Fanfic: Eu odeio amar você | Tema: Original
Ponto de Vista Felipa
– Você esta se sentindo bem?
– Eu não sei. – em minha cabeça muitas perguntas se formavam, mas não havia nenhuma resposta.
– Acho que fiquei fora por tempo demais não foi? – ele acariciou meu cabelo – Me diga o que esta acontecendo, seu silêncio me deixa aflito.
– João comprou metade do escritório do meu pai. – suspirei.
– E por que você esta assim? – Vitor me apertou em seus braços.
– Sei lá, alguma coisa me diz que tem algo errado – olhei nos olhos dele – esse João é estranho tudo o que ele faz, a matemática não bate.
– Você o acha perigoso? – Vitor se interessou pelo rumo que a nossa conversa chegava.
– Eu não acho que ele seja um assassino ou coisa do tipo, mas como vovó dizia coloque dinheiro e poder na mão de um homem e o conhecerás.
– Porque diz isso? O dinheiro mudou o caráter dele?
– João nunca foi pobre, mas o pai dele é um homem ambicioso sempre fez pouco de tudo que o filho fazia se suas notas fossem ruins ameaçava colocá-lo em um colégio público, dizia que ele merecia trabalhar como pedreiro em uma obra – Vitor se apoiou em uma das mãos para ouvir melhor minha história – ele sofria muito com as restrições impostas por Osmar o velho não aceitava vê-lo namorando minha irmã, pois dizia que o romance iria atrapalhar o crescimento profissional do filho.
– Que monstruoso!
– Mas ele não é um monstro e se conhecê-lo você não irá acreditar em tudo isso que estou lhe falando – me apoiei em uma das mãos também – lembra-se de como eu sempre comparei os homens com gatinhos fofinhos? – ele confirmou com a cabeça – doutor Osmar faz parte dessa lista.
– Ele é um homem político.
– Touchê!
Ficamos em silêncio, algumas coisas estavam me incomodando, como o fato de não comentar do beijo entre João e eu, mas quer saber?! Deixa para lá meu lance com Vitor nunca foi baseado em fidelidade e sim no fato de sermos livres para tomarmos nossas decisões.
– Eu sei que você deve esta cansando da viagem, mas preciso de um favor.
– Qual? – ele sorriu, embora seus olhos estivessem quase se fechando.
– Me leve ao Voyer.
– Não! – ele se levantou da cama e começou a se despir – ele não quer encontrar você por lá.
– Se você não me levar eu vou sozinha. – me sentei.
– Eu preciso de um banho e você precisa esquecer essa ideia.
Ele nem me deu chance de fazê-lo mudar de opinião e correu para debaixo do chuveiro.
– Porque é tão difícil me fazer esse favor? Eu preciso me encontrar com ele, conversar, abraçá-lo, beijá-lo saber se ele esta precisando de mim, por que eu estou! E lhe dizer que sinto tanto sua falta, que isso me dói. – encarei meus pés em silêncio, toda essa situação era tão injusta que me perdi no vazio da minha mente.
– O que você esta esperando? – ele já havia se vestido, seus cabelos estavam molhados e apesar da fadiga e das marcas escuras em baixo dos olhos, ele sorriu – você vai ficar me devendo.
– Obrigada. – sorri.
Voyer era o nome de uma boate GLS localizado na zona norte da cidade, havia apresentações diárias de transformistas durante a noite, meu irmão Daniel trabalhava lá, quando chegamos um cara grande fechava toda a portaria:
– O que você quer por aqui? – deu um pouco de medo escutar sua voz, o homem parecia estar sempre pronto para uma briga.
– Diga a Valquíria que Vitor Diniz precisa falar com ela. – a expressão do grandalhão a nossa frente suavizou, ele bipou para dentro da boate alguns minutos depois recebeu a resposta que esperávamos.
– Pode entrar.
Meu coração parecia que ia explodir por tanta ansiedade, a música alta deixaria qualquer um surdo, mas tentei me adequar ao local, Vitor percebeu meu nervosismo, pois minhas mãos estavam uma pedra de gelo então ele segurou um pouco mais firme – e eu compreendia que ele queria me acalmar, mas no momento eu não tinha condições, caminhamos por um corredor e conforme andávamos o som ia diminuindo havia outros espaços e uma enorme nuvem de cigarros.
– Como vai Valquíria?
– Quem é vivo sempre aparece – ela era ele, cabelos ruivos, maquiagem chocante e um hobby de seda com plumas cor de sangue em volta do pescoço, seus olhos antes fixados ao espelho agora nos encarando – não me diga que veio alugar a boate novamente? – como assim?
– Não estou a trabalho, preciso... Bem precisamos – ele me olhou nos olhos – precisamos conversar com Daniel.
– Algo de errado? – ela me encarou desconfiada.
– Esta é uma repórter, somos amigos, ela precisa escrever uma matéria sobre o mundo GLS e em minha opinião, Daniel é a melhor apresentação desta boate, sem querer ofender. – o sorriso dela se expandiu e eu pude notar uma mancha de batom em seus dentes.
– Eu sei que estou ficando velha para isso, mas ser a dona disso tudo me proporciona algumas vantagens – ela observou o relógio – que tal esperarem o fim de todas as apresentações? Vocês são meus convidados de honra.
E eu pensando que fosse encontrar sexo, drogas e Lady Gaga tocando ao fundo, mas tratava-se apenas do espetáculo em si e não eram poucos, dublagens incríveis, roupas deslumbrantes e homens malhados, Vitor estava tranquilo e acostumado a esse estilo excêntrico – fotografar marcas e pessoas famosas, conviver em um mundo diferente do meu lhe fazia um expert em encarar ‘o absurdo’ – mais uma vez lá estava meu pezinho batendo em um tom aflitivo no chão da boate. As luzes foram apagadas, não havia música o silêncio imperava e eu podia ouvir cada batida forte do meu coração.
You have to understand the way I am, mein herr.
A tiger is a tiger, not a lamb, mein herr…
You`ll never turn the vinegar to jam, mein herr.
So I do, what I do.
When I`m through, then I`m through. And I`m through, toodle oo…
Senti uma suave lágrima escorrer por minha bochecha, meu Daniel vestido a caráter, sua doce voz fazia com que o publico se calasse para ouvi-lo, me lembro de quantas vezes assistimos Cabaret e ensaiamos os passos e as canções, não sei explicar se eu estava chocada, orgulhosa ou com saudades, mas foi então que seus olhos encontraram os meus e eu pude sentir sua voz falhar, no entanto ele era um artista e continuou a me ignorar, Vitor me levou para longe do palco e mais uma vez estávamos entrando naquele corredor cheio de portas entramos em uma delas, haviam muitos espelhos, figurinos e maquiagens e então lá estava ele.
– Vá embora!
– Eu preciso falar com você. – seu olhar era gelado e distante.
– O que vai me dizer? – ele bateu a porta com força – que você sente muito? – e começou a tirar sua roupa – ou que sente nojo?
– Eu amo você e isso não vai mudar, eu te procurei e nunca desisti de te encontrar, mas você sempre fugiu – segurei minhas lágrimas – se você me odeia como odeia os outros tudo bem, mas isso não muda o fato de eu ser sua irmã e me importar – segurei na maçaneta da porta – eu só queria lhe dizer que me perdoe se eu não reagi da forma que você precisava, eu te amo.
– Eu também amo você – eu queria tanta abraçá-lo – mas ainda estou magoado então não posso te perdoar, apenas vá embora – ele estava chorando – e volte quando quiser me ver.
Autor(a): hevapaula_
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
– Você tem certeza de que não quer ficar aqui comigo? – apenas balancei a cabeça, me negando a ficar – não foi uma boa ideia te levar aquele lugar. – Não repita isso – minha voz estava tão rachada – você me deu um presente, não se preocupe com meu excesso de lágrimas, é q ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 3
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virna Postado em 18/09/2016 - 03:18:58
Continua! Historia bem legal!
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hevapaula_ Postado em 28/06/2016 - 20:39:47
Manuh Ucker já atualizei novos capítulos, não tinha comentários antes por isso parei
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Manuh Ucker Postado em 16/06/2016 - 03:15:43
Vai continuar?