Fanfic: O início de tudo (2° versão) | Tema: Fátima Bernardes e William Bonner

​Mais um domingo chegava. William praticamente não via o tempo passar, de tão atarefado que ele sempre estava no trabalho. O dia amanhecia lentamente e ao que tudo indicava, seria um dia quente. Na sala de desembarque, ele passou pelos passageiros queaguardavam a mala e seguiu direto. Levava com ele apenas uma pasta pendurada no ombro e uma mochila com um casaco, escova de dente e uma roupa sobressalente, caso houvesse algum imprevisto e ele precisasse dormir no Rio. Entrou em um táxi e pelo vidro, observava o percurso. Nunca imaginou trabalhar no Rio de Janeiro, nem sequer conhecia aquela cidade antes. Mas, de alguma forma, aquele lugar o fazia se sentir em casa. 

​William entrou dentro daquele prédio enorme e no percurso até a redação, cruzou com uma dúzia de conhecidos. Dentro do elevador, folheava uma pilha de papéis que havia trago pra deixar com o diretor. Subiu o elevador e atravessou o corredor, conferindo se a papelada estava toda ali. Ergueu a cabeça pra cumprimentar um colega e a viu. Parou de caminhar imediatamente para observá-la, sem que ela percebesse. Fátima estava de costas pro corredor de onde William vinha e, pelo que ele pôde perceber, já estava de saída. Em um gesto precipitado e repentino, William deu dois passos, parou bem atrás dela e atirou a papelada no chão, de propósito. Fátima se virou rapidamente, olhou pra ele e se abaixou pra ajudá-lo a juntar toda a bagunça. William também se abaixou, se perguntando porque havia feito tamanha babaquice. Mas nem teve tempo de pensar muito. 

​- Meu Deus! Estavam em alguma ordem ou não? – ela questionou, se compadecendo do pequeno desastre de William.

​- Não, não. – ele respondeu rapidamente. – Não estavam não. – foi só o que ele conseguiu falar. 

Fátima se levantou, ajeitando metade dos papéis e entregando a William.

​- Ainda bem então! – ela olhou pra ele e sorriu.

Ele sentiu seu coração disparar em um nível que achou que ela havia até percebido. 

​- É... Obrigado! 

​- Imagina! – ela sorriu novamente e ele sentiu seu rosto queimando de nervosismo. 

​- Prazer, William. Quer dizer, presumo que você já saiba meu nome. 

Ela riu.

​- É, eu sei. Mas já que é assim, eu sou a Fátima.

Ele sorriu também e estendeu a mão até ela. Pôde sentir o cheiro do perfume dela, agora bem mais forte do que das outras vezes. Por alguns segundos, olhou pra ela. Ela usava um rabo de cavalo no cabelo, uma calça de sarja bege e uma camisa branca. De perto, ele pôde observar detalhes do rosto dela. A boca parecia fazer bico quando não estava falando. Ela tinha olhos grandes e escuros e as bochechas rosadas se destacavam na pele branquinha. Mas o que fez William engolir seco foi o sorriso dela. Ele empurrou os óculos que estavam desajeitados no rosto e apertou a mão dela. 

​- Prazer em conhecer você. 

​- Igualmente. Bom trabalho pra você. 

Ele concordou com a cabeça e continuou andando. Depois se tocou que não retribuiu e nem agradeceu os votos de “bom trabalho” dela. “Que grande babaca é você, William!”, disse a si mesmo. Sentou-se na cadeira, esquecendo-se completamente de levar a papelada onde ele deveria. Tirou a pasta, guardou a mochila no armário, embaixo da mesa e parou um pouco. Recapitulou mentalmente os recentes acontecimentos: Havia atirado uma pilha de papéis de seu chefe no chão, fez uma moça ter o trabalho de se abaixar e catar um a um e entregar a ele. Tudo pra quê? Chamar a atenção dela? Conversar com ela? Vê-la de perto? Trocar meia dúzia de palavras com ela? Ou, simplesmente, fazê-la ver que ele existe? Respondeu “sim” pra todas as perguntas. E se sentiu a partir dali, o pior dos idiotas. “Boa, William, ela deve ter te achado um estúpido estabanado.” O mais curioso, pra ele, era que ele não conseguia entender porquê sentia essas coisas estranhas quando via Fátima. Nem a conhecia. Sabia nada mais que o nome dela. Bom, agora sabia também que ela era a moça mais linda que ele já havia visto pessoalmente na vida. Também conhecia o cheiro dela e não parava de pensar nele. “Pare, William!”, ele sacudiu a cabeça. “Preciso trabalhar.”, concluiu. Estava háalguns minutos parado em seu escaninho completamente ocioso, só pensando asneiras e coisas infundadas. Tratou de se concentrar e fazer alguma coisa útil, levantou-se e foi levar a tal papelada na sala da diretoria. E daí pra frente, mal teve tempo pra tomar um copo de água, pelo resto do dia. 

***

​Fátima descia o elevador acompanhada de duas colegas. As três conversavam sobre um assunto aleatório e de repente, uma delas se deu conta:

​- Do que a gente estava falando mesmo lá em cima?

​- Nossa, não lembro! – Fátima riu. – Até me perdi depois que aquele rapaz, o William, derrubou aquela papelada no chão, coitado! Que bagunça! – ela disse divertidamente.​

​- É mesmo! Ah, mas também, com um GATO daquele, fica bem fácil perder o fio da meada, né? – a outra riu.

Fátima riu e franziu a testa.

​- Sério? Eu... sei lá, nunca reparei... De verdade! 

​- Ah, Fátima! Mentira, vai!

​- Não, juro! Nunca mesmo. É que geralmente passo aqui com a cabeça tão cheia e é raro quando já estou em casa no horário pra ver a TV, então... 

​- Nossa, então passa a reparar. Quer dizer, você não, você é casada, deixa que a gente que é solteira repara por você! – as duas riram e Fátima concordou com a cabeça.

E paradas na portaria, aguardaram pelo carro da reportagem e o resto da equipe. Naquele momento, o pensamento de Fátima vagava, pensando uma infinidade de coisas. William AINDA não era uma delas.