tem razão. Ainda não gosto dele, no entanto.”

“Não precisa mais gostar dele. Está morto.”

Dulce considerou a resposta. “E ele transou com minha esposa.”

Anahi riu um pouco. “E ele transou com sua esposa. Com as duas.” Ela piscou.

Dulce estremeceu. “Não me lembre.”

“Do nosso casamento?” Ela brincou. “Vai ser bom, você vai ver.”

“Bom, contanto que você me prometa que vamos parar com essa perseguição de gato e rato, estaremos bem.”

“Eu acho que sou a gata.”

Dulce sorriu e tomou um gole da cerveja. “Pode ser quem quiser, mas tem que parar de fazer meu corpo passar por tantas transformações climáticas. Montanhas congeladas da suíça em um dia e o calor infernal das praias do Brasil no outro. Vou acabar entrando em colapso.”

“Então eu vou ter que cuidar de você.” Anahi colocou seu coco na areia e se inclinou para beijar Dulce na boca. “Prometo que não vou mais fazer você correr atrás de mim.”

“Quero que prometa que não vai mais me fazer encontrar pistas para achar você.”

“Ah, mas você ama isso. É o que te mantém funcionando.” Anahi mordiscou o lóbulo da orelha de Dulce e sorriu quando viu a outra mulher estremecer. “Eu posso parar, mas você vai acabar me pedindo para fazer de novo.”

“Espere que eu peça, então.” Dulce retrucou, lhe dando um beijo molhado na mandíbula. “Vamos nos casar em algumas horas e eu quase perdi meu próprio casamento porque acordei e você tinha sumido da Suíça. E me deixou um maldito bilhete no aeroporto entre as placas.”

“Sempre acreditei nas suas habilidades.” Anahi lhe deu um chupão no pescoço. “Sabia que não ia se atrasar.”

“Bem, eu gostaria de aproveitar nossa lua de mel sem surpresas.”

“Tudo bem.” Anahi se afastou e tomou mais um gole de sua bebida enquanto olhava para o mar. A praia estava cheia e barulhenta. “Vou esperar até que você me peça.”

“Obrigada.”

“Mas vai ter que adivinhar onde vamos passar a lua de mel.”

Os olhos de Dulce brilharam com a perspectiva de um novo desafio. “É por isso que estou com você, não?”